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Por Moriti Neto
Antes do jogo desta
quarta-feira contra o Internacional de Porto Alegre, no Morumbi, com
grande chance de novo insucesso no Campeonato Brasileiro, cravo neste
Futepoca: o São Paulo não cai. Cambaleia no primeiro turno,
frequenta a zona de descenso, mas se recupera no returno e termina o
certame distante do rebaixamento.
O elenco tricolor,
às vezes supervalorizado, não é ruim. Aliás, é muito melhor que
os de Bahia, Goiás e Vitória, e igual (ao menos nas
individualidades técnicas) aos de Cruzeiro e Santos.
Sim, todos esses
times derrotaram o São Paulo recentemente. No entanto, perguntemos
ao torcedor dos três primeiros se não trocariam as duplas de
atacantes titulares por Osvaldo e Luis Fabiano (o Vitória, por
exemplo, quinto colocado na competição, joga com Maxi Biancucchi e
Dinei). Ou a santistas e cruzeirenses se não gostariam de ver Jadson
– muito melhor que o cruzeirense Everton Ribeiro, por exemplo –
nos elencos.
Além do mais,
imagine que você estivesse por fora do noticiário futebolístico há
um ano e descobrisse, hoje, que o quarteto ofensivo do São Paulo é
formado por Paulo Henrique Ganso, Jadson, Osvaldo e Luis Fabiano. Sem
ver a tabela do campeonato, suporia o time na situação em que está?
Mesmo a fase tão
ruim da defesa, parece ter mais a ver com fatores "extra bola"
do que estar ligada à capacidade de atuação dos jogadores. Rafael
Tolói e Rodolpho estavam bem na temporada passada. Wellington e
Denílson idem. Cortez foi o melhor lateral-esquerdo, pelo Botafogo,
do Brasileiro de 2011. Além disso, fez um ótimo 2012, inclusive na
marcação (no segundo semestre) que nem é o forte dele. Está
emprestado ao Benfica de Portugal.
O discurso de que
todo o grupo é uma porcaria soa precipitado. O elenco é
praticamente idêntico ao que ganhou a Sul-Americana e foi o melhor
do segundo turno no Brasileiro anterior. Prefiro considerar que há
desequilíbrios técnicos, casos da lateral-direita, da ausência de
um bom goleiro para substituir Rogério Ceni e da falta de uma opção
à altura que rivalize com Osvaldo– ou até jogue junto – pelos
lados do campo. Além disso, cabe refletir sobre três personagens.
Ganso
O problema parece
ser mais na cabeça do que nos pés. Ganso arruma confusão demais.
Foi assim no Santos, ora com comissão técnica ora com direção. No
São Paulo, confrontou Ney Franco que, aliás, tardou, sim, a
aproveitar o meia de verdade. Sem falar nas controvérsias envolvendo
quem o agencia.
De qualquer forma,
aguarda-se de Paulo Henrique uma reação. Algo que ele não mostra
atualmente nem na expressão facial. O rapaz dá a impressão de
estar frio, quase gélido, numa posição arrogante até, como se a
qualquer momento pudesse, num passe de mágica, voltar a ser o fora
de série dos bons tempos de Santos. Precisa trabalhar. Corpo e
mente.
Quem acompanha a
história do futebol, sabe serem possíveis aos grandes jogadores
grandes recuperações. No próprio São Paulo, Pedro Rocha, Dario
Pereyra, Careca e Raí passaram por maus bocados. Ainda bem que
alguém teve a paciência de mantê-los. O resto é história.
Lúcio
É um zagueiro que,
ao longo da carreira, demonstrou muita determinação e liderança. A
mim, sinceramente, jamais despertou admiração pela técnica. No
momento, joga desembestado. Quer ser volante, armador e atacante, o
que desestabiliza o time. Resumindo, perdeu o que tinha de positivo.
Ney Franco
Gosto do trabalho do
ex-técnico. Entende do riscado. Contudo, neste ano, errou feio no
Tricolor em oportunidades fulcrais. Isso tem muito a ver com os dois
personagens anteriores.
Obcecado pelo
esquema 4-2-3-1, bem sucedido em 2012, primeiro ficou à espera de um
substituto para Lucas. Depois, sabedor de que o atleta com tais
características não viria, insistiu na proposta de jogo, usando os
fracos Douglas e Aloísio na linha de três.
Deveria ter colocado
Ganso ao lado de Jadson antes. E, óbvio, definido rapidamente a
mudança de sistema. Tinha toda a chatíssima primeira fase do
Paulista para dar ritmo e entrosamento à dupla, e padrão à equipe.
Sobre a zaga, o
treinador engoliu Lúcio como titular, ainda que o jogador, no início
da temporada, estivesse evidentemente fora de forma, inclusive sem
tempo de bola. Para isso, desmontou a dupla Tolói e Rodolpho,
pilares da defesa que levou somente dois gols na Sul-Americana e foi
a terceira menos vazada no Brasileiro, pouco atrás apenas de
Fluminense e Grêmio.
PS: nem vou comentar
sobre Juvenal Juvêncio e os enormes erros políticos e
administrativos dele, pois o Marcão já fez isso muito bem
aqui.
PS 2: espero que o
Tricolor não caia mesmo. Senão, vão ser duas as gozações. O
rebaixamento e este post.