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"A lhaneza no trato, a hospitalidade, e generosidade, virtudes tão gabadas por estrangeiros que nos visitam, representam, com efeito, um traço definido do caráter brasileiro." - Sérgio Buarque de Holanda
"A lhaneza no trato, a hospitalidade, e generosidade, virtudes tão gabadas por estrangeiros que nos visitam, representam, com efeito, um traço definido do caráter brasileiro." - Sérgio Buarque de Holanda
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Bolinha voa sobre Serra: ódio |
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"Deus" e "militares": como em 1964 |
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Janine: ataque aos direitos humanos |
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Cômico, se não fosse trágico: brincadeira na Internet reflete bem do que se trata o post |
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Mainardi: injustificável e inaceitável |
"O Nordeste sempre foi retrógrado, sempre foi governista, sempre foi bovino (...). É uma região atrasada, pouco educada, pouco construída, que tem uma grande dificuldade para se modernizar na linguagem. A imprensa livre só existe da metade do Brasil para baixo. Tudo que representa a modernidade tá do outro lado."
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Hulk defende sua região de origem |
"Infelizmente o Mainard [sic] demostra ignorância e arrogância quando crítica o Nordeste. Nossa população tem dificuldades e luta com humildade para melhorar sua condição de vida. As maiores dificuldades foram impostas pelos diversos Governos ao longo dos anos. Mainard, respeite o Nordeste!"
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Minas e Rio derrotaram Aécio, mas o paulistano Mainardi vocifera contra o Nordeste |
"É pouco provável que um filho do Nordeste, região mais pobre do país, vergonha nacional, saiba alguma coisa, pois vive no século XVI."
"Um ...mulato, feijão mulatinho... que parece descender do macaco certo (isto é, não de Lula)."
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Paulo Francis criou escola na 'grande' imprensa 'carente de qualquer referencial ético' |
"Esses exemplos, em sua maioria já da década de 90, revelam não apenas um Paulo Francis doentio, mas um país doentio e uma grande imprensa carente de qualquer referencial ético. Os insultos de Paulo Francis eram passíveis de processos na Justiça, inclusive pela implacável lei Afonso Arinos. O fato de que poucas vezes tenha sido processado denota a descrença do brasileiro na Justiça, em especial quando se trata de crimes de imprensa, injúria, calúnia e difamação."
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Kucinski vê descrença na Justiça |
"Vejo crianças e jovens aborrecentes mimados, arrogantes e autoritários. Pais endividados e perdulários tudo fazem para atender os desejos dos pequenos reizinhos e princesinhas despóticos. Sentem-se culpados se não conseguem saciá-los. Acostumam os filhos a um padrão de consumo muitas vezes acima das possibilidades. Não conseguem voltar atrás, cortar gastos e os pequenos prazeres."
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Antônio Ozaí: 'reizinhos despóticos' |
"Quando os filhos mimados não correspondem ao esperado, por exemplo, quando o desempenho escolar, apesar de tudo, não vai bem, eles têm dificuldades em superar a situação pelos próprios meios. Creditam a culpa à escola, aos professores."
"Os filhos tornam-se apêndices dos seus desejos e frustrações. Mas sob o preço de mantê-los sob tutela e gerar adultos sem condições emocionais para enfrentar as adversidades da vida. Filhos que se acostumam a tudo possuir sem ter noção sobre o valor exato das coisas, e me refiro não apenas ao valor monetário, tendem a ver a vida como uma coleção de bens adquiridos sem grandes esforços. São fortes candidatos a pequenos ditadores que vêem os demais como objetos a serem manipulados."
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Postagem anônima em rede social demonstra como 'bebês mimados' lidam com adversidades |
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JOVEM! Sai da internet e VAI SE VIRAR SOZINHO, PÔ! |
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*Nikolaos Papadopoulos é esquerda caviar, petralha, comunista, médico terrorista de Cuba. Dá o peixe, não a vara. |
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Ceni paga com juros e correção sua empáfia |
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'Não tive como retribuir' em lugar de 'Errei' |
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Gol esquisito do Palmeiras: 'Fiz o que pude' |
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Careca, em 97, com Roberto Carlos e Rivaldo |
"Mais uma vez me disponho a escrever sobre um assunto que pela rapidez com que as notícias se tornam caducas em nossos tempos, não deveria voltar a comentá-lo. Acontece que ontem, conversando numa roda de amigos em um bar em São Paulo sobre a espionagem americana no Brasil, eis que sou surpreendido por um vizinho de nossa mesa que entrou no nosso papo sem ser chamado e tentou justificar a arapongagem americana como algo necessário e fundamental para o resto do mundo, argumentando que o que levava a interferência do governo Obama, era evitar possíveis ataques terroristas no Brasil e no resto do mundo. Sabemos que a rede privada da Petrobrás foi invadida, lhe perguntei sorrindo: '- Você acredita que haja terroristas nos quadros na nossa empresa de petróleo?' E o rapaz, imediatamente, me respondeu: '- Os terroristas estão infiltrados em todas as nossas empresas públicas!!!' E acrescentou, fechou seu raciocino: '- Nossa presidenta não foi terrorista!? Logo, o serviço de inteligência americano está de olho no Brasil, e com toda razão, por causa dela.' Gostaria de saber a opinião de vocês. Comentem o caso de acordo com suas crenças." - Alceu Valença
"Mais um instante e um guincho horrendo, áspero, como de uma máquina monstruosa funcionando sem óleo, saiu do grande televisor. Era um barulho de ranger os dentes e arrepiar os cabelos da nuca. O ódio começara. Como de hábito, a face de Emmanuel Goldstein, o Inimigo do Povo, surgira na tela. Aqui e ali houve assobios entre o público. (...) O programa dos Dois Minutos de Ódio variava de dia a dia, sem que porém Goldstein deixasse de ser o personagem central cotidiano. (...) Nalguma parte do mundo ele continuava vivo e tramando suas conspirações: talvez no além-mar, sob proteção dos seus patrões estrangeiros; talvez até mesmo - de vez em quando corria o boato - nalgum esconderijo na própria Oceania.
No mesmo momento, porém, arrancando um fundo suspiro de alívio de todos, a figura hostil fundiu-se na fisionomia do Grande Irmão, de cabelos e bigodes negros, cheio de força e de misteriosa calma, e tão vasta que tomava quase toda a tela. Ninguém ouviu o que o Grande Irmão disse. Eram apenas palavras de incitamento, o tipo de palavras que se pronunciam no calor do combate, palavras que não se distinguem individualmente mas que restauram a confiança pelo fato de serem ditas. Então o rosto do Grande Irmão desapareceu de novo e no seu lugar apareceram as três divisas do Partido, em maiúsculas, em negrito: GUERRA É PAZ; LIBERDADE É ESCRAVIDÃO; IGNORÂNCIA É FORÇA."
Trechos extraídos do livro "1984", de George Orwell (Inglaterra, 1949)."Os ataques de 11 de setembro deram não só credibilidade e legitimidade ao presidente como também permitiram a ele renascer politicamente sem sofrer o custo político da mudança. 'Bush tornou-se um presidente integralmente legítimo, não só para governar, mas também para reinventar-se como político', afirmou Andrew Kohut, diretor do instituto de pesquisas Pew Research Center for the People. (...) Depois dos atentados, Bush definiu o terrorismo como principal inimigo da humanidade e condicionou qualquer apoio financeiro e diplomático dos EUA ao engajamento de outros países à guerra contra o terror. Bush propôs a substituição da 'contenção' e da 'dissuasão', princípios da Guerra Fria, pela realização de ataques preventivos, inclusive com armas nucleares, contra grupos terroristas ou Estados hostis aos EUA."
Matéria da Folha de S.Paulo de 8 de setembro de 2002, um ano após os atentados em Nova York (a íntegra está aqui)."O anúncio da morte do fundador da rede extremista Al Qaeda, Osama Bin Laden, em uma operação das forças americanas, deverá fortalecer a imagem do presidente Barack Obama como líder, diz a imprensa dos Estados Unidos. (...) A morte de Bin Laden também poderá dar novo fôlego à popularidade de Obama, neste início de campanha para um segundo mandato na Casa Branca e no momento que enfrenta uma oposição acirrada do Partido Republicano, desde novembro passado no comando da Câmara dos Representantes (deputados federais). Analistas já preveem que as divergências partidárias no Congresso sejam colocadas de lado diante da vitória, assim como ocorreu logo após os atentados de 11 de setembro de 2001."
Matéria da BBC Brasil de 2 de maio de 2011 replicada pela Folha de S.Paulo (a íntegra aqui).
Lembrem-se todos vocês: "O GRANDE IRMÃO ZELA POR TI!".Foto divulgada de Osama Bin Laden morto e outra dele vivo. Photoshop?
Engraçado eu ter feito ontem um post sobre insônia (abaixo) e, depois, sem vinho nem qualquer outro aditivo alcoólico, ter dormido muito bem e sonhado situações dignas de registro. O futebol foi o tema central do sonho, embora a bebida tenha sido citada na primeira situação. Talvez por ter iniciado minha carreira jornalística como repórter de esportes, foi nessa condição que meu inconsciente me jogou.Cena 1 - A tristeza de Adriano
Eu era um repórter iniciante e tinha a missão de escrever sobre atletas de origem humilde que causam muitos problemas depois de ricos e famosos (os chamados bad boys). De cara, me mandaram procurar Adriano, o (ex) Imperador. O ambiente do sonho era um bairro de periferia, não chegava a ser uma favela, tinha ruas asfaltadas e calçadas, com casas muito simples. Adriano estava na casa de algum parente, uma tia ou algo do gênero. Eram umas 11 horas da noite, horário que tornava tudo estranho, e ele me recebeu na rua, descalço, de bermuda e com uma camiseta velha. Falou sobre a infelicidade da contusão atual, que o afastará do gramado por cinco meses, e depois passou a comentar seus problemas extra campo, como noitadas, bebedeiras etc. Falava baixo, quase inaudível e muito calmo, ou melhor, resignado. Havia uma tristeza indescritível em sua maneira de agir. Um conformismo, um fatalismo. Apareceram uns malandros num carro, com som muito alto, e gritaram qualquer coisa pra ele - acho que combinavam um programa para a madrugada. Adriano disse que ia.
Perguntei se não era melhor evitar mais confusões desse tipo e ele disse que o mundo dele funcionava assim: não se pode desprezar nem contrariar os antigos amigos, os parceiros. E que ninguém nunca ia entender isso, a não ser quem vinha de onde ele vinha. Depois, ele me deu uma carona de carro e, no caminho, parecia ainda mais triste e abatido. A última coisa que disse foi: "Droga é besteira. Mas a bebida é necessária. Ela 'dilata' a cabeça". Pelo o que entendi, o 'dilata' teria o sentido de abstração, de "desanuviar" o pensamento.Cena 2 - O ódio de Pingo
Na sequência de minha missão jornalística, fui atrás da molecada que ainda não tinha alcançado o sucesso. O local era outro bairro de periferia bem pobre, onde um grande clube (o uniforme dos garotos sugeria que era o São Paulo) mantinha um projeto para descobrir talentos. Não sei ao certo, mas parecia que a faixa etária era de 13 a 15 anos. O campo era precário e o treinador era um cara bem caipira, muito simples. Os moleques jogavam como náufragos que enxergam um navio de resgate, se atiravam na direção da bola como a última chance de sobrevivênvia possível. Quando perguntei ao treinador se tinha algum "problemático", ele disse que sim, e (não) por acaso, era o maior craque e mais talentoso. E estava de castigo, treinando separado. Era um rapaz alto e esquelético, muito mais magro que o santista Neymar. Seu nome era Augusto, ou Guto, mas no futebol era chamado de Pingo. Estava batendo bola sozinho, num campo esburacado e sem grama. Afastado do elenco por indisciplina.
Fui falar com ele e só o que recebi foram piadas, gozações e escárnio. O moleque era o ódio em estado bruto - de mim, do treinador, do clube, da sociedade, de tudo. Comportava-se como se fosse um delinquente. Ria sem parar, me sacaneando. Me chamava de "burguês". Mas tinha um controle de bola absurdo. Levantava a pelota na altura do joelho esquerdo e, com o pé direito, chutava forte para manter a bola no ar, girando. Quando decidia, chutava forte, mas não pra frente. Chutava para o alto e, a certa altura, a bola caía numa velocidade impressionante (algo como a "folha seca", do saudoso Didi). Depois de muito insistir, ele respondeu apenas que tinha herdado a habilidade do pai, que já tinha morrido. Não falou mais nada, virou as costas e se foi. Dias depois, vi a molecada disputando a decisão de um torneio, sob muita chuva. O time ganhou no sufoco, no fim da prorrogação, com um gol de um tal de Batista, sem querer (num escanteio, o goleiro adversário rebateu na nuca dele e a bola entrou). Pingo não havia sido relacionado nem para o banco. Soube mais tarde que, por isso mesmo, tinha abandonado definitivamente o clube.
A campanha de esgoto que o tucano José Serra fez este ano, nas eleições presidenciais, conseguiu trazer para os holofotes os setores mais atrasados, conservadores e extremistas da sociedade brasileira e acentuou à tensão máxima o ódio, o preconceito e a divisão raivosa entre nós. Como nunca antes na História desse país, a xenofobia entre compatriotas esteve tão explícita, orgulhosa e falando em tão alto e bom som.
Depois do revelador manifesto "São Paulo para os paulistas", que diz muito sobre o PSDB perpetuar-se no Palácio dos Bandeirantes desde 1995 (ou desde 1983, considerando que é praticamente o mesmo grupo que chegou ao poder com Franco Montoro), presenciamos a lamentável sequência de barbaridades no Twitter e a escalada oficial do preconceito em plena mídia de informação.
O mais recente (e triste) exemplo vem de Santa Catarina. No jornal da RBS, retransmissora da TV Globo no Sul do país, o comentarista Luiz Carlos Prates afirmou, sobre a alta incidência de mortes nas estradas no feriadão que se estendeu até segunda-feira (grifos nossos): "Antes de mais nada, a popularização do automóvel. Hoje, qualquer miserável tem um carro. O sujeito jamais leu um livro, mora apertado numa gaiola que hoje chamam de apartamento, não tem nenhuma qualidade vida, mas tem um carro na garagem".
Depois de dizer que o tal "miserável" ainda tem problemas matrimoniais e por isso desconta suas frustrações abusando da velocidade no trânsito, o comentarista volta à carga: "Popularização do automóvel, resultado deste governo espúrio, que popularizou pelo crédito fácil o carro para quem nunca tinha lido um livro. É isso".
Ou seja, o Lula é culpado por ter distribuído renda e dado o direito ao consumo e ao lazer aos "miseráveis analfabetos", culpados por todo e qualquer acidente de automóvel. Pelo o que dá a entender, os ricos, esses iluminados, nunca morrem nem matam ninguém no trânsito. Será?
Parabéns, José Serra. Colha com prazer o que você semeou:
Ps.: É sintomático que os lamentáveis comentários tenham vindo de Santa Catarina, estado que, a exemplo de São Paulo ("dos paulistas"), de Minas Gerais e do Paraná, também elegeu governador do PSDB. Vejam aí mais um exemplo da xenofobia que a campanha repulsiva dos tucanos fez emergir: