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quarta-feira, agosto 27, 2014

O time do povo (rico)

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Alexandre Padilha: só 5%? Será mesmo?
Pesquisas, principalmente sobre futebol, política ou cachaça (marcas de cerveja preferidas, por exemplo) sempre rendem polêmica, espalham a cizânia e arregimentam batalhões de descrentes. Afinal, muitos desconfiam que qualquer pesquisa pode justificar qualquer coisa que se pretenda, mesmo que não reflita exatamente a realidade. Quer uma prova? Pesquisa do Ibope divulgada ontem insiste em apontar que o candidato do PT ao governo do Estado de São Paulo, Alexandre Padilha, tem apenas 5% de intenções de voto - quando, nas últimas três eleições, os candidatos a governador por esse partido nunca ficaram com menos de 30% dos votos válidos no final das apurações, vide Aloizio Mercadante (35,23% em 2010 e 31,68% em 2006) e José Genoino (41,36% em 2002). Enfim, Padilha, menos popular e com menos "estrada" política que seus antecessores, pode nem chegar perto de 30%, mas, com certeza, o eleitorado fiel ao PT em terras paulistas é, inegavelmente, superior a 5%.

Buenas, um dia depois, sai outra pesquisa do (mesmo) Ibope para apimentar ainda mais os discursos de mesa de bar. Periodicamente, o jornal Lance! publica um "raio-X" das maiores torcidas de futebol do Brasil. Já havia feito isso em 1998, 2001, 2004 e 2010, e repete a dose agora. A edição desta quarta-feira do jornal publica em quatro páginas a pesquisa mais recente, mostrando que as cinco maiores torcidas continuam as mesmas do levantamento anterior, mas com oscilações: o Flamengo tem 32,5 milhões de torcedores (participação de 16,2%, com variação negativa: - 1%), o Corinthians, 27,3 milhões (13,6% do total e variação positiva de 2010 pra cá: + 0,2%), o São Paulo, 13,6 milhões (6,8% dos torcedores brasileiros hoje, mas com variação negativa: - 0,2%), o recém-centenário Palmeiras tem 10,6 milhões (5,3% e também com variação negativa: - 0,7%), e o Vasco, quinto colocado, tem 7,2 milhões de torcedores (3,6% do total e queda nos últimos quatro anos: - 0,5%).

Títulos relevantes = aumento de torcida
Até aí, nada de muito surpreendente. Natural que tenha caído o número de flamenguistas, são-paulinos, palmeirenses e vascaínos, que não comemoraram nada de relevante de 2010 pra cá, considerando que os títulos da Copa do Brasil de 2011 do Vasco, de 2012 do Palmeiras e de 2013 do Flamengo não dizem muita coisa, visto que o primeiro está na Série B, o segundo esteve lá ano passado (e ronda a zona de rebaixamento atualmente) e o terceiro também não vai muito bem das pernas. Em contraposição, o Corinthians, único deles que teve crescimento de torcida, venceu simplesmente o Brasileirão, a Libertadores e o Mundial no período. Outra prova de que o raciocínio faz sentido é que, em 2010, o sexto colocado no ranking das maiores torcidas era o Grêmio, que agora foi ultrapassado por Atlético-MG e Cruzeiro. Também neste caso, o clube gaúcho não ganhou nada de expressivo nos últimos quatro anos, enquanto atleticanos venceram a Libertadores e cruzeirenses ganharam com folga o Brasileirão de 2013 e caminham para o bicampeonato.

O que não impede, lógico, que torcedores de todos esses clubes discordem e contestem (com indignação) a pesquisa feita para o Lance!. Por isso mesmo, o jornal joga ainda mais gasolina na fogueira: contrariando um dos maiores estereótipos do futebol paulista (e brasileiro), o líder entre os torcedores mais ricos - com renda acima de dez salários mínimos, ou R$ 7.240,00 mensais, em valores atuais - é o... Corinthians (!).


Sim, o decantado time "do povo" tem nada menos que 17% de torcida entre esse abastado público, superando de longe o Flamengo (10,9%) e o Atlético-MG (10,1%). O São Paulo, tido como time "dos ricos", aparece somente em quarto lugar, com 9,2% desse público. E o Fluminense, outro clube taxado de "aristocrático", está apenas na 10ª posição, com 1,7% do povo que ganha acima de dez mínimos, empatado com Vasco, Botafogo e Santos. E atrás de Palmeiras (8,4%), Grêmio (5,9%), Cruzeiro (5%), Internacional (2,5%) e Sport (2,5%).

Sanchez tem razão ao cobrar mais
Engraçado é pensar que essa liderança do Corinthians entre os torcedores mais ricos dá total razão para o Andrés Sanchez, ex-presidente do clube, que vem comprando briga e enfrentando protestos ao dizer que os elevados preços de ingresso no Itaquerão não vão baixar e que, para além disso, o valor precisa subir quase 50%. Faz sentido, considerando o levantamento do Ibope. Enquanto isso, o Flamengo ganha argumento para reivindicar, para si, o posto de verdadeiro "time do povo" brasileiro: na pesquisa do Lance!, o clube é, disparado, o que possui maior torcida entre os mais pobres (que ganham até 1 salário mínimo, ou R$ 724,00 mensais): 20,8%, o dobro do Corinthians (10%). Na sequência, a maior parcela de torcedores pobres é do São Paulo (5,6%), Palmeiras (4,4%), Vasco (4,4%), Sport (4,2%), Santa Cruz (4%), Bahia (2,3%), Vitória (1,6%), Ceará (1,5%), Internacional (1,1%), Botafogo (1,1%), Grêmio (1,1%), Atlético-MG (0,5%), Santos (0,5%), Fluminense (0,4%) e Atlético-PR (0,1%).

Em tempo: pesquisa do Ibope foi feita com 7.005 entrevistados, incluindo torcedores entre 10 e 16 anos, em todos os Estados e Distrito Federal, com margem de erro de 1 ponto.

E, garçom, traz mais cerveja. Porque essa discussão vai longe, muito longe...

quarta-feira, maio 29, 2013

Pinceladas cariocas - Vasco entre rebaixados e Flu favorito ao título

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por Enrico Castro

Quem levantará essa taça no fim do ano?
Enfim, começou o Brasileirão! E com apenas uma rodada os especialistas de plantão já são capazes de apontar candidatos ao título, bem como ao rebaixamento. É muito cedo para fazer qualquer tipo de afirmação, ainda mais com a pausa para a Copa das Confederações e janela de transferência para Europa no meio do ano. Mas, mesmo com todos os problemas, o bom do Campeonato Brasileiro é justamente a imprevisibilidade. Diferentemente da maioria dos campeonatos nacionais europeus, é praticamente impossível saber quem vai ser o campeão, quais times se classificarão para as competições continentais ou quem serão os rebaixados. 
Torcida do Galo espera título há 42 anos
O GloboEsporte.com, em parceria com a revista Monet, realizou uma pesquisa com 343 jogadores das sérias A e B, que deveriam responder quem seriam os rebaixados e o campeão. Podemos dizer que não houve surpresas. Para o rebaixamento, de baixo para cima, os “campeões” foram: Criciúma, Portuguesa, Náutico, Bahia, Ponte Preta e Vasco. Já os favoritos a campeão de fato, de cima para baixo, foram: Atlético-MG, Corinthians, Fluminense, Grêmio e São Paulo. Dois fatos peculiares para os cariocas podem ser extraídos desta pesquisa: 1) O Vasco recebeu apenas 1 voto para campeão, mesma quantidade recebida pelo Fluminense para o rebaixamento; 2) Isso reflete a situação atual de cada time e a credibilidade de ambos perante seus colegas de profissão. 
Mas os cariocas estrearam bem, obrigado. Com duas vitórias e dois empates, conquistaram 8 dos 12 pontos disputados. E justamente Vasco e Fluminense, jogando como mandantes, conseguiram vencer, enquanto Botafogo e Flamengo empataram fora de casa. No sábado, no jogo de abertura do campeonato, o Vasco venceu o clássico Manoel & Joaquim contra a Portuguesa por 1 x 0. 
Dinheiro na mão dos cartolas é vendaval
Para continuar no rumo das vitórias, a torcida cruzmaltina organizou uma vaquinha para pagar as dívidas angariadas por dirigentes incompetentes. Não acho correto este  tipo de atitude, mas há que se reconhecer a perspicácia dos idealizadores do projeto, que consiste no  abatimento/quitação de dívidas federais através de pagamentos avulsos de DARFs (Documento de Arrecadação de Receitas Federais) por parte dos torcedores, o que impede que a grana passe pelas mãos dos vorazes dirigentes vascaínos. Até o momento, já foram abatidos R$ 213.398,00 de um total de R$ 52 milhões que o bacalhau deve à Fazenda Nacional. Agora, convenhamos: doar dinheiro para clube de futebol sair do buraco criado por dirigentes sanguessugas é o fim! 
Enquanto os titulares descansavam visando a partida decisiva pelas quartas-de-final da Libertadores nesta quarta-feira no Paraguai, o Fluminense, com time reserva, venceu o Patético-PR, digo, Atlético-PR, por 2 x 1. Levou um tremendo sufoco no 2º tempo, mas conseguiu se fechar e garantir seus primeiros 3 pontos. A partida valeu para mostrar que o Tricolor possui peças de reposição que podem dar conta do recado durante a competição. E está mais que comprovado que vence o Brasileirão quem tem elenco, e não quem tem o melhor time. 
Hernane conseguiu cavar uma vaga no banco
Já o Botafogo foi a São Paulo e garantiu 1 ponto no empate contra o Corinthians. O time de Oswaldo de Oliveira jogou melhor durante a maior parte do tempo e mostrou para os paulistas campeões do mundo que os cariocas estão dispostos a manter a hegemonia dos últimos anos quando faturaram 3 dos últimos 4 Brasileirões. O mesmo aconteceu no jogo entre Santos e Flamengo, no qual o rubro-negro não quis saber da despedida do fanfarrão Neymar e tratou de encurralar o Peixe. Pecou, entretanto, na falta de pontaria de seus atacantes trombadores. Se o que técnico Jorginho precisava era de uma má atuação de Hernane, para com isso justificar a entrada de Marcelo Moreno no time titular a partir da próxima rodada, ele conseguiu.
Enrico Castro é tricolor (do Rio!), analista de sistemas, servidor público. Entende tanto de futebol que tem certeza que o Dimba (aquele mesmo do Goiás, Botafogo e etc) é um craque e brilharia na Champions League. Não é preciso dizer mais nada.

segunda-feira, março 26, 2012

Morte de um garoto macula virada corintiana

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Um garoto de 21 anos morreu. Levou um tiro na cabeça.





Era palmeirense, essa foi a razão por que morreu.

Vingança pelo menino corintiano que foi encontrado boiando no Tietê no penúltimo confronto?

Tanto pior.

O Corinthians virou deliciosamente sobre o Palmeiras, mas isso não tem a menor importância. O que importa é que hoje, por causa do futebol, um garoto levou um tiro na cabeça.

O jogo deveria ser anulado. Nenhuma morte deveria ser tolerada.
Em caso de agressão organizada pela torcida, o time deveria ser responsabilizado. O jogo deveria ser anulado e o time da torcida agressora, ceder os três pontos ao adversário.

Num caso como o de hoje em que as torcidas rivais tomam ares de milícias e se confrontam às centenas, o jogo não deveria acontecer e os dois times perderem pontos. Por mais infantil que pareça, só penalizando o time (razão de sua existência) esses imbecis vão parar de se matar.

quinta-feira, agosto 19, 2010

Pesquisa para quem precisa de pesquisa

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Resultado da 4ª Pesquisa Lance!-Ibope de torcidas, com 7.109 pessoas de 141 municípios, a partir de 10 anos de idade. A margem de erro é de 1,2 ponto percentual, para mais ou para menos. Por isso, clubes separados por pelo menos 2,4 pontos estão empatados tecnicamente. Análise do jornal: "Pela primeira vez, a representatividade do Flamengo caiu (ainda que dentro da margem de erro), e o São Paulo não pode mais ser considerado em empate técnico com Palmeiras e Vasco. A partir dali todos os clubes estão em empate técnico com quem está imediatamente abaixo".

Ranking...........Torcedores........Parcela

1º-Flamengo.......33,2 milhões........17,2%
2º-Corinthians....25,8 milhões........13,4%
3º-São Paulo......16,8 milhões.........8,7%
4º-Palmeiras......11,6 milhões.........6,0%
5º-Vasco...........7,9 milhões.........4,1%
6º-Grêmio..........7,7 milhões.........4,0%
7º-Cruzeiro........6,8 milhões.........3,5%
8º-Santos..........5,2 milhões.........2,7%
9°-Atlético-MG.....5,0 milhões.........2,6%
10º-Inter-RS.......4,8 milhões.........2,5%
11º-Sport..........3,3 milhões.........1,7%
12º-Bahia..........3,1 milhões.........1,6%
-Botafogo-RJ....3,1 milhões.........1,6%
-Fluminense.....3,1 milhões.........1,6%
15%-Vitória........2,3 milhões.........1,2%
16º-Fortaleza......1,5 milhão..........0,8%
17º-Atlético-PR....1,2 milhão..........0,6%
-Ceará..........1,2 milhão..........0,6%
-Santa Cruz.....1,2 milhão..........0,6%

Pronto, registrei.

terça-feira, fevereiro 23, 2010

Torcida única e inteligência rara

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O quebra-pau entre palmeirenses e são-paulinos em diferentes pontos do estado de São Paulo no domingo - que terminou em morte - levantou, mais uma vez, o debate sobre a violência no futebol, as torcidas organizadas, aquela coisa toda.

O "desânimo" dessa minha primeira frase é motivado pela gigantesca modorra que cerca o assunto. É impressionante ver como não avançam as tentativas para coibir a violência entre torcedores no futebol brasileiro. Há 15 anos, desde 1995, iniciaram-se guerras jurídico-policiais contra as torcidas organizadas, houve modificação em um ou outro ponto (bandeiras seguem proibidas em São Paulo) e a situação segue incontrolável.

A bola da vez agora é a torcida única. Projeto de lei do deputado Ratinho Júnior (PSC-PR) - sim, ele é filho de quem vocês estão pensando - tenta tornar obrigatória a presença de uma só torcida nos estádios, e não só do futebol. A justificativa é a óbvia tentativa de reduzir a violência e ao benchmarking do parlamentar paranaense é a Argentina, onde a medida vigora para os jogos de divisões inferiores.

Não sei se Ratinho Junior frequenta estádios. Eu frequento, como tenho dito de maneira, confesso, até arrogante aqui no Futepoca.

E o que minha "sabedoria de estádio" diz é que o lugar mais seguro para evitar brigas com o torcedor rival é... dentro do próprio estádio. Sim, lá mesmo. Ainda que seja um chiqueirinho, um lugar pouco confortável, com péssima visão, é ali que está a segurança.

Lembro de quando fui, com amigos, assistir a Palmeiras x Santos no Parque Antarctica, pelo Brasileirão de 2008. Estava no papel do torcedor visitante. Passei relativos apuros até chegar no cantinho reservado aos santistas - incluindo ver uma moto na qual estavam duas pessoas usando roupas da Torcida Jovem ser derrubada e, seus integrantes, ligeiramente esmurrados.

Mas quando estava lá no estádio, pude cantar a plenos pulmões, xingar os palmeirenses, e tudo o quanto um torcedor tem direito.

Mais do que a minha experiência, as ocorrências desse fim de semana mostram que a coisa não se restringe às cercanias do estádio. Palmeirenses e são-paulinos se esmurraram em Jundiaí, em Santo André, na Zona Leste de São Paulo. Rigorosamente nada a ver com o Parque Antarctica, onde foi realizado o jogo. Pergunto: a torcida única, nesses casos, mudaria muita coisa?


Ainda mais porque estamos nos tempos atuais, onde acontecem as famigeradas "brigas marcadas pela internet".

Excluir parte dos torcedores do campo não representará rigorosamente nada para a redução da violência. Ainda permitirá que os brigões realizem o que realmente querem nos pontos de sua maior conveniência - e distantes do policiamento que ronda os estádios.

E, ainda por cima, representará um atestado de incompetência das autoridades brasileiras.

Bundão ou fanático de torcida organizada?

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(Colaboração de Luciano Tasso)

segunda-feira, fevereiro 08, 2010

Violência, conforto e a vida de torcedor

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Vou com relativa frequência a estádios - arrisco dizer que sou o futepoquense que mais se faz presente nos campos. Naturalmente, a Vila Belmiro é o destino mais comum, mas outros templos como Pacaembu, Morumbi, Mineirão e Bruno Daniel volta e meia recebem minha presença.

E comumente, ao conversar com gente que não vai aos campos, sou chamado de "corajoso", "louco" ou adjetivos quetais. "Como você consegue ir a estádios, com essa violência cada vez maior?". Respondo que não é como falam, que em 19 anos (caramba, quanto tempo) de presença constante em estádios tive pouquíssimos problemas, que as coisas na imprensa acabam tendo uma repercussão maior do que a realidade e por aí vai...


De fato, não tenho muitas histórias pra contar acerca de violência que eu tenha presenciado. Por outro lado, posso citar inúmeras ocasiões que exemplificam o desconforto que passa aqueles que vão a campo.

O vídeo que vai abaixo, que circula pela internet e foi gravado no São Paulo x Santos de ontem, é um bom exemplo. Deem uma olhada.


Nada, mas nada a ver com violência, quebra-paus ou outras imagens aterrorizantes. Por outro lado, são cenas que servem como um gigante desestímulo a quem pensa em ver de perto uma partida.

Afirmo sem o menor medo de errar: mais do que a violência, o principal problema dos estádios brasileiros hoje é o desconforto. O torcedor brasileiro é invariavelmente mal-tratado, na grande maioria das arenas do nosso país. Tem que encarar filas homéricas para conseguir um ingresso; não encontra um estacionamento confiável onde pode deixar o carro; muitas vezes, só encontra lugar no estádio em um ponto onde não se consegue ver o campo inteiro; não tem acesso a restaurantes ou lanchonetes de qualidade satisfatória. Ou às vezes não consegue nem um mísero copinho d'água, como neste caso relatado da Arena Barueri.

E atentem que a Arena Barueri é um estádio recém-inaugurado, de fachada imponente e que tem sido elogiado por grande parte dos profissionais da imprensa.

O que me deixa ainda mais chateado é que o problema do desconforto é bem mais simples de se resolver do que o da violência. Afinal, a "violência do futebol" nada mais é do que um extrato da "violência da sociedade" - e se nossas autoridades policiais não conseguem dar conta de todos os males que nos afligem, o futebol não pode ser uma exceção.

Esperam-se coisas bem mais acessíveis, como estacionamentos, estrutura de alimentação e sanitários, sistemas fáceis de compras de ingressos e por aí vai. Nada, mas nada mesmo de outro mundo.

E eu ainda arriscaria dizer que a melhoria do conforto seria um baita passo à frente para a redução da violência. Afinal, uma boa estrutura evitaria que torcidas rivais se cruzassem na compra dos ingressos e no acesso aos estádios. Além de inibir aqueles que se predispõem a quebrarem o pau quando saem de casa para um jogo (é mais difícil zonear uma casa arrumada, não é verdade?).

No fim das contas, esse post não está falando nada de muito inovador. Talvez se eu procurar nos arquivos do Futepoca vou encontrar esse mesmo discurso, dito por mim ou por algum colega. A novidade em questão é o vídeo de Barueri. Que deve ser difundido, para que todos conheçam como funciona "um dos mais modernos estádios do Brasil".

domingo, novembro 29, 2009

E acabou a Série B de 2009

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Acabou neste sábado a Série B de 2009. Na prática, a última rodada definia somente o último dos quatro rebaixados, já que os classificados para a Série A e três dos que foram para a Série C já eram conhecidos. O Juventude, rebaixado para segunda divisão em 2007, perdeu para o Guarani em Campinas por 2 a 1 e vai disputar a Terceirona em 2010 junto com ABC (o lanterna), Campinense e Fortaleza.

O Vasco, campeão da Segundona, mandou quase o time todo reserva para Ipatinga e perdeu para a equipe da casa, que lutava para fugir do rebaixamento. O Guarani ultrapassou o Ceará e ficou com o vice, com o Atlético-GO na quarta posição. Os goianos vão disputar a primeira divisão 23 anos depois de sua última participação na Série A.

A política do cerrado e o "time de aluguel" de Campinas


O Atlético-GO é um desses casos curiosos de ascensão meteórica. Depois de quase ter seu estádio demolido para a construção de um shopping em 2001, conseguiu vencer a segunda divisão estadual em 2005 e no ano seguinte já disputava a final do campeonato goiano, ficando com o título em 2007. Em 2008, foi campeão da Série C e agora chega à elite do futebol brasileiro.

A turbulência para o Dragão do cerrado se manter na Série A pode vir de fora das quatro linhas. O presidente do clube, Valdivino de Oliveira, é também secretário de Fazenda do governo do Distrito Federal, que está lidando com um rotundo escândalo que pode resultar no impeachment de José Roberto Arruda. O cenário pode complicar ainda mais nos próximos dias e Juca Kfouri já cantou a bola.

Outro clube que conseguiu um acesso duplo foi o Guarani. Curioso que, no meio dos acessos para a Série B e a A, o Bugre caiu para a segunda divisão do Paulista. Nada mais exemplar do cenário caótico do futebol daqui. Do time que caiu na partida contra o Bragantino, apenas um jogador, o reserva Dairo, participou também do jogo contra o Bahia, que decretou a volta do Guarani à Série A. Uma equipe totalmente reformulada, com a batuta do técnico Vadão, que recomendou a contratação de muitos atletas que disputaram o Paulista em equipes que disputariam a Série C e D no segundo semestre.

Como vai disputar a segunda divisão do Paulista, as chances de manter os atletas é quase zero. Segundo as palavras do próprio Vadão, "atualmente o Guarani é um time de aluguel. Contratamos para esta temporada cerca de 27 atletas que, na sua maioria, pertencem a empresários ou empresas, interessados em lucrar no final do ano. Então, com a bela campanha nesta Série B, dificilmente eles ficarão aqui em 2010", afirmou à ESPN Brasil. Ou seja, o Bugre vai montar uma equipe para o primeiro semestre do ano que vem e outra, substancialmente distinta, para o segundo semestre. E pobre do treinador que tem que lidar com isso...

A volta de PC Gusmão


Já o Ceará, o popular Vozão ou Vovô, comemora o acesso e também o rebaixamento do rival. E se tem alguém com crédito na campanha é PC Gusmão. Ele assumiu a equipe na quarta rodada, no lugar de Zé Teodoro, com a equipe na zona do rebaixamento. Ficou três partidas sem vencer, chegou à lanterna e daí começou a reação que levou o Ceará ao G-4 ainda no primeiro turno. Agora, o treinador já é cotado como provável substituto de Dorival Junior em São Januário.

Quanto ao Vasco, a campanha foi razoavelmente tranqüila. Embora o time tenha terminado com nove pontos a menos que o Corinthians, campeão do ano passado, pode-se dizer que o campeonato de 2009 foi mais equilibrado, já que não tinha uma “baba” como o CRB, que terminou na lanterna com 24 pontos, 11 a menos que o ABC, lanterna dessa edição. O Barueri, com a pontuação de 2008 também não se garantiria no G-4 de 2009.

Como já é hábito entre os times grandes que caem, a torcida foi um diferencial na trajetória vascaína. A média foi de 25.730 por partida, maior que a do Timão do ano passado, mas menor que a do Santa Cruz em 2007 e que a do Atlético-MG em 2006. A média de público desse ano, sem contar o da última rodada, foi maior que a de 2008: 6.571 contra 6.291.

O público vexatório do Duque de Caxias


A média poderia até ter sido maior se não fossem Bragantino (725 pagantes por mando de jogo), Ipatinga (1.024), São Caetano (1.310) e do Duque de Caxias (1.683). No caso do time carioca, dois fatos a destacar: a média só não é a pior da Série B por conta do jogo contra o Vasco, realizado no Maracanã. No resto do campeonato, pelo estádio onde costuma mandar as partidas não ter a capacidade mínima exigida pela CBF, foi mandante em Mesquita e em Volta Redonda. Todos os jogos com públicos pífios.

Na sexta-feira, entretanto, uma verdadeira façanha do Duque em Volta Redonda, na vitória por 4 a 1 contra a Ponte Preta: cinco pagantes assistiram à partida. Isso mesmo, cinco testemunhas, o pior público da história da Série B. Se o regulamento permitisse alguma flexibilidade na questão da capacidade mínima, a equipe poderia ter jogado em casa e ter uma média um pouco melhor do que teve. Mas pedir racionalidade pra cartola às vezes é difícil...

Leia mais sobre a Série B no Série Brasil.

quarta-feira, novembro 25, 2009

Belluzzo: 'Vamos matar os bambi!'

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Antes mesmo de ter ameaçado dar uns tapas no juiz Carlos Eugênio Simon e ser suspenso pelo STJD, o presidente do Palmeiras, Luiz Gonzaga Belluzo, já havia demonstrado seu "instinto selvagem". Um vídeo que circula pela internet mostra o dirigente numa festa de uma das torcidas organizadas do alviverde paulistano, em 17 de outubro, gritando ofensas contra o São Paulo:

- Vamos matar os bambi (sic)! Eles já morreram hoje! (veja o vídeo aqui)

Na época, o Palmeiras era líder, com 54 pontos, e o time do Morumbi estava cinco atrás. No dia seguinte, porém, o time de Belluzzo perdeu para o Flamengo por 2 a 0 em pleno Palestra Itália e, depois disso, degringolou. Hoje, ocupa o quarto lugar, três pontos atrás do líder...São Paulo.

Sou contra esse tipo de policiamento, mas que ele morreu pela boca, morreu. Talvez tenha sido empolgação de cachaça, que sempre rola forte nessas festas de torcidas organizadas. Ele até justificou, mas nem precisava. Deixa o homem, pô! Mas curiosa foi a reação parcimoniosa do superintendente de futebol sãopaulino, Marco Aurélio Cunha:

- Se fosse qualquer outra pessoa, todo mundo estaria descendo a lenha, mas o Belluzzo tem crédito. Cometeu este deslize, mas com o tempo vai aprender e não fará mais isso. Comentei com um amigo: é como vinho, para ficar bom tem de envelhecer. No futebol é assim, a experiência vem com o tempo.

Como se Marco Aurélio, com mais de uma década de cartolagem, não dissesse ou fizesse besteiras similares com vexaminosa frequência...

quinta-feira, outubro 29, 2009

93 milhões em ação, pra frente Goiás!

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Considerando a pesquisa mais recente, de 2007, e o levantamento populacional deste ano do IBGE, podemos afirmar, com margem de erro razoavelmente baixa, que o Goiás terá uma torcida adicional de 92,4 milhões de torcedores hoje para, pelo menos, arrancar um empate contra o vice-líder Palmeiras pela 32ª rodada do Campeonato Brasileiro. Isso levando em conta que os maiores secadores do alviverde paulistano serão, pela ordem:

1 - 15,1 milhões de sãopaulinos (que também vão azarar o galo mineiro);

2 - 3,7 milhões de atleticanos, cujo time pode alcançar a liderança e, desde já, torcem pela caveira de Palmeiras e São Paulo;

3 - 5,6 milhões de colorados, pois o Inter de Porto Alegre não quer ver um líder a mais de três pontos de distância e torce para que todos a sua frente percam;

4 - 5,6 milhões de cruzeirenses, pelo mesmo motivo (e que, como os sãopaulinos, vão secar o Galo);

5 - 32,2 milhões de flamenguistas, que, como atleticanos e colorados, não querem ver um líder tão distante (e ainda tem a identificação histórica entre palmeirenses e vascaínos);

6 - 7,5 milhões de gremistas, que comemoram a vitória de ontem - mais a derrota do maior rival - e acreditam que ainda é possível, desde que o líder não esteja tão distante;

7 - 22,7 milhões de corintianos, que, lógico, estão secando com maior raiva o hexacampeão do Morumbi, mas que também não querem o pentacampeonato do inimigo Palmeiras, que superaria seus quatro títulos.

Por isso, se considerarmos um mínimo de 600 mil torcedores do Goiás, chegamos a 93 milhões de pessoas zicando uma vitória palestrina. Metade do Brasil! E assim, mesmo que a ideia e a imagem nem sejam inéditas (pior, partiram do palmeirense De Massad no fim do ano passado), vale o repeteco:


Ps.: Concordo que o São Paulo precisa secar o Atlético-MG, não consigo torcer pelo Fluminense depois da sacanagem da Copa João Havelange, que o trouxe de volta para a elite na mão grande. Cai, Flu! O Galo tropeça depois.

terça-feira, junho 23, 2009

“Bambis sem o Panetone”

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Quem me enviou foi o camarada Iatã Lessa. Absolutamente impagável, impressionante como está bem feito. Até os são-paulinos vão rir, tenho certeza.

quarta-feira, dezembro 10, 2008

A melhor torcida do Brasil

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Encher o estádio quando se briga por um título é fácil. Quando se quer escapar do rebaixamento também. Agora, encher o estádio quando os jogos não valem rigorosamente NADA é um feito absurdo. E, por isso, a torcida do Sport é a melhor do Brasil. Ou menos foi a melhor nesse 2008 que vai acabando.

Aos números. O Sport teve a quarta melhor média de público no Brasileirão atual, com 21.776 pagantes. Ficou atrás de Flamengo (40.694), Grêmio (31.075) e Cruzeiro (24.245) - três times que brigaram pelo título até as rodadas finais. Superou o campeão São Paulo (21.331), o também concorrente ao título Palmeiras (16.877) , o rebaixado Vasco (13.723) e o tradicionalmente enchedor de estádios Atlético-MG (18.638).

Se já seria surpreendente ver uma torcida numericamente inferior à da maioria dos clubes do campeonato, num estado com um nível de renda não dos melhores, apresentar números tão significativos, a coisa torna-se ainda mais impressionante pelo falado no início do post: a maioria dos jogos do Brasileirão não valeu rigorosamente nada para o Sport. Foram simples amistosos.

Como campeão da Copa do Brasil, o clube já estava garantido na Libertadores de 2009. Não precisaria, portanto, ficar entre os quatro primeiros do nacional para correr a América no ano que vem. Também não poderia ser agraciado com o prêmio de consolação que é a vaga na Sul-Americana. Restariam duas motivações então ao rubro-negro: brigar pelo título ou ter que escapar do rebaixamento. Acontece que essas duas foram afastadas logo de cara. O time mostrou-se bom o suficiente pra não ficar entre os piores e ruim o suficiente para não almejar a taça do certame.

E a quantidade foi acompanhada de qualidade. A torcida leonina já mostrara suas garras ao restante do país na Copa do Brasil: Inter, Palmeiras e Corinthians que o digam, tamanha a pressão que esses clubes sofreram na Ilha do Retiro. Meu amigo Carlos Padeiro, jornalista, esteve no Sport 4x1 Palmeiras e voltou impressionado com o estádio e com a torcida: "aquilo sim que é alçapão".

Agora vamos ver o que a torcida do Sport fará na Libertadores. A parada para o clube pernambucano não será fácil: enfrentará na fase de grupos a campeã LDU e muito possivelmente o Palmeiras, se o clube verde avançar na fase prévia do campeonato. Mas o show dos torcedores está garantido.

sexta-feira, junho 13, 2008

A sociedade dos distintivos

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Estava ontem no ônibus, umas cinco e meia da tarde, voltando com meu filho da escolinha pela avenida Franscisco Morato, zona Oeste de São Paulo. Eu tinha acabado de passar a catraca e ia descer no ponto seguinte, quando deparei com um rapaz de uniforme esportivo, tipo agasalho "adidas", bem diante da porta. Num primeiro relance, achei que era um torcedor do Fluminense, pois o uniforme era branco, com três listras no ombro, duas verdes e uma rosada no meio. Mas não, era um torcedor da Mancha Verde, paramentado do tênis ao boné.

Meu filho também se interessou pelo palmeirense e ficou olhando, até que abriu o seu sorriso de quatro dentes. O rapaz retribuiu com um sorriso simpático, deu uma risadinha e falou comigo "Tô vendo que não é corintiano". Havia uma cumplicidade boa na sua fala, ele realmente achou que uma criança que sorrisse para ele daquele jeito tinha que ser palmeirense, ou no mínimo não ser corintiano. Ao que respondi, amigavelmente, "Claro que é".

O moço fechou a cara, apertou um pouco os beiços e fixou os olhos no chão. "Embaçado", disse. "Ele é respeitador", acrescentei, pra quebrar o clima. Mas não teve jeito, o até então simpático palmeirense não tirou os olhos do piso do ônibus até que a porta abrisse e ele descesse, no mesmo ponto que nós, sem um gesto.

Duas reflexões me sobrevieram. A primeira foi a constatação de que um torcedor fanático lê o mundo apenas pela lente de sua identidade de torcedor. Quer dizer, ele mesmo se reduz ao distintivo que leva no peito, como um soldado, um membro de seita. Aquele palmeirense não podia entender que eu pudesse ser simpático com ele, sendo ao mesmo tempo seu adversário de torcida - "seu inimigo", devia pensar. Sua farda é o que ele é, ele acredita que quem o vê não o enxerga como uma pessoa complexa, com uma história própria, com qualidades e defeitos, o vê simplesmente como um palmeirense. E a um sorriso de um desconhecido reagiu simplesmente como torcedor.

A segunda coisa, um ponto a frente, é que nesse contexto até mesmo meu filho Chico tinha algo de ameaçador. Registre-se, é um bebê de um ano de idade, mas sendo ele corintiano o palmeirense não podia se render ao apelo de seu sorriso fofo, e continuar com os gracejos que todo mundo faz. Já era um pequeno inimigo. É terrível isso. A adesão a uma torcida, algo que legitimamente faz parte da mitologia individual-social de pessoas e grupos, pode se tornar mandamento moral, regra de conduta para se saber quem são as boas e as más companhias. É a violência das verdades morais se manifestando de forma crua e próxima, do mesmo tipo que se usa para fundamentar as "cruzadas" pelo "bem", ou outro tipo de cegueira violenta. Toda a necessidade de compartimentação - i.e., de discriminação - em nossa sociedade se mostrava naquele gesto de mirar o chão e evitar o encontro com o olhar daquele bebê maligno.

Que não me interpretem mal. Uso o exemplo do palmeirense porque eu e Chicão somos corintianos, e conosco essa cena obviamente não poderia ter acontecido com um membro da Gaviões. Mas meu assunto não são os palmeirenses, e sim essa simplificação do homem, essa redução de natureza fascista, que pode muito bem servir de modelo para entendermos outros tantos tipos de discriminação com os quais convivemos.

quarta-feira, maio 28, 2008

"Barriga" do Juca Kfouri

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Ontem, apareceu uma pesquisa sobre torcidas dos times brasileiros atribuída ao Gallup e à Editora Ática. Entre as "informações" que trazia, botava o Santos em 18 lugar, atrás do Goiás, por exemplo.

Aproveitei para encher um pouco os Santistas aqui da redação, mas na hora de checar os dados, nada de achar o tal estudo na página do Gallup nem nenhuma referência na Ática.

Daí não ter publicado o troço no Futepoca.

Mas o Juca Kfouri não checou e cometeu barriga (gíria jornalística para informação errada publicada).


Veja a errata do uol, publicada nesta quarta.

28/05/2008 - 15h40
Primeira Página - Gallup não fez pesquisa de torcida
O UOL divulgou na tarde desta quarta-feira (28) suposta pesquisa do instituto Gallup sobre o ranking das maiores torcidas de futebol do país. A informação foi publicada pelo jornalista Juca Kfouri em seu blog e foi destacada na primeira página do portal por 40 minutos.

Juca Kfouri apurou que a pesquisa em questão não existe. Tão logo a redação foi notificada do erro, a informação foi excluída da home page do UOL e do Blog do Juca.

Sem comentários...

quinta-feira, abril 10, 2008

Torcidas que reúnem cachaceiros militantes

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No site Papo de Homem (www.papodehomem.com.br), já alertei em um texto que "Futebol e boca seca não combinam", em protesto contra a ridícula proibição da venda de cerveja dentro dos estádios paulistas. Não adianta nada: o povo já entra no estádio completamente encachaçado e os manguaças mais criativos conseguem até beber durante a partida, por exemplo, com pedaços de gelo em saquinhos plásticos feitos com cachaça e groselha, que passam por inocentes "sorvetes". Outra prova de que a medida é totalmente inócua e inútil são as torcidas que reúnem, assumidamente, pinguços militantes da causa. São dezenas (quiçá centenas) espalhadas pelo país. Uma das mais célebres é a Fla Manguaça, do Flamengo.

No Rio tem também a Bohemios da Força e a Bonde Cirrose, do Vasco, e a Botachoop, do Botafogo. Aliás, chopp é o que não falta: Coringão Chopp (do Corinthians), Torcida Alcoolizada Galo Chopp (do CRB de Alagoas), Burrão Chopp (Taubaté-SP), Ramalhão Choop (Santo André-SP) e Ceará Chopp são algumas delas. Por falar em Ceará, o Nordeste tem torcidas com nomes bem criativos, como a Canaleão, do Fortaleza, e a Naucoólicos e Canáutico, do pernambucano Náutico. A Ponte Preta, de Campinas (SP), tem a torcida Macacachaça, em alusão à sua mascote. No Sul, tem a Coxaceiros, do Coritiba, e a BEC Manguaça, do Blumenau Esporte Clube, entre muitas outras.

Conheci recentemente um integrante da TEPC (Torcida Embebedada Porca Cachaça), do Palmeiras. "Não me lembro de ter assistido um jogo do Verdão sóbrio", confessa Michel. As filiais da torcida foram divididas em 18 "tonéis" espalhados pelo Brasil. No estatuto, além da recomendação de não consumir Schin, consta a seguinte observação: "Não confie em pessoas que passam mais de uma semana sem beber. Não se pode acreditar em camelos". Uma das diversões desses torcedores é o chamado "suco gami": compram um garrafão de 20 litros de água, jogam metade do líquido fora, misturam ki-suco na água que restou e completam com vodka; depois, botam o garrafão com a mistura no bebedouro, para gelar. Bebe-se tudo antes de ir ao estádio...

domingo, dezembro 23, 2007

O tamanho das torcidas

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Ia responder ao comentário da Thalita no post abaixo sobre o Santos ser líder de audiência televisiva, mas achei melhor fazer outro texto. Quando se fala em tamanho de torcidas, a polêmica é certa. As pesquisas, em geral, dão resultados bastante semelhantes. O Flamengo tem a maior, seguido do Corinthians, com variações entre pesquisas que ficam sempre dentro da margem de erro. Em seguida, São Paulo e Palmeiras que, em geral, aparecem empatados estatisticamente, e Vasco. Daí em diante, alternam-se, de acordo com o gosto do freguês ou do instituto, Grêmio, Cruzeiro e Santos.

Portanto, difícil dizer que uma torcida de seis milhões pessoas, como se estima que seja a do Santos, é “pequena”, como afirma a companheira blogueira. Ainda mais levando-se em consideração que os cinco primeiros colocados nas amostragens são das duas maiores cidades do país, São Paulo e Rio de Janeiro, enquanto o Peixe vem de um município com menos de 500 mil habitantes, 20 vezes menos que a capital do estado. Mas se essa torcida é “pequena”, o que será dito então de Atlético (MG), Fluminense, Botafogo e Internacional, que em todos os levantamentos têm menos adeptos que o clube da Vila? Erro comum, motivado por rivalidade clubística e que também tem o dedo da grande mídia esportiva. Em geral, desinformada; no limite, com uma inegável simpatia por alguns times.

A torcida sãopaulina cresce?

A torcida do São Paulo é a que mais cresce no Brasil. Pelo menos é o que se fala de forma corrente por aí. Tem até publicitário sãopaulino travestido de articulista (a profissão é mera coincidência?) dizendo que já é a segunda maior do país, a frente, pasmem, do Flamengo. A suposição se baseia em um suposto complô dos institutos motivados por interesses comerciais. Nada mais livre de tais interesses do que um profissional de marketing. Enfim, a base para se afirmar isso é zero. Como é zero também, em termos estatísticos, dizer que a torcida tricolor é a que mais cresce.

De acordo com as pesquisas do Datafolha, com série iniciada em 1993, o São Paulo tinha 7% dos torcedores do país, enquanto o Palmeiras tinha 5%. Na última pesquisa, o Tricolor tinha 8%, variação dentro da margem de erro, enquanto o Verdão tinha os mesmos 8%. O Palmeiras é o único grande que cresceu fora da margem de erro em todo o período analisado, 14 anos.

Títulos atraem torcedores? Provavelmente, assim como ídolos carismáticos. Impossível medir o efeito de fenômenos recentes nesse caso, como Rogério Ceni ou Diego e Robinho, já que as pesquisas só entrevistam maiores de 16. Jejuns diminuem a torcida? Sem dúvida, como mostra a composição etária da torcida corintiana, com baixo índices entre aqueles que sofreram com a fila de 23 anos. Sim, ao contrário de outro lugar comum, os corintianos não aumentaram em termos proporcionais no sofrido período, mas ganharam algumas marcas que fazem questão de ostentar, a de “sofredor” e “fiel”.

Um bom período para os rivais do Tricolor

Portanto, levando-se em conta esses critérios, a estabilidade da torcida tricolor se explica. Foram 11 anos, de 1994 a 2004, sem títulos nacionais ou internacionais, mas, o que é muito pior para o sãopaulino, é que os rivais acabaram fazendo a festa nesse intervalo, mandando em períodos sucessivos no futebol brasileiro. O Palmeiras foi campeão brasileiro, da Copa do Brasil e da Libertadores. O Corinthians obteve dois títulos nacionais e duas Copas do Brasil, enquanto o Santos saiu da fila e conseguiu dois campeonatos brasileiros, além de um vice na Libertadores. Não foi um período bom para a torcida do São Paulo crescer.

Outro dado curioso em relação à torcida sãopaulina é a queda do número de adeptos que ela tinha na capital paulista de 1993, ano do bi-mundial, para 1995. Houve uma redução de 31% para 21% no número de torcedores, que se manteve estável, com oscilações na margem de erro,até o último levantamento de outubro de 2007. Ou seja, a declaração desse tipo de fã pode ter sido mais por causa de um modismo e da presença de Raí, Miller e Zetti, do que propriamente uma conversão. Ganha-se na alta e somem os lucros na baixa. O torcedor não era, de verdade, um torcedor.

A discussão é polêmica, mas os dados que são mais confiáveis estão disponíveis nas páginas da internet dos institutos. Bem menos passíveis de dúvida do que a impressão que cada um tem andando nas ruas e medindo o número de camisas de clubes que circulam por aí.

quinta-feira, outubro 18, 2007

Profissionalização das torcidas organizadas

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A seleção brasileira está em campo. A partida transcorre de maneira simples. O adversário não joga melhor. Mas mesmo assim o time canarinho não consegue dar show. Vence por "apenas" 1, 2x0. E a torcida começa a vaiar.

Foi o que aconteceu ontem? Sim, mas não só ontem. Esse é praticamente o cenário de todo jogo da seleção brasileira em cenário nacional. Não quero aqui discutir as apresentações da seleção; esse é um texto sobre a torcida. Essa que, invariavelmente, alterna-se em dois momentos: ou vaia ou repete sem parar o bom, mas batido, "eu, sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor".

Tempos atrás, lancei no Orkut debate sobre uma idéia que pode parecer meio louca, mas, na minha opinião, faz todo o sentido: as torcidas organizadas deveriam ser profissionalizadas, e pagas pelos próprios clubes. Nós sabemos o quanto as organizadas, especialmente em São Paulo, são violentas e abrigo para bandidos das piores espécies. Mas não podemos negar, também, que são as organizadas que agitam os estádios de futebol. O tal do "torcedor família", tão propalado por aí, só consegue proporcionar espetáculos como o de ontem, alternando vaias e gritos batidos. A situação piora ainda nas Copas do Mundo, quando a "torcida CVC" brasileira nos faz passar vergonha, especialmente quando cofrontada com a festa que argentinos e europeus costumam fazer.

Essa profissionalização dos torcedores que defendo poderia funcionar da seguinte forma: o clube (ou a CBF, no caso) escolheria umas 50, 60 pessoas com mais disposição para agitar nas arquibancadas. Por agitar, defino a capacidade da pessoa ter criatividade para inventar gritos, pular o jogo inteiro, ser cativante para motivar os outros e etc.. Nada de muito difícil. Financiados, esses torcedores teriam como obrigação primeira entoar canções que valorizassem o time. Não é complicado. Ao invés de "Torcida Jovem não tem medo de ninguém", "Santos, eu te amo, clube dos 11 mil gols" (ou coisa parecida). E por aí vai.

Se garantiria aí a animação do espetáculo e também se tiraria o glamour das organizadas e seus bandidos. E, se um torcedor desses andasse fora da linha, simples: é só cortar o seu "salário".

Viajo muito ou faz sentido?

terça-feira, outubro 16, 2007

Nenhum FC: o time de maior torcida no Brasil

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O CNT/Sensus divulgou ontem uma pesquisa sobre as maiores torcidas do Brasil, depois de ouvir duas mil pessoas, entre os dias 8 e 11 de outubro, em 136 cidades das cinco regiões do País. Sem surpresa, deu Flamengo na primeira posição, com 14,4%, seguido de Corinthians (10,5%), São Paulo (8%), Palmeiras (7,2%), Vasco (5%), Grêmio (3,9%), Santos (3,7%), Cruzeiro (3,3%), Inter-RS (2,1%), Botafogo-RJ (1,8%), Atlético-MG (1,5%), Fluminense (1,5%) e Sport (1,5%), além de menos de 1% para Goiás, Atlético-PR, América-RN, Juventude, Figueirense, Náutico e Paraná, e 4,5% para "outros" (0,5% nem soube responder).
Porém, o dado mais relevante dessa pesquisa é que 28,4% dos entrevistados (praticamente o dobro dos que disseram ser flamenguistas, portanto) afirmaram que não torcem por clube algum. Isso mesmo: o "nenhum" ganhou disparado como a maior torcida (ou melhor, não-torcida) do País. Mesmo com o CNT/Sensus observando que a margem de erro é de três pontos percentuais para cima ou para baixo, a desproporção ainda é brutal. Teria o brasileiro desistido do futebol? Colegas futepoquenses são testemunhas de que no meu caso, ultimamente, mesmo com o meu time liderando o campeonato e com jogo ao vivo na TV, várias vezes preferi ficar na mesa do bar. O futebol minguará? A cachaça prevalecerá? Façam suas apostas.