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segunda-feira, setembro 09, 2013

'Um jeito ianque/ De São Paulo...'

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 Vaga-bundando pela rede social Fêicibúqui no fim de tarde desta segunda-feira, me deparo com um depoimento surpreendente do músico, cantor e compositor Alceu Valença (foto):
"Mais uma vez me disponho a escrever sobre um assunto que pela rapidez com que as notícias se tornam caducas em nossos tempos, não deveria voltar a comentá-lo. Acontece que ontem, conversando numa roda de amigos em um bar em São Paulo sobre a espionagem americana no Brasil, eis que sou surpreendido por um vizinho de nossa mesa que entrou no nosso papo sem ser chamado e tentou justificar a arapongagem americana como algo necessário e fundamental para o resto do mundo, argumentando que o que levava a interferência do governo Obama, era evitar possíveis ataques terroristas no Brasil e no resto do mundo. Sabemos que a rede privada da Petrobrás foi invadida, lhe perguntei sorrindo: '- Você acredita que haja terroristas nos quadros na nossa empresa de petróleo?' E o rapaz, imediatamente, me respondeu: '- Os terroristas estão infiltrados em todas as nossas empresas públicas!!!' E acrescentou, fechou seu raciocino: '- Nossa presidenta não foi terrorista!? Logo, o serviço de inteligência americano está de olho no Brasil, e com toda razão, por causa dela.' Gostaria de saber a opinião de vocês. Comentem o caso de acordo com suas crenças." - Alceu Valença
Tudo bem que, como já disse ao Futepoca o ator José Dumont (neste post aqui), "O bar é o grande ato politizador. Porque, se eu não escuto opinião, como vou mostrar a minha?" Ou seja, todo mundo tem o direito de pensar e se expressar como quiser (se bem que invadir conversa alheia seja falta de educação). Mas me parece sintomático que tal cena, descrita pelo nordestino Valença, tenha acontecido na cidade de São Paulo. É óbvio que gente conservadora, reacionária, paranóica e americanófila existe em qualquer ponto desse Brasil varonil. Mas é a capital paulista justamente a mais decantada como "cosmopolita", "miscigenada", "aberta", "progressista", "moderna" etc etc. São Paulo, capital, onde nordestinos, negros e pobres sofrem um preconceito atroz, onde homossexuais são espancados em plena região da Avenida Paulista, onde os moradores de Higienópolis tentam recusar uma estação do Metrô para não atrair "gente diferenciada", onde a Polícia Militar do PSDB bate, prende, atropela, atira e joga bombas contra manifestantes. Por esse prisma, os simpatizantes de Obama e da espionagem institucionalizada acabam sendo o menor dos problemas...

E o episódio narrado me lembrou uma música do Premeditando o Breque:

"O clima engana/ A vida é grana/ Em São Paulo (...)
Gatinhas punk/ Um jeito ianque/ De São Paulo..."