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terça-feira, julho 29, 2008

Efeitos da lei seca e a cerveja que parece água

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Almoço de família, chego em sétimo. Só faltam uns 15 para a comida chegar à mesa.

A tecnologia para abastecer os sedentos convivas é levar as garrafas longneck para uma mesa auxiliar, de onde todos, comedidamente, se apropriam de uma pra degustar.

Não sei por que, depois da saudação inicial, meu olhar se dirigiu diretamente para onde se concentravam as garrafinhas. Rapidamente, vi duas de rótulo azul onde se lia "Bavaria", mas "sem álcool".

– Rapaz, olha o que dá a lei seca no trânsito, o pessoal se preocupou com o teste do bafômetro dos convidados... – elogiei para quem estava do lado.

(Note-se, pelo que se segue, que o elogio faz parte do clima familiar estabelecido e não à opção da cerveja sem álcool)

– Sem álcool, é? E é boa? – devolveu capciosamente o interlocutor.

– Não sei, nunca provei – devolvi.

O figura resolveu que era hora de tentar, saber qual era a da sem álcool, e para saber se os 25% de aumento nas vendas do segmento depois da lei seca iam ser sustentados ou não, se valeria a pena ir além do "pra provar".

– Bora dividir? – convocou.

– Não, brigado... – esquivei – Minha religião não permite.

Em seguida ele abre a garrafa, serve o próprio copo. Gelada que estava, não faz espuma. Será que a imitação é tão boa assim?

– Parece água – sentenciou.

Achei que fosse jogo de cena, para dizer que "não tinha graça" num número típico de um manguaça que quer se dizer incorruptível pelo desrespeito ao mandato etílico. Mas não me arrisquei. É melhor evitar o primeiro gole da sem álcool, já ensina o manual. Ele insistiu em comparar com água, dizendo que nem gosto tinha.

Então, tá.

Passa meia hora, chega quem tem que chegar. E nada de a outra sem álcool encontrar dono. Ela vai esquentando enquanto todas as outras não param na mesa.

Hora do almoço. A movimentação começa, alguém pega a garrafinha de rótulo azul.

– Olha, é sem álcool!

Depois passa a examinar minuciosamente o rótulo, para ver os 0,05% de álcool, o valor calórico etc.

– Putz, tá vencida!

O que tinha provado a outra garrafa não botou fé:

– Como assim, vencida?

– É, vencida. Desde junho de 2006!

Eu continuo sem saber se são só as cervejas sem álcool vencidas que parecem água ou se as dentro do prazo de validade também.

P.S.: Enquanto isso, vi duas cenas tristes, ambas envolvendo refrigerante de limão. Com o aparente intuito de diluir a presença de álcool no sangue, vi misturarem cerveja com refrigerante. Depois, até vinho. Triste cena.

2 comentários:

Anônimo disse...

Alguém saberia responder a seguinte dúvida: se 25% de todos os acidentes vinham sendo causados por motoristas embriagados, os demais de 75% eram causados por condutores sóbrios?

Glauco disse...

Os outros 75% estão "levemente embriagados" ou gostariam de estar...