Destaques

Mostrando postagens com marcador Ratinho Júnior (PSC). Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Ratinho Júnior (PSC). Mostrar todas as postagens

terça-feira, fevereiro 23, 2010

Torcida única e inteligência rara

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

O quebra-pau entre palmeirenses e são-paulinos em diferentes pontos do estado de São Paulo no domingo - que terminou em morte - levantou, mais uma vez, o debate sobre a violência no futebol, as torcidas organizadas, aquela coisa toda.

O "desânimo" dessa minha primeira frase é motivado pela gigantesca modorra que cerca o assunto. É impressionante ver como não avançam as tentativas para coibir a violência entre torcedores no futebol brasileiro. Há 15 anos, desde 1995, iniciaram-se guerras jurídico-policiais contra as torcidas organizadas, houve modificação em um ou outro ponto (bandeiras seguem proibidas em São Paulo) e a situação segue incontrolável.

A bola da vez agora é a torcida única. Projeto de lei do deputado Ratinho Júnior (PSC-PR) - sim, ele é filho de quem vocês estão pensando - tenta tornar obrigatória a presença de uma só torcida nos estádios, e não só do futebol. A justificativa é a óbvia tentativa de reduzir a violência e ao benchmarking do parlamentar paranaense é a Argentina, onde a medida vigora para os jogos de divisões inferiores.

Não sei se Ratinho Junior frequenta estádios. Eu frequento, como tenho dito de maneira, confesso, até arrogante aqui no Futepoca.

E o que minha "sabedoria de estádio" diz é que o lugar mais seguro para evitar brigas com o torcedor rival é... dentro do próprio estádio. Sim, lá mesmo. Ainda que seja um chiqueirinho, um lugar pouco confortável, com péssima visão, é ali que está a segurança.

Lembro de quando fui, com amigos, assistir a Palmeiras x Santos no Parque Antarctica, pelo Brasileirão de 2008. Estava no papel do torcedor visitante. Passei relativos apuros até chegar no cantinho reservado aos santistas - incluindo ver uma moto na qual estavam duas pessoas usando roupas da Torcida Jovem ser derrubada e, seus integrantes, ligeiramente esmurrados.

Mas quando estava lá no estádio, pude cantar a plenos pulmões, xingar os palmeirenses, e tudo o quanto um torcedor tem direito.

Mais do que a minha experiência, as ocorrências desse fim de semana mostram que a coisa não se restringe às cercanias do estádio. Palmeirenses e são-paulinos se esmurraram em Jundiaí, em Santo André, na Zona Leste de São Paulo. Rigorosamente nada a ver com o Parque Antarctica, onde foi realizado o jogo. Pergunto: a torcida única, nesses casos, mudaria muita coisa?


Ainda mais porque estamos nos tempos atuais, onde acontecem as famigeradas "brigas marcadas pela internet".

Excluir parte dos torcedores do campo não representará rigorosamente nada para a redução da violência. Ainda permitirá que os brigões realizem o que realmente querem nos pontos de sua maior conveniência - e distantes do policiamento que ronda os estádios.

E, ainda por cima, representará um atestado de incompetência das autoridades brasileiras.