Destaques

Mostrando postagens com marcador tibério gaspar. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador tibério gaspar. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, outubro 08, 2008

Goró salvou Tim Maia da Cultura Racional

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Outro dia estava numa livraria e comecei a ler alguns trechos da biografia de Tim Maia, escrita pelo Nelson Motta. Por curiosidade, fui direto ao trecho que fala sobre o envolvimento do cantor, músico e compositor com a tal Cultura Racional, na década de 1970 (na foto à direita, da época, aparece cantando e "pregando" para a platéia). A forma como ele tinha sido "fisgado" eu já sabia: no início de 1974, depois de tomar mescalina, Tim foi visitar o amigo Tibério Gaspar (parceiro do pianista Antonio Adolfo em clássicos como "Sá Marina" e "BR-3"). Enquanto esperava ele voltar do banho, achou um livro que estava por ali: "Universo em Desencanto".

Não se sabe se pelo efeito do alucinógeno ou se por ter nascido doidão, mesmo, Tim Maia mergulhou de cabeça na Cultura Racional. Visitou Belford Roxo, onde morava Manoel Jacintho Coelho, sumo sacerdote do Racional Superior, e saiu de lá vestido inteiro de branco. Em seguida, cortaria o cabelo, rasparia a barba e abandonaria o álcool, as drogas, a carne vermelha e o sexo sem fins procriativos. O resultado prático é que levou um chute da gravadora RCA e foi banido das rádios e dos programas de TV, afugentou seus fãs, perdeu dinheiro a rodo e enriqueceu Manoel Jacintho.

Não por outro motivo, Tim nunca mais tocou no assunto até sua morte, em 1998. Mas os dois discos que gravou entre 1974 e 1975, "Tim Maia Racional" (capa do vinil à esquerda), volumes 1 e 2, são verdadeiras pérolas. Eu, particularmente, adoro o som (e as letras bizarras) de "Bom senso", "Contato com o mundo racional", "Leia o livro Universo em Desencanto", "No caminho do bem" (da trilha sonora do filme "Cidade de Deus") e, principalmente, a baladona "O dever de fazer propaganda deste conhecimento", que sapeia o toque de piano de "Sing this all together", dos Rolling Stones, e tem um suingue de violão que deixa Jorge Benjor no chinelo.

Mas, afinal, como Tim teria caído fora dessa roubada? Com a palavra, Nelson Motta: "No dia 25 de setembro de 1975, Tim acordou com uma vontade louca de comer uma carne sangrenta, tomar um goró e fumar um baseado. Teve uma desiluminação e abandonou a seita no seu velho estilo, quebrando tudo. Voltou para o apartamento da Figueiredo Magalhães, tirou e queimou a roupa branca e, nu e furioso, foi para a janela e começou a gritar para a rua, em volume máximo, que seu Manoel Jacintho era um pilantra, um ladrão e um tarado que comia todo mundo. E convocou a imprensa para dizer que tinha sido enganado e roubado pelo ex-guru".

Olha aí a manguaça ajudando a organizar as idéias e abrir os olhos de uma pessoa manipulada! O que a mescalina confunde, só o goró desanuvia...