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terça-feira, julho 30, 2013

'Uma grande transformação social'

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"Para mim, está havendo, sim, uma grande transformação social no Brasil. É meio invisível, pois a maior parte das pessoas não sabe. Mas essa transformação está acontecendo e é muito encorajadora. Muitos dizem que ela só será percebida dentro de dez ou 15 anos. Eu acho que não vai demorar tanto."
Paul Singer: 'Transformação encorajadora'
Foi assim que o economista Paul Singer encerrou uma pequena entrevista que fiz com ele no dia 27 de março de 2009,  durante o seminário “Alternativas à crise: por uma economia social e ecologicamente responsável”, na Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo (clique aqui para ler a íntegra). Na época, discutia-se a probabilidade de a crise econômica mundial - que já assolava Estados Unidos, Europa e Ásia - chegar ao Brasil com o mesmo poder de devastação, o que não ocorreu. Singer vaticinava que o fato de o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) ter sido lançado dois anos antes de a crise arrebentar e de 50% dos bancos brasileiros serem públicos eram os principais fatores de proteção ao nosso país. Também presente àquele evento na PUC, Plínio de Arruda Sampaio (PSol) previa para curto prazo a pior das catástrofes econômicas para o Brasil e enfatizava que aqui não estava ocorrendo transformação social. A afirmação de Paul Singer, reproduzida acima, foi uma resposta ao psolista.

Pois bem, passados quatro anos daquela entrevista, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) divulga que, no Brasil, o número de cidades com Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) muito baixo - a parte vermelha dos mapas abaixo - caiu de 2.328 para apenas 32, entre 2000 e 2010. Trata-se de uma redução de 98,6% (NOVENTA E OITO POR CENTO). O IDHM é um índice composto por três indicadores de desenvolvimento humano: vida longa e saudável (longevidade), acesso ao conhecimento (educação) e padrão de vida (renda). As faixas classificatórias são: "muito baixo" (0 a 0,499); "baixo" (0,500 a 0,599); "médio" (0,600 a 0,699); "alto" (0,700 a 0,799) e "muito alto" (0,800 a 1). Atualmente, segundo o Pnud, 74% das cidades brasileiros estão nas faixas de “médio” e “alto desenvolvimento” - as faixas verde e amarela nos mapas abaixo.

Número de cidades brasileira com baixo IDHM caiu de 2.328 para 32 em apenas dez anos

Diante de resultado tão extraordinário (e incontestável), é preciso fazer algumas observações. A primeira é que, sim, o período abarca três anos de governo Fernando Henrique Cardoso (2000, 2001 e 2002) e oito de governo Lula (2003 a 2010). Mas os principais resultados no combate contra a pobreza e a queda na desigualdade social aconteceram, indiscutivelmente, a partir de 2003, quando o governo federal implantou incisivos programas sociais. No governo Lula, segundo o  Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o número de pobres caiu de 30,4 milhões em 2003 para 17 milhões no ano de 2009 - ou seja: pobreza caiu quase que pela metade em cinco anos. E o programa Bolsa Família teria contribuído com 20% para essa performance, segundo Ricardo Paes de Barros, técnico do Ipea, em entrevista ao jornal Valor Econômico em dezembro de 2010 (leia a íntegra aqui). Vale observar que estamos tratando apenas de levantamentos e análises até 2010, sem contar os dois anos e meio do governo de Dilma Rousseff - o que nos permite estimar que, por menos que tenha sido, os índices devem ter melhorado ainda mais.

Aqui nesse post, faço questão de recuperar a declaração de Paul Singer (feita em um evento, repito, em que diziam que a crise econômica iria asssolar o país) e os dados divulgados agora pelo Pnud para deixar registrado como contraste ao discurso raivoso daqueles que insistem em dizer que "tudo vai mal no Brasil", "nunca estivemos em situação tão ruim" ou "o governo que está aí não mudou nada". Me desculpem, mas isso ou é muita cegueira ou é muita desinformação ou é muito mau caratismo. É óbvio que precisamos melhorar e mudar milhões de coisas neste país, sempre, pois a luta é contínua. Mas, para mim, assim como para o Paul Singer, existe, sim, uma grande (ou enorme) transformação social no Brasil. Contra tudo e contra todos.

quarta-feira, maio 04, 2011

Verba menor OU por quê a 'grande imprensa' detona Lula

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Uma materinha muito elucidativa do O Globo de hoje, com a ministra da Secretaria de Comunicação Social, Helena Chagas, confirma, com todas as letras e números, o que eu, como jornalista e frequentador dos bastidores dos meios de comunicação, canso de apontar para os anti-lulistas e anti-petistas como PRINCIPAL motivo de a chamada "grande imprensa" bater tanto em Lula e no PT:

Pelas informações da ministra, até o início do primeiro governo Lula, o dinheiro da publicidade era repartido entre 400 empresas. Agora, oito anos depois, a verba é destinada a aproximadamente 6 mil empresas.

Como diria nosso amigo Glauco: "Difícil ou fácil?".

sexta-feira, março 04, 2011

Wikileaks: Eleições 2006 na visão da embaixada dos EUA - e de seus interlocutores

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A terceira leva de documentos eram 141 páginas de telegramas de temas variados. Os diplomatas tiveram bate-papos mais ou menos formais com expoentes políticos, especialmente da oposição. Nesse grupo, encontram-se os senadores Sérgio Guerra (PSDB/CE), Arthur Vigílio (PSDB/AM) e Antonio Carlos Magalhães (PFL/BA), o então governador Jarbas Vasconcellos (PMDB/PE) e Hélio Costa (PMDB/MG) – então Ministro das Comunicações. Falavam também com empresários. Quer dizer, menos leitura de jornal do que em assuntos tratados anteriormente.

Imagem criada pelo Wordle.net

Na contagem de palavras, dá-lhe Lula e Alckmin (1.041 e 659, respectivamente), com menção honrosa para o PT (466), PSDB (359) e PMDB (255). A Área de Livre Comércio das Américas é mencionada 30 vezes.

Aí vai uma seleção do que diversos blogueiros postaram sobre o tema.

Diplomatas dos EUA transitavam facilmente pelo governo Lula
Por Juliana Sada, o Escrevinhador
Os documentos mostram a facilidade com a qual os membros das embaixadas americanas têm acesso aos membros do governo, líderes de partidos e importantes figuras do meio empresarial e político.

Cablegate: Alca e Alckmin e a Folha entendiada sem o Lula
Por MariaFrô
"A principal diferença na política econômica que interfere substancialmente nos interesses do governo dos Estados Unidos é a ênfase de Alckmin em trazer novamente as negociações para implementação da Alca".

Matarazzo: “É claro que Alckmin é da Opus Dei
Por Marcus V F Lacerda
Andrea Matarazzo, reconhecido como “peso-pesado” do PSDB, acreditava que a ligação entre Alckmin e o grupo político de direita Opus Dei era clara, apesar do candidato tucano à presidência sempre negar.

Em 2006, Temer também criticou colegas que apoiavam Lula
por Marcus V F Lacerda
Michel Temer, atual vice-presidente, criticou colegas que apoiavam Lula durante a corrida presidencial de 2006, quando era presidente do PMDB.

Lembo: FHC achava Alckmin "um caipira de Pindamonhangaba"
por Marcus V F Lacerda
Em reuniões com representantes americanos na última semana de abril de 2006, o ex-governador de São Paulo, Cláudio Lembo, demonstrou preocupação com o racha que havia dentro do PSDB, a caminho da disputa eleitoral contra Lula.

Eleições 2006: PSDB falava de virada, mas cônsul já achava "fantasia"
por Marcus V F Lacerda
Apesar das esperanças de segundo turno em 2006, lá por agosto, o cônsul-geral McMullen sinalizava que a possibilidade de uma virada era remota. Um interlocutor tucano, Fernando Braga, "denunciava" ainda que a Rede Globo estaria ajudando a Lula à época devido a uma negociação de suas dívidas em troca de espaço para propaganda de órgãos do governo e estatais.

A relação entre Lula e o setor empresarial
Por Juliana Sada, o Escrevinhador
O documento aponta que os empresários estavam satisfeitos com a política econômica aplicada por Antonio Palocci, quando Ministro da Fazenda, e acreditavam que se Lula fosse reeleito, não haveria mudanças na área. Mesmo assim, “ele ainda deixa os empresários nervosos”. De acordo com a correspondência diplomática, “o governo Lula dirigiu mais recursos para programas sociais enquanto retém fundos para investimentos. A comunidade empresarial gostaria de ver essas prioridades invertidas”.

As conversas com ACM e José Carlos Aleluia na Bahia
por Marcus V F Lacerda
ACM (morto um ano depois) já achava que caso Lula ganhasse a eleição tentaria montar um governo de reconciliação e falharia nesse esforço. Antônio Carlos Magalhães esperava que Lula escolhesse 2 ou 3 nomes fora das fileiras petistas e partidos aliados. Já Aleluia dizia que Lula usou seu poder para comprar os tribunais, as universidades, a Polícia Federal e o Ministério Público.

Na disputa presidencial entre Alckmin e Lula, os EUA estavam tranquilos
por Juliana Sada, O Escrevinhador
"O fato de que um candidato abertamente pró-mercado como Alckmin tenha dificuldades em diferenciar sua agenda econômica de um presidente nominalmente de esquerda é ilustrativo de quão pouca incerteza existe sobre os rumos política econômica após a eleição", escreve o diplomata.

Michel Temer: programas sociais de Lula não promovem crescimento
por Marcus V F Lacerda
Em 2006, o presidente do PMDB disse que os diversos programas sociais de Lula não promoviam nem crescimento ou desenvolvimento econômicos. Para o atual vice-presidente, o PT se elegeu com um programa que não foi realizado durante seus primeiros quatro anos no poder, o que configuraria fraude eleitoral. Temer ainda acusa líderes do PT de desviar dinheiro público não em benefício próprio, mas para aumentar o poder do partido, o que teria agravado mais ainda a descrença do brasileiro.

quarta-feira, fevereiro 23, 2011

O salário mínimo, o bebê e a água do banho

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O Senado Federal vota nesta quarta-feira, 23, e deve aprovar, o mínimo de R$ 545 para 2011. O valor defendido pelo governo deixou a esquerda perplexa e a direita indignada, ou vice-versa. O PSDB seguiu a senha do candidato derrotado José Serra e propôs aumento para R$ 600, enquanto o DEM ponderadamente falou em R$ 560. À esquerda, o PSOL propôs R$ 700 e o deputado Paulo Pereira da Silva defendeu R$ 580, com o peso do PDT e da Força Sindical. Fora do mundo partidário, a CUT e as demais centrais sindicais embarcaram no valor de Paulinho, R$ 580. Na blogosfera de esquerda, muita gente usou o reajuste, ao lado da recente alta dos juros, como sinal da aliança de Dilma com o capital financeiro em detrimento dos trabalhadores. 

O curioso, especialmente no caso das centrais, é que todo mundo fala do resultado, mas ninguém parece disposto a discutir e contextualizar de onde veio esse valor. Trata-se da aplicação da regra de valorização do salário mínimo discutida exaustivamente entre o governo Lula e as centrais, CUT e Força à frente: inflação do ano anterior mais a variação do PIB de dois anos atrás. A regra foi aplicada já por alguns anos e saudada como vitória do movimento sindical e responsável pela consistente valorização do piso nacional no governo Lula.

Pois acontece que é a mesma regra que foi aplicada pelo governo agora. O problema é que em 2009, por conta do impacto da crise econômica mundial, o Brasil teve “crescimento negativo” (recessão) de 0,2% no PIB. Ou seja, a economia ficou estagnada, até deu uma encolhidinha. Assim, aplicando a regra, o reajuste será só a correção da inflação de 2010, o que dá mais ou menos R$ 540 – os cinco reais do valor final são um brindezinho dado pelo governo.

Então a regra é uma porcaria?

Nem tanto, já que em 2010, logo depois do PIB mixuruca que resultou da crise global, o mínimo passou de R$ 465 para R$ 510, quase 10% de valorização. Isso porque a regra não se baseia no estado atual da economia, mas na situação de dois anos atrás – o que inviabiliza o argumento do pessoal de que “a economia está bombando agora e o governo não quer distribuir”. Da mesma forma, ano que vem, o mínimo vai ser reajustado baseado nos 7,8% de aumento do PIB em 2010 e o aumento seria de uns 14%, considerando-se a inflação desse ano. Alguém vai reclamar disso?

Nada contra as centrais brigarem sempre por melhores condições para a classe trabalhadora, é pra isso que elas existem. Mas uma vez que existe uma regra – e uma negociada e celebrada como conquista pelas centrais –, não dá pra ficar jogando para a torcida e fazendo esse leilão de numerinhos que sempre caracterizou os reajustes do mínimo. Ainda mais se a regra é clara, né Arnaldo?

A ideia de se ter uma regra e transforma-la em lei, aliás, é acabar com esse circo anual e proteger os trabalhadores dos humores dos governantes de turno. Assim, se daqui quatro anos um reaça leva a presidência, vai ter que brigar no Congresso para derrubar uma lei antes de arrochar o mínimo.

O pessoal da oposição fazer esse jogo de cena é compreensível: não espero deles nenhum compromisso com os trabalhadores nem complexidade de argumentação. Mas o pessoal à esquerda tem que subir o nível do debate. Se vamos discutir alguma coisa, que se discuta os parâmetros da regra – que está pra virar lei agora, defendida por esse governo “traidor”. Pode-se modificar tudo, mudar os parâmetros, incluir um patamar mínimo de ganho real além da necessária correção da inflação, prever na lei a antecipação de ganho proposta pela CUT, sei lá. Só não dá para voltar para o leilão. E menos ainda botar em risco a boa ideia de uma política permanente de valorização do mínimo que já beneficiou milhões de pessoas.

Wikileaks e Mensalão: Boatos, palpites e muito Zé Dirceu

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Os diplomatas dos Estados no Brasil acompanharam de perto as denúncias de corrupção e as crises políticas no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. O escândalo do Mensalão (ou "Big Monthly", na tradução deles) foi relatado passo a passo, com descrições sobre trocas de ministérios, perfis dos expoentes das investigações no Congresso Nacional e visões peculiares sobre a vida política brasileira. José Dirceu é personagem central nesta.


Nuvem de palavras dos 34 telegramas. Dá-lhe Lula e Dirceu. Feito no Wordle.

O terceiro lote de telegramas vazados pelo Wikileaks e divulgados por blogues brasileiros trata de corrupção. Ou melhor, a forma como a embaixada dos Estados Unidos no Brasil assistiu aos escândalos de corrupção do primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O caso foi acompanhado de perto pela embaixada, inicialmente, em junho, com relatórios diários e, depois, semanais ou mensais. A crise política dos sucessivos escândalos que acometeram o primeiro mandato de Lula de fato foi profunda.

No conjunto de 34 telegramas, dos quais três já haviam sido publicados, Lula é mencionado 450 vezes, o PT, 248. José Dirceu aparece 229. A demissão do cargo de ministro-chefe da Casa Civil e a cassação de seu mandato, ainda em 2005, foram relatadas em detalhes. O segundo desses episódios, aliás, é tratado como um "divisor de águas", apesar do reconhecimento de que não havia provas contra ele.

A ampliação e o aprofundamento da crise, com três comissões parlamentares de inquérito (CPIs) simultâneas e a imobilidade do Congresso eram a receita para um fracasso eleitoral de Lula em 2006. Em janeiro daquele ano, conforme as pesquisas mostravam o presidente à frente na corrida eleitoral, essa capacidade foi definida como "totalmente inesperada", a despeito de a economia mostrar sinais de crescimento robusto.

Logo no início da crise, por conta de mudanças no ministério de Lula, a análise era de que o PMDB ganhava espaço e que o PT poderia ter tornado-se refém da coalizão. É que "o amplo PMDB particularmente nunca está tímido para tomar sua parte do bolo (demand the pork, no original)".

Tradução

Além do já citado "Big Monthly", é divertida a tradução do nome de Carlinhos Cachoeira (o "Charlie Waterfall"). O banqueiro do jogo do bicho estava envolvido com o escândalo de Waldomiro Diniz.

Sem gasto eleitoral

Ao final de 2005, em meio à crise, um telegrama especula sobre os efeitos de uma eventual saída de Antonio Palocci do Ministério da Fazenda. Consta que, pela falta de aprovação do orçamento de 2006 aliada à dificuldade da intricada burocracia brasileira para gastar o dinheiro liberado pelo Tesouro, haveria dificuldade para uma gastança pré-eleitoral. Ou seja, a política de "austeridade" estaria garantida.

Herança da ditadura

Como várias das personagens do cenário político brasileiro advêm da militância contra a Ditadura Militar, esse aspecto sempre aparece nos telegramas. Para descrever Dirceu, aparecem termos como "soldado", preso político trocado por embaixador e alguém dedicado ao PT e a suas ambições. Tudo bem, aparece também "maquiavélico", cínico e sem ideologia, definições que guardam nenhum vínculo com o passado.

Para Fernando Gabeira, ex-deputado federal e candidato derrotado às eleições do Rio de Janeiro em 2010, usa-se o termo "sequestrador de embaixador", em alusão a seu envolvimento no rapto de Charles Elbrick em setembro de 1969.

No caso de Dilma Rousseff, ela é descrita como a "Joana D'Arc da subversão", como já divulgado anteriormente.

Boatos sem provas

Apesar de não lerem Caras, como bem observou a MariaFrô, os embaixadores gostam de incluir boatos sem provas. Eu juro que não considero neste rol os elogios ao "trabalho investigativo" da revista Veja (isso é opinião deles).

Houve já certo burburinho quando noticiou-se, com mais sensacionalismo do que o devido, que os EUA consideravam que Dilma tinha sido a mentora do assalto ao cofre do Adhemar de Barros e a bancos. O telegrama coloca isso como um boato, parte do folclore político brasileiro.

Outro episódio sem comprovação incluído no relato é o de que o líder da oposição, Jorge Bornhausen (então no PFL, atualmente no DEM), estaria inquieto com os rumos da crise política. Nenhuma menção à alegria de se ver "livre dessa raça por 30 anos", mas a uma suposta reunião entre o então senador catarinense e diretores do Grupo Globo. O encontro teria ocorrido no Rio de Janeiro, mas tampouco há como ter certeza de que isso ocorreu.

Curioso também que o fato de o presidente do segundo maior partido de oposição ir pedir a benção da maior rede de televisão do país desperta nenhuma linha nos telegramas.

Tudo bem, eles não são analistas políticos, estão só relatando o que leem. Poderiam selecionar melhor essas leituras.

Leia também:
Escândalo do mensalão: oposição e governo temiam impeachment de Lula
O público pediu – telegramas sobre o mensalão

quarta-feira, dezembro 29, 2010

Oprimidos no poder, oito anos depois

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Foi logo depois do segundo turno da eleição presidencial de 2002, quando Luiz Inácio Lula da Silva venceu a disputa para ser presidente da República, que a revista Época publicou: "Os oprimidos no poder". A reportagem assinada por Igor Fuser, um jornalista com vasta experiência em coberturas internacionais, trazia um balanço de lideranças populares que chegaram ao poder pelo mundo afora.

O gancho eram as comparações constantes entre Lula e Nelson Mandela, ex-presidente da África do Sul depois de anos de prisão e de liderança contra o regime do Apartheid. A proposta era lembrar que a origem oprimida de um mandatário nacional não garantiu, historicamente, o sucesso da gestão. A matéria citava quatro figuras em diferentes partes do mundo.

Antes de continuar, vale lembrar que Lula traçou paralelos entre Mandela e Dilma Rousseff no primeiro programa da campanha eleitoral, em maio de 2010 (sic).

"Comparar-se a uma unanimidade mundial (Mandela, no caso) é certeza de bons dividendos eleitorais – sobretudo se, como é o caso de Lula, o paralelo tem suporte na vida real. Mas a analogia, para ser completa, deveria levar em conta os fracassos que marcam os cinco anos de Mandela como presidente", propunha o texto. Na verdade, a brincadeia era incluir a parte ruim dos mandatos de outros líderes egressos de movimentos sociais e populares.

Com um ou outro senão, a reportagem era bem ampla e não mereceria ressalvas deste leitor, a não ser pela edição de imagens e pelos quadros comparativos. Trazia informações interessantes e boas doses de críticas ao receituário do Fundo Monetário Internacional (FMI), aquela de redução de déficits fiscais, de investimentos e de intervenção do Estado na economia, bem como privatização e ampliação da autonomia do mercado.

Foto: Slawek/Wikipedia
Na conta de Mandela, colocava-se 500 mil desempregados em 1999 e uma recessão que reduziu a renda per capita da população. Na de Lech Walesa (foto), o ex-sindicalista de direita polonês que fez um governo marcado pelo autoritarismo pós-socialismo no país, vem o fracasso da "terapia de choque" de Jeffrey Sachs.

Os outros exemplos são anteriores à primeira metade do século XX. Ramsay MacDonald foi o primeiro trabalhista a chefiar o Parlamento britânico antes da Primeira Guerra Mundial e durante a crise de 1929. Emiliano Zapata, no México, não tomou o governo em 1914 apesar de ter tomado a capital do país.

Ao final da análise, uma reflexão. "Governantes conservadores têm menor dificuldade para se adaptar à máquina do Estado, que parece ter sido construída sob medida para eles. A competência e os inesquecíveis desastres dessas administrações são avaliados por outro horizonte e outros critérios", propunha. Por outro lado, "reformas sociais" provocariam "pequenos distúrbios" e demandariam "ajustes", mas "quando dá certo, produz resultados admiráveis".

Quem concorda, levante a mão?

Para comparar
Passados oito anos, é o momento de avaliar em que nível Lula ficou. Fez menos do que os setores mais à esquerda gostariam, mas é bem avaliado pela esmagadora maiora das pessoas. Lula termina o mandato com 87% de aprovação, provavelmente mais do que Mandela (realmente não encontrei dados de pesquisas da época).

Foto: Ricardo Stuckert/Pr
 Lula olímpico: saiu-se bem na foto comparado a outros líderes
egressos de movimentos sociais, populares e "oprimidos",
para usar o termo consagrado em 2002 pela reportagem citada

O desemprego em baixa e o sucesso de programas de combate à pobreza – incluindo a Previdência Social, estabelecida na Constituição de 1988, e o Bolsa Família, expandido exponencialmente a partir de 2003 – formam uma tendência contrária à formação do "Apartheid social" sul-africano, para usar termos comuns quando se analisa o governo Mandela.


Na comparação com Walesa, vale citar que, em 2000, ao disputar a presidência, o polonês teve 1% dos votos. A derrota em 1995, quando disputou a reeleição, no entanto, ocorreu por três pontos percentuais. Em vez da hiperinflação polonesa do início da década de 1990, houve aumento de preços dentro da mal-quista meta estabelecida pelo governo Lula. Em vez de congelamento de salários, aumento da renda média dos trabalhadores – ainda que no final da gestão.

Com MacDonald, vale parear o que foi o resultado da crise de 1929 à "marolinha" de 2008-2009. Descontadas as proporções – e posições geopolíticas – de cada um dos países comparados, o Brasil teve um ano de recessão seguido de um crescimento acima de 7% em 2010. O Reino Unido teve quatro anos de retração.

Foto: Wikipedia


Para espelhar Lula e Zapata, além do confronto barba contra bigode, seria preciso que o presidente que agora deixa o governo tivesse, de um lado, recorrido às armas para tomar o poder. De outro, que tivesse deixado o cargo ao perceber que não seria capaz de fazer reforma agrária etc.

Lula diz ter feito a maior redistribuição de terra da história da República, embora o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) discorde. Começou o governo com uma condução ortodoxa da economia, mas superou a crise econômica mostrando que ainda há muita capacidade de intervenção.

Sai com a maior popularidade entre os presidentes eleitos do Brasil.

Lado ruim
Se alguém ainda conseguiu ler até aqui, há um aspecto da vida política sul-africana que merece reflexão. Para alguns analistas, tudo o que Nelson Mandela representa no imaginário da sociedade tem um efeito ruim. Ruim para quem ocupa o cargo máximo do Executivo. O atual e questionável presidente do país, Jacob Zuma, assumiu em 2009 e rapidamente viu caiur seus índices de aprovação. A comparação com o Madiba, o paizinho dos sul-africanos, dificulta a vida do atual mandatário, que sucedeu Thabo Mbeki.

Substituir o presidente mais popular da história da República vai ser complexo para Dilma Rousseff. Mas aí a comparação é com outras figuras internacionais.

quinta-feira, outubro 28, 2010

Diferença abissal entre o pré e o pós Lula

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Ontem listei, no post sobre o aniversário do presidente Lula, alguns exemplos de como seu governo ultrapassou todas as expectativas na distribuição de renda e no combate à desigualdade social. Naquele mesmo momento, o sociólogo e jornalista Joelmir Beting listava outros cinco índices que comprovam o sucesso desse projeto econômico e político (no vídeo abaixo). Assim, fica muito fácil decidir em quem votar no dia 31.

segunda-feira, outubro 25, 2010

Folha de S.Paulo diferencia o PT, que 'paga' militantes, do PSDB, que só 'dá ajuda de custo'. Ah, tá...

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Sempre disse e continuarei observando que, involuntariamente, o governo Lula acabou fazendo outro enorme benefício para o Brasil: o de desmascarar completamente a mídia elitista, retrógrada e golpista. Veículos de comunidação que tempos atrás - mesmo pendendo para uma posição política de situação e/ou de centro-direita - já foram considerados "progressistas" ou minimamente "sérios" e "equilibrados" na hora de bater ou elogiar, tiraram a máscara e revelaram-se de forma nua e crua com suas essências mais execráveis e grotescas. Exemplo maior é a revista Veja, capaz de armações, distorções e calúnias de proporções nunca publicadas antes de Lula subir a rampa do Palácio do Planalto. Tirando os conservadores, fascistas e demo-tucanos mais empedernidos, a maioria dos antigos leitores hoje têm indisfarçável vergonha de assumir que leem ou já leram essa nojenta publicação.

Mesmo o Jornal Nacional, que surgiu há 41 anos como "boletim oficial" da ditadura militar, passou a ser ainda mais explícito em suas manipulações de pauta e edições vergonhosas de matérias nos últimos sete anos (só pra lembrar de cabeça, a campanha golpista e insistente sobre o "mensalão" do PT, a tentativa de incriminar o governo Lula com "caos aéreo" no acidente da Gol e, agora, o carnaval que envolveu até perito para justificar a falácia da agressão de bolinha de papel contra José Serra). Entre os jornais impressos, o Estadão também teve momentos constrangedores, mas não chega a surpreender porque sempre foi uma voz assumida dos ricos e poderosos. Porém, seu concorrente direto, a Folha de S.Paulo, revelou-se de forma espantosa como o maior libelo de tudo o que não presta e não se deve fazer em termos de "jornalismo".

Depois de esconder o mensalão do PSDB como "mensalão mineiro", de tentar amenizar a ditadura brasileira apelidando-a de "ditabranda", de dizer que Dilma Rousseff seria uma das cabeças do sequestro de Delfim Netto (que não houve!), de publicar um artigo impublicável com a insinuação de que Lula teria tentado violentar (!) um companheiro de cela quando foi preso pelo governo militar, e de responsabilizar Dilma pelo prejuízo que os brasileiros tiveram com o apagão elétrico do governo Fernando Henrique Cardoso (!!), o jornal da família Frias foi descendo ladeira abaixo até quase o mesmo (ou o mesmo) patamar de ridículo e de descredibilidade da Veja. E hoje temos mais uma prova de que, no governo Lula, a Folha, que antes tentava se vender como tendo "rabo preso com o leitor", assumiu o lado político onde prendeu seu rabo e perdeu de vez sua vergonha.

Hoje temos mais um exemplo da cara-de-pau e da canalhice desse "jornal". Em materinha sobre a campanha eleitoral do PT, o título já entrega a maldade: "Idolatria por Lula e militância paga motivam petistas" (o grifo é nosso). Além de apresentar os petistas como "fanáticos", ou seja, sem razão e facilmente manipuláveis, a Folha força a mão na tecla de que trata-se de uma militância que só funciona a base de dinheiro. "Na ausência do presidente, a campanha precisou recorrer a militantes pagos ou de movimentos sociais amigos para encher o salão de festas onde a candidata discursou (no Iate Clube, em Belo Horizonte)". Já a materinha espelhada sobre a campanha pró-Serra é um elogio só, a começar pelo título: "Ideal, antipetismo e ajuda de custo movem tucanos".

E o que seria essa "ajuda" dos "bondosos" tucanos? O mesmo "maldito pagamento" do PT: "Entre tantos militantes 'ideológicos', ainda se vê, no meio das hostes serristas, o velho cabo eleitoral remunerado, aquele sujeito que, em troca de R$ 50, agita durante seis horas consecutivas as bandeiras do PSDB", diz um trecho do texto.

Com licença, vou ali vomitar e nem sei se volto...

terça-feira, agosto 17, 2010

Cambuci, da cachaça a 'case' da Fiesp

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O cambuci é característico da vegetação da Serra do Mar. Além do preparo de pratos variados, um dos principais aproveitamentos para a fruta – que fica entre a goiaba e a jabuticaba – é a cachaça. Ou melhor, curtir o destilado nas sementes de cambuci.

A bebida era uma das favoritas de um certo sindicalista de apelido Lula, chamado Luiz Inácio da Silva. São muitos os relatos de quando ele era metalúrgico e dirigente do sindicato da categoria no ABC que envolvem a combinação.


Segundo informa Vitor Nuzzi, no fim dos anos 1970 ou começo dos 1980, em meio a debates sobre a fundação da CUT e do PT, Lula chegou a uma máxima: "A 'esquerda scotch' vai ter de conhecer a 'esquerda cachaça com cambuci'". A declaração, uma variação bem mais amigável e palatável do que o "vocês vão ter que me engolir", de Zagallo em 1997, dispensa explicações detalhadas.

A sobra do Lula fazia a marvada descansar com a fruta no garrafão por três ou quatro meses. Ele até ofereceu ums goles para Sérgio Mallandro, em "sabatina" no Show de Calouros do SBT, com a apresentação de Sílvio Santos. Além das informações técnicas, ele responde ainda sobre a voz rouca, que permitiam que os eleitores o reconhecessem pelo tímbre no bar.



Mas nesta terça-feira, 17, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) divulga case “Cambuci – O fruto que dá frutos”, que destaca o Festival do Cambuci, criado pela prefeitura de Rio Grande da Serra, que já teve cinco edições. O evento dá projeção ao produto e incentiva, segundo os organizadores, a plantação do cambuci no município, revertendo o quadro de risco de sua extinção.

Tudo isso é parte de uma Mostra de Responsabilidade Socioambiental da Fiesp/Ciesp. Vão discutir os impactos do concurso da Rainha do Cambuci e das barracas com exposição de artesãos organizados durante as festividades.

De metáfora para a esquerda da esquerda a case do principal sindicato de industriais do país. Em tempos em que o próprio Lula anda mais para o uísque ou para o vinho – questão de gosto pessoal e, no caso dele, de poder aquisitivo – e que o ex-presidente da Fiesp é socialista por convicção – como uma empresa moderna, a surpresa nem é das maiores. Mas é grande o bastante.

terça-feira, abril 06, 2010

92% dos jornalistas aprovam governo Lula. Será?

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Depois da pesquisa suspeita da Datafolha, que distanciou Dilma Rousseff quase dez pontos do José Serra (curiosamente, às vésperas do tucano deixar o governo de São Paulo para disputar a presidência da República), outro resultado nos surpreende agora, no início de abril. Segundo pesquisa da Universidade de Brasília (UnB), realizada durante três semanas no mês de janeiro, 92% dos profissionais de imprensa do país aprovam o governo Lula. O estudo, intitulado "A cabeça do jornalista: opiniões e valores políticos dos jornalistas no Brasil", ouviu 212 jornalistas de 70 veículos, distribuídos em 42 municípios de 22 estados, mais o Distrito Federal.

A iniciativa dos pesquisadores Daniel Marcelino, Lúcio Rennó, Ricardo Mendes e Wladimir Gramacho apontou que 44% dos jornalistas consideram o governo Lula regular, 40% bom, 8% muito bom, 4% ruim e 3% muito ruim (o 1% que fica faltando deduz-se que seja dos que não sabem ou não quiseram responder). Entre os 212 profissionais ouvidos, a cobertura jornalística do governo tem sido adequadamente crítica para 46%, muito crítica para 35% e pouco crítica para 19%. A distribuição dos veículos de imprensa por setor foi: 69,3% de jornais impressos, 10,4% de TVs, 9,9% de rádio, 6,6% de internet e 3,8% de revistas.

Relevante é a conclusão dos pesquisadores de que "essa avaliação revela que prevalece uma visão pouco crítica por parte dos jornalistas sobre a atuação dos meios de comunicação no Brasil, principalmente sobre vieses ideológicos e erros nas coberturas". E pondera ainda que "o único senão é a visão preponderante de que o processo de influência sobre o conteúdo da cobertura é excessivamente centralizado em donos de empresas e diretores e editores de redação, reduzindo o número dos que participam no processo decisório sobre a pauta e conteúdo das reportagens".

"Também é interessante perceber que há uma ampla visão de que anunciantes e políticos são muito influentes nas decisões internas dos meios de comunicação", assinala o trabalho acadêmico. Sobre o posicionamento ideológico dos jornalistas entrevistados, 52% deles se declaram de esquerda ou centro-esquerda. Apenas 12% se dizem de direita, e 23% se posicionam como de centro. Dos entrevistados, 13% não conseguiram ou preferiram não se posicionar. Devem ser os tucanos enrustidos.

segunda-feira, março 15, 2010

'Quando foi que a direita brasileira teve qualquer apego aos direitos humanos?'

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Para quem se surpreendeu com a Miriam Leitão defendendo as cotas raciais em universidades, uma senhora resposta de Ciro Gomes, na edição de hoje da Folha de S.Paulo, sobre o posicionamento do governo Lula em relação à Cuba e Irã. De fazer o senador Eduardo Suplicy corar de vergonha...

Folha - A política externa do Brasil está no rumo correto? Pergunto-lhe em função das últimas polêmicas sobre o relacionamento do governo brasileiro com Cuba e Irã.
Ciro Gomes - Estrategicamente o governo brasileiro está muito correto. Somos contra a intervenção em assuntos domésticos, seja de quem for, somos pela solução pacífica dos conflitos, e advogamos uma ordem mundial multipolar. Tudo o que o Lula faz guarda coerência com esses princípios. Nós consideramos que o embargo norte-americano a Cuba --e não é o governo Lula, eu estou falando --é a causa de todos os abusos que hoje ainda temos que assistir em Cuba. O embargo, essa coisa anacrônica, prepotente, e injusta dos americanos, que inacreditavelmente continua com o governo Obama, justifica a atitude defensiva de Cuba. O país está acossado por um inimigo externo iminente, a maior potência do planeta. Eu acho odiento o crime político. Mas, o embargo dá ao governo de Cuba a faculdade de dizer que aquilo não é crime de opinião, mas sabotagem, espionagem, serviço ao inimigo externo. Essa é a questão que tem que ser posta em perspectiva. De qualquer forma, não é o Brasil que vai resolver isso. O Brasil deu asilo ao [Alfredo] Stroessner, no que acho que fez muito bem. Isso tira da moral dessa gente, da direita truculenta, esse papo. Quando foi que a direita brasileira teve qualquer apego aos direitos humanos? Que dia? Em que circunstância nacional ou internacional? Esse papo furado é só para quem não tem memória. E o Irã: deixa os americanos fazerem uma aventura militar no Irã para você ver o que vai acontecer com o planeta. O Irã não é o Iraque. O Brasil não é a favor que o Irã desenvolva artefato nuclear. O Brasil tem uma posição contra armamento nuclear no mundo. Ele não é ingênuo. Queremos que o mundo se desarme.


Vale a pena ler outros trechos da entrevista. Além de dizer que sua candidatura ao governo de São Paulo seria "artificial" e de que o PT "é um desastre" no Estado (o que mereceu resposta), Ciro Gomes fala, na cara da Folha: "O Serra erra menos porque é protegido pela grande mídia."