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Não voltaremos à chamada Era Dunga. Por um motivo muito simples: não acredito que tenha existido uma Era Dunga, mas, sim, uma Era Parreira. Que felizmente, parece, enfim acabou.
Ninguém se dá conta da existência de uma outra época, a Idade Zagallo, mais longa do que outras eras da história do futebol. A era do ufanismo e da mediocridade. Antigamente, as escolas estaduais eram boas, mas éramos obrigados a cantar o hino nacional todos os dias antes de ir para a sala de aula. Era a ditadura. Quando ouço o “velho lobo” falar da “amarelinha”, lembro desse tempo obscuro, mentiroso, cínico.
A Era Zagallo, aliás, começou antes mesmo do regime militar, em 1958, mas não vi Zagallo jogar. Como se sabe, em 58 teríamos Pepe, o ponta esquerda do melhor time do mundo, e entrou o então “revolucionário” ponta recuado Zagallo. Conta a história que teria sido o infortúnio de uma contusão de Pepe que deu chance ao “craque” Zagallo, um paradigma do qual nunca mais nos livramos, já que – mais dia, menos dia – sempre voltou, como um sonho (no caso, pesadelo) recorrente. Houve outros que fizeram mesma função, como o Zinho de Parreira em 1994. Zinho que, como Dunga, foi injustiçado pela sanha jornalística ou popular de criar rótulos. Se Zinho foi uma “enceradeira” na seleção tetracampeã, ele não era isso no Palmeiras de Luxemburgo em 1993 e 1994. Os palmeirenses sabem disso. Zinho se transformou no Zé Roberto de 2006.
Enfim, o termo Era Dunga foi uma invenção de jornalistas, como milhões de outras. O problema naquele time pífio de 1994 – campeão que só me fez vibrar por gols espetaculares como o de Bebeto contra os EUA (jogada de Romário) ou de Branco contra a Holanda ou pelos poucos instantes em que Viola esteve em campo contra a Itália –, enfim, o problema naquele time pífio não era Dunga, mas Parreira. Dunga, pelo contrário, era um primeiro volante dos melhores. Um dos jogadores de melhor índice de acerto de passes de seu tempo.
Já como técnico, Glauco disse bem, abaixo: “Líder, sim. Positivo, nem sempre. Como técnico? Ainda não se sabe”. E, de fato, Dunga conhece a CBF. O alemão Klinsmann também era inexperiente e seu relativo sucesso se deve, como se sabe, a seu auxiliar, Joachim Löw. Klinsmann era o líder, Löw era o técnico de fato (agora, é de fato e de direito, já que assumiu a seleção alemã depois da Copa).
É provável que Dunga não dê certo. Mas, se tiver um bom auxiliar técnico, se representar uma transição, se der brios a um time sem alma e se estivermos livres de Parreira e Zagallo para sempre, já será um avanço. Nada é pior do que Parreira e Zagallo.