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sexta-feira, maio 09, 2008

O camarão do Xinef e as alcaparras

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Minha mãe conseguiu com uns pescadores lá de São Sebastião uns camarões baratos, e eles estavam congelados, à espera. Eu tinha um uísque comprado numa viagem que fiz um ano atrás (imagine se fosse cachaça? não durava um mês, mas o uísque ainda estava na caixa, nem o plástico tinha tirado...). Faltava a ocasião para preparar e degustar o espaguete ao molho de camarão e creme de uísque, cuja receita o chef-colaborador do Futepoca Marcos Xinef postou umas duas semanas atrás. Ontem, fui descongelar um peixe e, acho que por falta de manguaça, tremi, a vista nublou e tirei o saco de camarão do congelador. Quando me dei conta, era tarde demais. Estava criada a ocasião.

O preparo, como o leitor pode conferir na receita linkada, é muito simples. Limpei os camarões (tamanho bigode-de-stalin) e piquei a cebola. Aí, água do macarrão no fogo, refoguei tudo bonitinho no azeite, acrescentando também alho e bastante sal. Dividi em duas panelas pra ampliar a área de fritura, mas ainda era pouco, então peguei mais uma frigideira, onde joguei azeite, alho e mais um tanto de sal. O aroma começou a tomar conta da cozinha, enquanto o camarão, antes cor-da-pele-do-josé-lewgoy, começou a ficar branco-róseo, com um brilho ligeiramente dourado. Juntei um copo de uísque (do bão) e deixei ferver, acrescentei o creme de leite e, em seguida, doses generosas de catupiry.

Nessa hora, em meio a uma nuvem de camarão com uísque, numa panela borbulhante, o mundo é a pura alegria. As pessoas riem, as piadas são fáceis e boas. Parecia os amigos reunidos antes de um jogo importante, mas fácil, tem expectativa mas a certeza da vitória dá outro sabor à cerveja. Me fez lembrar o Timão de uns anos atrás. O espaguete já estava quase no ponto, e provei do molho. Puts! Estava salgado! Estava bem salgado, na verdade, e vi que tudo estava a ponto de se perder... a empolgação brocharia num insosso "está supergostoso" e restaria mesmo o consolo do uísque que restara na garrafa.

Então vem à mente a imagem de minha mãe ao lado da panela, provando um molho: "Salgou! Maurício, pega as alcaparras!". Tinha um resto de alcaparras na geladeira. Tasquei lá e orei. (Pausa.) Quando servi, já estava no ponto, delicioso. As alcaparras chupam o sal! Como Plínio Correia de Oliveira, ergui minhas mãos aos céus e bradei: santa mamãe!