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quinta-feira, fevereiro 18, 2010

Notas carnavalescas

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Influenciado por minha namorada, acompanhei com mais afinco que o normal os desfiles das escolas de samba deste ano, especialmente as do Rio. Vi diversas manifestações de manguacismo explícito e resolvi relatá-las resumidamente.

Tequila – a Viradouro levou à avenida um enredo sobre o México e passou, obviamente, pela tequila: “Arriba, Viradouro! Uma tequila pra comemorar! O lenço vermelho, sombreiro na mão, o México em cores vou cantar!”

Invasão frustrada – diversas celebridades marcaram presença na festa de Momo, nacionais e internacionais. A mais ilustre certamente foi Madonna, nova aliada de José Erra, quer dizer, Serra, que se empolgou tanto com o mé e o colorido da festa que tentou invadir o desfile da Imperatriz Leopoldinense, chegando a atrapalhar a evolução da escola. Sérgio Cabral (PMDB), que recebia a cantora em seu camarote, tentou ajudar na carteirada de Madonna, mas em vão. Derrotados, governador e estrela pop voltaram para a companhia do prefeito do Rio Eduardo Paes (PMDB) e da ministra Dilma Roussef (PT), no camarote do mandatário estadual.

Democracia – A pré-candidata petista à presidência também teve seu momento manguaça, mas muito mais descontraído: sambou com um gari antes da festa, mostrando seu comprometimento com as bases. O parceiro é Gilson Lopes, 47, que disse que a coroa “samba bem”.


Reincidência - Outra que apareceu na Marques de Sapucaí foi a socialite gringa Paris Hilton. Manguaça contumaz (que disse que se regenerou...) com mais de uma condenação por dirigir embriagada, Paris não perdeu a chance de encharcar no Rio de Janeiro.


Homenagem – Mas a menção mais ilustre à cultura manguaça veio da Vila Isabel, que em seu enredo homenageava ninguém menos que Noel Rosa, como já antecipado aqui. Como o sambista conhecia do riscado, já na comissão de frente, os passistas transformavam seus violões em uma mesa de boteco que era saudada efusivamente.


Cinzas – Aproveitando o tema carnavalesco, faço publicamente proposta para análise e possível inclusão no programa Manguaça Cidadão, plataforma defendida por estes e outros cachaceiros como eixo de desenvolvimento econômico e social do país. Trata-se de Segunda-feira de Cinzas. A idéia surgiu ontem, na quarta ou quinta vez que tive que me lembrar de que não era segunda-feira.

A intenção é diminuir o sofrimento semanal imposto à população pelo início de uma nova semana adotando em todas as segundas-feiras o expediente de Cinzas, ou seja, começando às 13h. Isso causaria menos sofrimento ao trabalhador, que teria mais produtividade. Além disso, daria um novo sentido às tardes e noites de domingo, hoje utilizadas basicamente para lamentar o fim do fim de semana. É possível pensar até mesmo em uma melhoria na qualidade da programação televisiva destes horários, que passariam a concorrer com o bar. Só vantagens! Consigo apoios para a medida?

Alala-ô-ô. Cadê o governadô-ô-ô?

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Dizem que 2010 começa agora, mas vale o gostinho de pós-carnaval, no caso o mais animado dos últimos tempos em Brasília. O motivo não poderia ser outro, com o governador Arruda (ex-DEM) preso o tema das marchinhas era praticamente único. Além dos sambas-enredo de dois blocos carnavalesco de Brasília, constatados pelo Futepoca, a produção etílico-manguaça não ficou para trás. O segredo é o papel de guardanapo, caneta e, claro, o fórum adequado....

Então vamos de "marchinhas arrudianas", enquanto aguardamos a "análise" da Câmara do DF sobre os pedidos de impeachment contra Arruda, a renúncia do vice-governador em exercicio Paulo Octavio (DEM) e se existirá ou não uma intervenção Federal aqui na Panetolândia.

Produção manguaça de marchinhas. Agora só falta o selo "Manguaça Records"

Abaixo segue a produção manguaça, cujo a identidade será preservada.

"Cadê o Governadô ô?"

Alalalaô ô ô ô ô ô/
Governadô ô ô ô ô/
Pagou propina/
Subornou a deputada/
Agora na cadeira/
Já não serve pra nada

"Deu Pane" - Veja o vídeo da marchinha.

Alô Toni o governo deu pane /
Deu Pane Toni / Deu panetone! /
Deu din din / na meia velha / deu bufunfa na cueca /
Deu imagem / e ação / e uma puta oração /
Alô Toni o governo deu pane / Deu pane Toni / Deu panetone!

"Feliz"
"Eu agora to feliz/
Prenderam o Arruda e depois vem o Roriz"

Aproveitando o momento audiovisual, segue outras indicações das melhores marchinhas da panetolândia, postadas no Youtube.

"Arrombaram a caixa de Pandora!""Marchinha da Meia Suada"
"Marchinha Panetone do Arruda""Arrudiô-Arrudiâ"

sexta-feira, fevereiro 12, 2010

Que marchinha foram fazer pra Dilma...

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Aproveitando o clima carnavalesco, alguém fez uma marchinha de "apoio" à Dilma Rousseff. A letra, abaixo, é um primor:

Depois do cara a gente vota é na coroa
A gente quer
É gente boa
Deixa o Lulinha sair
Deixa a Dilminha entrar
Porque assim o Brasil não vai parar... 


Fico em dúvida se foi um aliado ou um adversário que fizeram essa música. E, embora imagine que o Olavo vá contestar, "votar na coroa" é de um machismo primário, até porque o Lula ou o provável adversário de Dilma, José Serra, são mais velhos que ela e não são chamados pela mesma alcunha....


Em tempo: como toda marchinha e/ou música ruim, essa fica na cabeça também. Aprecie (sic) com moderação.

domingo, fevereiro 22, 2009

O carnaval engajado

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“E um dia afinal/tinham direito a uma alegria fugaz/uma ofegante epidemia/que se chamava carnaval”. Era assim que Chico Buarque, em um quase samba-enredo, fazia o epitáfio da ditadura militar brasileira na épica “Vai Passar”. Não foi o primeiro e nem será o último a misturar a temática do carnaval com política. Aliás, a música foi utiilizada também para a derrotada campanha de FHC à prefeitura de São Paulo em 1985. O contexto da democratização facilitou a vida do então peemedebista, mas parece que Chico Buarque não se orgulha muito do fato não...

Curiosamente, no Brasil, em geral quem é muito afeito ao debate político costuma rejeitar as folias momescas, preferindo o descanso ou o refúgio daquilo que alguns chamam de apologia da alienação, festa comercial, exaltação de narcotraficantes, coisificação da mulher e várias outras críticas das bem pertinentes, aliás. Mas há muitos exemplos de associação de um dos temas-chaves desse blogue com os festejos celebrizados no Brasil.  

Se o evento midiático mais forte do carnaval é o desfile das esolas de samba do Rio de Janeiro, lá também surgiram alguns sambas-enredo bem-feitos e "engajados". A Caprichosos de Pilares se notabilizou na arte de trabalhar temas algo espinhosos com muito bom humor e seu apogue aconteceu no ano de 1985 (vídeo abaixo). Pedindo eleições diretas, o samba lembrava o passado sem inflação e pedia "Quero votar!". "Diretamente, o povo escolhia o presidente/Se comia mais feijão/Vovó botava a poupança no colchão/Hoje está tudo mudado/Tem muita gente no lugar errado".



A lembrança de outros tempos promovida pela letra também tinha uma auto-crítica, sobre a mudança de estilo dos desfiles de então e evocando a saudação aos sambistas antigos, culminando em um dos refrões mais célebres da história do carnaval. "Onde andam vocês, ô ô ô/Antigos carnavais?/Os sambistas imortais/Bordados de poesia/Velhos tempos que não voltam mais/E no progresso da folia.../Tem bumbum de fora pra chuchu/Qualquer dia é todo mundo nu...".

Sambas reflexivos e excelentes também foram a tônica de 1988, centenário da abolição da escravatura. Se a Vila Isabel venceu o carnaval homenageando Zumbi, figura à época ainda negligenciada por boa parte dos historiadores e ignorada nos livros de escola, certamente o samba mais cantado foi entoado por Jamelão, na Mangueira (vídeo abaixo). A letra questionava as condições do negro depois da abolição:"Será/Que já raiou a liberdade/Ou se foi tudo ilusão/Será/ que a Lei Áurea tão sonhada/Há tanto tempo assinada/Não foi o fim da escravidão". O refrão é, sem dúvida, um dos mais significativos da história da Sapucaí. "Pergunte ao Criador/Pergunte ao Criador/ quem pintou essa aquarela/Livre do açoite da senzala/Preso na miséria da favela". Virou até aula no exterior...



Ainda no Rio de Janeiro, também não dá pra esquecer o samba campeão da Vila Isabel em 2006, Soy loco por ti América - A Vila canta a latinidade. A polêmica surgiu por conta do patrocínio da PDVSA, estatal petrolífera venezuelana. Claro que a celeuma se deu por envolver Hugo Chávez, outros apoios financeiros comuns, como de prefeituras, governos de estado e até de ongs ambientalistas foram - e continuam sendo - solenemente ignorados e pouco discutidos pela mídia dita imparcial...

Mas o importante é que hoje carnaval e política se misturam à vontade sim. Sindicatos, como os bancários do Rio de Janeiro, que aproveitam a data para dar seu recado e defender o uso de preservativos, por exemplo. E serve até, quem diria, para explicar Karl Marx (vídeo abaixo). Portanto, não se envergonhe em curtir o samba nesse carnaval, ó, amante da política! Engajamento é que não vai faltar...