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domingo, fevereiro 03, 2013

Neymar e Miralles decidem e duas interpretações sobre lances polêmicos (visão santista)

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"A lição que eu tirei daquele jogo é que não podemos dar bola para o extracampo. Temos que pensar sempre dentro do campo, sem agredir adversário, sem jogar contra a torcida deles."

Desta forma, o meia são-paulino Paulo Henrique Ganso “aconselhava” o elenco de São Paulo sobre como deveriam lidar com o Bolívar, adversário do Tricolor na Libertadores, antes do confronto na competição. Curiosamente, o meia parece ter esquecido do próprio conselho e “entrou na pilha” no seu retorno à Vila Belmiro.

Ganso: pra que tanto ódio?
No intervalo, já pedia punição ao seu ex-clube por moedas jogadas no campo. Não pediu punição ao Bolívar em 2012, mesmo com seu “irmão” Neymar tendo sido atingido de fato por um objeto quando se preparava para cobrar um escanteio. Mas não titubeou em fazer isso contra o Santos. Freud explica.

Compreensível Ganso se sentir maltratado pelo Alvinegro. Como também é a torcida achar que o meia fez mal ao clube. Mesmo depois da complexa negociação que o levou ao São Paulo, um dos dois clubes que se interessou por ele à época, junto com o Grêmio (nenhuma agremiação do exterior se arriscou a cogitar pagar a multa), ele não poupou a língua, ou o bico. Insinuou que o São Paulo era diferente do Santos por um “pensamento de grandeza”. Na semana passada, depois de marcar seu primeiro tento pelo São Paulo em pouco mais de quatro meses de contrato, disse: “Vou chegar lá (Vila Belmiro) para fazer gol pelo São Paulo”.

Em um ambiente já conturbado como o futebol, no qual qualquer faísca se transforma em fogo, Ganso mostra atitudes duvidosas fora de campo, que certamente o tem prejudicado na carreira. Um veículo de imprensa, para melhorar, fez com um colunista fake fizesse uma convocação para que a torcida santista jogasse moedas no ex-ídolo. Todos, jogador e imprensa, muito responsáveis na hora de atiçar, e deveras moralistas (falsos, via de regra) na hora de pedir punição.

Em campo, Ganso foi apagado como tem sido há tempos. Toques de calcanhar de lado, passes também laterais, e um desempenho na segunda etapa que contribuiu para os visitantes perderem o meio de campo, setor no qual foram melhores nos primeiros 45 minutos. Conforme o lado, era marcado pelo excelente Renê Júnior ou por Arouca. Ney Franco errou ao demorar tanto para sacar o meia, o que pôs a nu o fracasso da sua estratégia de “motivar” o jogador ao colocá-lo como titular no clássico. Aliás, atleta que precisa de motivação com o salário e toda a estrutura que ele mesmo louva, é complicado. Ganso é realmente diferente. Para o bem e para o mal.

Mas vários atletas começaram mal e demoraram para engrenar no São Paulo. Foi o caso de Daryo Pereira, Careca, Raí. Essa é a esperança do torcedor são-paulino com o meia, que vai ficando cada vez mais distante de atuar na Copa de 2014.

Neymar, o jogo e duas interpretações

Muricy cansou de dar chances a André. Entrou Miralles, que se movimenta mais, volta para marcar e vez ou outra consegue roubar uma bola atrás. E, claro, o mais importante, tem feito gols. Não é aquela coisa em termos técnicos mas participa muito mais que o ex-titular. Dois gols em um clássico e seu concorrente está na berlinda.

Os laterais santistas mostraram hoje o seu valor na defesa. Bruno Peres foi soberano diante do mais que perigoso Osvaldo, e Guilherme Santos chegou a sofrer um pouco quando Cañete passou a cair por ali, mas a correção na marcação matou o lance forte do Tricolor. O defensor Neto, na esquerda ou na direta, foi muito bem e não tremeu no seu primeiro clássico. Já Montillo rendeu muito menos do que deveria, mas esse sim chegou outro dia e hoje completou seu sexto jogo pela equipe.

Miralles: intimidade com gol, e nenhuma com a dança
Neymar foi decisivo. Deu uma assistência maravilhosa no primeiro gol, um passe-matada. No segundo, tomou a penalidade e marcou. No terceiro, fez a assistência para Miralles. Nada de novo em  relação ao moleque maravilhoso.

Dois lances polêmicos da arbitragem e vou dar meus pitacos abrindo espaço para ser xingado por torcedores adversários. No lance em que Luis Fabiano fez um gol e o mesmo foi anulado, o comentarista de arbitragem Leonardo Gaciba disse que o gol foi legal, criticando a decisão da assistente Tatiane Camargo. É um ponto de vista, mas a regra é clara, embora existam algumas interpretações divergentes.

Para citar uma delas, recorro a um ex-árbitro e comentarista da área... O próprio Gaciba. Neste post, intitulado “Interpretação Moderna”, ele elogia justamente a forma com que a assistente Nadine Bastos interpretou um lance na partida entre Avaí e Atlético Ibirama, na qual validou um gol, mesmo com dois atletas avaianos em condição de impedimento. Contudo, ressalto esse trecho:

“A GRANDE ALTERAÇÃO [na regra do impedimento, n.r.] deu-se quando a FIFA modificou a palavra 'influência' por 'participação efetiva' na jogada, ou seja, aquele atleta na parte inferior do vídeo que chega a dar dois passos em direção a bola anteriormente deveria ser punido pela sua ação, hoje, não mais.

O raciocínio é o seguinte: O assistente deve perguntar se aquela corrida (dois passos) interferiu na ação de algum defensor que poderia chegar na bola e não o fez pelo movimento daquele atacante.  Observem que este não é o caso já que o goleiro sai na bola com naturalidade e os defensores que erguem o braço o fazem mais como torcida do que como reclamação efetiva.”

Reparou no trecho em negrito? O zagueiro Neto marca e acompanha a movimentação do zagueiro tricolor que está em posição de impedimento e poderia sim chegar em Luís Fabiano, já que estava perto do rival, caso não estivesse marcando um atleta impedido. A anulação do lance, portanto, é plausível, de acordo com essa interpretação. Claro que amanhã a bandeira pode ser punida (futebol é um meio sexista no qual não é exatamente a justiça que é feita, né?), mas deveriam ponderar um pouco mais a respeito.

Quanto à penalidade sofrida por Neymar, engraçado que o comentarista Neto, na Rede Bandeirantes, diz que o atacante santista não foi atingido por Paulo Miranda e que ele, Neymar, “tocou” no joelho do marcador e caiu. Claro, o santista, que tem olhos nas costas, conseguiu tocar com a panturrilha de forma proposital em seu adversário. A propósito, como tem comentarista com história corintiana que pende de forma apaixonada para o São Paulo em diversas ocasiões, vide o xodó da Fiel, fã de Rogério Ceni. 

Mas você pode não ter visto nenhum toque no lance (eu e muita gente vimos). Neymar pulou, escapou da falta e caiu. Portanto, não pode ser marcado pênalti, certo? Errado. Diz a regra 12 do dileto esporte:

“As faltas e incorreções serão sancionadas da seguinte maneira:

Tiro livre direto
Será concedido um tiro livre direto para a equipe adversária se um jogador cometer uma das seguintes sete infrações, de maneira que o árbitro considere imprudente, temerária ou com uso de uma força excessiva:
• dar ou tentar dar um pontapé (chute) em um adversário
• passar ou tentar passar uma rasteira em um adversário (...)
• dar uma entrada contra um adversário

Viu aí os negritos novamente? Nenhum atleta precisa esperar ser atingido pelo adversário para sofrer a falta. O são-paulino tenta ou atinge, conforme a visão, Neymar, mas certamente nem passou perto da bola. Lance semelhante aconteceu, aliás, em um jogo entre Santos e São Paulo no campeonato paulista do ano passado (ver aqui, a partir do 0:46), no qual foi marcado pênalti de Rafael em Luís Fabiano.

Xingamentos à vontade, mas agradecemos os argumentos.