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quarta-feira, abril 01, 2015

'Liberdade é ter na mente, eternamente, éter na mente'

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Realmente, muitos confundem o meu comportamento brincalhão, as minhas maluquices, com o consumo de drogas ou coisas semelhantes. É uma tremenda bobeira. Não consumo drogas e o que gosto mesmo é de uma cachaça. Aliás, o baiano, de modo geral, gosta de uma boa birita. Creia, malandro: é birita, mesmo.”
Raul Seixas, em entrevista ao jornalista Reynivaldo Brito, publicada pelo jornal A Tarde, da Bahia, em 10 de outubro de 1978

P.S.: Há controvérsias (sobre ser "só" birita). Em seu blog, Reynivaldo revelou, em 2010: "Encontrei o Raul Seixas numa manhã no início do mês de outubro de 1978 num dos apartamentos do Salvador Praia Hotel, em Ondina. (..) Quando chegamos ao hotel, ele mandou que eu e o fotógrafo fóssemos até o apartamento onde se hospedara. Lá chegando, o encontramos envolto em um longo lençol branco a fazer caretas e poses estranhas. Estava tomado pelo vício e, ao lado, pude ver uma garrafa vazia de éter".

ÉTER: foto feita por Lázaro Torres no dia da entrevista de Reynivaldo Brito

CIRROSE: no 'retiro' baiano, Raul 'meditava' em frente ao Elevador Lacerda

* A frase que dá título ao post estava pichada num muro em Sobral (CE), em 2003.






quarta-feira, fevereiro 25, 2015

A ciência do óbvio ataca outra vez: álcool é mais letal que maconha

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Estudo recentemente publicado na Scientific Reports, subsidiária da revista Nature, aponta que o álcool é 144 vezes mais letal que a maconha. A pesquisa procurou quantificar o risco de morte associado ao uso de várias substâncias tóxicas e os cientistas descobriram que, de longe, a maconha é a droga "mais segura". No lugar de focar a contagem de morte, como outros estudos, os autores do relatório compararam doses letais de cada substância com a quantidade que uma pessoa comum usa. 


 Ao elencar as drogas mais mortais, a maconha apareceu no final da lista, enquanto álcool, heroína, cocaína e tabaco lideram. A maconha era a única que representava um risco de mortalidade baixo entre os usuários, apesar de não ser inexistente - e agora é, de fato, "mais segura do que o álcool". A pesquisa da Scientific Reports aparece logo após a polícia do Colorado, primeiro estado americano a legalizar a droga, dizer que em um ano tudo está bem e o trabalho policial passou praticamente inalterado.


LEIA TAMBÉM:













quinta-feira, outubro 17, 2013

Leituras de cabeceira Futepoca (1)

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Percorrendo sebos do Centrão e matutando sobre minha orientação filosófica de que "o propósito da vida é arrumar encrenca" (e, por extensão, de que "nada faz sentido e tudo está fora de controle"), selecionei quatro títulos que podem interessar aos futepoquenses, simpatizantes, manguaças, maloqueiros e malucos em geral:

Para os que querem entender a origem da encrenca:



Para os que já estão (bem pra lá de) encrencados:



Para os que ainda acham possível sair da encrenca:



Para aqueles que pretendem transcender a encrenca:



sábado, setembro 28, 2013

O fim de Breaking Bad. E por que ele não é apenas mais um enlatado americano

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Bryan Cranston como Walter White no piloto de Breaking Bad (AMC)
“Tecnicamente, a Química é o estudo da matéria, mas prefiro vê-la como o estudo da mudança. Os elétrons mudam seus níveis de energia. Moléculas mudam suas ligações. Elementos se combinam e se transformam em compostos. Mas isso é tudo na vida, certo? É a constante, é o ciclo. É solução, dissolução, infinitamente. É o crescimento, então, a decadência, depois, a transformação. É fascinante, realmente."

A fala acima é de Walter White, protagonista de Breaking Bad vivido pelo ator Bryan Cranston, no episódio piloto da trama. Na cena, ele diz a seus pouco interessados alunos o que entende pela disciplina que ensina, a Química. Mas também é a senha de como vai se estruturar o seriado que se tornou, de acordo com o Guiness Book, o mais aclamado pela crítica em todos os tempos, tendo seu capítulo final exibido no domingo (29) pela AMC, nos Estados Unidos. São inúmeros os elementos que fazem da série algo que vai muito além da produção ordinária de enlatados, desde a utilização de antigas receitas cinematográficas até sua interação com novas tecnologias, em sua produção e divulgação.

A premissa da história é aparentemente simples: White, ao ser diagnosticado com um câncer terminal, passa a produzir metanfetamina para deixar uma situação financeira confortável para sua esposa, grávida, e seu filho, que tem paralisia cerebral. E a partir daí se desenrola uma história na qual os principais personagens se transformam diante das circunstâncias, em especial o antes pacato professor de Química.

Em maio deste ano, Bernardo Bertolucci, diretor de filmes como O último tango em Paris e O último imperador, se confessou entristecido com a atual produção hollywoodiana, mas fez uma ressalva. “Minha geração teve um caso com a cultura norte-americana, sem dúvida. Um poste de rua e um hidrante de incêndio me fizeram cantar na chuva. Mas os filmes norte-americanos dos quais gosto atualmente não vêm dos estúdios de Hollywood, e sim das séries de TV, como Mad men, Breaking Bad, The Americans”.

Hoje, um seriado como Breaking Bad justifica plenamente o que muitos entendem ser a Era de Ouro da TV dos EUA. Afinal, ali pode-se contemplar uma ousadia estética e narrativa ausente nas películas de Hollywood, partindo do tema que seria impróprio para a televisão – a produção e a venda de uma droga sintética de efeitos poderosos – até a composição dos personagens. Não há o dualismo entre bem e mal exposto de forma evidente e simplista, mas uma zona cinzenta que faz com que todas as figuras principais da trama, em algum ou muitos momentos, ultrapassem o limite ético em prol de algo que consideram um valor superior, ainda que nem sempre a justificativa seja, de fato, real.

Não é possível assistir os capítulos da trajetória de Walter White de forma independente, como se faz, por exemplo, ao assistir House ou uma sitcom como Friends ou Seinfeld. Como lembra esse ótimo post, a série deve ao bem sucedido Família Soprano, produzido em 1999, uma estrutura formal que amarra cada episódio no seguinte, contando ainda com flashbacks e flahsfowards fundamentais na narração. E essa intimidade criada com a interação entre o espectador e cada protagonista é responsável pelos sentimentos distintos despertados a cada cena, sempre com um elemento em comum: a permanente tensão que pode ser expressada tanto em uma sequência de ação como em um diálogo ou mesmo em um silêncio estendido de um personagem. Nesse aspecto, por exemplo, seria cruel a comparação de qualquer episódio com um filme como Argo, vencedor do Oscar de 2013.

Com uma narrativa e personagens bem construídos, é possível realizar variações e experimentações, com um episódio lembrando Tarantino e outro remetendo a Coppola, por exemplo. Também por conta disso, mas não só, o seriado é capaz de atingir públicos de preferências distintas, desde aqueles que querem ficar nas primeiras camadas, focando mais a ação, passando por quem se envolve com o aprofundamento das transformações dos personagens e seus significados. Isso sem contar os fanáticos que descobrem (e às vezes inventam) referências em objetos de cena e outras pistas colocadas ao longo da narrativa, como enquadramentos que se repetem de forma proposital em situações diversas e cacos nas falas dos protagonistas.

O criador da série, Vince Gilligan, também chama a atenção para outro ponto relacionado ao sucesso de Breaking Bad: a internet e as redes sociais. A estreia dos episódios da segunda metade da última temporada atingiu o pico de 12 mil tuítes por minuto. "Nós ganhamos muita audiência no boca a boca. As pessoas assistiam, gostavam e contavam para seus amigos. Não fossem esses serviços, ou mesmo a pirataria, sendo honesto, ninguém teria paciência de esperar reprises na TV", avalia Gilligan.

Protagonistas da saga Breaking Bad: Mike (Jonathan Banks), Saul Goodman (Bob Odenkirk), Jesse Pinkman (Aaron Paul), Walter White (Bryan Cranston), Marie Schrader (Betsy Brandt), Hank Schrader (Dean Norris), Skyler White (Anna Gunn) e Walter White Jr. (RJ Mitte). Foto por Frank Ockenfels/AMC


Por trás de Walter White  

O texto tem spoilers a partir daqui.

No piloto da série, Walter White é apresentado como alguém tendo uma vida medíocre e a empolgação que tem pelo seu ofício, demonstrada na fala citada no início desse texto, contrasta com o desinteresse de seus alunos, evidenciada pela afronta de um deles que o encontra em seu segundo emprego, um lava-rápido. Ali, ele também é humilhado pelo seu patrão, que o desloca de sua função de caixa para limpar carros. Em seu aniversário de 50 anos, é ofuscado pelo seu cunhado Hank Schrader (Dean Norris), um agente do departamento de narcóticos que se gaba de uma apreensão de metanfetamina, conseguindo espaço em uma reportagem de TV.

(Foto Ursula Coyote/AMC)
Ali, o espectador já criou a empatia com o protagonista e a descoberta de seu câncer terminal lhe dá uma espécie de licença para poder encarar o mundo de outra forma, passando a enfrentar situações das quais fugia anteriormente e ingressando na produção de metanfetamina. Mas a fórmula fácil de cumplicidade com o personagem vai se esvaindo à medida que White ascende dentro do narcotráfico, desenvolvendo um alter ego, Heisenberg, como fica conhecido o produtor da metanfetamina mais pura do Novo México. A prática de atos abomináveis se torna uma constante, mesmo em relação a seu parceiro, Jesse Pinkman, vivido por Aaron Paul. Novamente, reina a dubiedade. Apesar de ser capaz de arriscar a própria vida pelo pupilo com o qual desenvolve uma relação paternal, White o manipula e comete atrocidades para manter sua confiança e prendê-lo ao negócio da metanfetamina.

Mesmo com isso, o protagonista continua contando com a simpatia de boa parte dos espectadores. A razão mais óbvia é o fato de entenderem que ele é crucial para a trama, mas isso não é suficiente. O personagem de Bryan Cranston pode despertar empatia por outros motivos. No limite, ele busca seu pleno potencial naquilo que faz de melhor. Só consegue isso porque ultrapassa barreiras ético-morais, encontrando Nietszche e seu conceito de super-homem. Heisenberg cria as próprias regras e valores, não obedecendo sequer os padrões morais concebidos pelo narcotráfico. Ou o personagem pode representar simplesmente a libertação diante das fontes de sofrimento definidas por Freud em O Mal Estar na Civilização: o poder superior da natureza perante o homem, a fragilidade de nossos corpos e a inadequação das regras que procuram ajustar os relacionamentos entre os seres humanos em todas as suas esferas, na família e na sociedade. Com o câncer que lhe impõe uma condição evidente de inferioridade em relação à natureza e ao próprio corpo, resta romper as barreiras no que diz respeito ao ordenamento social. Mas nem tanto.

A razão pela qual o protagonista tenta justificar sua entrada em um mundo fora da lei é a família. Embora em dados momentos o seriado faça referência a Scarface, é em outra obra cinematográfica, cujo protagonista também é Al Pacino, que se pode encontrar uma fonte importante na qual bebe Breaking Bad. Na trilogia O Poderoso Chefão, Michael Corleone nasce com todas as facilidades que uma família envolvida e empoderada na máfia pode oferecer, mas se nega a ocupar um papel na estrutura criminosa. Até que as circunstâncias lhe dão uma chance de assumir o papel que lhe parece destinado e ele abraça seu destino tendo como estímulo e justificativa a proteção de sua família. Walter não nasce em um ninho de narcotraficantes, mas tem uma pessoa próxima, seu cunhado, que o mostra, com a visão policial, princípios básicos da atividade. Com seu alto grau de conhecimento em química, ele passa a galgar degraus na estrutura criminosa.

Assim como o personagem de Pacino, que muda seu gestual e até o modo de olhar durante a saga, o protagonista do seriado muda de postura e mesmo de aparência física à medida que vai sendo absorvido pela sua atividade. Também à semelhança do chefe do clã Corleone, White vai ter na esposa, Skyler (Anna Gunn), o superego que o impede de perder o controle sobre seus instintos de destruição. Até o momento em que ela se incorpora, não passiva ou docilmente, à ordem instituída pelo marido/parceiro. Por esse papel, a propósito, a atriz foi perseguida nas redes sociais, tendo que providenciar segurança pessoal após ser ameaçada. Mas se a justificativa da família cai diante e para o próprio Michael quando este manda matar seu irmão Freddo, a trama também reserva algo similar ao duplo White/Heinsenberg.  

A falência do modelo repressivo

Um outro aspecto importante que o seriado traz, embora não seja este o seu foco, é a questão da falência do modelo repressivo de guerra às drogas e da hipocrisia que cerca o tema. Certamente não é a toa que o policial Hank Schrader, principal responsável pela investigação da rede de produção e venda de drogas ilegais no local, aparece em quase todas as cenas em família com bebida alcoólica na mão. Aliás, ele fabrica a sua própria cerveja em casa. Diferentemente do cunhado, faz uma droga lícita. Um detalhe irônico é que, se o orgulho e a vaidade de White fazem com que ele se perca no decorrer da história, é o exibicionismo de Hank que abre a porta de entrada para o cunhado no narcotráfico.

O vídeo abaixo, produzido pelo Beyond Bars (um projeto de Brave New Foundation), em parceria com a Drug Policy Alliance, tenta mostrar esse aspecto do seriado. Breaking Bad mostra como se constrói um sistema que não evita que filhos da classe média tenham acesso a drogas ilícitas (em um episódio Jesse protege seu irmão pré-adolescente de ser flagrado com um cigarro de maconha pelos pais) como também condena os filhos de famílias pobres a um cotidiano de violência.



Publicado originalmente na revista Fórum

sexta-feira, março 22, 2013

Estudo acaciano, mas nem por isso desnecessário

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A entidade beneficente inglesa Mind, dedicada a questões ligadas à saúde mental, ouviu 2 mil pessoas e concluiu em um estudo que a tensão provocada pelo trabalho pode levar ao abuso no consumo de álcool e de outras drogas. Sim, claro, não há qualquer novidade nisso. Mas sempre é bom reforçar uma obviedade dessas com a chancela de um estudo sério, para que os patrões não condenem, maltratem ou demitam aqueles supostos "vagabundos", "bêbados" e "irresponsáveis" que não conseguem suportar o "pau alado" sóbrios - afinal, já avisava Chico Buarque, na letra de "Meu caro amigo": "Porque senão, sem a cachaça/ Ninguém segura esse rojão".

E, apesar dos diversos males causados pelo álcool, a manguacice, muitas vezes, serve como válvula de escape para coisa pior. O estudo alerta, por exemplo, que o ambiente de trabalho seria responsável por 7% dos pensamentos ligados ao suicídio, subindo para 10% nas pessoas com idades entre 18 e 24 anos. Mais de um terço dos adultos ouvidos apontam o trabalho como o aspecto mais estressante, mais do que preocupações com o dinheiro e saúde. Por isso, 57% desses pesquisados não dispensam um ou mais drinques após o expediente e 14% afirmaram beber mesmo durante a jornada de trabalho ("Opa! Traz mais meia dúzia!").

Cigarro e remédios para dormir também são consumidos como maneiras de lidar com o problema, segundo o estudo - embora nós, futepoquenses, continuemos priorizando o buteco (onde fumar geralmente é proibido). Tanta pressão e vício levam muitos a desistir: 9% dos pesquisados já pediram demissão de algum trabalho alegando estresse e 25% admitiram ter vontade de fazer o mesmo. "Um entre seis trabalhadores vive quadro de depressão, estresse e ansiedade. A maioria dos administradores não se sentem capacitados para dar apoio", diz Paul Farmer, diretor da Mind.

terça-feira, janeiro 29, 2013

O Mestre: Cachaça não é tíner não

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Quando ouvia a clássica marchinha de Mirabeau Pinheiro, Lúcio de Castro, Héber Lobato e Marinósio Filho, imortalizada no Som na Caixa Manguaça nº 51", "Você pensa que cachaça é água", sempre entendi, na letra, um teor de um "pres'tenção". Uma dose de toque amigo para manguaças profissionais buscarem uma hidratação mais convencional.

Ao assistir a "O Mestre", de Paul Thomas Anderson, ocorreu-me uma leitura um pouco diferente. Em vez de uma crítica a hábitos etílicos exacerbados do interlocutor, imaginei que para a marchinha um diálogo em grau mais professoral, um ensinamento para explicar a diferença entre cachaça e água. A distinção, entendam, está praticamente dada por uma questão de fonte dos recursos (alambique versus ribeirão), quase uma denominação de origem controlada (DOC, como em vinhos, espumantes, queijos e quetais).

O devaneio, inspirado pela aspiração de chegar ao bar, decorre de algumas das sequências do referido longa-metragem. A produção mostra a relação peculiar (lá de onde eu venho, o nome disso seria "doida de pedra") entre Freddie Queuel (Joaquin Phoenix) e Lancaster Dodd (Philip Seymour Hoffmann), livremente inspirado em Lafayete Ron Hubbard, fundador da Cientologia -- ideário que teve repetidos quinze minutos de fama em 2001, quando o galã Tom Cruise trocou sua então esposa Nicole Kidmann pela doutrina -- não foi assim tão simples, mas me falta informação para redator de coluna de celebridades.

Foto: Divulgação

No filme "O Mestre", Freddie Quell (e seu fígado) é interpretado por Joaquin Phoenix. C
oquetéis com itens como reveladores e fixadores de
filme. Espera-se que dublês tenham participado de cenas como as da foto


Ao caracterizar os personagens, o filme destila Dodd como um intelectual com talento para autoritário e ambição para messianismo. Queuel começa como um marinheiro traumatizado da Segunda Guerra Mundial, alcoólatra e viciado em sexo que perdeu um parafuso antes ou depois de cruzar o Atlântico dos Estados Unidos para a Europa. Ao voltar, exercita hábitos de adicto de estágio avançado -- de beber perfume e daí para baixo. Bem para baixo.

Em quatro sequências diferentes, a personagem manufatura coquetéis peculiares. No primeiro, em meio a um laboratório de revelação fotográfica de poses preto e branco, ele parece misturar sais de revelação com fixador, além de limão. E bebe. Depois, seu elixir vira suspeito de ser veneno, quando um camponês, colega na colheita de repolhos, não tolera a mistura não identificada e sucumbe.

Em outro trecho, antes de simular relações sexuais com uma escultura de areia na praia, o preparado leva água de coco e... tíner (!). Em outra, além de uísque e vodca, novos toques de tiner, agora filtrado (?!?!) em pão velho. E a mistura é apreciada pela dupla, embora o marinheiro indique que é capaz de fazer outras variações da verdadeiramente marvada, embora não repita a receita.


Foto: Divulgação

Na praia, a espera da volta para os Estados Unidos, um drinks (sic) de
água de coco e tíner, para rebater o calor. 

Assustado, fui ao Google.

Se o Sulfito de Sódio, componente principal de um dos principais reveladores P&B do mercado, também é usado como antioxidante e conservante de alimentos (não é tão tóxico, exceto para alérgicos ao produto). Tíner, por sua vez, que contém acetona ou butanona ou outros hidrocarbonetos, é solvente peculiar que pode produzir efeitos alucinógenos quando inalado, a exemplo do que acontece na cola de sapateiro. Não à toa, é vendido apenas a maiores de 18 no Brasil.

Não consegui ir além de referências a inalantes em fontes em português.

No caso do filme, vale ressaltar que, embora Lancaster Dodd tenha elementos claros de L. Ron Hubbard, há dúvidas sobre a existência de uma inspiração única para Quell, colocado como um anti-alterego do "Mestre", uma sombra impulsiva, animalesca e caricata. Mas uma corruptela reveladora do caráter...

Com essa informação, fiquei mais satisfeito de saber que, talvez, ninguém tenha chegado a degustar esse tipo de coquetel.

Ao mesmo tempo, e voltando ao clássico do cancioneiro popular brasileiro, foi a comparação a drinks com tíner e desinfetante que revi minha interpretação. Nessa perspectiva, talvez cachaça fique parecendo quase água. Na dúvida, melhor não arriscar.

quinta-feira, dezembro 20, 2012

Os males que o álcool e outras drogas podem causar...

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(Via Thiago Balbi)

quarta-feira, abril 20, 2011

Lei Seca é prejudicial à saúde!

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A esdrúxula e incongruente imposição de Lei Seca pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, durante a Virada Cultural, no fim de semana, teve como efeito colateral um problema de saúde muito pior do que possíveis ressacas. Segundo o portal IG, em materinha intitulada "Vinho químico é o crack das bebidas", a proibição da venda de bebidas pelos estabelecimentos comerciais legalizados durante o festival de eventos públicos que atravessou todo o sábado e domingo fez com que milhares de ambulantes clandestinos oferecessem ao público "uma perigosa mistura artesanal de etanol (o mesmo vendido em postos de gasolina), pigmento e doçura similar à groselha e corante". De acordo com a reportagem, "com 96% de álcool, bebida apreendida em São Paulo é altamente tóxica e compromete fígado e cérebro".

Mais de 17 mil litros (!!!) do chamado "vinho químico" foram apreendidos. A bebida era oferecida em garrafinhas (foto acima) com valores entre R$ 1,5 e R$ 10 - um convite tentador aos milhares de manguaças que se viram privados de beber enquanto se divertiam. Segue o texto do IG: "O que assusta é a quantidade elevada de etanol, que representa 96% da mistura. Esse índice supera o teor alcoólico de bebidas fortes como a cachaça, que tem de 38% a 54% de álcool no Brasil. A graduação máxima permitida por lei, de acordo com a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), é de 54%. (...) Se comparada a outras bebidas, a discrepância é ainda maior. Vodca e uísque variam o teor alcoólico entre 40% e 50%. Um vinho de verdade apresenta em torno de 12%, enquanto uma cerveja pilsen, o tipo mais consumido no país, contem entre 4,5% e 5% de álcool". Uma médica ouvida pela reportagem classificou a mistura como "uma bomba".

Pois é, moralistas de plantão (ou pior que isso: políticos moralistas de plantão). Proibir não resolve, quando as pessoas querem consumir, sempre vai ter alguém querendo ganhar dinheiro em cima. O problema não é proibir, é controlar, fiscalizar, acompanhar, punir excessos e prestar assistência. Moralistóides como Gilberto Kassab só conseguem regredir o Brasil ao início do século passado, quando a Lei Seca foi adotada nos Estados Unidos e, como consequência, criou uma das quadrilhas mafiosas mais notórias de todos os tempos, além de matar milhares de pessoas com bebidas da pior qualidade e procedência desconhecida - porque, óbvio, ninguém deixou de beber! É o que acontece agora, com o tal "vinho químico". Essa é a política de saúde (moralista e irresponsável) da maior cidade da América Latina.

sexta-feira, fevereiro 25, 2011

Antes que eles te façam correr

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Folheando "Vida", do Keith Richards (com James Fox), da editora Globo, 2010 (foto), li uma parte em que ele conta sobre a gravação da música "Before they make me run", do álbum "Some girls", de 1978, dos Rolling Stones, na cidade de Paris. "Aquela música, na qual estou fazendo o vocal, veio do coração, mas foi cansativa como nenhuma outra. Eu fiquei direto sem sair do estúdio por cinco dias", conta o músico, que cita um trecho (manguacístico) da letra:

Já trabalhei em todos os bares e shows no centro da cidade
Nada como um multidão para fazer você se sentir totalmente só
E a coisa já começou a fazer efeito
Bebidas, pílulas e pós, você pode escolher seu remédio
Bem, aqui vai o adeus para mais um bom amigo
Depois de tudo dito e feito
Tenho que me mexer enquanto ainda é divertido
Deixe-me andar antes que eles me façam correr


E Richards prossegue: "(...) Fiquei gravando cinco dias direto. Nós todos estávamos cheios de olheiras quando terminamos de gravar a música (...). Quando finalmente terminamos, eu apaguei sob a mesa, embaixo do equipamento de gravação. De repente acordei, não sei quantas horas depois, nunca contei, e lá estava a banda da polícia parisiense. Uma porra de uma banda marcial! Foi isso que me acordou. Eles estavam ouvindo uma faixa que tinham acabado de gravar e não sabiam que eu estava ali. (...) E me pergunto: 'Quando devo sair daqui? Estou morrendo de vontade de mijar, meu veneno [heroína] está todo comigo, agulhas e a porra toda, e estou cercado de policiais que não fazem a menor ideia de que estou aqui'. Esperei um pouco e pensei: 'Eu vou ser bem britânico', e então rolei para fora da mesa e disse: 'Ai, meu Deus, me desculpem', e antes de eles perceberem eu já tinha me mandado, deixando 76 tiras se perguntando que porra tinha acontecido". Ou seja, como a música previa, eles o fizeram - literalmente - correr.

quinta-feira, novembro 25, 2010

"Parece um filme, só que ao vivo"

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Foi na edição do Jornal Hoje que a âncora Sandra Annenberg resumiu o que se viu durante o dia nas redes de TV noticiosas.

– Parece um filme, só que ao vivo, né? 10 milhões de brasileiros assistiram Tropa de Elite 2, a gente vive falando dessas invasões de favelas, e estamos acompanhando ao vivo.

Tá logo no comecinho. Vale assistir (apesar do comercial).



O noticiário virou um reality show, com notas de Tropa de Elite. Rodrigo Pimentel, ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais (Bope), roteirista do filme, foi fonte obrigatória tanto para a Globo (promovido a assessor de segurança da emissora), como para outros veículos. Ele foi assertivo em todas as suas falas, apesar de dizer que a operação "superou a ficção", porque José Padilha não poderia ter imaginado algo assim.

A história deve ter garantindo ibope gordo à atração da emissora, porque a edição se estendeu e foi monopolizada pelo tema.

As cenas foram mesmo impressionantes. O deslocamento de pessoas, a maioria de homens, entre a Vila Cruzeiro e o Complexo do Alemão, mostrava uma ação de formiguinha dos supostos traficantes, que estariam levando armas e sabe-se lá mais o quê.

Em toda a cobertura televisiva de todos os canais, mais do que nunca, a terminologia "bandidos" predominou. "Criminosos" e "suspeitos" por pouco não desapareceram. Estes últimos só eram mencionados ao referir-se aos mortos. Todos foram julgados, condenados e taxados da forma mais pejorativa que poderia ser publicável.

Reality show e o retrato jornalístico

O mais curioso foi a sequência da ter se dado no mesmo dia em que JB Oliveira, o Boninho, diretor do Big Brother Brasil, o reality show de ofício mais visto da TV brasileira, ter se pronunciado sobre o programa. Primeiro, disse, pelo Twitter, que valeria tudo "até porrada" e bebida alcóolica ("chega de bebida de criança") etc.

Depois, mais a noite, ponderou: "BBB11 não será um ringue".

Ufa.

Mas não consigo parar de pensar que ele passou o dia assistindo à GloboNews e percebeu que se o Capitão Nascimento virasse reality show, o BBB ficaria sem graça.

terça-feira, setembro 28, 2010

Uma boa dose de manguaça barata

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Lendo "The Doors por The Doors", compilação de entrevistas dos membros da banda estadunidense feita por Ben Fong-Torres (Editora Agir, 2006), cheguei a um trecho que discorre sobre os excessos do vocalista Jim Morrison (foto), morto aos 27 anos. "À parte todas as teorias (...) sobre o Morrison dionisíaco e o Morrison xamã, os membros da banda tinham também de lidar com o Morrison alcoólatra", diz Fong-Torres. Em seguida, uma observação do próprio Jim:

- Todos da minha geração se drogam. A droga é o que há agora. Pois bem, eu tenho sempre que nadar contra a corrente. Não me sinto à vontade entre a maioria. A coisa mais revolucionária que você pode colocar em seu organismo nos dias de hoje, em meio a todos esses drogados, é uma boa dose de manguaça barata. O álcool é como o leitinho da mamãe para mim, só que melhor ainda que qualquer leite vindo de qualquer mãe. Odeio aquele tipo pobre de conotação sexual vinda das pessoas que procuram comprar dorgas. É por isso que gosto de álcool; você pode ir a qualquer bar ou loja da esquina e encontrá-lo sobre a mesa... É uma coisa tradicional.

Mais tarde, em 1970, o vocalista reconheceu o exagero:

- Passei por um período em que bebia muito. Havia muita pressão sobre mim e não conseguia lidar com aquilo. Acho que beber é uma maneira de lidar com um ambiente lotado e também um produto do tédio. Mas gosto de bebida, ela deixa as pessoas mais soltas e estimula a conversa às vezes... de certa forma é como os jogos de azar. Você sai para uma noite de bebedira e não sabe onde vai parar no dia seguinte. Pode levar a algo bom ou a algo desastroso. É como o rolar dos dados.

Em julho de 1971, Morrison morreu de ataque do coração. Não há confirmação, mas especula-se que foi provocado por overdose de heroína.

terça-feira, setembro 07, 2010

O lado dos entorpecentes OU maconha é de esquerda, cocaína é de direita

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A teoria do cartunista Angeli é simples. "Maconha é socializante, todo mundo fuma no mesmo baseado e dá risada depois. Cocaína, não. É de quem tem, e você se submete a esse poder pra cheirar uma fileirinha no cantinho do mármore do banheiro." Por isso, em entrevista à revista Trip de agosto, ele disse que "cocaína é de direita e maconha é de esquerda".

Autorretrato/Grafar

A fórmula foi empregada por ele para conseguir se livrar do vício mantido por 10 anos de inalação do pó sintetizado a partir de folhas de coca. Aparentemente funcionou, mas para alguém que considera – e demonstra isso em seu trabalho – seu ideário anarquista e punk, a década de "convívio" com o psicotrópico reacionário pode colocar a teoria em xeque.

Mês passado, o ator José de Abreu, em entrevista ao Futepoca, ofereceu a teoria de que "toda cachaça é de esquerda". Segundo ele, a chave para a compreensão está no fato de que a "relação da política com o prazer vem da esquerda".

Do ponto de vista do cartunista Angeli, a cervejinha consumida no boteco seria de esquerda. A caipirinha no churrasco, o vinho num jantar e a cachaça numa prosa, idem. Ao passo que o uísque tomado solitariamente em casa, estaria à direita. Pela análise de Zé de Abreu, seria preciso garantir prazer a qualquer desses processos para o vínculo se estabelecer.

Foto: Louise Joly/Wikipedia
O fato é que pensar nos entorpecentes com lado e posição no espectro político é curioso. Os opióides seriam de direita? A crítica de Karl Marx à religião, classificando-a de "ópio do povo" – numa das frases mais citadas e parafraseadas de sua bibliografia – por seu efeito analgésico, de euforia e posterior sonolência conferiria esse caráter? E isso seria ruim?

Renderia melhor em um simpósio realizado no fórum adequado (a mesa do bar). Mas quem sabe os comentaristas do Futepoca ajudam a elucidar tão inquietante questão.

sábado, setembro 26, 2009

Muito sóbrio, Fernando Henrique não fumou e não gostou

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Vão me acusar de ser assinante da revista, mas isso não é importante.

Foto: Antonio Cruz/ABr
Fernando Henrique Cardoso vem defendendo o fim da guerra às drogas. A revista Veja da semana passada trouxe uma entrevista ("FHC sobre THC") toda dedicada à questão. Ele não tem um discurso articulado sobre o tema para responder, por exemplo, como ele defende a descriminalização do usuário mas não do comércio -- o que não necessariamente evitaria o tráfico.

Mas o ponto alto da entrevista é quando a jornalista Thaís Oyama pergunta:

Como o senhor lidou com o assunto na adolescência de seus filhos?
A adolescência deles foi bem diferente da minha. Na minha, não havia essas questões. Eu não fumei nem cigarro e só vim a tomar álcool depois de casado. Meu pai era militar, puritano, eu não tive experiência pessoal com isso...

Mas o senhor já declarou que fumou maconha uma vez em Nova York e não gostou.
Eu não fumei uma vez, eu senti o cheiro do cigarro uma vez em Nova York...

Não tragou.
Eu não sei tragar nem cigarro! Mas depois de falar isso quase me liquidaram, dizendo que eu era maconheiro. Eu sou muito sóbrio com essas coisas, não fumo cigarro, nunca vi cocaína na minha vida.

Então, está registrado. Se Bill Clinton fumou, tragou e não gostou, Barack Obama fumou mas não opinou, Fernando Henrique não fumou e não gostou. A história de que ele "fumou mas não tragou" foi desmentida pelo próprio.

E vale chamar a atenção para o fato de que Fernando Henrique precisou ir a Nova York para ser alvo de uma baforada de um baseado.

Comecei o texto escrevendo sobre o que não era importante e fiquei pensando agora se esse post é importante, embora o debate sobre o fracasso da guerra às drogas seja.

A entrevista toda foi dedicada à questão, mas quando questionado se seu posicionamento prejudicaria seu partido, o PSDB, ele avisou: "Mas eu não estou nessa eleição. Não sou candidato e não estou opinando como líder político. Estou falando como intelectual."

terça-feira, agosto 11, 2009

Falta isso falta aquilo. Mas pinga não vai faltar

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Ontem fui assistir “Guidable - A Verdadeira História do Ratos de Porão”, de Fernando Rick e Marcelo Appezzato. O documentário traz entrevistas, gravações e imagens inéditas do grupo punk (ou hardcore) paulistano. Os diretores tiveram acesso a toda produção documentada pela banda, em seus 29 anos de carreira, além de contar com o depoimento de quase todos integrantes e ex-integrantes, o que contribuiu para a documentação de boas histórias.

O resultado são 120 minutos de cenas regadas a todo tipo de componente etílico e otras cositas más. Algumas cenas são bem pesadas, como a dos integrantes usando crack em latas de cerveja, mas outras são de certa forma até engraçadas. E uma delas é o guitarrista (até hoje) Jão contando a primeira turnê do grupo na Europa, em 1989.

Entre outras presepadas, como fazer a turnê de trem, ele narra o retorno da banda ao Brasil. Na hora de embarcar, o grupo acaba ultrapassando o limite de bagagens, e sem grana tem que optar em deixar algumas coisas no aeroporto (em Berlim ou Amsterdam) e entre souvenires, coleção de latinhas vazias (de refrigerante é que não era...), “baquetas recheadas” e mais um monte de tranqueira adquirida ou roubada na Europa, eles optam em deixar para traz os objetos mais pesados, isso é, a guitarra, o baixo...

Isso mesmo, os instrumentos musicais ficaram para trás e o que embarcou foi todos os tipos de “lembranças”, como a coleção de latinhas vazias!!!

Isso que é prioridade... Ah, o título do post é uma frase da música “Crise Geral”, do Ratos.

***

Guidable - A Verdadeira História do Ratos de Porão integra a programação do Cineclube do Sindicato dos Bancários do Distrito Federal, que neste mês incluí dois outros documentários musicais, Loki – Arnaldo Baptista, de Paulo Henrique Fontenelle e A vida até parece uma festa, de Branco Mello e Oscar Rodrigues Alvesroteiro.

sexta-feira, junho 19, 2009

Irlandeses preferem vinho em casa

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Deu hoje no Herald.am., o jornalzinho gratuito distribuíido nas ruas centrais de Dublin: 80% dos entrevistados em uma pesquisa bebem vinho em casa. O uísque (spirits) é consumido por 70% deles e 65% também enxugam cerveja, lager e cidra no aconchego do lar (interessante diferenciarem lager de cerveja).

O estudo foi encomendado pelo Aislinn Centre, de Co Kilkenny, um local de reabilitação gratuita para jovens alcoólatras de 15 a 21 anos. O jornal decidiu pegar outro gancho para abrir a noticia, chamando a atenção para o fato de 76% dos adultos entrevistados concordarem que adolescentes entre 15 e 18 anos que bebem estão mais propensos a experimentarem outros tipos de droga.

O grande problema, segundo o Aislinn Centre, é o fato de 90% dos adultos consultados terem admitido que estocam bebidas alcoólicas em casa. "Agindo assim, os pais estão oferecendo às criancas um caminho para as drogas", opina Declan Jones, do centro de recuperação. "Manter garrafas de vinho ou spirits ou cerveja em casa é deixar essas bebidas nas mãos dos adolescentes", acrescentou.

sexta-feira, junho 05, 2009

ONG inglesa atira: "Gente boa usa drogas"

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A ONG britânica Release pôs nos ônibus de Londres uma campanha publicitária favorável ao debate sobre legalização das drogas. Nos ônibus da cidade, lê-se a faixa: "Gente boa usa drogas" (tradução livre para "Nice people take drugs"). A organização luta, há 40 anos, por reformas na política de drogas no Reino Unido. Os motivos são vários. "Mais gente usou maconha do que votou para os trabalhistas na última eleição", sustenta a página da campanha.

Foto: Divulgação

"Gente boa usa drogas", estampa cartaz em ônibus

A estratégia é chamar atenção para o debate, porque eles acreditam que é a hora da mudança no debate por uma legislação mais segura e adequada para a questão. Segundo a página da campanha, um terço dos adultos da Inglaterra e da Irlanda usaram drogas ilícitas e 13 mil crianças e adolescentes foram presos por questões relacionadas às drogas em 2006 e 2007 – os autores do Futepoca nas terras da rainha garantem nunca ter sido consultados em qualquer pesquisa.

"Essa foi ousada", escreveu Marisa Felicissimo, psiquiatra radicada na Bélgica e pesquisadora da questão das drogas. "Imaginem se lançássemos uma campanha dessas no Brasil, seríamos todos presos por apologia às drogas?" Em maio, edições da Marcha da Maconha em nove capitais foram proibidas pela Justiça, acusadas de apologia ao uso de tóxicos ilícitos.

Na quinta-feira, 4, o ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vanicchi, pediu um "debate sem preconceitos" sobre a legalização ads drogas. A declaração ocorreu no lançamento de programas emergenciais do Ministério da Saúde para lidar com álcool e drogas ilícitas.

Antes dele, o próprio titular da pasta da Saúde, José Gomes Temporão, e o do Meio Ambiente, Carlos Minc, manifestaram-se favoráveis ao debate. Até Fernando Henrique Cardoso, aquele que fumou, tragou, mas não gostou, se posicionou favoravelmente à legalização regulamentada da questão.

Pelo plano lançado, há previsão de R$ 117,3 milhões na rede de atenção e saúde mental do Sistema Único de Saúde (SUS) para ampliação do acesso, capacitação e ações intersetoriais. Isso quer dizer 92 Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPSad) no Distrito Federal e nos 26 estados brasileiros. Os centros são serviços extrahospitalares de base comunitária e atenção diária. Uma equipe multiprofissional – psicólogo, psiquiatra, assistente social, terapeuta ocupacional, clínico geral, enfermeiro e outros garantem a política de redução de danos. A promessa é chegar 200 CAPSad em todo o país – uma cobertura de apenas 57% da população brasileira.

É tudo jogada para aparecer ou há disposição mesmo para o debate?

sexta-feira, dezembro 12, 2008

O Marcelo Silva que importa

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A notícia do mês no mundo das celebridades é a morte de Marcelo Silva, ex-marido de Suzana Vieira que ficou famoso por ter trocado a sexagenária atriz por uma moça que nem aos 30 anos chegou. Marcelo morreu, ao que tudo indica, por overdose de cocaína. Além da atração causada pelo inesperado, a morte de Marcelo chamou a atenção também por outros motivos, como a praga jogada sobre o sujeito pela Ana Maria Braga e o link 'manipulado' do Globo.com que enganou muita gente por aí (em ocasião similar, o Futepoca caiu nessa).

Na cabeça de um fanático por futebol como eu, o nome de Marcelo Silva não remete ao mundo das celebridades, e sim ao da bola. E me fez lembrar do volante Marcelo Silva, que jogou no Santos no começo da década e aparece aí na foto ao lado.

Marcelo Silva era o que poderia se chamar de volante-volante. Não era botinudo nem violento, mas passava longe de ser técnico. Cumpria seu papel de marcação com alguma eficácia e uma brutal discrição. Tanto para o bem quanto para o mal, aliás. Nunca era vaiado pela torcida mas também quase nunca tinha atuações memoráveis.

Seu momento de mais destaque no Santos foi negativo, mas involuntário. Explicando: na época das semifinais do Paulista de 2001, Marcelo Silva havia ido para a reserva do Peixe. Começou no banco o primeiro duelo contra o Corinthians. E de lá viu o Santos ter uma atuação magnífica, com um primeiro tempo em que sufocava a equipe do Parque São Jorge. Deivid fez 1x0 para o Santos com 21 minutos de jogo e, pelo andar da carruagem, poderia se esperar mais gols da equipe da Vila, tamanha a potência que o time demonstrava na partida.

Mas, ainda no primeiro tempo, por volta dos 30 minutos, o mesmo Deivid se machucou. Geninho (técnico santista) poderia mandar a campo outros nomes para o ataque, como Caio, por exemplo. Mas pensou em "garantir o resultado". Colocou o nosso herói Marcelo Silva. No fim das contas, o Corinthians empatou o jogo e, na segunda partida das semifinais, ganhou a disputa com aquele gol do Ricardinho aos 48 do segundo tempo.

Marcelo Silva ainda permaneceu um bom tempo no Santos - torcida e diretoria sabiam que ele não era culpado pela eliminação, apesar de ter consigo essa carga simbólica. Deixou o Santos ao final do primeiro semestre de 2002, pouco antes do Peixe iniciar a história do melhor time que montou após o fim da Era Pelé.

Depois disso, Marcelo pipocou entre uma série de clubes grandes e médios do nosso futebol, como Bahia, Atlético-MG, Atlético-PR e Náutico. No início desse ano foi contratado pelo Vitória, apresentou-se com pompa, mas pouco rendeu. Já em maio acabou dispensado e seu paradeiro desde então é desconhecido (eu pelo menos não achei na internet).

De qualquer modo, acredito eu, deve estar melhor do que seu xará celebridade...

segunda-feira, novembro 03, 2008

Dunga veste as sandálias da humildade (que falta a Maradona)

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Nem bem assumiu o comando da seleção argentina e Maradona (à esquerda) já partiu pra cima dos "inimigos" brasileiros. "-Se minha equipe vai jogar como a de Dunga? Não, não jogo como Dunga. Ele dava botinadas e eu me esquivava delas", disse o ex-jogador, que gostava mesmo era de dar botinadas com o nariz. Tudo bem que ele não está mentindo completamente ao relembrar as pauladas do ex-volante Dunga. Mas também não é pra sair chutando o balde assim, do nada - o que leva a crer que as últimas derrotas da Argentina para o Brasil ainda estão doendo.

Ao saber da provocação, Dunga (à direita) foi humilde: "Sem dúvida, o Maradona foi um dos mais importantes da Argentina e torcemos para que ele se dê bem. E quanto à comparação, Deus fez uns com talento e outros com menos talento. Com a liberdade de expressão, cada um se coloca da sua forma", disse o treinador da selecinha. "Em termos de seleção, ganhei tanto quanto ele, mesmo tendo um talento menor", arrematou.

Mas, para não perder a chance de rebater o cutucão, Dunga lembrou que durante sua carreira de jogador um dos principais trunfos era a parte física, diferente de Maradona, que costumava ter problemas de sobrepreso e, principalmente, com o uso de drogas. "Tive que cuidar muito do meu corpo, da minha carreira, da minha postura ", completou o ex-volante. Pensando bem, falar de "postura" para o Maradona também não deixa de ser uma botinada...

quarta-feira, outubro 08, 2008

Goró salvou Tim Maia da Cultura Racional

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Outro dia estava numa livraria e comecei a ler alguns trechos da biografia de Tim Maia, escrita pelo Nelson Motta. Por curiosidade, fui direto ao trecho que fala sobre o envolvimento do cantor, músico e compositor com a tal Cultura Racional, na década de 1970 (na foto à direita, da época, aparece cantando e "pregando" para a platéia). A forma como ele tinha sido "fisgado" eu já sabia: no início de 1974, depois de tomar mescalina, Tim foi visitar o amigo Tibério Gaspar (parceiro do pianista Antonio Adolfo em clássicos como "Sá Marina" e "BR-3"). Enquanto esperava ele voltar do banho, achou um livro que estava por ali: "Universo em Desencanto".

Não se sabe se pelo efeito do alucinógeno ou se por ter nascido doidão, mesmo, Tim Maia mergulhou de cabeça na Cultura Racional. Visitou Belford Roxo, onde morava Manoel Jacintho Coelho, sumo sacerdote do Racional Superior, e saiu de lá vestido inteiro de branco. Em seguida, cortaria o cabelo, rasparia a barba e abandonaria o álcool, as drogas, a carne vermelha e o sexo sem fins procriativos. O resultado prático é que levou um chute da gravadora RCA e foi banido das rádios e dos programas de TV, afugentou seus fãs, perdeu dinheiro a rodo e enriqueceu Manoel Jacintho.

Não por outro motivo, Tim nunca mais tocou no assunto até sua morte, em 1998. Mas os dois discos que gravou entre 1974 e 1975, "Tim Maia Racional" (capa do vinil à esquerda), volumes 1 e 2, são verdadeiras pérolas. Eu, particularmente, adoro o som (e as letras bizarras) de "Bom senso", "Contato com o mundo racional", "Leia o livro Universo em Desencanto", "No caminho do bem" (da trilha sonora do filme "Cidade de Deus") e, principalmente, a baladona "O dever de fazer propaganda deste conhecimento", que sapeia o toque de piano de "Sing this all together", dos Rolling Stones, e tem um suingue de violão que deixa Jorge Benjor no chinelo.

Mas, afinal, como Tim teria caído fora dessa roubada? Com a palavra, Nelson Motta: "No dia 25 de setembro de 1975, Tim acordou com uma vontade louca de comer uma carne sangrenta, tomar um goró e fumar um baseado. Teve uma desiluminação e abandonou a seita no seu velho estilo, quebrando tudo. Voltou para o apartamento da Figueiredo Magalhães, tirou e queimou a roupa branca e, nu e furioso, foi para a janela e começou a gritar para a rua, em volume máximo, que seu Manoel Jacintho era um pilantra, um ladrão e um tarado que comia todo mundo. E convocou a imprensa para dizer que tinha sido enganado e roubado pelo ex-guru".

Olha aí a manguaça ajudando a organizar as idéias e abrir os olhos de uma pessoa manipulada! O que a mescalina confunde, só o goró desanuvia...

quinta-feira, setembro 18, 2008

Sobriedade, proibição, porcarias e febre de consumo

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Li certa vez uma entrevista do John Lennon dizendo que, se todas as drogas fossem proibidas e destruídas no mundo, incluindo o álcool e o tabaco, as pessoas iam começar a se chapar com qualquer outra coisa, como pasta de dentes ou folhas de bananeira, por exemplo. Para o finado inglês, "ninguém suporta ficar muito tempo sóbrio". Concordo, pois, como diria Chico Buarque em "Meu caro amigo", parceria com Francis Hime, "sem a cachaça ninguém segura esse rojão". Da minha adolescência pra cá, a proibição das chamadas "drogas leves" mais comuns - chá de cogumelo, maconha (foto) etc - fez com que eu conhecesse ou ouvisse falar do consumo das coisas mais bizarras ou improváveis, como pó de aspirina no cigarro, baseado de folha de samambaia, xarope infantil na cerveja e até chá de fita cassete. Porcarias potencialmente prejudiciais à saúde - e ao cérebro.

Pois agora um amigo me manda um texto do The New York Times sobre a Salvia divinorum, uma planta que vem provocando bastante polêmica. Diz a matéria: "Christopher Lenzini, 27, de Dallas, tomou uma dose de Salvia divinorum, considerada a mais poderosa erva alucinógena do mundo, e começou a imaginar que estava em um barco com pequenos homens verdes. E não demorou a cair, às gargalhadas." E prossegue: "Há uma década, o uso de sálvia estava limitado a pessoas que buscavam revelações com xamãs em Oaxaca, no México. Hoje, esse membro alucinógeno da família da hortelã está legalmente disponível, nos EUA, pela internet e em lojas de produtos naturais, e se tornou uma espécie de fenômeno entre os jovens. Mais de 5.000 vídeos no YouTube documentam as jornadas dos usuários à incoerência e à perda da coordenação motora. Alguns já foram vistos 500 mil vezes." Tem maluco que planta o negócio no quintal (acima).

Sei lá. Ao mesmo tempo que esse tipo de coisa me dá curiosidade, também dá receio. Porque acredito no ensinamento do pai de uma amiga: "tudo em excesso é exagero" (que pode parecer redundância, mas não é). Fico com a impressão de que a raça humana dita "civilizada" sempre consegue complicar as coisas mais simples. Primeiro descobre as drogas e substâncias alucinógenas, depois proíbe (sem critério ou justificativa que convença) e, conseqüentemente, o que foi proscrito cai na propaganda boca-a-boca e desemboca numa previsível febre de consumo. Qual será a próxima onda? Pasta de amendoim mentolada? Condicionador de cabelos oleosos? Banha de porco-espinho javanês? Buenas, não sou do tipo de seguir a boiada. Vou ficar na minha, com manguaça e coisas mais sossegadas. E salvia-se quem puder!