Destaques

terça-feira, julho 25, 2006

Deu na Folha On Line...

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Ator preso na Globo é conselheiro do Corinthians

O ator Ricardo Ackel Dualib, 29, ex-figurante da novela "Cobras & Lagartos" preso nesta terça-feira no Rio, após disparar tiros nos estúdios da Globo, é conselheiro vitalício do Corinthians, além de neto do presidente do clube, Alberto Dualib. Procurada pela reportagem, a família não quis se manifestar. O artista se encontra detido desde o final da manhã na 32ª DP, no Taquara, Rio, e ainda hoje será encaminhado para a Polinter (Polícia Interestadual).

No site de relacionamento Orkut, a página do ator, que não traz sua foto, já recebeu vários recados de amigos, alguns deles surpresos com a notícia da prisão. Dualib faz parte do Conselho do Corinthians e se declara, em sua página, um apaixonado por futebol.

A Folha Online ligou para a casa de Ricardo Dualib nesta tarde, e foi orientada a procurar a irmã dele, Vanessa, no celular. Questionada pela reportagem sobre a prisão, ela pediu um tempo antes de falar.

Sem perceber que a conversa era ouvida, Vanessa disse a alguém que estava ao seu lado que a Folha Online queria uma posição da família sobre o caso, e comentou "não temos o que falar, né?". Depois disso, o telefone foi desligado. Em uma nova tentativa, o aparelho encaminhou a ligação para a caixa postal.

Prisão

Dualib chegou armado à portaria 3 do Projac --estúdios da Rede Globo em Jacarepaguá, no Rio-- por volta das 9h45. Segundo informações de policiais da 32ª DP, ele saiu de São Paulo para o complexo de estúdios. Ele carregava desenhos de sua autoria e, ao chegar ao local, os lançou sobre uma estátua dizendo que queria que o material fosse analisado pela Globo e efetuou dois disparos para o alto.

De acordo com a assessoria de imprensa da emissora, o rapaz também gritava que queria atirar nas câmeras dos estúdios. Diferentemente da polícia, a Globo informou ainda, em nota, que Dualib chegou ao local trajando uma sunga --a polícia informou que ele estava nu na hora do crime.

Ainda Segundo informações da polícia, Dualib não aparentava estar sob o efeito de drogas, apesar de confessar, em depoimento informal, que bebe "algumas coisinhas" e fuma maconha às vezes.

Dualib afirmou aos policiais que pretendia apenas chamar atenção para o seu trabalho, mas admitiu ter exagerado em sua atitude. Ele não trabalhava como figurante para a Globo desde abril.

Dunga: "Gosto da defesa da Itália"

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

“Técnico não barra ninguém, é o jogador que se escala”, disse o novo técnico da seleção brasileira, o ex-jogador Dunga, em entrevista a Paulo Henrique Amorim nesta terça-feira, dia 25. O capitão do tetra não se sente intimidado para iniciar o novo desafio à frente da seleção e disse que barrou o atacante Cristiano Ronaldo “e não aconteceu nada por isso”. Dunga disse que a seleção vai dar “sangue, suor, lágrima e alegria” sob o seu comando. Ele deixou claro que os jogadores que estiverem sob seu comando terão que viver só para a seleção.Sobre a vitória da Itália na última copa ele disse que, como em todas as outras Copas, “foi a parte coletiva que prevaleceu”. Em relação a atuação do Brasil no jogo contra a França na copa, Dunga disse que “mais que não deixar o Zidane solto, era importante marcar quem recebia a bola dele”. Leia a íntegra da entrevista com Dunga:

Paulo Henrique Amorim – Dunga, você deve estar acompanhando evidentemente a repercussão à escolha do seu nome. Está todo mundo muito feliz, porque você tem todas as qualificações, porém, você nunca treinou um time de futebol. O que você diz sobre isso?
Dunga – Fico muito feliz com a repercussão. Lógico, essa é uma oportunidade única, a seleção brasileira é representativa. E vai depender tudo do nosso trabalho que vamos obter. Porque a seleção já teve treinadores bem experientes de outros clubes e que não tiveram o resultado esperado por todos na seleção. Vai depender muito daquilo que a gente fizer em campo.

Paulo Henrique Amorim – Não assusta?
Dunga – Não, acho que a vida é feita de desafios. E para vencermos na nossa vida, em qualquer profissão, tem que ter coragem de tomar decisão, de ter iniciativa, acho que minha forma de atuar como jogador foi exatamente essa. Uma certa tensão, receio, isso tem, mas jamais faltar coragem em um momento em que tem que se tomar decisão.

Paulo Henrique Amorim – Em seu benefício temos que evocar os exemplos de Klinsmann e do próprio Beckenbauer, que foram jogadores de seleção sem terem trabalhado em clube, não é isso?
Dunga – Seleção é um pouco diferente de clube, e esses jogadores demonstraram, tiveram sua capacidade. É claro que quando a gente tem a prática, a experiência, tem que alinhar um pouco da teoria, mas tem que fazer um grupo bom, não só de jogadores e comissão técnica, mas principalmente fazer os jogadores entender que quando estiverem na seleção brasileira eles têm que viver exclusivamente naquele período para a seleção. Essa filosofia de que naquele período curto ali eles têm que estar não só com o corpo, mas com a mente, a alma e o coração na seleção brasileira.

Paulo Henrique Amorim – Outro problema, desculpe se eu falo de problema, mas é uma questão que a gente tem que discutir, é que a seleção precisaria enfrentar as chamadas vacas sagradas, os nomes intocáveis, o Cafu, Roberto Carlos, Ronaldo Fenômeno, que está gordo. A pergunta que se faz é a seguinte: o Dunga barra estrela?
Dunga – Acho que não é o Dunga, treinador nenhum barra estrela. Ao mesmo tempo o treinador não escala nem convoca jogadores. Quem se escala e é barrado são os próprios jogadores com seu comportamento, com a atuação que têm nos clubes e na seleção brasileira. Então o treinador só pode colocar quando os jogadores estiverem em melhores condições.

Paulo Henrique Amorim – Para não falar da seleção brasileira passada, que evidentemente poderia criar para você um problema ético, mas o que você gostou das outras seleções dessa Copa do Mundo que a gente acabou de assistir?
Dunga – Eu acho que a motivação, a motivação dos jogadores, a determinação, principalmente sabendo seus limites e suas virtudes, explorar muito as virtudes e a característica de cada jogador para que o conjunto saia vencedor. E mais uma vez, essa Copa do Mundo não foi diferente das outras, apesar de não ter agradado muito a alguns. Se ganha uma Copa do Mundo com o grupo, não é nem com o time, é com o grupo da seleção. A individualidade é importante, agora, se nós colocarmos em primeiro lugar a individualidade, fica difícil. A Itália, que venceu a Copa do Mundo, demonstrou isso. Tinha o Totti, que era a grande sensação, mas no final o que prevaleceu mesmo foi a parte coletiva da Itália.

Paulo Henrique Amorim – Você gosta da defesa da Itália?
Dunga – Gosto.

Paulo Henrique Amorim – Que defesa boa, hein?
Dunga – Mas a nossa defesa também foi bem na Copa do Mundo, não temos o que reclamar.

Paulo Henrique Amorim – Você toparia falar sobre a seleção brasileira nessa Copa? O que você não gostou?
Dunga – Eu acho que é uma coisa anti-ética eu não estava lá, eu estava como torcedor.

Paulo Henrique Amorim – E você gostou de um conterrâneo seu, do desempenho do Felipão?
Dunga – Ele foi muito bem, como é característica sua. Coloca sempre a importância do coletivo. No Brasil sempre se faz umas ponderações. O Felipão tirou o Cristiano Ronaldo e não aconteceu nada , que o Cristiano Ronaldo sem jogar da forma que todo mundo conhece ele é útil na equipe de Portugal. Como ele não estava jogando, o Felipão deixou ele descansando. Então acho que isso fortaleceu a equipe de Portugal.

Paulo Henrique Amorim – Isso aí eu posso entender como recado para quem, Dunga? Dunga – Para ninguém. É aquilo que eu falei, é o jogador que se escala. Depende do rendimento, do comportamento e da atitude. Tem que pegar os melhores em rendimento, não é?

Paulo Henrique Amorim –
Você jogou contra ele lá em 1998, eu estava lá, assisti àquela seleção sofrer. Você deixaria o Zidane solto?
Dunga –
Mais do que deixar o Zidane solto, teria que marcar os jogadores para quem o Zidane dava a bola. Então depois que a bola chega no Zidane fica mais difícil de marcar. O que eu vi no jogo contra a França, o Zidane foi importante, mas era muito mais importante os jogadores que davam a opção, que pasavam, que estavam sempre livre. Então, quando o Brasil ia marcar o Zidane, ele só tinha duas opções para fazer o passe.

Paulo Henrique Amorim –
Você acredita que o Brasil tem os melhores jogadores do mundo?
Dunga –
O Brasil sem dúvida nenhuma tem jogadores de qualidade excepcional. Agora, a gente não pode se enganar também que outros países têm também jogadores de grande qualidade. Nós somos os melhores desde que entramos em campo e mostramos isso. E o Brasil só foi cinco vezes só... cinco vezes o melhor do mundo. Das outras vezes a gente fala que tivemos grandes individualidades, mas não tivemos uma seleção, tivemos uma equipe, um coletivo.

Paulo Henrique Amorim –
Na seleção do Dunga a gente pode imaginar que vai ter um apetite, uma garra como a da Itália?
Dunga –
Tem que ter esse apetite dessa da Itália aliada à nossa qualidade técnica. Não adianta só falar em garra, em vontade, mas tem que ter a qualidade técnica, aquilo que se equilibra no futebol.

Paulo Henrique Amorim –
Mas tinha também aquele Pirlo, que era bom pra burro, não?
Dunga –
O Pirlo, o Zambrota, o Cannavaro, o Camoranesi.

segunda-feira, julho 24, 2006

A volta da Era Dunga

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook


Ontem os boatos já ficavam mais fortes e hoje veio a confirmação: Dunga, capitão do Tetra, é o novo técnico da seleção brasileira. A escolha remete a 1991 quando, após a fracassada campanha na copa da Itália, Falcão, que também nunca havia treinado uma equipe de futebol, foi escolhido como comandante do escrete verde-amarelo.

Mas as semelhanças param por aí. Se àquela época o ex-técnico Sebastião Lazzaroni foi escurraçado, ninguém duvide que, mesmo derrotado, Parreira foi ouvido na escolha do seu sucessor. E deu aval ao seu ex-comandado, que tem como objetivo trazer de volta a "vibração" que teria feito falta à equipe na Alemanha.

Outra hipótese provável e apontada por muitos como a mais possível, é que Dunga estaria apenas esquentando o banco para um técnico de renome assumir a seleção mais adiante. No caso, Felipão tem contrato com a seleção portuguesa até a Eurocopa de 2008 e, em tese, estaria livre para comandar o Brasil na Copa de 2010. A versão pode até ter sua verossimilhança, mas alguém combinou com o Felipão? E se Portugal tiver outro desempenho brilhante no torneio, ele deixaria a equipe?

Dunga, como jogador da seleção, foi um tido como um dos grandes responsáveis pelo fracasso de 1990 quando, em um lance simbólico, ficou no chão tentando marcar um Maradona fora de forma que assistiu Caniggia no gol que eliminou o Brasil do torneio. Em 1994, mais técnico do que na edição anterior, fez assistências e caiu bem menos no gramado. Em 1998, protagonizou um racha na equipe, divergindo de outros que não concordavam com seu "comando".

Líder, sim. Positivo, nem sempre. Como técnico? Ainda não se sabe, mas uma declaração de Jorginho, ex-lateral da seleção, pode dar uma dica importante para a motivação da escolha. "O Luxemburgo já esteve lá, mas ele não conhece bem o dia a dia na CBF, o que passa na cabeça dos jogadores. Nesse ponto, o Dunga está na frente". É preciso conhecer bem a CBF...

Um minuto de silêncio...

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

... pelo futebol brasileiro.
O novo técnico da Seleção é Dunga.

detalhes:
http://esporte.uol.com.br/futebol/ultimas/2006/07/24/ult59u102966.jhtm

quinta-feira, julho 20, 2006

Maldade do manguaça

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Comentário ouvido ontem à noite, em um bar da cidade de São Paulo, sobre o posicionamento de Rogério Ceni em cobranças de pênalti:

"Qualquer dia o Rogério vai pegar a bola antes do cara chutar"

Reação custa US$ 2 mil mais que ofensa

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

A comissão disciplinar da Fifa optou por uma punição simbólica a Zidane, que foi julgado nesta quinta-feira pela cabeçada que deu no zagueiro Materazzi na final da Copa do Mundo. O ex-capitão da seleção francesa foi multado em 7.500 francos suíços (cerca de US$ 6 mil) e pegou três jogos de suspensão - que serão revertidos em prestação de serviços para a Fifa, pois Zidane encerrou a carreira na decisão do mundial.

Materazzi, que ofendeu a mãe e a irmã do francês no lance fatídico, pegou punição mais branda: foi suspenso por duas partidas e terá de pagar multa de 5 mil francos suíços (cerca de US$ 4 mil). Com isso, ficará fora das partidas contra Lituânia e França, as primeiras das eliminatórias para a Eurocopa-2008. Nada foi dito sobre possíveis conotações racistas das ofensas do italiano, que teria chamado Zidane e familiares, todos muçulmanos, de "terroristas".

Em 2005, o zagueiro Desábato, do clube argentino Quilmes, pagou fiança de R$ 10 mil (cerca de US$ 5 mil) para escapar da prisão, depois de ofender com palavras racistas o atacante Grafite, do São Paulo, durante partida da Libertadores da América. O lance tem semelhança com o que ocorreu na final da Copa, pois, ao ser ofendido, Grafite empurrou a cara de Desábato, atirando-o ao chão. Assim como Zidane, foi expulso. Mas não pagou multa depois.

Agora vai!

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

1 - O glorioso volante Zé Elias, com passagem recente pelo Guarani de Campinas, está de volta ao futebol do velho continente. Ele assinou por um ano com o Omonia, do Chipre, e disputará a Copa da Uefa.

2 - Jardel, atacante cearense que fez sucesso no Grêmio e no Porto, também retorna ao futebol europeu. Ele foi apresentado como reforço do Beira-Mar, que subiu este ano para a primeira divisão do Campeonato Português.

quarta-feira, julho 19, 2006

Galeano sabe do que fala...

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

O Mundial de Zidane

Por Eduardo Galeano (*)

Montevidéu, julho/2006 – No cenário da sanidade, um ataque de loucura. Em um templo consagrado à adoração do futebol e ao respeito de suas regras, onde a Coca-Cola proporciona felicidade, Master Card leva à prosperidade e Hyundai dá velocidade, são disputados os últimos minutos da última partida do campeonato mundial. Este é, também, a última partida do melhor jogador, o mais admirado, o mais querido, que está dizendo adeus ao futebol. Os olhos do mundo estão voltados para ele. E, subitamente, este rei da festa se converte em um touro furioso e investe contra um rival e o derruba, com uma cabeçada no peito, e se vai.

Deixa o campo por determinação do árbitro e pela vaia do público, que seria uma ovação. E não sai pela porta principal, mas pelo triste túnel que leva aos vestiários. No caminho, passa ao lado da taça de ouro reservada à equipe campeã. Ele nem a olha.

Quando este Mundial começou, os especialistas disseram que Zinedine Zidane estava velho. Mariano Pernia, o Argentina que joga na seleção espanhola comentou: “Velho é o vento, e continua soprando”. E a França derrotou a Espanha e Zidane foi, nessa partida, e nas seguintes, o mais jovem de todos.

Depois, no fim do campeonato, quando aconteceu o que aconteceu, foi fácil atacar o ruim do filme. Mas era, e continua sendo, difícil compreendê-lo. Será verdade? Não será um pesadelo, um sonho equivocado? Como pôde abandonar os seus quando mais necessitavam dele? Horacio Elizondo, o árbitro, lhe deu cartão vermelho com toda a razão, mas por que Zidane fez o que fez?

Ao que parece, o zagueiro italiano Marco Materazzi lhe dirigiu alguns desses insultos racistas que os energúmenos costumam gritar desde as tribunas dos estádios. Zidane, muçulmano, filho de argelinos, havia aprendido a se defender, desde a infância, quando recebia ataques desse tipo nos subúrbios pobres de Marselha. Conhece bem esses insultos, mas lhe doeram como a primeira vez, e seus inimigos sabem que a provocação funciona. Mais de uma vez fizeram com que perdesse a cabeça desta maneira suja, e Materazzi não é, digamos, famoso por sua limpeza.

Este Mundial esteve marcado pelas declarações das seleções, antes de cada partida, contra a peste universal do racismo, e Zidane foi um dos jogadores que o fez possível.O tema é candente. Às vésperas da Copa do Mundo, o dirigente político Jean-Marie Le Pen proclamou que a França não se reconhecia em seus jogadores, porque eram quase todos negros e porque seu capitão, um árabe, não cantava o hino nacional. Algum tempo antes, o treinador da seleção espanhola, Luis Aragonés, havia chamado de negro de merda o jogador francês Thierry Henry, e o presidente perpétuo do futebol sul-americano, Nicolas Leoz, apresentou sua autobiografia dizendo que nasceu em um povoado onde viviam 500 pessoas e três mil índios.

Mas pode-se reduzir a um insulto, ou a vários insultos, esta tragédia do vencedor que escolhe ser perdedor, do astro que renuncia à glória quando a tem ao alcance das mãos? Talvez, quem sabe, essa louca investida tenha sido, embora Zidane não quisesse, nem soubesse, um rugido de impotência.

Talvez tenha sido um rugido de impotência contra os insultos, as cotoveladas, as cusparadas, os chutes mal-intencionados, as simulações dos especialistas em contorções, mestres do ai de mim, e contra as artes de teatro dos farsantes que matam e exibem uma cara de não fui eu.

Ou, talvez, tenha sido um rugido de impotência contra o êxito esmagador do futebol feio, contra a mesquinhez, a covardia e a ganância do futebol que a globalização, inimiga da diversidade, está nos impondo. Por fim, na medida em que o campeonato avançava, ficava cada vez mais claro que Zidane não era deste circo. E suas artes de magia, sua presença, sua melancólica elegância, mereciam o fracasso, bem como o mundo de nosso tempo, que fabrica em série os modelos do sucesso, merecia este medíocre campeonato mundial.

E, de alguma maneira, também se pode dizer que a Itália merecia a Copa, porque todas as seleções, algumas mais, outras menos, jogaram à italiana e com o mesmo esquema de jogo, linha de quatro atrás, defesa fechada e gols roubados graças a contra-ataques.

A Itália se impôs, como tinha de ser. No final, o esquema tático causou muitos bocejos, mas também lhe deu quatro títulos mundiais. E ao longo desta quarta vitória sofreu dois gols, um contra e outro de pênalti, e na retaguarda, não na vanguarda, teve seus melhores jogadores: Buffon, goleiro, e Cannavaro, zagueiro.

Oito jogadores da Juventus chegaram à final em Berlim: cinco jogando pela Itália e três pela França. E se deu a casualidade de a Juventus ser a equipe mais comprometida nos escândalos que vieram à público pouco antes do Mundial. Das mãos limpas aos pés limpos: a justiça italiana parecia decidida a mandar para o exílio, a série B e a série C, os clubes mais poderosos, incluindo a Lazio, a Fiorentina e o Milan, do virtuoso Silvio Berlusconi, que praticou a fraude e a impunidade no futebol, nos negócios e no governo. Os juízes comprovaram toda uma classe de trapaças, contra árbitros, compra de jornalistas, falsificação de contratos, adulteração de balanços, divisão de posições no campeonato italiano, manipulação dos programas da tele...

Um ministro do governo anunciou a anistia caso a Itália vencesse o Mundial. A Itália ganhou. Tudo isso dará em nada, uma vez mais, e como sempre? Zidane foi punido por muito menos.

Alguém, não sei quem, soube resumir da seguinte maneira a Copa 2006: “Os jogadores têm uma conduta exemplar. Não bebem, não fumam, não jogam”. Os que de vez em quando acertavam a bola no gol, não jogavam bonito, e os que jogavam bonito nunca acertavam o gol. Toda a África ficou fora logo cedo, e não demorou muito para toda a América Latina também partir para o exílio. O campeonato mundial se converteu em uma Eurocopa.

Os resultados recompensavam este que agora chama de sentido prático: altos muros defensivos e na frente algum atacante, um Cavaleiro Solitário, implorando um favorzinho de Deus. Como costuma ocorrer o futebol e na vida, perde o que melhor joga e ganha o que joga para não perder.

Os pênaltis ajudaram a injustiça. Até 1968, as partidas difíceis eram definidas no cara ou coroa. De alguma maneira, continua sendo assim. Concluída a prorrogação, os pênaltis se parecem muito com o capricho do acaso. A Argentina foi mais do que a Alemanha, e a a França mais do que a Itália, mas uns poucos segundos puderam mais do que duas horas de jogo, e a Argentina teve de voltar para casa e a França perdeu a Copa.

Pouca fantasia foi vista. Os artistas deram lugar aos levantadores de peso e aos corredores olímpicos, que ao passarem chutavam a bola ou um adversário.

O Mundial foi tão aborrecido que os donos do negócio não tiveram outra coisa a fazer a não ser imaginar projetos para injetar entusiasmo no decaído espetáculo. Uma das idéias nascidas dentro da Fifa propõe castigar o empate não concedendo ponto às equipes. Outra sugere aumentar a distância entre as traves para aumentar o número de gols. E outra, se não te agrada este cardápio, pretendem uma Copa a cada dois anos.

Mas o futebol profissional, espelho do mundo, joga para ganhar, não por prazer, e o cálculo de custos zomba destas inúteis piruetas imaginárias dos burocratas que comandam o futebol mundial. Menos mal que o futebol profissional não é todo o futebol. Basta sair às ruas, ir às praias, aos campinhos, para comprovar que a bola pode rolar com alegria. No futebol profissional, o que aparece na televisão, pouca alegria se vê. Parecemos condenados à nostalgia do velho tempo dos cinco forwards e à triste comprovação de que agora nos resta apenas um, e no passo que seguimos nem um restará: todos atrás, nenhum na frente. Como comprovou o zoólogo Roberto Fontanarrosa, o atacante e o urso panda são espécies em extinção. (IPS/Envolverde)

(*) Eduardo Galeano, escritor e jornalista uruguaio, autor de As veias abertas da América Latina e Memórias do fogo.


terça-feira, julho 18, 2006

O "Canhão da Vila"

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Sem medo de fazer propaganda, saiu na Fórum de julho uma entrevista da qual participei com o lendário José Macia, o Pepe, segundo maior artilheiro da história do Santos, ficando atrás apenas de Pelé. A matéria se deu por conta do lançamento do seu livro de memórias, "Bombas de Alegria", Realejo Editorial. Abaixo, um dos muitos causos contados pelo jogador.


As sete ondas - 1969

O jogo era contra o Corinthians no Pacaembu. Lula havia deixado o Santos e era agora técnico da A.A.Portuguesa também da cidade praiana. Chamou o seu massagista Beicinho, um crioulinho ágil e esperto, e intimou:
– Beicinho, hoje é sexta-feira. Você vai logo mais à meia-noite no mar, conta direitinho sete ondas e as pega num balde. Pois o Corinthians é um time perigoso, de mandingas, e temos que estar prevenidos, não quero perder esse jogo domingo!
Assim foi feito.
No domingo a delegação da Lusa santista chega nos vestiários do
Pacaembu com o chefão Lula à frente. Examinou bem o recinto e antes de nele entrar gritou:
– Ninguém entra! Aqui há coisa feita!
Chamou Beicinho e ordenou que lavasse os vestiários arremessando a água do balde com as sete ondas apanhadas na sexta-feira à noite. E Lula exclamava enquanto a água escorria:
– lemanjá vai nos garantir e proteger tranquilamente! Ela não falha! Após o apito final, com sete a zero para o Corinthians, Beicinho quase “recebeu as contas” quando disse ao Lula:
– Professor, ainda bem que eu só peguei sete ondas. Já pensou se eu pegasse umas dez ou quinze?

segunda-feira, julho 17, 2006

Como time pequeno 2 (A missão)

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

No último sábado, contrariando minha índole são-paulina de só ver jogo em casa, fui ao Morumbi ver São Paulo e Figueirense. O ingresso a R$ 10 me convenceu a rever o estádio onde não punha os pés desde a fatídica final do Brasileirão de 89, contra o Vasco (sim, eu vi aquele humilhante gol de cabeça do Sorato in loco). Não tinha fila na bilheteria nem pra entrar. Saí de casa com antecedência de 40 minutos e entrei no estádio antes do apito inicial.

O São Paulo partiu com tudo pra cima do Figueira, perdeu um gol feito com Danilo aos 40 segundos e abriu o placar com Ricardo Oliveira aos 2 minutos, após uma bela roubada de bola do Lúcio na esquerda, que tocou para o Thiago cruzar na área. Depois disso, o Tricolor foi completamente dominado pelo time de Florianópolis, que só não aplicou uma goleada vexaminosa porque seus atacantes são muito ruins.

Poucas vezes vi o São Paulo jogar tão mal. Um verdadeiro timinho pequeno, horrível, desprezível. Danilo não pegou na bola, Thiago só fez aquela assistência e mais nada, Josué e Lugano erraram dúzias de passes bobos e deram contra-ataques fulminantes para o Figueirense, Mineiro estava perdido, Souza não produziu nada de útil e ninguém no time, mas ninguém mesmo, conseguiu marcar com um mínimo de competência. Os laterais adversários faziam o que queriam e saíam livres na cara do Rogério Ceni de minuto em minuto. Verdadeiro teste para são-paulinos cardíacos.

Quando o Figueirense empatou, achei que o São Paulo ia levar mais 3 ou 4 gols em seqüência. Não fosse um choque de cabeça entre Mineiro e um adversário, que parou o jogo e esfriou a pressão do time de Santa Catarina, tenho certeza de que o Tricolor teria sido derrotado. O gol de André Dias no último minuto foi um puta alívio, mas, ao mesmo tempo, uma tremenda injustiça. O Figueirense mandou no jogo de ponta a ponta.

Sinceramente, estou pra lá de cético quanto a partida de quarta-feira, contra o Estudiantes. Acho que a vaca já tomou o caminho do brejo e só me restará torcer por melhor sorte no Campeonato Brasileiro. O Gerardo Lazzari já pode comprar os rojões.

Como time pequeno

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

O Palmeiras venceu o Corinthians, que agora amarga a vice-lanterna do Brasileirão, empatado em pontos com o Santa Cruz. Como a zona do rebaixamento ainda é uma realidade de quatro pontos – diferença para o bolo dos quase-na-lama com 14 pontos –, acabo ficando mais contente com a queda do alvi-negro paulistano do que da vitória palestrina.

O novo-time de Tite é muito diferente do que saiu de férias antes da Copa. Menos em peças do que em estilo. Com o técnico gaúcho, o Verdão se convence de que, mesmo com grandes nomes do passado em seu elenco, precisa se portar como time pequeno. Acossado no começo do jogo, a aposta na vantagem oferecida pelo preparo físico e marcação dura permitiu ao Palmeiras vener com um gol no fim da primeira etapa em sua única chance real naquela etapa. Desestruturado, o Corinthians não conseguiu reagir.

Em competição em que time grande joga como pequeno para não cair, impera a saudade da Copa do Mundo.

sexta-feira, julho 14, 2006

Seleção: quem assumir agora sobrevive até 2010?

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

A CBF queria Luiz Felipe Scolari no comando da seleção brasileira em substituição a Carlos Alberto Parreira. Porém, com a recusa do atual comandante de Portugal, os nomes de Vanderlei Luxemburgo, hoje no Santos, e Paulo Autuori, no futebol japonês, ganharam força. Leão, que está no São Caetano, continua proscrito enquanto Ricardo Teixeira estiver na CBF. Será que além desses quatro nomes existem outros que poderiam assumir a seleção?

O treinador do Santos já comandou o Brasil entre 1998 e 2000, quando conquistou a Copa América de 1999, mas perdeu os Jogos Olímpicos de Sydney no ano seguinte. Paulo Autuori também tem experiência em seleções, já que treinou o Peru durante alguns jogos nas últimas Eliminatórias. Mas só está cotado devido as conquistas da Libertadores da América e do Mundial de Clubes da Fifa no ano passado, pelo São Paulo.

Entre nós, manguaças, há um certo consenso de que o treinador que assumir a seleção agora não sobrevive no cargo até a Copa de 2010. Quando Felipão foi procurado pela primeira vez, em 2000, recusou. Esperou Leão assumir e ser fritado pra pegar a seleção na reta final para a Copa de 2002, quando parecia impossível perder o cargo. Estaria fazendo o mesmo agora?

O fato é que Parreira assumiu em janeiro de 2003 e permaneceu até a Copa da Alemanha. Talvez tenha tido a sorte de o Brasil nem ter se classificado para a disputa das Olimpíadas de Athenas, em 2004. Assim, não houve a tradicional pressão para que a seleção conquistasse, enfim, sua primeira medalha de ouro no futebol. Além do mais, o Brasil tinha faturado a Copa de 2002 e a torcida estava satisfeita.

Mas agora é diferente. O Brasil perdeu o mundial e a cobrança pelo ouro olímpico voltará forte, como uma espécie de redenção obrigatória. Foi assim em 2000, na Austrália. A derrota em 1998 e o novo insucesso diante de Camarões, nas Olimpíadas de Sydney, determinaram a queda de Vanderlei Luxemburgo.

Portanto, quem assumir agora terá que classificar a seleção para Pequim 2008 e, de preferência, trazer a medalha de outro. Senão, será difícil resistir até 2010. Quem se habilitará? Façam suas apostas.

quinta-feira, julho 13, 2006

"Tomei um vinho. Talvez tenha a ver com isso"

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

"Eu não sou irresponsável (de beber antes de entrar no ar). Do contrário não teria 33 anos de profissão", afirmou Fernando Vanucci para a Folha de S.Paulo, ao comentar o episódio do último domingo. O jornalista afirmou que teve uma discussão por telefone com um de seus filhos. "Tenho pressão alta e fiz, em 2001, uma cirurgia no coração para corrigir um problema congênito. Tomo remédios fortes todos os dias. O telefonema foi muito estressante, minha pressão ficou alta", completou ele, dizendo que tomou "uma dose alta" de Lorax, uma hora e meia antes do início do programa.

"Isso me deu uma relaxada. Por azar, o pico do efeito ocorreu quando entrei no ar. Eu sentia que ia cair. Tinha visão dupla, por isso fechava um olho para tentar enxergar com o outro. Foi me dando um pânico, eu queria sair correndo", afirmou Vanucci. Depois do ocorrido, o apresentador recebeu uma advertência verbal da RedeTV! e voltou a trabalhar na terça-feira. "O pior é que não tomei (álcool). No domingo procuro não beber. No sábado eu tomei um vinhozinho. Talvez tenha a ver com isso", finalizou Vanucci.

Segundo o psiquiatra Dartiu Xavier, Universidade Federal de São Paulo, o que ocorreu com o jornalista não é comum a quem já toma calmantes - a não ser que se misture com álcool, porque o medicamento potencializa o efeito da bebida.


quarta-feira, julho 12, 2006

Ainda Zidane

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Deu no Le Monde a seguinte declaração de Zidane:

"Michel Denisot (o entrevistador) lhe perguntou se a realidade "confirmava" o que disseram os tablóides ingleses, que se apoiaram em especialistas de leitura labial, e acusaram o italiano de ter dito: "Todo mundo sabe que você é filho de uma puta terrorista". Zidane respondeu simplesmente: "Sim."


E agora, Fifa?

"-Vô chamá meu adevogado!!!"

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Um advogado francês anunciou nesta quarta-feira a intenção de recorrer à Justiça para que a final da Copa 2006, entre Itália e França, seja anulada, caso a expulsão do francês Zinedine Zidane tenha ocorrido depois da arbitragem ter recorrido à ajuda "ilegal" do vídeo. Méhana Mouhou pedirá diretamente a um tribunal de justiça comum de Paris o "interrogatório do quarto árbitro e de qualquer pessoa que teve direta ou indiretamente relação com a punição dada a Zidane". O advogado, que espera ter sua demanda concluída na semana que vem, quer esclarecer se a decisão foi tomada de forma ilegal, com o recurso ao vídeo. Nesse caso, "o objetivo da ação judicial é a anulação da partida", informou.

Zidane diz que não se arrepende da cabeçada

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

O meia francês Zinedine Zidane pediu desculpas nesta quarta-feira pela sua agressão no zagueiro italiano Marco Materazzi na final da Copa do Mundo. Entretanto, o jogador declarou que não se arrepende da cabeçada. O jogador da seleção francesa deu uma entrevista para o Canal Plus para esclarecer o ocorrido.

"Não posso lamentar meu gesto porque isso mostraria que ele teve razão ao dizer tudo aquilo. Não posso, não posso, não posso dizer isso. Não basta punir somente a reação", justificou. De acordo com Zidane, Materazzi teria dito "duas ou três palavras muito duras" com insultos a sua mãe e a sua irmã. O meia ressaltou que o zagueiro italiano é o principal culpado pelo episódio.

"Se não há uma provocação, não pode haver uma reação. É necessário castigar o verdadeiro culpado e o culpado é ele, que provocou. Vocês acham que numa final de Copa do Mundo, quando faltam dez minutos para minha aposentadoria, eu faria um gesto desses porque me causa prazer?", enfatizou o meia.

Em entrevista ao jornal alemão Bild, Malika, a mãe de Zidane, defendeu a cabeçada do filho no italiano. "Eu defendo Zidane", afirmou Malika. "Quero que me sirvam os ovos de Materazzi em uma bandeja", disparou. Para a mãe do atacante, Zidane fez o que fez para "defender a honra da família. Algumas coisas são mais importantes do que o futebol", justificou.

Revista diz que tetra italiano pode ser anulado

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Edição publicada nesta terça-feira da revista alemã Der Spiegel traz reportagem intitulada "Por que a Fifa pode cancelar o título da Itália", elencando fatores que poderiam levar a uma eventual punição da equipe tetracampeã, por conta do episódio envolvendo o francês Zidane e o zagueiro italiano Materazzi, na final disputada domingo passado.

No episódio, Materazzi teria chamado o meia de "terrorista sujo", dentre outros xingamentos, referindo-se à origem muçulmana do agora ex-jogador francês, que é filho de imigrantes argelinos e nasceu em Marselha. O suposto insulto teria levado Zidane a dar uma cabeçada no italiano, sendo expulso no segundo tempo da prorrogação.

Para justificar o suposto risco de perda do título italiano, a Der Spiegel cita as recentes e pesadas punições contra o racismo estabelecidas em março deste ano pela Fifa. Segundo o artigo 55 da resolução 4 do Regulamento Disciplinar da Fifa, jogadores de federações oficiais ou de clubes que vierem a agir de alguma forma discriminatória terão suas equipes punidas automaticamente com a perda de três pontos ou a desqualificação em partidas eliminatórias.

Ontem, a Fifa anunciou que abrirá um processo disciplinar para averiguar as circunstâncias nas quais Zidane agrediu Materazzi - que já admitiu ter insultado o francês, negando porém tê-lo chamado de "terrorista". A Fifa não mencionou se o italiano também será investigado:

"Membros da Fifa começarão uma investigação disciplinar sobre a conduta de Zidane. Desejamos esclarecer, acima de tudo, as circunstâncias que rodearam aquele incidente. Também queremos enfatizar que a expulsão de Zidane foi correta, já que o quarto árbitro da partida, Luis Medina, observou o lance sem o auxílio da televisão e informou o ocorrido ao juiz principal, Horacio Elizondo", disse o comunicado da Fifa.

As conseqüências do título da Itália

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Passados três dias do fim da Copa e o mundo começa a vislumbrar os efeitos da vitória da Itália. Além do possível surto de times defensivos (comos e tivéssemos poucos) em virtude do esquema da equipe campeã, uma bela pizza começa a ser preparada no Calcio. O clima favorável depois do tetrafaz com que algumas figuras comecem a defender a não punição dos times envolvidos no escândalo da máfia da arbitragem e manipulção de resultados no país. Juventus, Milan, Fiorentina e Lazio correm risco de serem rebaixados para divisões inferiores do futebol italiano outras 26 pessoas também estão sendo acusadas de participarem do escândalo e podem até ser banidas do futebol.

Mas o oba-oba da Copa pode salvar a todos. O ex-presidente italiano Silvio Berlusconi foi o primeiro a defender penas leves para as equipes. “Não podemos punir os torcedores. As pessoas devem ser punidas, não os clubes”, disse o desinteressado político e empresário que também é dono do Milan. Já o ministro da Justiça (sic) da Itália, Clemente Mastella, fez questão de destacar a conquista e usar o título como justificativa para abafar o escândalo. “Vamos fazer o que faziam na Roma antiga: quem nos deu prestígio e dignidade deve ser tratado de maneira diferente, como alguém que fez algo exemplar”. Que argumento!

Enquanto isso, a Fifa investiga o caso Zidane, que pode perder a Bola de Ouro de melhor jogador por conta da sua cabeçada na final, segundo declarações do presidente da entidade Joseph Blatter. Por outro lado, a revista alemã Der Spiegel revela que a Itália poderia até perder o título se forem comprovadas as ofensas racistas de Materazzi ao francês, com base no artigo 55 da resolução 4 do Regulamento Disciplinar da Fifa. O regulamento diz que jogadores de federações oficiais ou de clubes que vierem a agir de alguma forma discriminatória terão suas equipes punidas automaticamente com a perda de três pontos ou a desqualificação em partidas eliminatórias.

terça-feira, julho 11, 2006

O país da retranca

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Olha o começo dessa matéria do Terra (o endereço mostrava só http://www.terra.com.br/istoe, dia 11 a noite): "O técnico Carlos Alberto Parreira tinha nas mãos o mais badalado e talentoso grupo do mundo. Mas a falta de pulso, a indecisão, a soberba, as concessões aos veteranos e um frouxo esquema de marcação levaram à eliminação prematura na Copa."

Viram porque a seleção naufragou? Porque faltou marcação. O bendito time tomou DOIS GOLS em cinco jogos. DOIS. Contra a França, se é verdade que Zidane jogou livre e bem pra caramba, també é verdade que nenhuma de suas jogadas com a bola rolando resultou em gol, que só saiu numa falta (extremamente bem batida).

Por outro lado, no mesmo e fatídico jogo, o Brasil chutou QUATRO bolas no gol francês e só UMA deu trabalho para Barthez. Naõ existia saída de bola da defesa para o meio campo, que por sua vez era absolutamente inoperante (muito pior do que quando o execrado Ronaldinho Gaúcho jogou por ali). E o ataque ficou lá, esperando. Catso, como é que o grande problema desse time era falta de marcação?

Teve gente que disse que a solução era ter colocado o Mineiro, para segurar o Zidane. E não só isso, antes da eliminação a grande resposta de outros tantos era colocar o Juninho Pernambucano no lugar de alguém do quadrado mágico, jogador de características muito mais defensivas, que sempre jogou na seleção de segundo volante. O coro pelo, com a licença do companheiro Glauco, emplatro Brás Cubas era maior do o pela entrada de Robinho, mesmo este tendo melhorado o time em todas as partidas que entrou. Não existe nenhuma solução que privilegie o ataque?

Ao mesmo tempo, vejo a exaltação da raça de Portugal e o endeusamento de Felipão. Portugal tinha um time bom, com jogadores como Figo, Deco, Cristiano Ronaldo e Maniche (eleito um dos melhores da Copa). e mesmoassim jogava sempre defensivamente, no contra-ataque.

O que eu vejo com isso é algo perigoso: o Brasil se tornou uma nação de retranqueiros. Entrou na cabeça das pessoas que futebol bonito é coisa do passado, que primeiro tem que pensar na defesa, que ganha jogo quem faz mais faltas, que o gol é apenas um detalhe no futebol. Enfim, essa troletada de baboseiras que a Era Dunga começou e que agora ressurgem modificadas no que talvez possa ser chamado Era Felipão.

Outro dia, comentei um post do O.S. (nem lembro o tema) dizendo que retranca era coisa de alemão. Injustiça. A seleção anfitriã foi a que mais atacou nessa Copa, jogando a maior parte do tempo no campo do adversário, sufocando, buscando o gol o tempo todo. Infelizmente, parece que retranca agora é coisa de brasileiro.

Sandices fascistas

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

O político italiano Roberto Calderoli demonstrou sentir saudades dos tempos de Mussolini. Vice-presidente do Senado e dirigente da direitista Liga do Norte, ele afirmou que a França “sacrificou sua identidade” ao escalar “negros, islamitas e comunistas”.
Ele saudou o título italiano como "uma vitória da identidade italiana, de uma equipe que escalou lombardos, napolitanos, venezianos e calabreses e que ganhou de uma equipe da França que sacrificou sua própria identidade escalando negros, islamitas e comunistas para obter resultados".

O embaixador francês na Itália, Yves Aubin de Messuzière, considerou a declaração fascista de Calderoli "inaceitável e depreciável, destinada a fomentar o ódio", e enviou uma carta ao presidente do Senado, Franco Marini, exigindo desculpas formais.

Calderoli, não satisfeito, negou-se a pedir desculpas e afirmou que "quando digo que a equipe da França é formada por negros, islamitas e comunistas digo uma coisa objetiva e evidente".

"Quem se escandaliza e exige desculpas não tem a consciência tranqüila. A França é uma nação multi-étnica, devido a seu passado colonialista, do qual eu não estaria orgulhoso. Mas não é minha culpa se alguns ficaram perplexos com uma equipe que escalou sete negros, se Barthez canta a Internacional em vez da Marselhesa ou se alguns preferem Meca a Belém", acrescentou. "Não creio que deva me envergonhar pelo que disse, ainda que isso choque Paris, onde se trata Zidane de gênio, confundindo um golpe de gênio com uma cabeçada", concluiu Calderoli.

Não é a primeira vez que o digníssimo senhor, que foi ministro de Berlusconi, outro grande democrata de nosso tempo, brinda o mundo com sua sapiência e pensamento progressista. Depois da grave crise causada pelas controvertidas caricaturas do profeta Maomé, apareceu enrolado com uma dessas caricaturas na emissora pública de televisão RAI.