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quinta-feira, abril 11, 2013

Flamengo-PI 2 X 2 Santos - crônica de um empate vexatório

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“Mas quando a bola rolou... meu Deus do céu, o que foi isso. O jogo de ontem foi a pior partida do Santos nesse ano. (…) Gramado ruim, retranca excessiva? Esses dois fatores existiram, mas não dá pra atribuir o mau desempenho a eles. Sou mais culpar quem é de direito, os próprios jogadores do Santos.”

Não, esse não é o início de um texto falando sobre a peleja de ontem, um empate algo vexatório do Peixe contra o Flamengo-PI, no qual cedeu a igualdade após estar ganhando por 2 a 0. É um trecho de um post do Olavo em 2010, falando sobre a vitória alvinegra contra o Naviraiense por 1 a 0, resultado que não eliminou a segunda partida. O que aconteceu depois, todos lembram...

Isso seria um motivo para o santista não esquentar tanto a cabeça com o resultado de ontem. Mas é bom recordar que o contexto de 2010 era outro. A partida ruim na ocasião foi uma exceção para uma equipe que começava a se acertar, já fazia boas apresentações e, depois, engataria inúmeras goleadas e grandes partidas até chegar ao título da Copa do Brasil.

Giva, um gol e uma atuação razoável
O jogo de ontem foi ruim, o time foi apático, o meio de campo foi inoperante como poucas vezes neste ano. Foi, de fato, a pior partida do Santos em 2013, com atuações mais que apagadas de Cícero, Montillo e de uma defesa que simplesmente não se acertava, propiciando espaços generosos para um time que não tinha qualidade para aproveitá-los, e mesmo assim chegou ao gol duas vezes.

O primeiro gol piauiense, além da generosa contribuição da defesa que marcou em linha e deixou Lúcio Bala solitário, contou com a uma saída desastrosa do gol de Rafael, lembrando jogadas similares de Fábio Costa. O desacerto resultou em um pênalti no ex-jogador santista, convertido por Édson Di. Desde que foi cortado da seleção olímpica, o goleiro Rafael não tem feito a diferença como fazia em diversas pelejas em 2011 e parte de 2012. Além de saídas ruins pelo alto e por baixo, não tem praticado grandes defesas, fazendo atuações apenas comuns. Já o miolo de zaga... Durval mais uma vez fez uma falta desnecessária, uma trapalhada equivalente à feita contra o São Caetano. Daí veio o tento de empate dos donos da casa.



Salvaram-se poucos. Neymar, com duas assistências, mostrou que, se não fosse ele, a situação poderia ter sido ainda pior. Os jovens Alan Santos e Giva também fizeram o que podiam, o nove peixeiro, por exemplo, havia finalizado mais que todo o time adversário quando saiu para dar lugar ao frequentemente inexpressivo André.

A atuação burocrática do Santos, apático e com jogadores se omitindo assustou mais do que o resultado em si. Apatia, aliás, também do técnico Tata, representante de Muricy na partida, que, tal qual seu superior, só mudou aos 35 do segundo tempo e nem fez todas as substituições a que tinha direito.

Essa é uma diferença para aquele jogo de 2010: aquela equipe tinha vontade de jogar, e de acertar, a estreia no torneio foi um ponto baixo em uma ascensão tática e técnica. Hoje, a partida contra o Flamengo-PI parece só o extremo de uma rotina de jogos ruins. Tomara que seja um ponto de mudança. Mas isso é mais torcida do que análise.

quinta-feira, abril 04, 2013

Com dois belos gols de falta, Santos e São Caetano empatam no Pacaembu

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Dava pra ver, pelos primeiros cinco minutos de partida, qual era a proposta de cada um dos times que jogavam no Pacaembu hoje. De um lado, um Santos sem Dracena, Bruno Peres e Arouca procurando o ataque, principalmente pelos lados, e, do outro, um São Cetano em situação agonizante no campeonato com um esquema defensivo, esperando um vacilo do rival para tentar a sorte na partida.

E o vacilo aconteceu cedo. Em uma bola que voltou rebatida do meio de campo, Durval falhou grotescamente deixando o caminho para o gol livre para Jael. O defensor teve que fazer falta e o atacante, ex-Portuguesa e Flamengo, vulgo “o cruel”, fez o tento com uma bela cobrança, ao lado da barreira, mal montada por Rafael.

A partir daí, a toada seguiu a mesma, com o Peixe pressionando e o Azulão recuando. Os mandantes criaram inúmeras chances de gol, com Neymar mais de uma vez, com Giva, chegando com Cícero... E nada de o gol sair. Um domínio inconteste na etapa inicial, com o Alvinegro tento mais de 68% de posse de bola, e doze finalizações contra duas do São Caetano.

O técnico Daniel Martine resolve levar o manual do ferrolho muito a sério e substituiu o meia Éder Marcelo pelo volante Moradei aos 34 minutos. Foi contestado à distância pelo goleiro Fábio e, no intervalo, pelo capitão Eli Sabiá, que disse à imprensa que discordava do treinador. A decisão quase se mostrou errada em cinco minutos, tempo no qual Moradei tomou um cartão amarelo e só não tomou o segundo ao fazer uma falta por trás em Neymar porque o juizão preferiu a advertência verbal.

Na segunda etapa, a pressão deu resultado, com um belo gol de falta anotado por Neymar, aos 7 minutos. O São Caetano até tentou sair mais para o jogo, mas conseguiu no resumo da etapa final mais duas finalizações, enquanto o Peixe, que tentou e criou muitas oportunidades, em especial até os 30 minutos, finalizou mais 15 vezes e não conseguiu a virada.


A troca feita por Muricy no intervalo, de Giva por André, não surtiu o efeito desejado pelo comandante. Apesar de o atacante ter feito uma função diferente, fazendo mais o pivô, muitas vezes seus passes – muitos de calcanhar, o que irritou um pouco o torcedor por serem mal feitos – atrasavam o lance ao invés de aprofundar a jogada.

Apesar do empate em casa, pode-se dizer que o time fez uma boa apresentação. O destaque, pra variar, foi Neymar, que mandou na partida principalmente no segundo tempo, fazendo as vezes de meia e deixando Monitllo, Léo ou Pato Rodríguez na esquerda. Um resultado que não faz muita diferença para o Santos, mas que afunda ainda mais o São Caetano, agora um pouco mais perto do rebaixamento. Próxima parada, Piauí, contra o Flamengo local, pela Copa do Brasil.

quinta-feira, novembro 22, 2012

Durval é Campeão! Brasil é bi do Superclássico das Américas

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Lá está ele, Durval, o craque da camisa 4. Só que não.

Pouca gente deve ter dado bola, mas o Brasil foi campeão na noite desta quarta-feira, em cima da Argentina, e en La Bonbonera. Trata-se, claro, do glorioso Superclássico das Américas. O tradicional caneco ficou com a seleção canarinho pela segunda vez em duas disputadas, esta nos pênaltis, após o 2 a 1 para a Argentina no tempo regulamentar, resultado igual ao conquistado em terras tupiniquins.

O resultado, na verdade, pouco importa. Se esse jogo vale de alguma coisa, é para observar alguns jogadores novatos com a amarelinha. Começando pelo óbvio: Durval não dá. O zagueiro deve ser o cara que mais comemorou o único título que jamais imaginou que ganharia. O mesmo vale para Fábio Santos e o tal Lucas Marques, lateral-direito do Botafogo, o que demonstra a escassez de nomes para a posição. Réver também é mais fraco do que eu imaginava e Ralph é aquele cão-de-guarda conhecido, com boa marcação e passes de lado. Isto posto, vamos ao jogo.

Mano entrou com uma formação estranha com três volantes: Ralph, Paulinho e Arouca, sendo que os dois últimos deveriam armar o jogo. Começaram muito mal, com os dois “armadores” batendo cabeça no lado direito do campo. Pouco depois Arouca caiu pela esquerda e se adiantou um pouco, distribuindo melhor o time. Foi dele o passe para a melhor chance brasileira, desperdiçada por Neymar, que parecia se questionar o tempo todo “o que diabo eu to fazendo aqui?” - dúvida semelhante à manifestada por Durval quando soube de sua convocação.

Primeira observação: Arouca tem passe melhor que Ramires. Merece ser testado na dupla de volantes-que-marcam-e-jogam de Mano, ao lado de Paulinho, que fez outra boa partida - como volante, não como armador.

Ainda no meio-campo, chamou minha atenção a atuação ruim de Thiago Neves. Errou quase tudo que tentou, não achou posição e pouco acrescentou. Foi prejudicado pelo vazio na armação dos dois volantes, é verdade, mas, com seu desempenho igualmente fraco no jogo anterior, teria gasto suas chances com este professor aqui.

Fred e Neymar foram prejudicados pelas dificuldades da armação. Mesmo assim, o camisa 11 teve as melhores chances, como a já citada no passe de Arouca, e deu uma arrancada maravilhosa que merecia terminar em gol. O 9, bem, fez o gol de empate numa das poucas chances que teve. Mas é fato que Fred não se entendeu tão bem com Neymar e seu entrosamento com Thiago Neves não ajudou muito.

No segundo tempo, entraram Carlinhos na lateral-esquerda, criando uma opção ofensiva pelo setor, e Jean no lugar de Arouca. O volante (são tantos...) não ficou muito tempo no meio-campo e teve de cobrir a lateral-direita com a lesão de Lucas. Entrou Bernard, que bem que podia ter começado o jogo para ser melhor avaliado.

Foi Jean quem cometeu a falta fora da área que o juizão decidiu transformar em pênalti. E também foi ele que cobriu como o volante que é o contra-ataque bizarro cedido pelos zagueiros, deixando o setor direito da defesa aberto para a finalização de Scocco, que entrou no lugar do pirata Barcos.

Nos pênaltis, Diego Cavalieri deu passos para garantir uma vaga com uma bela defesa na cobrança do corintiano Martinez (nota mental: avisar Tite para não deixar o argentino cobrar pênaltis no Japão). Montillo chutou na lua e, como Neymar não perdeu dessa vez, levamos.

Bom, foi o que se pode arranjar sobre essa partida de validade duvidosa. Mas sem dúvida Durval lembrará para sempre do dia em que foi campeão pela mais vitoriosa seleção do mundo. Mais um bonito momento proporcionado pela CBF.

quinta-feira, agosto 09, 2012

Santos bate Cruzeiro em jogo de "primeiros gols"

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Comemora, garoto (Santos FC)
Aos 44 minutos do primeiro tempo, uma bola vem da intermediária do Santos e para em Victor Andrade. O moleque, 16 anos, domina. Sandro Silva, volante do Cruzeiro, dá um passo para trás e guarda posição. O garoto põe a bola de lado e só não vai adiante porque toma a falta do marcador. Mas o importante, naquele momento, é que o rival não deu ou tentou dar o bote porque temeu o garoto. Temeu não, respeitou.

Pra quem não sabe, futebol tem disso, qualquer peladeiro é testemunha. Mas não é só a técnica e a habilidade de um adversário que invocam o respeito de um marcador. É a personalidade, a confiança que demonstra. Victor Andrade tem entrado nas partidas, oscila, às vezes hesita, mas quem não hesita aos 16 (e muito depois dos 16)? A labuta constante que faz o atleta, e o primeiro gol do menino como profissional, comemorado junto ao treinador e aos parceiros da equipe, refletiu no seu peito estufado. Não que tenha feito uma grande partida, mas ganhou moral e, no momento do Santos, isso é importante para ele e para o clube.

O tento do jovem veio num momento difícil para a equipe da Vila no jogo. Saiu na frente com Felipe Anderson, em bela finalização. Aliás, ele joga muito melhor quando não fica confinado em uma ponta do ataque, com Bill saindo mais para o lado e abrindo espaços, seu futebol ganha outra cor. Mas o volante Adriano fez uma falta absolutamente desnecessária em Montillo. Quer dizer, o lance poderia até ser de perigo, mas foi gerado pelo próprio jogador, que deu as costas para o meia-atacante. Erro primário que, aliás, Adriano já tinha cometido pelo menos três vezes na peleja contra o Atlético-MG. Há quem seja fãzaço do jogador, mas, pra mim, vale uma lei básica de boteco: jogador bom, mas não esforçado, resolve às vezes; jogador bom e esforçado resolve muitas vezes; jogador só esforçado resolve quase nunca e, às vezes, facilita para o adversário. O atleta pode ser útil – e é – em dados contextos. Mas isso é sinal de que é necessário um volante melhor...

Digressão feita, da falta se originou o gol, e a culpa não é só de Adriano, claro. Nenhuma defesa que se digne deixa Borges sozinho na área, mas a dupla de Brunos, Rodrigo e Peres, achou por bem (mal) deixar. Sorte que Victor Andrade salvou o primeiro tempo, depois de assistência do também jovem Leandrinho, volante de 18 anos que fez sua estreia na triste partida contra o Náutico. 

No entanto, o Cruzeiro empatou logo no começo do segundo tempo. Uma sina do Alvinegro, tomar gols de ex-atletas seus. Além de Borges, o lateral Ceará marcou de falta. Sabe-se lá se com ou sem intenção, mas a rede não pergunta isso, e o gol foi bonito. O Santos não tardou a reagir e, também depois de cobrança de falta, de Felipe Anderson, marcou com o zagueiro Durval, após uma sequência de fliperama na área.

Os mineiros continuaram desorganizados e nem os lampejos de Monitllo, que salvaram os azuis na primeira etapa, apareceram no segundo tempo. O Alvinegro marcou em uma trama veloz no ataque, tão rápida que enganou o auxiliar que não viu o impedimento sutil de Bruno Peres. O lateral avançou e cruzou para Bill fazer seu primeiro gol pelo Santos. Merecido, já que o atacante se movimentou, prendeu a bola, fez a parede e cumpriu um papel tático importante.

Também é preciso destacar a atuação de Arouca, que retornou depois de suspensão, marcou, foi bem ao ataque, com velocidade na hora que pode e cadenciando quando era preciso. Foi quem passou a segurança que alguns moleques do time ainda não têm.

Assim, o clube que fez mais gols nesse planeta saiu da vexatória condição de pior ataque do Brasileirão, legando a (des) honraria para Bahia e Portuguesa. Mas, com os jogadores à disposição, vale o lugar comum: um jogo de cada vez.

quinta-feira, agosto 04, 2011

Vasco 2 X 0 Santos - uma sequência infeliz

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O Santos foi a São Januário e encontrou sua terceira derrota consecutiva no Campeonato Brasileiro. O 2 a 0 evidenciou falhas peixeiras que já ocorreram nas duas pelejas passadas: um meio de campo que não marca e uma defesa que, quando confrontada, não hesita em errar.

Tendo essas três partidas na conta, o Santos sofreu dez gols, quatro decorrentes de jogadas de bola parada (tudo bem, pode tirar dessa conta o do Ronaldinho Gaúcho) e cinco gols de cabeça. Os avanços dos adversários pelas laterais, principalmente pelo lado esquerdo da defesa, também foram uma constante. Outro ponto em comum foram jogadores rivais que costumam decidir ficarem praticamente livres de marcação, encarando defensores no mano a mano. Foi o caso de Ronaldinho Gaúcho, no jogo contra o Flamengo, e de Diego Souza, no primeiro tempo da partida contra o Vasco. Claro que a qualidade do atleta conta, mas tentar dificultar a vida dele não é pecado...

Não ter Danilo pela direita, com Pará no seu lugar, e não poder contar com o limpa-trilho Adriano, que se tornou um jogador de qualidade nas mãos de Muricy, faz diferença. Mas só isso não justifica o desempenho pífio da defesa. Ontem, Durval falhou ao tentar tirar a bola na área, o que propiciou a bela finalização de Diego Souza. E Rafael, que fez a diferença em algumas partidas da Libertadores, falhou mais uma vez ao não dividir a bola com o zagueiro Dedé, autor do segundo gol do Vasco.

Muricy, nessas três pelejas, fez somente duas substituições. A postura do comandante demonstra, no mínimo, uma relativa insatisfação com o elenco. Não sei se isso ocorre porque ele não tem à disposição algumas peças que estão temporariamente fora (Felipe Anderson, como Danilo, está na seleção sub-20) ou se ele pretendia reforços que não chegaram. Mas o que sei é que, nesse contexto, vai ser muito difícil alguém convencer o treinador a abrir mão de uma das 23 vagas para o Mundial para que Pelé seja inscrito, como se cogita. Mas não tenho dúvida que o Rei, 70 anos, teria um desempenho melhor ontem do que o do Dez Ganso, que fez sua atuação mais pífia desde o seu retorno pós-contusão.


Ressaca da Libertadores?

O Peixe tem três jogos a menos que a maioria das equipes do Brasileirão, o que não é motivo para relaxar, até porque as partidas que faltam não serão nada tranquilas. O aproveitamento até agora também não inspira confiança ao torcedor, são 33,3% de aproveitamento, similar ao Atlético-GO, 16º colocado, próximo a Grêmio, 35,9%, e Atlético-MG, 35,7%.

Mas outros campeões da Libertadores tiveram problemas ao encarar o campeonato nacional depois de uma conquista. O São Paulo, em 2005, só saiu da zona do rebaixamento na 20ª rodada, quando conseguiu finalmente uma vitória (sobre o Fortaleza) depois de cinco derrotas e três empates pós-título. Àquela altura, o Tricolor do Morumbi chegava a 20 pontos, um aproveitamento de 35%. O time terminou o Brasileirão daquele ano em 11º lugar.

Ou seja, não há motivo para desespero. Mas é triste ver o Santos quase abrir mão do Brasileirão tão cedo. Espero estar enganado.

quinta-feira, junho 23, 2011

Santos 2 X 1 Peñarol - o tri dos novos reis da América

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Poderia ter ido ao Pacaembu, ver junto de amigos queridos e de outros tantos desconhecidos que se tornam amigos num momento mágico como o de noite de ontem a final da Libertadores. Mas, por questões logísticas, teria que abrir mão de assistir à decisão com a pessoa que despertou meu interesse pela história do glorioso Alvinegro Praiano, assim como não poderia contar com outros familiares que sofreram e se alegraram comigo durante anos em estádios, diante da TV ou mesmo do lado de um rádio, em tempos idos.

Gostem ou não, ele é fora de série
Não é todo dia que se tem a oportunidade de saber, de antemão, que em determinado dia e horário a história será escrita. E, por conta disso, a minha opção não poderia ser outra. Estava ali, a menos de quatro quilômetros do Paulo Machado de Carvalho, sofrendo a ansiedade que já vinha de dias anteriores, que me fez acordar antes das quatro da manhã de ontem, que dominava o pensamento em cada minuto da quarta-feira.

 E a ansiedade se somava ao nervosismo após ao apito inicial. O dito renascido futebol uruguaio mostrava toda sua ênfase na defesa, com um time que não conseguia sequer finalizar ao gol rival. O lance solitário (que não levou perigo) do Peñarol na primeira etapa surgiu de sua estrela, Martinuccio. O meia, aliás, foi dominado pela marcação de um jogador limitado tecnicamente, mas que parecia ter sido preparado para um jogo de paciência de 180 minutos, onde não lhe era dado o direito de se desconcentrar por um segundo sequer. Mas, além da concentração absoluta, Adriano partilhava com seus companheiros aquele algo mais, a obstinação que passa confiança ao torcedor, o toque de raça que é típico de campeões.

Danilo, quatro gols na Libertadores: o menino cresceu
As chances alvinegras apareciam. Com Durval, de cabeça; nos pés de Elano, em duas bolas rebatidas por Sosa; e com Léo, que com o pé direito mandou pra fora a melhor oportunidade peixeira na etapa inicial. Mas o gol só viria no segundo tempo, em lance lapidar. Ganso deu o toque de letra para Arouca, quase que indicando para o volante, o melhor do Brasil, “vai por ali”. Ele escapou de uma falta, escapou de duas,e deu o passe para Neymar. O atacante não dominou para driblar, finalizou de primeira, e a bola fez talvez a única trajetória possível para morrer nas redes: passou rente ao pé do defensor uruguaio, entre a trave o goleiro. Chute forte, com efeito, rasteiro. De goleador, de um fora de série.

Curioso que muitos “desculpem” Mano Menezes pela seleção não poder contar com Ganso, mas não tem a mesma parcimônia com Muricy Ramalho. Com o Dez de volta, e mais Léo, o treinador pôde armar um esquema que tinha uma saída de bola com mais qualidade, com uma fluência melhor na transição da defesa para o ataque, permitindo que o talento de quem tem talento pudesse aparecer. E apareceu.

Coube a Neymar iniciar de novo a jogada do segundo tento. Ele recebeu pela esquerda, soube segurar a bola e inverter o jogo, fazendo a redonda chegar a Elano, que acionou a Danilo. O lateral limpou e finalizou com a perna que “não é a boa”, a canhota. E marcou seu quarto gol na Libertadores. Outros gols poderiam ter surgido, mas Zé Love, o inacreditável, perdeu oportunidades mais que douradas.
O craque e o líder
No fim, um gol uruguaio quase obra do acaso, um tento contra de Durval, um dos pontos de apoio do time no torneio. Mas o Peñarol, que abdicou de jogar futebol durante quase toda a partida (por vocação e opção), não tinha forças para ser o Once Caldas de 2004 redivivo. E, diga-se, o sofrimento para o torcedor veio por ser uma decisão, não por qualquer “opção defensivista do comandante. Aqui tem trabalho, mas ontem o que teve mesmo foi futebol, meu filho!

- Esperei 48 anos por isso, você esperou menos – disse meu pai, depois dos 90 minutos.

É verdade, não esperei tanto. Mas esperei 18 anos pra ver meu time campeão em 2002 e, desde então, poucos times daqui chegaram a tantos títulos: quatro Paulistas, dois Brasileiros, uma Copa do Brasil e uma Libertadores. O improvável grande que nasceu do município de 500 mil habitantes consolida o seu retorno ao topo, agora como rei da América. O que me fez lembrar o poema de Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa:

O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.

No futebol, no dia de ontem e sempre, o Tejo foi e será o rio que corre pela minha aldeia. 


quinta-feira, junho 16, 2011

Peñarol 0 X 0 Santos - vai ser uma semana longa

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Metade da decisão já foi. E Santos e Peñarol continuam a uma vitória do título da Libertadores. Mas é inegável que o fator campo (e que campo é esse do Centenário? Um show de escorregões dos dois times) e torcida foi desperdiçado pelo escrete uruguaio ontem. O Peixe, além de adiar a decisão para sua própria casa, pode ter uma vantagem que, essa sim, é fundamental: o possível retorno de (pelo menos parte) dos quatro titulares que não estiveram em campo ontem, e fizeram falta: Jonathan, Dracena, Léo e Ganso.

Já se sabia que os uruguaios não sairiam pro jogo nem com reza brava, ao contrário de outros adversários santistas na fase de mata-mata. Isso permitiu que o time da Vila tivesse a posse de bola a maior parte do tempo, enquanto os uruguaios, com Martinuccio praticamente anulado por Adriano, alçavam bolas na área, sempre rebatidas pela dupla de zaga alvinegra. A propósito, Bruno Rodrigo, que até pouco tempo não era sequer o zagueiro reserva preferido do treinador, cumpriu muito bem seu papel, ainda mais levando-se em conta que era a sua primeira partida na Libertadores (justamente a final).

Alex Sandro foi menos instável do que no jogo contra o Cerro Porteño, mas deixou lacunas na lateral esquerda e quase comprometeu a equipe no primeiro tempo ao falhar na linha de impedimento. O olhar que recebeu de Durval por deixar o Peñarol ter sua única oportunidade de fato na etapa inicial meteu medo até em mim.

Neymar teve uma atuação apagada. Em boa medida, jogou com medo de tomar um segundo cartão amarelo, já que recebeu um em lance no qual Carlos Amarilla achou que o atacante tinha simulado uma falta. Não reparou no sutil golpe levado pelo garoto (que não pediu falta, ressalte-se) naquilo que os antigos chamavam de “partes pudendas”. Não teve o rigor semelhante em lances do adversário.

No segundo tempo foram criadas as principais chances peixeiras, com o Peñarol se expondo um pouco mais para fazer o resultado. Zé Eduardo perdeu duas oportunidades, Neymar desperdiçou outra. Os uruguaios tiveram um tento justamente anulado por impedimento e não conseguiram exercer a pressão que queriam, ainda que a saída de bola santista tenha ficado prejudicada. Aliás, tudo bem que é fim de temporada para um jogador que atuou durante muito tempo na Europa, mas o Elano podia se esmerar um pouquinho em não errar tantos passes. Se Ganso puder voltar para a peleja do Pacaembu, arrisco dizer que Adriano, que o substituiu, não sai do time e a bucha pode sobrar para o meia.

O empate, fora de casa, em uma final de Libertadores, não foi ruim, mas a sensação foi a de que o Santos poderia ter saído com a vitória. Do lado de lá, quem viu alguns dos momentos do Peñarol na Libertadores sabe que os uruguaios jogam principalmente no erro do adversário. E o Alvinegro errou pouco ontem e, com a defesa titular, tende a errar ainda menos no Pacaembu. Mas não dá para o torcedor se enganar achando que o jogo da volta vai ser fácil, a retranca adversária deve ser severa e vai ser mais um jogo de paciência para os jogadores de Muricy. E não se pode subestimar um time que chegou até a final contrariando quase todas as previsões. Pelas declarações, o Santos parece estar ciente disso.

Essa semana vai demorar a passar...

segunda-feira, maio 16, 2011

No campo dos sonhos, Santos se sagra bicampeão paulista

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Nelson Rodrigues dizia que uma torcida vive e influi no destino das batalhas pela força do sentimento. Quem está no estádio, muitas vezes acredita piamente nisso, mas nem sempre é possível estar junto do time do coração. Aí, outros fatores entram no jogo.

O futebol tem o dom de fazer do ateu um agnóstico, e do agnóstico, muitas vezes um fundamentalista. Cada um desenvolve seus rituais como uma forma de pensar que está auxiliando os defensores da sua fé que entram em campo. No meu caso, gosto de pensar em coincidências, relembrando histórias, pessoais ou não, de confrontos e campeonatos.

Nem sempre, porém, tais coincidências foram positivas. Lembro, nas semifinais do Paulista de 2001 contra esse mesmo Corinthians de ontem, que o Santos levava vantagem até os 48 minutos do segundo tempo, quando Ricardinho fez o gol que eliminou o Peixe. Ali, antes do fatídico lance, achava que o clube sairia da fila – àquela altura, de 16 anos sem títulos – contra a Ponte Preta, como aconteceu com o Corinthians em 1977 e, mais tarde, com o Palmeiras, em 2008. Mas o Botafogo se classificava na partida que era simultânea ao clássico e a partir dali eu já esperava pelo pior, que veio no fim do jogo. Não, o Peixe não poderia sair da fila contra o Botafogo... Da mesma forma, tive a certeza (de torcedor, claro) de que o Peixe seria bem sucedido em 2002, já que sair da fila em cima do histórico rival, em um campeonato brasileiro, fazia mais sentido (de novo, em uma lógica de torcedor, claro).

Nesse aspecto, a final entre Santos e Corinthians me deixou inquieto durante parte da semana. Acreditava no potencial da equipe, mas o cansaço de idas e vindas nas últimas duas semanas e a sequência de decisões também causava algum temor pelo resultado. E faltavam as coincidências, alguma elaboração histórica para se agarrar e ter a certeza da vitória.


Esta só surgiu na manhã de domingo. Ao ler a Folha de S. Paulo, lá estava o texto sempre brilhante de José Roberto Torero, que desvendava o motivo pelo qual eu deveria estar certo da vitória peixeira. Há 50 anos, desde 1961, ano mágico para o Santos, o clube não decidia um campeonato na Vila Belmiro. Sim, houve o Paulista de 2006, mas eram pontos corridos (de um turno só, pérola da FPF) e o jogo final foi contra uma equipe que não disputava o título, a Lusa. Desde então, o Peixe levantou taças em inúmeros estádios: Pacaembu, Morumbi, Maracanã, Estádio da Luz etc etc etc. Mas nunca na Vila mais famosa.

E é claro, uma efeméride dessas não ia ser celebrada com derrota. Os atletas do Santos que entraram no campo dos sonhos do futebol não iam cometer esse desatino contra a Vila de tantos craques. E aos 16 minutos veio o primeiro gol. Que foi também o primeiro tento de Arouca no clube, na sua 66a partida pelo Alvinegro. Na primeira etapa, o volante, que já merecia há algum tempo uma chance na seleção, ainda meteu uma bola na trave. Neymar perdeu um gol cara a cara com Júlio César e deixou Alan Patrick também em excelentes condições para marcar, mas a finalização foi pra fora. O rival pouco chegou, finalizou somente duas vezes e teve uma oportunidade só em uma bola alçada na área.

Obviamente, o Corinthians viria pra cima no segundo tempo. E veio. Tite fez a óbvia substituição de Dentinho por Willian e partiu para o abafa. E a chance mais clara do clube da capital veio com um chute dele, aos 14, que resultou em um rebote perigoso de Rafael. O Santos resistia à pressão sem permitir que o Corinthians criasse, a zaga estava segura, especialmente Durval, com uma atuação sublime para um zagueiro. Mas não encaixava contra-ataques, já que Alan Patrick não conseguia nem armar os contra-ataques, nem segurar a bola no ataque. Zé Eduardo fez uma partida acima da sua média, além da assistência para o gol de Arouca, conseguiu se movimentar bem, mas também não mantinha a bola na frente. As esperanças se depositavam em Neymar. E ele correspondeu.

Uma arrancada pelo lado esquerdo e um chute surpreendente, mas sem muita força. A bola escorregadia traiu Júlio César, que aceitou, aos 38. O título que parecia decidido àquela altura voltou a estar em disputa, quando, aos 41, Rafael também falhou após um cruzamento de Morais tocar o chão e ir para o gol. Mas o time paulistano não conseguiu criar mais nada e o Santos assegurou o bicampeonato. Aliás, o clube tornou-se o que tem mais bicampeonatos na história da competição: 55/56, 60/61 (depois tri), 64/65, 67/68 (também seria tri), 2006/2007 e 2010/2011. E é também o maior vencedor do Paulista no século XXI, com quatro títulos, um a mais que o atual vice, Corinthians.

E, 50 anos depois, a Vila viu o Santos decidir um título. Certamente, sorriu.