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segunda-feira, maio 25, 2009

Pé redondo na cozinha - Caldo de mocotó do Chaleira

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MARCOS XINEF*

Meados de 1993, rua Major Sertório, Centro, SP, Bar do Chaleira. O tal citado é o cearense mais feio, engraçado e gente fina que já conheci. Todo sábado, no almoço, fazia o famoso Mocotó do Chaleira, cujo tempero especial era a batata cozinda no gim e na água - o que servia para engrossar o caldo. Mas o apelido do Chaleira surgiu porque o maluco, além de ter um nariz torto (tipo de bruxa) e a cabeça quadrada, quando ele tomava umas e outras - ou seja, muitas - ele conversava com uma voz fininha, ficava vermelho e cuspia em todos que estavam a sua volta, igualzinho uma chaleira fervendo.

Mas a batata cozida no gim e na água procede, uma vez que o álcool vai deixar a mesma bem sequinha e com um ótimo sabor, devido à sua evaporação, sendo também que ela fica muito mais saborosa e saudavél sendo engrossada dessa forma, evitando os amidos de milho e ou farinhas. E o Mocotó do Chaleira era famoso, a burguesia do bairro de Higianopolis descia todo sábado para a Major Sertório para degustar a iguaria. Segue a receita:

MOCOTÓ COM GIM DO CHALEIRA

Ingredientes
2 kg de mocotó
1 cebola picada
1 pimentão picado
2 dentes de alho picados
4 batatas
2 xícaras de chá de gim
2 xícaras de chá de água
2 colheres de sopa de coentro picado
sal a gosto

Preparo
Cozinhe o mocotó com água e os temperos na porção por mais ou menos 1 hora, até soltar do osso. Separe a carne do osso e reserve, junto com o caldo. Cozinhe as batatas com a água e o gim até ficar macia, depois esmague bem a batata e junte tudo na outra panela do caldo, deixando cozinhar por mais 1 hora, até engrossar. Sirva com coentro picado.


É isso aí, bom apetite! E cuidado pra não cuspir nos que estarão em volta!

*Marcos Xinef é chef internacional de cozinha, gaúcho, torcedor fanático do Inter de Porto Alegre e socialista convicto. Regularmente, publica no Futepoca receitas que tenham bebidas alcóolicas entre seus ingredientes.

sexta-feira, maio 08, 2009

Pé redondo na cozinha - Um escriba da pesada

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MARCOS XINEF*

Parece mesmo que os grandes homens bebem muito. Este da história, por exemplo, tomou 18 doses de cachaças diferentes no dia em que o conheci, em meu bar. Além de ser um lutador incansavel e de um coração enorme, ele é um escrivão de policia. Bebe muito e tem como regra de vida o amor ao próximo e principalmente à sua família. O cara é de tal emoção e sinceridade que é o unico policial que já vi chorar em um dia no qual ocorreu uma tragédia com colegas seus na policia - mas não pelo fato de que a polícia seria prejudicada, e sim pelos dois pais de família que sairiam prejudicados com o ocorrido.

Um cara que ama e protege os dois enteados, o filho adotivo e a esposa como um leão. Essa história não é engraçada, como tantas outras que já contei, mas é real e, por isso, uma lição de vida, de como deveriam ser todos os grandes homens. E a nossa receita nasceu quando dei a ele um grill e ele me homenageou com meu prato mais famoso, o linguado ao molho de maracujá e vinho branco. Observação importante: a frase a seguir cabe justa na história acima: "Deus não escolhe os capacitados, capacita os escolhidos". Valeu, escriba!

LINGUADO AO MOLHO DE MARACUJÁ E VINHO BRANCO

Ingredientes:
1 posta de linguado de 300g
1 xicara de chá de açúcar
1/2 xícara de chá de vinho branco
1/2 xícara de chá de suco de maracujá concentrado
amido de milho
farinha de trigo
limão
sal

Modo de preparo:
Tempere o linguado com suco de limão e sal a gosto, passe na farinha de trigo e reserve. Em uma frigideira, derreta o açúcar até formar um caramelo, acrescente o vinho e o suco e deixe ferver bem. Depois, engrosse o molho levemente com amido de milho. Frite o peixe coloque em uma travessa cubra com o molho e sirva.


*Marcos Xinef é chef internacional de cozinha, gaúcho, torcedor fanático do Inter de Porto Alegre e socialista convicto. Regularmente, publica no Futepoca receitas que tenham bebidas alcóolicas entre seus ingredientes.

segunda-feira, abril 13, 2009

Pé redondo na cozinha - Nêgo Rato, o batera

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MARCOS XINEF*

Tudo começa em Amsterdan (na Holanda) e com um rato apelidado de Osbourne (na boca de alguém). Reza a lenda que Ozzy Osbourne, o roqueiro, comia morcegos no palco, mas eles eram de plástico. Um dia, um fã atirou um de verdade, o cantor mastigou e se transformou no todo poderoso rock star. Já não se pode dizer o mesmo do nosso personagem, batera de uma banda brasuca que foi tentar a sorte em Amsterdan. O local escolhido para morar, ou seja, a residência da banda, era tão "bom" que um dia nosso querido Nêgo estava dormindo e um rato entrou em sua boca, ficando só o rabo para fora. Ele acordou e, esbaforido, foi correndo lavar a boca - mas é logico que não foi com água, pois, segundo o mesmo, isso enferruja. Ele desinfetou a boca com uísque. No outro dia, ao acordar, morrendo de fome, ele abriu a geladeira e observou que a única coisa que tinha para comer era um macarrão com carne de três dias atrás. Nêgo se lembrou do rato e imaginou o macarrão com a carne do bicho. Botou pra fora até as tripas. Foi daí que nasceu nossa receita. Tome coragem, tome nota e pode tomar uma dose de uísque também (hehehe):

CACHAÇARRÃO À NÊGO RATO
(macarrão no uísque com iscas de carne)

Ingredientes:
1 litro de uísque vagabundo
1 litro de água
1 colher de sopa de sal
1 pacote de macarrão
1/2 cebola picada
2 tomates picados
300 gramas de isca de contra filé
azeite extra virgem
1 colher de chá de pimenta calabresa moida
sal a gosto

Preparo:
Misture em uma panela a água, o uísque e a colher de sal e ferva. Depois, adicione o macarrão e deixe ferver por 7 minutos. Enquanto a massa fica pronta, pegue uma frigideira e refogue a cebola, a carne, os tomates e a pimenta, até dourar as iscas de filé. Escorra o macarrão, misture o molho colocando as pitadas de sal e sirva.


Quem quiser substituir o filé por carne de rato, fique à vontade. Abraços!

*Marcos Xinef é chef internacional de cozinha, gaúcho, torcedor fanático do Inter de Porto Alegre e socialista convicto. Regularmente, publica no Futepoca receitas que tenham bebidas alcóolicas entre seus ingredientes.

terça-feira, fevereiro 17, 2009

Pé redondo na cozinha - A festa e o Maciel Benjor

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MARCOS XINEF*

Salve, camaradas do Futepoca! Estamos de volta com a segunda temporada de receitas exclusivas para o blogue. Mas, antes, vamos contar um pouco sobre o que aconteceu na festa de final de ano que testou nossas invenções - e que o xará Marcão, por desatenção (imagino que alcoólica), esqueceu-se de postar. No evento etílico realizado em São Bernardo do Campo (SP), foram consumidas 9 caixas de cerveja, 2 garrafas de uisque, 1 e 1/2 de vodka e 1 de cachaça. Antes, no "esquenta", foi consumido muito mais, mas ninguém com tanta cana na ideia consegue contar além de 10!

Para comer, várias receitas já publicadas no Futepoca, como a Kriptocaponata do Mumu, o Chococanadim, a Calabresa acebolada no pão italiano com cachaça e pinhão e a Vaca atolada by Tio Aldo. Depois de todo esse goró (líquido e sólido), imaginem o que aconteceu quando 15 caras muito loucos tentaram jogar paintball, algo que requer um mínimo de concentração. Bem, uma vez que os bêbados não entenderam as regras do jogo, iniciou-se uma chacina de tinta. Todos mataram e morreram. Com isso, concluímos: nunca beba em combate, seu inimigo pode ser você mesmo!

Mas vamos à primeira receita de 2009. Reza a lenda que Jorge Benjor mora no Rio de Janeiro. Mero engano, ele mora em São Bernardo, chama-se Maciel, é engenheiro, fala um inglês que mais parece javanês e realmente se parece muito com o Benjor. Só que, se deixarem, bebe até água de bateria. Mas tem uma inteligência acima da média e um coração do tamanho das mãos de LeBron James, do qual ele é fã. E vive no que ele denomina de quadrilátero: quarteirão que concentra duas padarias e dois bares (não precisamos dizer mais nada...).

Só que Maciel Benjor não anda lá muito bem, por isso todos nós, comerciantes do quadrilátero, nos esforçamos para que ele beba menos. Então, conforme vai fazendo sua "via sacra", vamos trocando informações para mantê-lo na cota aceitável de teor alcoólico no sangue, durante o dia vigente. Como eu e o nutricionista Bruno Castellan somos donos do bar que fica por último, sempre recebemos a encomenda quase "pronta". Além de fazê-lo tirar o pé do acelerador (ou melhor, a boca do copo), temos de obrigá-lo a jantar, para que durma melhor.

Acostumado com os mimos, o nosso Benjor já chega cantando músicas do xará famoso e pedindo: "-Quero um prato leve, meu médico mandou maneirar no tempero! Mas não vai esquecer do toquinho especial". Foi então que criamos o seguinte prato:

LAZANHA MACIEL BENJOR

Ingredientes:
3 fatias de massa de lazanha pré pronta
3 fatias de berinjela
3 fatias de queijo tipo minas
3 colheres de sobremesa de molho branco
1 dose de conhaque
2 colheres de parmesão ralado

Modo de preparo:
Ponha para grelhar as fatias de berinjela com um pouco de azeite. Flambe com o conhaque num prato fundo. Depois, monte em camadas, pela ordem: molho branco, massa, queijo, berinjela, repetindo até cobrir, por último, com o parmesão ralado. Leve ao microondas por 5 minutos e sirva.


É isso aí. Só lembrando que a dose de conhaque depende do estado do fígado (que fígado?) ou da recomendação médica. Até a próxima!

*Marcos Xinef é chef internacional de cozinha, gaúcho, torcedor fanático do Inter de Porto Alegre e socialista convicto. Regularmente, publica no Futepoca receitas que tenham bebidas alcóolicas entre seus ingredientes.

sexta-feira, novembro 28, 2008

Pé redondo na cozinha - Choco "muito louco" e seu Pudim de Cana

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MARCOS XINEF*

Choco é um brother que sempre está aqui pelas redondezas do bar. Dia sim, outro também, ele vem tomar umas e outras e contar como foi seu dia salvando vidas (ele é técnico em enfermagem, trabalha num Pronto Socorro e no resgate). Daí, fugindo um pouco de todas as histórias engraçadas que já contamos aqui na coluna, trazemos o exemplo de um profissional que se depara com momentos de extrema tensão, para não dizer tristes, mesmo. E que confirmam de forma integral a frase: "-Hoje vou tomar uma pra esquecer".

Mas, voltando às coisas alegres, outro dia ele veio já muito louco e nos disse que não tinha bebido nada (mas não era o que parecia). Ele trançava as pernas e falava mole. Mas, no final das contas, ele nos convenceu que não tinha bebido mesmo, apesar da manguaceira explícita. Ficamos muito curiosos para saber como ele conseguiu tal proeza. Fomos para casa e ficamos tentando descobrir até o outro dia, quando ele voltou sóbrio e nos contou a receita dessa maravilha que nós apelidamos de Chococanadim – ou, traduzindo, "Pudim de Cana do Choco". Lá vai a receita:

CHOCOCANADIM

Ingredientes
1 envelope de gelatina de chocolate (ou qualquer outro sabor)
400ml de vodka
600ml de água

Preparo
Pegue a gelatina, despeje em um recipiente, adicione 400ml de vodka e 100 ml de água fria, ferva 500ml de água e adicione. Deixe na geladeira até ganhar a devida consistência. Sirva normalmente, sem avisar os convidados. Aproveite e dê muitas risadas depois disso. Uma boa idéia é servir durante a ceia de Natal em família...


Falando nisso, deixamos aqui um feliz Natal e um próspero Ano Novo para os queridos leitores do Futepoca e todo amor que houver nessa vida para nossos queridos irmãos de Santa Catarina – lembrando que vale mais a pena viver os momentos atuais de felicidade do que os tristes já vividos.

Assinado: Marcos Xinef, Bruno Castellan e Fernando Rodrigues (Choco).

Abraços!

*Marcos Xinef é chef internacional de cozinha, gaúcho, torcedor fanático do Inter de Porto Alegre e socialista convicto. Regularmente, publica no Futepoca receitas que tenham bebidas alcóolicas entre seus ingredientes.

quarta-feira, novembro 12, 2008

Pé redondo na cozinha - Eletric Shoes e a calabresa no pão italiano com cachaça de pinhão

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MARCOS XINEF*

Os meninos da banda Eletric Shoes and the Rock'n'Roll Forces começaram a vir aqui no Bar Casa do Gourmet, em São Bernardo (SP), por um acaso do destino (alcoólico, claro). Mas, desde o primeiro dia, meu sócio Bruno e eu percebemos que eles poderiam render boas histórias e que têm tudo a ver com o Futepoca, pois, além de beberem como gente grande, são todos loucos por futebol - sem falar que os "sapatos elétricos" (Eletric Shoes) poderiam vestir muito bem os pés redondos e inchados de pinga que batizam essa modesta coluna.

Bom, mas comecemos pelo vocalista, Thiago, um cabeludo e sãopaulino doente que não pode ouvir alguém falar mal daquele tal jogador que dizem ser bambi (ele fica louco, hehe). O batera Fernando, outro sãopaulino fanático, diz que deve a vida ao Zetti (foto à direita). O baixista e guitarrista Melete, figura muito conhecida na cidade e grande amigo da galera, torce somente pela nossa seleção. Mas se diz um grande jogador de futebol de botão.

Se fosse para resumir, diria que o som da Eletric Shoes é rock'n'roll da melhor qualidade, com humor acima da média, amizade garantida e número de risadas, incontáveis. A quantidade de cervejas por noite varia de 35 a 40, as doses de cachaça, de seis a dez, e o número de vodkas, de três a cinco. E o petisco preferido dos caras, o que me inspira a escrever esse post, é a calabresa seca apimentada, com cebola, no pão italiano e regada com cachaça de pinhão. Vamos à receita:

PETISCO ELETRIC SHOES COM CACHAÇA DE PINHÃO

Modo de preparo
Pegue 1 pão italiano (filão), corte a tampa no sentido horizontal, tire o miolo e reserve. Corte em fatias finas a calabresa extra-forte seca, refogue no azeite extra-virgem, com rodelas de pimentão, cebola e tomate. Jogue um pouco de molho shoyo, deixe reduzir e acrescente a cachaça de pinhão. Recheie o pão italiano e sirva.


Bom, mas tem gente se perguntando: " - Afinal, que diabo será essa tal cachaça de pinhão?". Vamulá: a receita, até agora, era segredo aqui do nosso Bar Casa do Gourmet, mas a galera do Futepoca merece essa iguaria por nós desenvolvida. Então, oooooolhoo no lanceee:

CACHAÇA DE PINHÃO DO BAR CASA DO GOURMET

Ingredientes
Pinga de boa procedência (de preferência uma mineirinha das boas, nada dessas tranqueiras que se compra por aí, tipo "gasolina de avião"), mais uma boa quantidade de pinhão cru.

Preparo
Em uma garrafa de 750 ml, acrescente primeiro os pinhões com casca (mais ou menos até a metade da garrafa), complete com a pinga. Agora vem a parte difícil da coisa: deixe-a curtir por no mínimo cinco meses em local escuro e úmido, com a rolha para baixo (garrafa de ponta cabeça), até obter uma coloração mogno e um sabor amadeirado, levemente frutado, sabor pinhão cozido.


Uma observação: essa pinga é usada como tempero do prato descrito nesse post, como diferencial, mas é para ser servida em qualquer ocasião especial. Se você não tiver paciencia de esperar e preparar, poderá encontrar todos os itens acima descritos e já em condição de serem (muito bem) degustados no Bar Casa do Gourmet - Rua Quirino de Lima, 198, Centro de São Bernardo do Campo, na região do ABC paulista. Ponto de referência: venha pela Rua João Pessoa e vire à direita no Paint Ball War (do nosso querido amigo Mumu). Estamos no meio do quarteirão.

Abraços, até a próxima! E força no The BOBs!



*Marcos Xinef é chef internacional de cozinha, gaúcho, torcedor fanático do Inter de Porto Alegre e socialista convicto. Regularmente, publica no Futepoca receitas que tenham bebidas alcóolicas entre seus ingredientes.

segunda-feira, novembro 03, 2008

Pé redondo na cozinha - Mumu, o guerrilheiro, e sua Kripto-Caponata

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MARCOS XINEF*

Mumu é um conhecido bêbado da região do ABC, na Grande São Paulo, além de ser coordenador de um paint ball (guerrilheiro das bolinhas de tinta). Após os combates de todas as noites, lá pelas 23h, meu sócio Bruno me pergunta: "-E aí, o Mumu já tá vindo aqui pro bar?". No que respondo: "-Deve estar escolhendo a viatura". Ele sempre aparece de forma inesperada, um dia de moto, no outro de bicicleta. Até aí, normal. Quando vem de bicicleta, ele toma algumas latinhas e vai pedalando praticamente em zigue-zague pelas ruas. Já quando vem de moto, teoricamente deveria conseguir chegar em casa mais rápido, mas demora em torno de 20 minutos ou 50 pedaladas, mais ou menos, para ligar a máquina, que não tem partida elétrica.

Mas o grande problema é quando ele vem de "caveirão" (um Citröen velho, pintado de preto fosco, com um decalque de guerrilha nas portas). Nessas noites, ele já chega meio torto e, quando termina de se encharcar, pede: "-Marcão, manda aquela caponata de berinjela pra dar uma curada". Aí, lascou-se, pois nossa receita de berinjela tem cerveja preta e um leve toque de rum. É a mesma coisa que dar kriptonita ao Super Homem, pois o prato pulveriza o Mumu no mesmo instante. Por isso, batizamos a receita de Kripto-Caponata. Vamos a ela:

KRIPTO-CAPONATA DO MANGUAÇA MUMU

Ingredientes
150g de berinjela
50g de abobrinha italiana
50g de cebola
50g de pimentão vermelho
50g de pimentão amarelo
20g de uva passa sem caroço
20g de azeitona sem caroço
30ml azeite extra virgem
1 lata (350ml) de cerveja preta extra forte
100 ml de rum ouro
3 ml de vinagre de vinho branco
pimenta do reino a gosto
sal a gosto
orégano a gosto

Preparo
Corte os legumes em cubos médios. Arrume-os em uma assadeira e tempere com azeite, sal, pimenta do reino, orégano, cerveja e rum. Cubra com papel alumínio e leve ao forno pré aquecido a 180ºC e asse até estarem macios. Retire do forno, adicione o vinagre e misture bem. Resfrie e sirva frio. Dica: compre um pão italiano, corte em fatias e coma junto com a caponata.


É isso aí, moçada. E vamo que vamo no The BOBs! Abraços!



*Marcos Xinef é chef internacional de cozinha, gaúcho, torcedor fanático do Inter de Porto Alegre e socialista convicto. Regularmente, publica no Futepoca receitas que tenham bebidas alcoólicas entre seus ingredientes.

quinta-feira, agosto 07, 2008

Pé redondo na cozinha - A ocasião turbina a refeição

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MARCOS XINEF*

Estava na casa da minha namorada quando apareceu um pernambucano baixinho, com o cabelo parecido com o do Xitãozinho e mais ou menos 50% mamado. Foi logo se apresentando: "-Prazer, eu sou Aldo, tio da Ana". Cumprimentei de volta e, como já estava cozinhando, ele foi logo perguntando o que estava saindo dali. Respondi prontamente que ia fazer uma vaca atolada (foto abaixo). "-Fica aí pra almoçar", convidei. "-Quer beber alguma coisa?", ofereci, em seguida (com a nítida sensação de ter perguntado a um macaco se queria banana).


Abri uma cerveja pro cabra, mas ele olhou para estante e disse: "-E esse rum aí?". Diante de um profissional, falei para que ficasse à vontade. Conversa vai, conversa vem, perguntei onde ele trabalhava. Respondeu que é controlador de qualidade de eletrodomésticos. Fiquei com medo de perguntar a marca do produto....

A comida estava pronta e ele já tinha entornado nove latas de cerveja e meia garrafa de rum. Sentamos, nos servimos e o tio Aldo já estava 90% turbinado. Como bom bêbado, bateu no copo de rum com a mão e virou a manguaça dentro do prato. Mesmo assim, continuo a comer, matou a bóia e serviu-se novamente, dessa vez regando a comida espontaneamente com o rum. Pensei comigo: "-Vou testar essa receita na semana que vem". Não é que deu certo? Então, lá vai:

VACA ATOLADA AO RUM BY TIO ALDO

Ingredientes
2kg de costela
1 kg de mandioca
½ xícara de chá de óleo
½ xícara de chá de cebola picada
½ xícara de chá de salsinha picada
½ xícara de chá de pimentão picado
1 colher de sopa de alho picado
300ml de rum
sal a gosto

Modo de Preparo
Refogue os temperos no óleo, depois coloque a costela e refogue salpicando o sal. Adicione a mandioca e complete a panela com água. Deixe ferver na pressão por 20 minutos. Desligue, coloque o rum e ferva na pressão por mais 20 minutos. Sirva com arroz branco e feijão.


Boa manguaça - digo, refeição - e até o próximo Pé redondo na cozinha!



*Marcos Xinef é chef internacional de cozinha, gaúcho, torcedor fanático do Inter de Porto Alegre e socialista convicto. Regularmente, publica no Futepoca receitas que tenham bebidas alcoólicas entre seus ingredientes.

quarta-feira, julho 02, 2008

Pé redondo na cozinha - Solução cachaceira

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MARCOS XINEF*

Ariovaldo, o popular Negão, é o caseiro da minha chácara na represa de Guarapiranga, em São Paulo. Suas experiências profissionais anteriores o tornaram uma pessoa de cultura e conhecimento, digamos, "peculiares". Trabalhou, por exemplo, na casa de praia de um grande executivo italiano e também na de um estilista muito famoso, hoje político (sim, aquele mesmo). Depois de perder esses empregos, foi embora para Embu-Guaçu e se tornou um "chapa" – esses caras que cobram para guiar caminhoneiros que não conhecem São Paulo até seus destinos de descarga (só não me perguntem como, porque, do jeito que ele bebe...). Há quatro anos, Negão caiu de pára-quedas na minha chácara.

Sempre conversamos sobre política, música, culinária, enfim, um papo bem eclético. O único problema é que já perdi a conta de quantas vezes salvei sua vida. Explico: normalmente, quando vou para a chácara, no domingo à noite, "tá lá o corpo estendido no chão", digo, o Negão desmaiado de bêbado no sofá. E, invariavelmente, tem uma panela queimando em cima do fogão. Até agora Deus tem ajudado, sempre chego na hora certa.

Só uma vez cheguei mais cedo e o gambá ainda tava acordado, cozinhando. E me falou: "-A bomba do poço queimou, estamos sem água". Olhando a panela, perguntei: "-E com o que você está cozinhando esse feijão?". No que me respondeu, sorrindo: "-Com 51". E era verdade, cheirei a panela e comprovei: pinga pura. Não sei se deu certo, pois não tive coragem de provar para ver. Mas como acredito que aqui no Futepoca temos gente de fígado resistente, vamos à receita:

FEIJÃO COM PINGA DO NEGÃO ARI

Ingredientes
500 gramas de feijão preto
meia cebola picada
três dentes de alho
bacon
lingüiça calabresa
sal a gosto
1 litro de cachaça (51)

Preparo
Antes, um alerta importantíssimo: o feijão não pode ser cozido em panela fechada, muito menos de pressão. Refogue a cebola e o alho no óleo, coloque o feijão e a lingüiça na panela aberta, descarregue o litro da "maldita" dentro e leve ao fogo bem baixo por 45 minutos (sempre lembrando: com a panela destampada).


Se alguém tentar, me diga se fica bom. Matar não mata, porque o Negão ainda continua lá, queimando panela e desmaiando no sofá. Abraços!



*Marcos Xinef é chef internacional de cozinha, gaúcho, torcedor fanático do Inter de Porto Alegre e socialista convicto. Regularmente, publica no Futepoca receitas que tenham bebidas alcóolicas entre seus ingredientes.

sexta-feira, maio 09, 2008

O camarão do Xinef e as alcaparras

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Minha mãe conseguiu com uns pescadores lá de São Sebastião uns camarões baratos, e eles estavam congelados, à espera. Eu tinha um uísque comprado numa viagem que fiz um ano atrás (imagine se fosse cachaça? não durava um mês, mas o uísque ainda estava na caixa, nem o plástico tinha tirado...). Faltava a ocasião para preparar e degustar o espaguete ao molho de camarão e creme de uísque, cuja receita o chef-colaborador do Futepoca Marcos Xinef postou umas duas semanas atrás. Ontem, fui descongelar um peixe e, acho que por falta de manguaça, tremi, a vista nublou e tirei o saco de camarão do congelador. Quando me dei conta, era tarde demais. Estava criada a ocasião.

O preparo, como o leitor pode conferir na receita linkada, é muito simples. Limpei os camarões (tamanho bigode-de-stalin) e piquei a cebola. Aí, água do macarrão no fogo, refoguei tudo bonitinho no azeite, acrescentando também alho e bastante sal. Dividi em duas panelas pra ampliar a área de fritura, mas ainda era pouco, então peguei mais uma frigideira, onde joguei azeite, alho e mais um tanto de sal. O aroma começou a tomar conta da cozinha, enquanto o camarão, antes cor-da-pele-do-josé-lewgoy, começou a ficar branco-róseo, com um brilho ligeiramente dourado. Juntei um copo de uísque (do bão) e deixei ferver, acrescentei o creme de leite e, em seguida, doses generosas de catupiry.

Nessa hora, em meio a uma nuvem de camarão com uísque, numa panela borbulhante, o mundo é a pura alegria. As pessoas riem, as piadas são fáceis e boas. Parecia os amigos reunidos antes de um jogo importante, mas fácil, tem expectativa mas a certeza da vitória dá outro sabor à cerveja. Me fez lembrar o Timão de uns anos atrás. O espaguete já estava quase no ponto, e provei do molho. Puts! Estava salgado! Estava bem salgado, na verdade, e vi que tudo estava a ponto de se perder... a empolgação brocharia num insosso "está supergostoso" e restaria mesmo o consolo do uísque que restara na garrafa.

Então vem à mente a imagem de minha mãe ao lado da panela, provando um molho: "Salgou! Maurício, pega as alcaparras!". Tinha um resto de alcaparras na geladeira. Tasquei lá e orei. (Pausa.) Quando servi, já estava no ponto, delicioso. As alcaparras chupam o sal! Como Plínio Correia de Oliveira, ergui minhas mãos aos céus e bradei: santa mamãe!