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A estreia da seleção brasileira no Sul-Americano sub-20 foi um jogo com quase tudo que o futebol pode proporcionar ao torcedor. Grandes jogadas, muitos gols, tentos de placa, alternância de domínio, expulsões, quase brigas. Ótimo para o telespectador daqui que não fez esforço para ficar acordado na madrugada de terça.
Não foi um jogo fácil no início. Apesar de o Brasil quase ter marcado com Bruno Uvini, em cobrança da falta de Neymar, o Paraguai chegava bem à frente com Correa, atacante de área quase típico, porém com alguma técnica, e Ortega, atleta que os antigos chamariam de “liso”. Além disso, o sistema defensivo guarani estava bem postado, com jogadores que ganharam na base da força física muitas disputas com os avantes brasileiros.
Mas em uma partida equilibrada, às vezes é o elemento surpresa que ajuda a decidir. E assim foi. O volante Casemiro veio de trás e, com habilidade, força e muita vontade, conseguiu furar a retaguarda adversária e sofreu pênalti. Confesso que até agora não tenho muita convicção da marcação do árbitro, mas o lance pareceu de fato penalidade. Neymar deslocou o goleiro e abriu o placar.
Sete minutos depois, o fora de série da Vila Belmiro deu de novo o ar de sua graça. Lucas avançou e conseguiu tocar para o santista, que entrou na área, fugiu da marcação de dois rivais e finalizou no único lugar possível. Dois a zero. O atacante peixeiro ainda deixaria Lucas na cara do goleiro Ovando, mas o tento não saiu, e faria mais duas jogadas de efeito no lado esquerdo do ataque que dobraram a torcida no estádio, contrária ao Brasil.
A equipe toda se mostrava motivada, com o tal “comprometimento” que tanto pedem os técnicos. Mesmo quem não desempenhava bem sua função se destacava pela entrega. Mas excesso de vontade também pode ser contraproducente. Talvez isso justifique a tola expulsão do volante Zé Eduardo, que recebeu dois cartões amarelos em três minutos. Expulsão justa que complicou a partida. Quase na sequência, o goleiro Gabriel se atrapalhou e o Paraguai conquistou escanteio. Viera, livre na pequena área, diminuiu na cobrança.
Ney Franco sacou o apagado Oscar e colocou o volante Fernando. Mas o susto só passou quando, em uma bola disputada no ataque após um chutão da defesa brasileira, a bola sobrou para Neymar, que chutou em cima do goleiro, prosseguiu no lance e marcou de cabeça. Três minutos depois, uma pintura de gol. O lateral Galhardo, que substituiu o ansioso Danilo, lançou da intermediária e Neymar dominou, avançou e encobriu o arqueiro paraguaio com um classe ímpar. Com a esquerda. O quarto do Brasil e o quarto dele.
Mais jogadas de efeito do santista e, com a equipe já relaxada diante de um perdido Paraguai, dois lances ainda agitam a partida. Os guaranis chegam ao segundo gol aos 39, com Galhardo. E Henrique, de novo com o tal excesso de vontade, comete falta, toma o segundo amarelo e é expulso. Mesmo com dois a menos durante o fim da partida, o Brasil não é ameaçado.
A vitória por 4 a 2 sela um início promissor para a equipe de Ney Franco, mas traz também a preocupação com o rendimento e o preparo psicológico de alguns atletas. O ponto positivo é que o leque de opções à disposição é bom. E poder contar com Neymar é quase uma bênção.