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terça-feira, outubro 24, 2006

Capítulo 26 - Bebida, temperança e parcimônia

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"E ainda há a incerteza da felicidade, a precariedade da existência, o justificado medo do futuro - todos fatores em potencial para levar as pessoas a beber. A devastação rasteja em direção ao alívio e, na taberna, a dor é atenuada e o esquecimento é obtido. Não é um hábito saudável. Claro que não, mas nada na vida dessas pessoas é saudável, ao passo que isso ao menos traz um consolo único, e mais eficaz que todos os outros. A bebida os deixa exaltados, faz com que se sintam maiores e melhores do que são. Ao mesmo tempo, arrasta-os para baixo e os torna mais bestiais do que nunca. Para esses homens e mulheres desafortunados, trata-se de uma corrida contra a miséria que só termina com a morte.
Seria ocioso pregar moderação e temperança para essas pessoas. O hábito de beber pode ser a causa de muitas misérias, mas é também, em contrapartida, o efeito de outras misérias anteriores. Os partidários da temperança podem pintar o mais terrível dos quadros sobre os males da bebida, mas enquanto os males que levam as pessoas a beber não forem abolidos, a bebida e seus males persistirão."

Do livro "O povo do Abismo", de Jack London (1903), Editora Fundação Perseu Abramo (2004).

1 comentários:

Glauco disse...

É sempre bonito ver a elaboração e sofisticação de pensamento par ajustificar a manguacice.