“Mas quando a bola
rolou... meu Deus do céu, o que foi isso. O jogo de ontem foi a pior
partida do Santos nesse ano. (…) Gramado ruim, retranca excessiva?
Esses dois fatores existiram, mas não dá pra atribuir o mau
desempenho a eles. Sou mais culpar quem é de direito, os próprios
jogadores do Santos.”
Não, esse não é o
início de um texto falando sobre a peleja de ontem, um empate algo
vexatório do Peixe contra o Flamengo-PI, no qual cedeu a igualdade
após estar ganhando por 2 a 0. É um trecho de um post
do Olavo em 2010, falando sobre a vitória alvinegra contra o
Naviraiense por 1 a 0, resultado que não eliminou a segunda partida.
O que aconteceu
depois, todos lembram...
Isso seria um motivo
para o santista não esquentar tanto a cabeça com o resultado de
ontem. Mas é bom recordar que o contexto de 2010 era outro. A
partida ruim na ocasião foi uma exceção para uma equipe que
começava a se acertar, já fazia boas apresentações e, depois,
engataria inúmeras goleadas e grandes partidas até chegar ao título
da Copa do Brasil.
Giva, um gol e uma atuação razoável
O jogo de ontem foi
ruim, o time foi apático, o meio de campo foi inoperante como poucas
vezes neste ano. Foi, de fato, a pior partida do Santos em 2013, com
atuações mais que apagadas de Cícero, Montillo e de uma defesa que
simplesmente não se acertava, propiciando espaços generosos para um
time que não tinha qualidade para aproveitá-los, e mesmo assim
chegou ao gol duas vezes.
O primeiro gol piauiense, além da generosa
contribuição da defesa que marcou em linha e deixou Lúcio Bala
solitário, contou com a uma saída desastrosa do gol de Rafael,
lembrando jogadas similares de Fábio Costa. O desacerto resultou em
um pênalti no ex-jogador santista, convertido por Édson Di. Desde
que foi cortado da seleção olímpica, o goleiro Rafael não tem
feito a diferença como fazia em diversas pelejas em 2011 e parte de
2012. Além de saídas ruins pelo alto e por baixo, não tem
praticado grandes defesas, fazendo atuações apenas comuns. Já o
miolo de zaga... Durval mais uma vez fez uma falta desnecessária,
uma trapalhada equivalente à feita contra o São Caetano. Daí veio
o tento de empate dos donos da casa.
Salvaram-se poucos.
Neymar, com duas assistências, mostrou que, se não fosse ele, a
situação poderia ter sido ainda pior. Os jovens Alan Santos e Giva
também fizeram o que podiam, o nove peixeiro, por exemplo, havia
finalizado mais que todo o time adversário quando saiu para dar
lugar ao frequentemente inexpressivo André.
A atuação burocrática
do Santos, apático e com jogadores se omitindo assustou mais do que
o resultado em si. Apatia, aliás, também do técnico Tata,
representante de Muricy na partida, que, tal qual seu superior, só
mudou aos 35 do segundo tempo e nem fez todas as substituições a
que tinha direito.
Essa é uma diferença
para aquele jogo de 2010: aquela equipe tinha vontade de jogar, e de
acertar, a estreia no torneio foi um ponto baixo em uma ascensão
tática e técnica. Hoje, a partida contra o Flamengo-PI parece só o
extremo de uma rotina de jogos ruins. Tomara que seja um ponto de
mudança. Mas isso é mais torcida do que análise.
Para falar do Flamengo local, que, ao contrário do co-irmão carioca, está bem na luta pelo estadual, é preciso falar dos clubes do Piauí, que não têm tido grande destaque no cenário nacional
há algum tempo. Desde 1986, ano da última participação de um time do
estado na primeira divisão com o Piauí Esporte Clube, as equipes dali
não alcançam chegar sequer à segunda divisão nacional. Assim, a Copa do
Brasil se torna o espaço onde conseguem enfrentar os grandes do país.
Desde a criação do torneio, em 1989, dez clubes do Piauí já a disputaram.
O Flamengo é quem tem mais participações; com a de 2013, são nove. O
Parnahyba, outro representante piauiense em 2013, River, 4 de Julho,
Barras, Piauí, Picos, Comercial, Caiçara e Cori-Sabbá são os outros que
já disputaram a Copa do Brasil.
O cartel de todos eles é pouco invejável. Em 80 jogos, são 57
derrotas, 11 empates e 12 vitórias. O clube que mais venceu foi
justamente o Flamengo, com 6 triunfos. É também o único que conseguiu
avançar de fase. Em 2001, chegou até as oitavas de final, vencendo duas
vezes o Moto Club do Maranhão por 2 a 1 e desclassificando o Sport com
uma vitória por 2 a 0 e uma derrota de 1 a 0. Mas não resistiu ao
Corinthians sofrendo duas derrotas, 8 a 1 e 3 a 0. Já em 2002, avançou à
segunda fase passando pelo Independente-AP, empate em 1 a 1 fora de
casa e vitória por 1 a 0 em seus domínios. A desclassificação aconteceu
em uma única partida, derrota por 5 a 0 para o São Paulo.
Jogos entre Flamengo-PI e Santos
Aílton Lira, artilheiro daquele amistoso
Flamengo-PI e Santos se enfrentaram somente uma vez, em um amistoso
disputado em 8 de dezembro de 1976, em Teresina. Era o aniversário do
clube piauiense e, diante de 10.116 pessoas no mesmo Albertão (estádio
Alberto Silva) em que será jogada a partida de quarta-feira, o Peixe
venceu por 4 a 2, com dois gols de Aílton Lira, um de Julinho e um de
Jorginho Maravilha, com Zé Duarte como treinador.
A única vez em que o Peixe enfrentou uma equipe do Piauí oficialmente
foi justamente na última participação de um clube do estado na primeira
divisão nacional, em 1986. O Santos foi a Teresina e venceu o Piauí, no
Albertão, por 2 a 0, dois gols de Dino Furacão. O atacante, aliás, como
lembra este post do Terceiro Tempo,
se notabilizou na goleada peixeira sobre o Naútico em setembro, no
mesmo Brasileiro de 1986, quando marcou quatro dos cinco gols de um 5 a 0
na Vila Belmiro.
O time piauiense terminou no grupo C daquele confuso Brasileiro com
uma vitória, um empate e oito derrotas, Chico Formiga
estava à frente do Peixe na ocasião.
Em sua última peleja pelo campeonato piauiense, o Flamengo venceu o 4
de julho por 3 a 1, ficando muito perto de assegurar uma vaga para as
semifinais da competição e, para o duelo contra o Santos, foram
colocados 40 mil ingressos à venda. O jogador mais conhecido do
rubro-negro já jogou na Vila Belmiro em 1998 e 1999. Trata-se de Lúcio
Bala, atacante de 38 anos que atua pelo 21º clube de sua carreira, e
deve estar em campo contra o Peixe na quarta.