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“Olha a capa de
chuva! Agora é cinco, depois que começar de chover é dez...”. O
ambulante do Pacaembu na partida de ontem já vislumbrava o forte
toró que cairia minutos depois do começo da peleja entre Santos e
Paulista. Uma precipitação tão intensa que fez do gramado do
Pacaembu, que sempre teve uma boa drenagem, um verdadeiro lamaçal
que impossibilitava os lances de bola no chão antes mesmo da metade
da etapa inicial.
Para o Santos, time que
tenta impor um estilo de jogo de toque de bola, era uma má notícia.
Mas pior ainda pelo técnico Muricy Ramalho, promover a reestreia de
dois atletas que fatalmente sentiriam mais ainda o jogo em um campo
pesado. Edu Dracena, 31 anos, retornou após seis meses ausente por
conta de uma contusão e Marcos Assunção, 36 anos, jogou sua
primeira partida desde o ano passado. Foram sacados Renê Júnior,
que tem sido talvez o melhor atleta santista neste 2013, e o zagueiro
Neto, também destaque positivo na equipe.
Após o primeiro tempo
no qual ambos os times até tiveram suas chances, mas o futebol
jogado foi quase zero, a segunda etapa com um gramado menos molhado
prometia ser melhor pra o Santos. Só prometia. Guilherme Santos, que
já havia falhado ao menos duas vezes antes e fazia sua pior partida
pelo time, cometeu um pênalti infantil no atacante Cassiano,
convertido por Marcelo Macedo.
O que passou, Neymar? |
A partir daí, o
Paulista, que já se defendia bem, se fechou ainda mais. E a falta de
criatividade santista ficava evidente. O meio de campo alvinegro não
conseguia atacar e marcava mal, dando oportunidades de contra-ataque
para os visitantes. Montillo praticamente não apareceu e demorou a
ser substituído por Muricy. O treinador santista preferiu sacar
Guilherme Santos, que realmente tinha que sair, e Bruno Peres, para
as entradas de André e Felipe Anderson, que passou a ocupar a ala
esquerda. Cícero fez as vezes na direita.
Sem laterais, o time
ficou ainda mais vulnerável e foi em uma falta do “ala” Felipe
Anderson na intermediária que saiu o segundo tento, de falta, do
Paulista. Gol que contou com a falha do goleiro Rafael, que tentou
adivinhar o canto, dando um passo e meio para o lado errado. Embora
Muricy Ramalho tenha dado bronca
em um repórter que fez uma pergunta sobre questão tática e
suas substituições em mais um de seus arroubos de arrogância, a
justificativa de que quis “abrir o time” é bastante questionável
até para pobres mortais como nós, que não entendem tanto de
futebol como o douto comandante do Santos.
Muricy poderia ter
alterado o meio de campo, fortalecendo o setor mais fraco da equipe.
Mas manteve Marcos Assunção até o fim, talvez confiante em alguma
bola parada, resgatando os idos tempos do emocionante “Muricybol”.
Tal qual castigo, foi o Santos quem tomou um gol de falta e a bola
mais perigosa do Alvinegro nesse quesito foi obra de Neymar, e não
do volante veterano.
O terceiro gol no final
fechou o caixão do vexame, mas o Onze santista fez o de honra para
diminuir a vergonha. Passada mais uma formação diferente, ficam
questões pendentes para o treinador santista, como a levantada nesse
post,
a respeito da formação do meio de campo. Se quiser contar com
Marcos Assunção, a equipe fica mais lenta e perde poder de
marcação, ainda mais com Dracena na zaga, mais lento que o até
aqui titular Neto. Abrir mão de Renê Júnior parece algo absurdo,
assim como sacar Cícero, um dos únicos três jogadores santistas
que marcaram nesse Paulista, fora Miralles e Neymar. Uma alternativa
seria colocar Arouca como lateral direito, mas não parece ser uma
solução do agrado nem de Muricy, nem do volante que voltou à
seleção brasileira mesmo passando por uma fase irregular no clube.
Assim, o comandante
santista, que reclamava por não ter opções em 2012, terá que
quebrar a cabeça para lidar com a fartura em alguns setores. E,
claro, vai continuar reclamando, como é do seu feitio.