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segunda-feira, dezembro 15, 2008

PQFMTMNETA 4 - Nilton Santos, "consultor técnico" do Botafogo

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Breve introdução aos que não conhecem a série: PQFMTMNETA é abreviação para "Parece que faz muito tempo, mas nem é tanto assim". Nesse espaço, mostraremos eventos do futebol acontecidos há, no máximo, cinco anos, que causaram polêmica na sua época, e que depois caíram no esquecimento.

Parece que faz muito tempo, mas nem é tanto assim 4 - Nilton Santos, consultor técnico do Botafogo (2005)

Há um clichê por aqui que diz que o "brasileiro não tem memória". O que é verdade em muitos casos, mas não é em outros. Um ícone para o qual certamente essa história não se aplica é Nilton Santos. O ex-atletas, maior lateral esquerdo e um dos maiores jogadores no geral da história do futebol brasileiro, sempre foi figurinha carimbada na mídia esportiva nacional - muito merecidamente, diga-se de passagem. É claro que o dia em que ele morrer (o que não deve demorar muito, infelizmente, já que Nilton sofre de um Alzheimer que evolui de maneira incontestável) vai chover gente dizendo que o Brasil não respeita os ídolos, que não valoriza o passado, que qualquer um que dê três chutes na bola hoje é ídolo e o que realmente merece elogios é o antigamente...

Pois bem: justamente por todo esse contexto, valorizar um ícone do passado é algo que ganha aprovação imediata de todos os setores, inclusive da às vezes irritante mídia esportiva. Nada melhor para "fazer o filme" de uma instituição do que relacioná-la com alguém dos antigamentes e que tenha reputação elevada. Foi exatamente isso o que o Botafogo fez com Nilton Santos em 2005.

O "Enciclopédia" foi convidado pelo técnico botafoguense à época, Paulo César Gusmão, para ser o "consultor técnico" do clube. O cargo era livre: Nilton iria a General Severiano quando pudesse, sem nenhum compromisso de horário ou de qualquer outra espécie.

A apresentação de Nilton no "cargo" foi uma festa. Como se fosse o mais fanático dos torcedores do clube, Paulo César Gusmão conduziu a chegada de Nilton Santos ao treinamento do clube, o apresentou aos jogadores, tomou a iniciativa de apresentá-lo à imprensa, foi um verdadeiro cicerone. Na ocasião, Nilton falou diretamente ao seu "colega de profissão", o lateral-esquerdo do Botafogo de então, Oziel: disse a ele que deveria evitar os carrinhos durante as partidas. Oziel recebeu o conselho com alegria e prometeu segui-lo. Sumiu completamente no mundo do futebol.

A atuação de Nilton Santos como consultor de Botafogo terminou inócua, exatamente da mesma maneira como começou. Sabem aquelas coisas que se esquece "intencionalmente", até que sumam de vez? Foi esse o caminho. Não durou muito tempo a passage de Nilton pelo cargo, assim como também foi breve a estada de Paulo César Gusmão como técnico do Botafogo.

De modo que o que ficou daquela história foi o exemplo de homenagem "para inglês ver" que o Botafogo fez. Não que Nilton Santos não seja digno de todas as honrarias; mas talvez seja o caso de pensá-las com mais qualidade, e não tratá-las como um carnaval para agradar a opinião pública.

5 comentários:

Fabricio disse...

PC no Botafogo eu nem lembrava, que dizer do Nilton Santos como consultor!

Anônimo disse...

Oportuníssimo texto! Olha, isso não é raridade aqui pelo Rio...

Anteontem, na Rádio Tupi AM, o famigerado Márcio Braga, presidente do clube, mandava um caô de que vai ouvir grandes jogadores rubro-negros (Zico, Júnior, Leonardo) para saber como melhorar o Flamengo. Provavelmente achava que só tinha idiota ouvindo a emissora.

A cara de pau do presidente me impressiona. Até parece que:

a) esquece que ele próprio é omisso sobre o futebol (já assumiu isso várias vezes);

b) não sabe que o vice de futebol é quem escala o time (ex: Dininho foi contratado e quase não jogou porque KL o odeia);

c) não sabe que quem manda na Gávea é o empresário Eduardo Uran;

d) desconhece que não há meritocracia nas divisões de base;

e) nunca ouviu falar que os melhores jogadores da base são vendidos pro exterior a preço de banana sem passar pelo profissional, como o atacante Pedro Beda, destaque do Fla na Taça São Paulo de 2008.

Ou seja, no Fla e no Bota, a opinião dos figurões é apenas fachada pra diretoria que tá no carog fingir que tá trabalhando sério e fazendo homenagem justa ao pasado!

Marcão disse...

Nilton Santos é maior do que tudo isso e merece todo o respeito possível.

Anselmo disse...

mas pôr o nilton santos de consultor não é uma forma de marketing? pautou a mídia e depois desencanou-se. POr isso, concordo que homenagem melhor seria fazer alguma coisa que não fosse aquelas coisas que se esquece "intencionalmente", até que sumam de vez.

mas é um exemplo da forma de marketing mais tosca possível, pq queima o filme do clube com o jogador. Acho q só não queimou o do Nilton Santos, pq tem moral de sobra.

Glauco disse...

Na prática, há outros grandes ídolos que fazem parte de administrações de clubes e enfrentam situações constrangedoras. Lembro do Zito, eterno capitão santista, que tem que aturar desaforo de empresário canalha que não sabe a diferença entre um lateral e um escanteio. Outros são só figuras decorativas mesmo, mas, de uma forma ou de outra, mereciam outro tipo de tratamento.