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quinta-feira, outubro 20, 2011

Resort Tricolor

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Por Moriti Neto

 

Se no banco havia mudança de cara com a troca de Adilson Batista por Milton Cruz, o São Paulo, dentro de campo, não foi diferente dos últimos jogos. O futebol mostrado ontem contra o paraguaio Libertad, no Morumbi, na vitória por 1 x 0 pela Copa Sul-Americana, foi o mesmo dos últimos seis jogos sem vencer pelo Campeonato Brasileiro. O time continua sem qualidade pelos lados, seja na marcação ou nas subidas ao ataque. O meio cria pouco. Lucas segue mal. Casemiro não acha a posição certa. De novidade, só Luis Fabiano ter desencantado com um gol bem ao estilo. Tento chorado, que só saiu aos 31 minutos do segundo tempo.

Falar em detalhes da partida é chover no molhado. Minha parca capacidade de análise não permitiria ir muito além das últimas colunas. Prefiro evitar o mais do mesmo que, certamente, não alimentaria a paciência de quem lê. Para resumir: o Tricolor prossegue um time com cara de indisposto, parece sem grandes ambições e possui alguns jogadores que acham que são craques, mas nem chegam perto disso.


Técnico: só um entre os muitos problemas

Como disse o Maurício recentemente, às vezes, na curva dos dias, a gente não consegue escrever sobre momentos importantes. A saída de Adilson do comando técnico são-paulino era esperada. Como nas demais experiências pós-Cruzeiro, ele foi muito mal. Em 20 jogos pelo Tricolor no Brasileiro, conquistou apenas 45% dos pontos disputados. No Morumbi, o aproveitamento foi pífio, na casa de 42%. Na disputa do segundo turno, em 11 jogos, ganhou 13 em 33 pontos possíveis – 39% aproveitados. Campanha de time que briga para não cair. Difícil segurar o cargo assim.

Só que, no São Paulo, há tempos, o problema não é somente o técnico. A diretoria faz bobagem atrás de bobagem. Contratou Ricardo Gomes, testou Sérgio Baresi, trouxe Paulo César Carpegiani e Adilson. A questão central não foi demiti-los, mas tê-los contratado. A direção são-paulina entrou na onda de contratar técnicos não exatamente pela capacidade, mas por serem “baratos”. Desde as conquistas entre 2005 e 2008, passou-se a considerar que os treinadores são peças sem grande relevância na engrenagem de uma equipe de futebol e que, em um clube bem estruturado, com elenco razoável, técnicos medianos poderiam dar conta do recado.

Não que eu seja defensor da ideia do super-técnico. Existem treinadores “baratos” que mostram capacidade. Contudo, das últimas aquisições do São Paulo, fora Baresi, que era novato no profissional, os nomes, pelos históricos, não animaram já nas chegadas.

De fato, a gestão de Juvenal Juvêncio é um caso à parte. E merece muitas críticas. A maneira arrogante como a coisa é tocada na administração do clube, contamina inclusive o elenco de jogadores. O “fenômeno" foi batizado no CT da Barra Funda de "Resort Tricolor", ou seja, um ambiente em que o pessoal se acomodou com as benesses e glórias das conquistas. A situação, não sem motivos, desembocou num acúmulo de derrotas dentro e fora de campo nos últimos anos.

Os sucessos seguidos criaram uma cultura de grandeza, principalmente entre os cartolas, que adoram falar que o time é de primeiro mundo, “diferenciado”, como se fosse o Barcelona das Américas. A obsessão de JJ pelo Morumbi na Copa foi péssimo negócio. Convencido de que o São Paulo era o clube mais poderoso do universo, o presidente resolveu brigar com Federação Paulista e CBF e, ao contrário de costurar alianças com outras agremiações, decidiu rachar com o Corinthians e abalar relações com Palmeiras e Santos. Pura falta de competência administrativa e inabilidade política.

Outro ponto é que os dirigentes continuam (exceção feita a Luis Fabiano que, mais do que qualquer coisa, é jogada de Juvenal para eleger o sucessor) ancorados na política de contratações de jogadores em fim de contrato. Tá. Foi boa sacada lá em 2004/2005, mas os clubes, em geral, agem atualmente de forma parecida e, muitas vezes, oferecem salários melhores aos atletas (há clubes que estão na frente do São Paulo em termos de gestão e isso não se mede apenas pela capacidade de contratar).

Com essa contaminação emanada da direção, não é de se estranhar que a postura de superioridade atinja atletas e comissão técnica. Talvez sejam as tintas do resort que pintem a fotografia de um time indiferente dentro de campo, quase sempre se comportando como se cada jogo pudesse ser decidido a qualquer momento. Só pretensão.

quinta-feira, agosto 25, 2011

Um pouco de Jekyll e Hyde Tricolor

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Por Moriti Neto

Os extremos do São Paulo se apresentaram na noite de ontem, no Morumbi. Na partida contra o Ceará, válida pela Copa Sul-Americana, o time precisava inverter o resultado da primeira peleja – disputada em Fortaleza e que terminou 2 x 1 para a equipe nordestina. Porém, dada a dispersão mostrada na etapa inicial, a impressão era de que o Tricolor jogava a última rodada de um campeonato de pontos corridos estando lá pelo meio da tabela.   

Vagner Mancini propôs um ferrolho. Com o Vovô retrancado, tentando aproveitar a velocidade de Osvaldo no contragolpe, o São Paulo tinha que ir pra cima. Só que Adilson Batista escalou mal, pra variar. Colocou três volantes no meio – Wellington, Carlinhos Paraíba e Casemiro – e três homens rápidos e condutores de bola no ataque, Lucas, Dagoberto e Fernandinho. O resultado era um time de compartimentos estanques, com a bola passando sem a menor qualidade pela meia-cancha.

Até houve uma ou duas chances nos 45 iniciais, mas foram apenas fruto de jogadas isoladas. Lucas, que poderia ser o diferencial, continuava, como em partidas anteriores, mal posicionado, isolado no lado direito do campo.                              

Outra personalidade

O São Paulo volta para o segundo tempo e marca forte a saída de bola cearense. Aproxima os jogadores de frente. Assim, o passe melhora. Cícero, no lugar de Fernandinho, é o homem que, ao menos com condição razoável de transitar entre o meio e o ataque, liga o “nada a lugar nenhum” que a parte ofensiva do time se mostrava.      

São 19 minutos para fazer três gols e forçar o goleiro Diego a praticar defesas importantes. No primeiro tento, aos 10 minutos, lance principal da classificação são-paulina, a dupla de zaga do Ceará perde o tempo de bola quando Carlinhos Paraíba cruza e Cícero, dentro da área, mata bonito no peito e conclui de pé esquerdo, antes da bola tocar o gramado. 

O placar é suficiente pra classificar o São Paulo e coloca abaixo a proposta defensiva do Ceará. Vagner Mancini troca o lateral Boiadeiro por Felipe Azevedo. A vida Tricolor fica mais fácil.

Aos 16, Lucas aparece pro jogo. Recebe passe de Casemiro e, de três dedos, fora da área, amplia bonito. Aos 19, de novo ele. Lucas arranca, larga dois adversários pra trás, e toca para Dagoberto fazer 3×0.

Rivaldo entra aos 24, exatamente no lugar de Lucas, que ainda se recupera de uma  gripe. Aos 25, Cícero deixa Dagoberto livre, cara a cara com Diego, e vê o atacante, de atuação destacada no segundo tempo, chutar e ver a bola interceptada pelo braço do defensor rival. A redonda sobe, vai pra fora e nem escanteio o árbitro marca.   

27 minutos e Carlinhos Paraíba, de longe, obriga Diego a realizar outra boa defesa. Aos 28, o goleiro, outra vez de frente para Dagoberto, evita o quarto gol. O  domínio do São Paulo é total, um vareio no segundo tempo.

Classificação merecida no conjunto da obra. Contudo, é difícil entender o time. Sofre mais do que o necessário contra adversários frágeis e vacila em momentos essenciais. Fosse o Ceará um time pouco mais forte, os são-paulinos poderíamos ter saído já da Sul-Americana.



Não é que seja tudo, mas muito dessa situação parte do técnico. Que Adilson tenha convicções nem tão usuais para a prática do futebol é aceitável. Só que se quer jogar com três volantes, precisa de boa saída pelas laterais, coisa que não ocorre com Piris e Juan pelos lados. Sobre a criação no meio, é incompreensível que Lucas, o maior talento são-paulino, seja desperdiçado, tendo que correr atrás de tijolos rente à lateral. E se Rivaldo e o argentino Marcelo Cañete não têm condições de ser titulares, o primeiro deve estar mesmo muito mal fisicamente e o segundo, provavelmente, é ruim de doer. Não deveriam nem ficar no banco. Resta Cícero, que se não começa os jogos, também deve trazer algum esconso problema.

Esses são somente alguns dos enigmas. Depois,  a gente que não entende a instabilidade.