Compartilhe no Facebook
Neymar, bem no jogo (Santosfc.com.br) |
Neymar, bem no jogo (Santosfc.com.br) |
No feriado de 1º de maio de 1950, o São Paulo viajou até Bauru para um jogo amistoso contra uma equipe local. O Bauru Atlético Clube (BAC) tinha como artilheiro Dondinho (à direita), pai de um garoto de nove anos chamado Edson, que mais tarde viria a ser conhecido como Pelé. E foi Dondinho quem abriu o placar para os donos da casa, aos 21 minutos do primeiro tempo. Mas Bóvio, aos 37, e Marin, aos 39 do primeiro tempo, viraram o placar. Ponce de León completaria a vitória do São Paulo por 3 a 1, aos 15 da segunda etapa. Curioso é que o ponta direita Marin é o mesmo José Maria Marin que, décadas mais tarde, seria vereador, deputado estadual, vice-governador e, por dez meses, governador de São Paulo - quando Paulo Maluf deixou o cargo para concorrer nas eleições de 1982.
Dondinho, o pai do Rei do Futebol, nasceu João Ramos do Nascimento na cidade mineira de Campos Gerais, em 1917, e faleceu em Santos (SP), em 1996, aos 79 anos. Começou a carreira como jogador na década de 1930, passando pelo Atlético (de Três Corações-MG), Fábrica de Armas (de Itajubá-MG), Esporte Clube Hepacaré (de Lorena-SP) e Vasco da Gama (de São Lourenço-MG), entre outros, antes de encerrar a carreira em Bauru. Chegou a fazer uma partida pelo Atlético-MG, contra o carioca São Cristóvão, mas machucou o joelho em um lance com o zagueiro Augusto (futuro zagueiro do Vasco e da seleção brasileira na Copa de 1950) e teve que voltar para Três Corações, cidade onde nasceu Pelé. Na foto acima, o neto Edinho, Pelé e Dondinho, com uma antiga camisa do BAC. Em 18 anos de carreira, Pelé marcou 33 gols no São Paulo.
Fiquei sabendo essa semana que o Bauru Atlético Clube (BAC) fechou as portas em junho deste ano. Mais grave: virou supermercado. Com isso, o palco do nascimento para o futebol de um certo Edson Arantes do Nascimento, em 1953, ficou na memória de quem conheceu o local.
A falência do Baquinho foi um processo longo que se arrastou até as vésperas de completar 90 anos. Já na década de 60, o campo foi dividido para construir piscinas, apostando na parte social quando, hoje, o que dá dinheiro é justamente o futebol. Nada melhorou, a crise apertou e fecharam-se as portas.
Na foto, o escrete do Baquinho, com Peé sentado sobre a bola
O filho de Três Corações nasceu em 1940, mas se mudou com os pais para a cidade no interior de São Paulo quando tinha cinco anos. Aos 13, estava no BAC. Dizem ter feito partidas pelo Noroeste antes de ir para o Santos. Constam relatos até de jogador-mirim até fugiu do vestiário antes do jogo para comer amendoim.
Divulgação
Hoje, no lugar dos primeiros dribles deve estar a gôndola de extrato de tomate. Com um pouco de sorte, a seção de material esportivo. Com mais sorte, a de cachaça (foto), mas isso já é elocubração. Nada contra o supermercado que, ao menos, parece ter a intenção de montar um memorial ao finado Baquinho. Será que a Fifa ou a CBF deveriam ter zelado pelo local?