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terça-feira, agosto 17, 2010

Cambuci, da cachaça a 'case' da Fiesp

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O cambuci é característico da vegetação da Serra do Mar. Além do preparo de pratos variados, um dos principais aproveitamentos para a fruta – que fica entre a goiaba e a jabuticaba – é a cachaça. Ou melhor, curtir o destilado nas sementes de cambuci.

A bebida era uma das favoritas de um certo sindicalista de apelido Lula, chamado Luiz Inácio da Silva. São muitos os relatos de quando ele era metalúrgico e dirigente do sindicato da categoria no ABC que envolvem a combinação.


Segundo informa Vitor Nuzzi, no fim dos anos 1970 ou começo dos 1980, em meio a debates sobre a fundação da CUT e do PT, Lula chegou a uma máxima: "A 'esquerda scotch' vai ter de conhecer a 'esquerda cachaça com cambuci'". A declaração, uma variação bem mais amigável e palatável do que o "vocês vão ter que me engolir", de Zagallo em 1997, dispensa explicações detalhadas.

A sobra do Lula fazia a marvada descansar com a fruta no garrafão por três ou quatro meses. Ele até ofereceu ums goles para Sérgio Mallandro, em "sabatina" no Show de Calouros do SBT, com a apresentação de Sílvio Santos. Além das informações técnicas, ele responde ainda sobre a voz rouca, que permitiam que os eleitores o reconhecessem pelo tímbre no bar.



Mas nesta terça-feira, 17, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) divulga case “Cambuci – O fruto que dá frutos”, que destaca o Festival do Cambuci, criado pela prefeitura de Rio Grande da Serra, que já teve cinco edições. O evento dá projeção ao produto e incentiva, segundo os organizadores, a plantação do cambuci no município, revertendo o quadro de risco de sua extinção.

Tudo isso é parte de uma Mostra de Responsabilidade Socioambiental da Fiesp/Ciesp. Vão discutir os impactos do concurso da Rainha do Cambuci e das barracas com exposição de artesãos organizados durante as festividades.

De metáfora para a esquerda da esquerda a case do principal sindicato de industriais do país. Em tempos em que o próprio Lula anda mais para o uísque ou para o vinho – questão de gosto pessoal e, no caso dele, de poder aquisitivo – e que o ex-presidente da Fiesp é socialista por convicção – como uma empresa moderna, a surpresa nem é das maiores. Mas é grande o bastante.

quinta-feira, abril 01, 2010

Neocompanheiros de primeira hora

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Duas notícias de fontes bem diferentes desta quinta-feira, 1º de abril, são muito curiosas. Se alguém me contasse sem os links, eu acusaria o dia da mentira na hora. Primeiro:

Foto: Masao Goto Filho/CNI

Do Visão Oeste: “Possibilidade de ser vice de Mercadante nunca existiu”, diz Skaf
A entrevista com Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e pré-candidato ao governo de São Paulo pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB) ia conforme manda o protocolo. Lá pelas tantas, Leandro Conceição pergunta o que o Brasil – ou pelo menos eu – queria:

Por que o PSB? O senhor se define como um empresário socialista?
Skaf - O PSB é um excelente partido, de pessoas honestas, limpo e um empresário moderno, uma empresa moderna, são um bom exemplo de socialismo. Veja que a preocupação com a educação, a formação profissional, em dar condições de igualdade para as crianças desde muito cedo [no Sesi e no Senai]. Tudo isso tem a ver com a modernidade e uma visão socialista, sem dúvida. Temos que pensar no momento que estamos, não estamos em 1930. (grifos ébrios nossos)
Então a "empresa moderna" é socialista? E ser socialista é bom para o Skaf? é o primeiro neocompanheiro identificado neste 1º de abril.

Foto: Reprodução R7
Do R7, da Record: Mentir em economia se aproxima do crime. A matéria critica o "economês" – chavões e contas que os diplomados em ciências contábeis e economia usam – para formar uma matéria. Se fosse livro do Luis Fernando Veríssimo, o título seria "Mentiras que os economistas contam". Mas a coisa melhora.

Um infográfico refresca a memória das mentiras em questão.

Bernardo Maddof, acusado por fraudes de US$ 500 bilhões, o Caso Enron e o Plano Collor eram previsíveis em qualquer lista do gênero. Mas de repente:

Grandes mentiras da economia
  • Autorregulamentação do mercado
    Conceito que tem sua base na ideia de um "equilíbrio natural" dos mercados; para isso, seria preciso reduzir a interferência do governo a um mínimo e deixar que o mercado, e as próprias instituições financeiras, zelem por seu funcionamento.
  • Pontocom
    (...) Uma febre apareceu: multiplicaram-se as empresas de tecnologia. Ninguém sabia, no entanto, se dariam lucro. A farra durou até 2001, quando a "bolha" estourou.
  • "Desta vez é diferente"
    Lema de quem se deixa levar porprocessos de especulação, conhecido também como "movimento de manada", quando quem tem dinheiro para investir segue a maioria (...) A cada vez que uma bolha surge, esse lema ocupa a mente dos investidores, que acreditam nas avaliações positivas dos analistas e ficam cegos para o risco de perder tudo.
  • Consenso de Washington
    Conceito surgido nos anos 80, entre o FMI, o Banco Mundial e o governo dos EUA, abseado em três pilares: redução de gastos públicos (que costuma afetar duramente programas sociais); privatização (venda de empresas públicas, para reduzir o tamanho do governo); e liberalização (ou desregulamentação) de mercado (...). Essa receita caiu em descrédito depois, por exemplo, de seu fracasso na Argentina – que chegou a ser conhecida como "aluna modelo" do FMI.
  • Classificação de Risco
    Nota de risco – ou "rating" – é uam avaliação feita por agências de classificação de risco, que analisam a capacidade de uma empresa ou país honrarem seus compromissos (...). As agências que fazem essa análise, segundo os críticos, falharam em avaliar corretametne o risco de aplicações financeiras que jogaram a economia mundial na crise.

Recapitulando: Autorregulamentação do mercado, Consenso de Washington, Classificação de Risco e a possibilidade de o capitalismo não ter crises profundas de tempos em tempos são, todas, mentiras. O material não é editorializado, mas assinado por Vinicius Albuquerque. Uma análise assim não é comumente vista em outros veículos de um grupo de mídia grande. Caberia em publicações alternativas, de esquerda e tal.

Assim, ao ver o infográfico, identifiquei outro neocompanheiro neste 1º de abril: os empresários da Record e, por extensão, a Igreja Universal do Reino de Deus. Tudo bem que boa parte da bancada evangélica integra a base do governo no Congresso Nacional, mas jamais de modo tão programático.

Empresário companheiro e companheiro pastor. Aprendi mais essa.

terça-feira, dezembro 11, 2007

A CPMF e a assessoria de imprensa

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De novo, a grande imprensa que fica cada vez mais "imprensinha". A Fiesp fez uma "pesquisa" com base nos dados da Proconsumo relativos a 2006, que foram atualizados monetariamente em 10% para 2007. O resultado está na mimética manchete dos portais e que estará amanhã nos jornalões: Brasileiro gasta mais com CPMF do que com feijão e leite.

O IG resolveu exagerar as conclusões da entidade patronal e tascou a afirmação grotesca em sua home: "Brasileiro gasta mais com CPMF do que com comida". Assim mesmo, sem especificar. Você, leitor do Futepoca, gasta mais com CPMF do que com comida? É só fazer as contas pra ver o quão falsa é essa bobagem. Ainda mais se for observado que na tabela de gastos da Fiesp o item Alimentação fora do domicílio aparece como responsável R$ 49,5 bilhões, enquanto a mal falada contribuição corresponde a R$ 40 bilhões.

Impressionante a falta de reflexão. Com os dados da dita pesquisa, você chega a que conclusão for. Pode manchetar: "Brasileiro gasta mais com roupa do que com comida" e por aí vai. Mas todos aderem àquela que interessa, a veiculada no release da Fiesp. É o jornalismo preguiçoso, na melhor das hipóteses, ou mau-caráter, na pior.

Isso sem levar em conta quem é o tal "brasileiro" que paga CPMF. É o trabalhador informal que não tem conta em banco ou o grande empresário que esperneia por causa de um tributo do qual ele não pode sonegar? Fico com Adib Jatene, que está longe de ser petista ou qualquer outra espécie de esquerdinha, mas disse ao presidente da Fiesp Paulo Skaf, em um jantar: "Por que vocês não combatem a Cofins (contribuição para financiamento da seguridade social), que tem alíquota de 9% e arrecada R$ 100 bilhões? A CPMF tem alíquota de 0,38% e arrecada só R$ 30 bilhões”. E Skaf respondeu: “A Cofins não está em pauta. O que está em discussão é a CPMF”. “É que a CPMF não dá para sonegar!”, retrucou Jatene.

E prosseguiu: "No dia em que a riqueza e a herança forem taxadas, nós concordamos com o fim da CPMF. Enquanto vocês não toparem, não concordamos. Os ricos não pagam imposto e por isso o Brasil é tão desigual. Têm que pagar! Os ricos têm que pagar para distribuir renda".

Difícil ou fácil?