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quinta-feira, maio 29, 2008

Corinthians na final da Copa do Brasil

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Corinthians e Botafogo, jogo de volta da semifinal da Copa do Brasil. O Timão precisa ganhar de 1 a 0 ou por dois gols de diferença. 2 a 1 e virão os temidos pênaltis (detesto pênalti).

Antes do jogo eu não sabia o que fazer. Na segunda partida contra o Goiás, descrente (que erro gravíssimo), assisti minha aula de quarta-feira e ia embora pra casa sem sobressaltos, quando o celular de um amigo corintiano toca. Era um outro alvinegro, ligando direto do Morumbi, onde o Corinthians sapecava 4 a 0 no time esmeralda. Corremos pro boteco e vimos o segundo tempo entre cervejas e gargalhadas. Cheguei em casa umas 4h da manhã.

Contra o São Caetano, confiante, não me preocupei muito e, dessa vez, estava com a razão. O churrasco e a cerveja caíram como uma luva, melhorados pela vitória e a companhia de minha namorada, que é meio santista, meio atéia futebolística. Desceu tudo macio e dormi o sono dos classificados.

O primeiro jogo da semifinal vi no boteco onde tinha visto o primeiro das quartas, com o santista Glauco Faria. A mesa mudou de lugar e apareceu o tricolor Marcão, mas o cenário era praticamente o mesmo. O resultado, contudo, foi bem outro.

E nesse jogo, não sabia o que fazer. Não tinha mística, não tinha repetição, cada jogo foi uma história. Como para esse time do Corinthians, briguento, brabo pra caramba, com a cara, Deus meu, com a cara da torcida.

Decidi fazer o mesmo dos outros jogos e nada fazer. Fui para a aula e sai pra beber com um cara e duas moças da sala. Uma palmeirense e dois desligados dessa coisa maravilhosa, única, intensa, inexplicável que é o futebol. A moça verde é sincera e logo anuncia: vai torcer contra. Acho justo, mas me preparo para ter o inimigo a minha frente. O bar, descubro, é reduto alvinegro, e são várias as camisas amigas.

O papo era cabeça, psicanálises, antropologias, etnografias, éticas e o diabo a quatro. E eu com um olho e meio no jogo. Mano Menezes me escala o time com os benditos três zagueiros e eu temo. Mas algo funciona e o Timão pressiona. O primeiro tempo é pegado, brigado, suado, e nada de gol. A conversa flui entre Levi Strauss e terapia ocupacional. Eu tenso, tenso, tenso. A palmeirense não cumpre o prometido e ignora a partida.

Volta o jogo e o Corinthians vai pra cima. Seis minutos: lançamento na direita, Herrera ganha de um, corta o outro e entrega para o recém entrado Acosta manter sua sina contra o Botafogo. 1 a 0 Timão e eu vibro, grito, xingo com gosto. Na mesa, recebo o o olhar meio perplexo de meus companheiros agnósticos. Minha comemoração encontra eco, ainda que estranho, exatamente na inimiga, palmeirense infiltrada.

O desastre ocorre logo dois minutos depois: bola cruzada na área, confusão, Felipe pega mas rebate, e é gol do Botafogo. A agnóstica ao meu lado ensaia uma zombaria (o namorado e sãopaulino, percebam), mas não vai longe. Seu companheiro de credo não liga muito, e os dois voltam a problemática da luta antimanicomial. E a palmeirense, pasmem, se compadece.

Começo a achar que não vai. Mas aos 19, Chicão mete uma falta na direita de Castillo. Li que foi falha, mas eu e a palmeirense concordamos que foi “um golaço”. Timão no jogo, e eu entornando e fumando que nem um desesperado.

A cosia aperta. Vejo Marcel entrar em campo e filosoficamente me questiono sobre o cheiro do conteúdo da cabeça de Mano Menezes. Carlão entra também, e a neurose só aumenta. Calor do Botafogo, e vamo que vamo. Mas não tem jeito (ou foi esse o jeito? Ah, a filosofia...): pênaltis.

Eu odeio pênaltis. Não sei se olho ou saio da sala, tenho a impressão de que alguma coisa que eu fizer, qualquer coisa, vai alterar todo o curso do universo e dar ou não a vitória a meu time. “Pênalti é injusto, mor sofrimento”, concorda a palmeirense. Mas é assim, pondero eu.

Ficamos os dois presos ao jogo, enquanto Winnicott e a pesquisa acadêmica seguem seu caminho ao lado. Eu estou em frangalhos de tensão. Ela se preocupa. Ela se agita. E, pasmem de novo, torce para o Corinthians.

Chicão, Lúcio Flávio, Herrera, Alexandro, Nilton (que medo), Andŕe Luiz, Alessandro, Jorge Henrique, Acosta. E desisto de algum goleiro pegar pênalti. Vai ter que ser erro grosseiro do batedor. Na última batida, de Zé Carlos, não incentivo Felipe a pegar, mas o batedor a chutar pra cima. Ele segue meio que minha orientação e manda a meia altura, no lado esquerdo do goleiro. E Felipe, talvez ofendido, pega. Pega! PEGA!!! É Corinthians!!!! É CORINTHIANS NA FINAL!!!!

A palmeirense diz que é assim mesmo, que não é competitiva, que não consegue ver um amigo sofrendo e torcer contra. Mas eu entendo o que aconteceu. Entendo quando ela explica para a agnóstica por que o futebol é mágico. “Tem que ir no estádio para entender”, ela diz. “O fenômeno social”, emenda, meio encabulada. A Fiel ganhou até a inimiga. O Botafogo lutou bravamente, mas quando um time desses se afina com uma torcida dessas, meu amigo, fica difícil. Nessa quarta, Deus, se houver, estava com o Corinthians.

PS.: Amanhã penso no Sport, que passou também apertado contra o Vasco (com direito a pênalti na lua de Edmundo) e faz a final contra o Corinthians. Os dois times chegam na pilha, de batalhas homéricas, e o bicho vai pegar na final.

PPS.: Depois de tudo acabado, cada um para seu lado, liguei para meu pai em Mauá. “Até que enfim esse time dá uma alegria pra gente”, disse ele. E tem razão. Não tinha percebido há quanto tempo o Corinthians está na merda. Essa é a hora de sair na foto de novo, e esse time merece.

quarta-feira, maio 07, 2008

Mais de 90 mil torcedores empurram Corinthians na Copa do Brasil

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O trabalho (o remunerado) anda pesado e tenho sido forçado a deixar de lado as coisas boas da vida, como falar do Corinthians. Mas depois da justa cobrada pública do Benedito, tive que dar um jeito.

Foram mais de 50 mil torcedores no Morumbi contra o Goiás e mais de 46 mil ontem. É aí que você vê a diferença entre o Corinthians e esses outros times que tem por aí. Contra o Goiás, o cara tem que realmente ser muito louco pelo time, como diz a música, para acreditar numa virada daquelas. E virou, rapaz, e com goleada, 4 a 0 (dá gosto ganhar de time de verde). Coisas de Corinthians.

Ontem, venceu o São Caetano por 2 a 1 e deu um passo importante para avançar à semi-finais da Copa do Brasil. Os dois tentos foram marcados por Herrera, de cabeça, em jogadas dos garotos Lulinha e Dentinho, cada uma de um lado do campo.

Mano Menezes parece ter abandonado de vez a retranca do começo do ano e tem utilizado um time mais pra frente. É um esquema interessante, com Diogo Rincón como meia vindo de trás, Dentinho na esquerda, quase como um ponta, tabelando com André Santos, e Lulinha caindo mais para a direita. Herrera funciona como a referência do ataque, se movimentando muito, como é sua característica. O problema da coisa é que o início das jogadas acaba exigindo uma participação grande do segundo volante, no caso, o Perdigão (ou Cumpadi Washington ou Perdidão, como se referiu a ele um manguaça no bar onde eu vi o jogo ontem). E ele realmente não é bom de bola.

O esquema visa aproveitar a boa estatura dos jogadores corintianos com cruzamentos na área. Se por um lado é uma boa ter jogadas pelas pontas, por outro parece que é só esse o caminho para o Corinthians chegar ao gol. Sinto falta de tabelas pelo meio, infiltrações, até chutes de fora da área. Mas se o São Paulo pode viver de cruzamentos do Jorge Vagner e ainda ser considerado um dos melhores times do país, o modesto Corinthians pode passar um tempo assim.

Outra boa novidade foi a estréia de Eduardo Ramos. O cara não pareceu gênio, mas é um meia de ofício, e trabalhou bem as trocas de passe pelo lado esquerdo, com André Santos e Dentinho. Lulinha, mais na sua, ou seja, sem ter responsabilidade de iniciar jogadas e armar, está rendendo bem mais.

A vitória foi importante, mas ficou um gostinho meio ruim na boca (além das reações estomacais à mistura de cerveja com calabresa do 666). São Caetano teve um jogador (corretamente) expulso aos 30 e poucos do primeiro tempo, o que transformou o jogo em ataque contra defesa na segunda etapa. O ataque falhou ao não ter feito mais gols e o capitão William errou o posicionamento no único ataque que o time do ABC acertou.

Agora, com empate em Ribeirão Preto (jogo de mando do Azulão), o Corinthians se classifica e pega Atlético Mineiro ou Botafogo nas semis. E não é que é até possível chegar na final? Antes disso, porém, pega o CRB no sábado, na estréia da Série B e reestréia do Pacaembu. Esse eu vou ver com meu pai e conto aqui depois (sem falta, Benedito). Eu e mais uma porrada de maloqueiros e sofredores, provavelmente. Bora lá?