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Preocupado com a movimentação de lideranças do PSB para por freio sua pré-candidatura à Presidência da República, o deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) lançou mão do futebol para convencer seus pares. Em artigo publicado em seu site, na quarta-feira, 7, ele defende seu plano de concorrer ao Planalto, contrariando as intenções do PT e do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A Lula, aliás, Ciro é só elogios. Tanto que aderiu às metáforas com a vida e com o ludopédio. "É o grande momento também para o PSB pensar grande e disputar um lugar entre os quatro principais partidos do país", avisa.
Ciro Gomes/Flickr
Ciro nos bastidores do programa "Falando Francamente", produzido
pela representação do governador do Paraná em Brasília
pela representação do governador do Paraná em Brasília
Às comparações.
Com as fases da vida:
Como um adolescente que está se tornando adulto, é a hora de decidir se quer ser gente grande ou continuar pequeno, dependente de outros partidos, que, por mais aliados que sejam, não são o PSB.
É a hora em que se separam os homens dos meninos, as mocinhas das moças feitas. E o melhor é essa percepção de que o diferente não é igual.
Com uma multidão:
[É hora de] decidir se nos mostramos ao Brasil como uma força nova, coesa, com discurso afinado e gente decente disposta a melhorar o Brasil, ou se seremos apenas mais um dos partidos que se acotovelam em alianças pautadas pela mera distribuição de cargos e favores.
A afirmação vai ao encontro das críticas à aliança com "frouxidão moral" entre PT e PMDB e a estratégia de dois candidatos da base governista. Nada de novo no conteúdo, só na forma.
Com futebol:
A tese que defendo é que time que não joga não forma torcida. Mesmo que tome de goleada. Está aí o exemplo no futebol. Equipes hoje grandes tiveram inícios medonhos. Times hoje consagrados tiveram fases terríveis, como Corinthians e Botafogo, que levaram 21 anos sem títulos, mas vendo a torcida crescer apaixonadamente. Já pensaram se o Corinthians em vez de insistir tivesse resolvido virar o time B do Palmeiras?Já pensou? Nem pensar. Em tempo: o jejum de títulos do Corinthians durou de 1954 a 1977, 23 anos, portanto. O do Botafogo foi de 1968 a 1989, de Zagallo a Zagallo. E o Palmeiras B só foi criado em 2000. Sobre os inícios medonhos de times hoje grandes, é curioso que não haja exemplo. Ciro correria sérios riscos de danos eleitorais se apontasse os casos. O país assistiria ao surgimento de uma corrente de torcedores contra Ciro.
Com o PSDB:
Para quem acha isso [o crescimento do PSB] impossível, basta comparar o que era o PSDB quando elegeu Fernando Henrique Cardoso, em 1994, o que era o PT quando elegeu Lula em 2002 e o que é o PSB hoje. Vocês podem não acreditar, mas a experiência administrativa do PSB hoje é maior ou equivalente do que era a do PSDB em 1994 e do que a do PT em 2002. Hoje, o PSB tem quatro governadores de estado, 333 prefeitos - sendo dois de capitais importantes como Belo Horizonte e Curitiba, e dois ministros de Estado. O PT, em 2002, tinha quatro governadores, 187 prefeitos e nenhum ministro. O PSDB em 1994 tinha apenas um governador de estado, que por coincidência era eu, e 998 prefeitos.
Detalhe: Ciro Gomes renunciou ao cargo de governador em 1994 para substituir Rubes Ricupero, depois do episódio do "que é bom a gente mostra". Então, nem isso os tucanos tinham.
Com Lula:
Não acho que seja correto com o povo brasileiro reduzir o debate eleitoral a uma disputa entre a turma do Lula - na qual me incluo - e a turma do FHC. Os problemas do Brasil são muito maiores e mais profundos do que um simples duelo entre PT e PSDB. Se eles não quiserem debater o Brasil, o PSB o fará, apresentando um projeto de desenvolvimento para o pais. Acredito nos que insistem e isso me aproxima muito do Presidente Lula, um exemplo vivo e atual de que a persistência no final vence.
Ah, os exemplos vivos.
Com o Lula de novo:
Na minha opinião, mesmo que o Presidente Lula apoie abertamente essa grande brasileira que é a Dilma Rousseff, ninguém, nem mesmo ele do alto de sua justa popularidade, pode substituir o poder de escolha, que pertence ao povo brasileiro. E para que nosso povo possa escolher bem, é preciso que haja opções. Até porque, assim, o eleitor poderá até descobrir que existe alguém mais parecido com o próprio Lula do que a candidata que o Lula diz que é.
A referência é, modestamente, estendida também a Marina Silva (PV-AC), além do próprio Ciro. No caso da neoverde, é com a história de vida. Na do socialista, à persistência e a felicidade trazida "a meus conterrâneos" quando foi prefeito de Fortaleza e governador do Ceará.
7 comentários:
Ciro Gomes é uma incógnita. Não sei se tem um cálculo político que ignoramos ou se não tem nada e só blefa. Por que transferiu o domicílio eleitoral para São Paulo? Por que o PSB exita em lançá-lo candidato, se está tão decidido? Não sei.
Quanto aos "inícios medonhos", o São Paulo dos primeiros três anos após a refundação (de 1936 a 1938) pode ser um exemplo. O time era mambembe, não tinha campo para treinar ou mandar jogos e nem lugar para se concentrar - um padre chegou a emprestar algumas vezes a torre da igreja da Consolação.
No Paulistão, era considerado time pequeno, no mesmo nível (ou mesmo abaixo, por ser recém-fundado) de Nacional e Juventus. Ficava sempre em 8º ou 9º lugar na classificação final. Foi então que o Estudantes, da Mooca, treinado pelo jovem Vicente Feola e que jogava no campo da cervejaria Antarctica, entrou em crise financeira e topou se fundir com o São Paulo, permanecendo o nome deste.
Já no primeiro campeonato o time disputou o título com o Corinthians, que foi campeão com um gol de mão. Mas o São Paulo só conquistou o status de "time grande" após a contratação dos "veteranos" Leônidas e Sastre, na década de 1940, quando ganhou cinco títulos paulistas e o apelido de "rolo compressor".
futebol, política e metáforas?
Talvez Ciro tenha razão em seu argumento da persistência" e deva manter sua candidatura. Mas com o grau de desidratação alcançado em termos de alianças, fica difícil imaginar alguma chance de sucesso.
Sobre a fila do Corinthians, volta e meia passa pela minha cabeça uma questão matemática. O Timão ganhou o campeonato de 54 e o de 77, certo? Logo, ficou sem ganhar campeonatos de 55 a 76. Logo, 21 anos. Não é um questionamento da fila, seja 23 ou 21, a tristeza para quem viveu a época foi a mesma e a marca está lá e do mesmo tamanho para quem não viveu. É um questionamento das contas que definem todas as filas, hehe.
O Ciro está mal de comparação boleira, Corinthians e Botafogo já eram grandes quando entraram na fila, status que o PSB ainda não alcançou como partido. Por todo esse discurso interno e levando em conta sua argumentação de que uma candidatura à presidência fortaleceria o partido, pode-se supor que ele não quis ser candidato em São Paulo, entre outras justificativas, para não tornar mais forte o PSB paulista, que clamava pela sua candidatura.
É estranho também o Ciro falando tanto sobre o "partido", sendo que a (eventual) candidatura dele é muito mais individual do que partidária. Não cola, não combina com ele esse discurso.
Isso me faz lembrar de quando Luiza Erundina ganhou para prefeito de SP.
Ninguem à conhecia, não tinha pontuação no IBOPE, etc...
Mas por conta de uma campanha cheia de acusações entre Maluf e um outro candidato que estava em 2º lugar (não lembro o nome)...aconteceu o que ninguem imaginava, Erundina na cabeça.
Se Dilma e Serra continuarem se degladiando, o feito pode se repetir com Ciro.
E eu já antecipo, meu voto sera em Ciro.
abraços,
Coisa parecida rolou também na eleição de São Paulo, em 2008, com o Kassab. Mas o Democrata contava com apoio importante do Serra, que não pensou muito antes de rifar o candidato de seu partido...
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