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quarta-feira, outubro 14, 2015

Som na caixa, manguaça! - Volume 88

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É CARA DE PAU
(Ednardo/Brandão)

Ednardo


É cara de pau
E você acha que eu posso fazer
Fazer mais do que eu fiz
Ajudei essa louca a viver
E ela mesma é que diz
Que quer me ver frito
Que quer me ver morto
Estendido no chão
Pus o bagulho de lado, quebrei o estrado
E toquei fogo no colchão

A gente se amarra
Aconselha os pivetes, faz até oração
Porém, chega um dia
Que se toma uma beer
E também se faz a nossa confusão
Ele não tem consciência, quer me ver andar duro
E com toda a decência
Mas em sã consciência
Qualquer malandro manja
Essa falsa inocência

É cara de pau!


(Do LP "Cauim", WEA, 1978)



quinta-feira, agosto 27, 2015

09, 10, 11 e 12 são dezenas do burro

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Com um pênalti mandrake, uma expulsão providencial e um "pombo sem asa", de fora da área, do Thiago Mendes, o São Paulo eliminou o Ceará na Copa do Brasil e deu alguma sobrevida ao técnico Juan Carlos Osorio. Mas ele - sabiamente - ainda não descartou a oferta da seleção mexicana (que, curiosamente, também foi atrás do Muricy Ramalho em 2008). A melhor definição que vi sobre a situação do treinador sãopaulino - e a draga que é a equipe que ele comanda - foi a de um torcedor, numa rede social: "Para o bem do time, tem que ficar. Mas, para o bem dele próprio, tem que ir embora!"

Cabe aqui registrar, também, o que o Chico Palhares me disse sobre o técnico do São Paulo:

- Parece aqueles bicheiros de antigamente, que ficavam anotando jogo na esquina!

Pois é: fica anotando coisas pro Pato, pro Ganso - e depois ainda ouve a côro de "burro" da torcida! Só resta saber que bicho vai dar nesse fim de temporada futebolística...


segunda-feira, março 30, 2015

A inesgotável criatividade nordestina

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'Ão, ão, ão, Caça-Rato é seleção!'
Depois que o atacante Flávio Caça-Rato foi apelidado como CR 7 pela torcida do Santa Cruz, pois, além de ter as mesmas iniciais, também usava o número de camisa do atual melhor jogador do mundo, Cristiano Ronaldo, os nordestinos voltaram a aplicar sua inesgotável criatividade no futebol. No fim de semana, foram definidos os semifinalistas da Copa do Nordeste: o Bahia enfrentará o Sport, e o Ceará, o Vitória. Mas o melhor é que esse torneio, habitualmente conhecido como Nordestão, foi apelidado agora, pelos torcedores, de Lampions League (Liga do Lampião), que brinca com o nome da principal competição europeia.

Lampião, o 'Rei do Cangaço'
A frescagem repercutiu lá fora e, numa reportagem do correspondente Tales Azzoni para a Associated Press, os estrangeiros foram informados que o apelido do torneio nordestino faz "referência a Lampião, um conhecido e popular herói local da década de 1920, que permanece simbólico à região". Ao lado do cearense Padre Cícero e do pernambucano Luiz Gonzaga, o também pernambucano Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião, completa a tríade de nordestinos míticos. Considerado o "Rei do Cangaço", seu apelido deriva da lenda espalhada por seus comandados de que ele era capaz de atirar tão rápido que o cano da espingarda se "iluminava", de tão aquecido.

Camiseta criada pelos torcedores
Voltando à Copa do Nordeste, o apelido Lampions League pegou de tal forma que, além do gibão de couro na cabeça, muitos torcedores estão indo ao estádio com camisetas ostentando o nome fictício da competição. E, para completar a (maravilhosa) "esculhambação", foi composto e gravado até um tema para a "Liga", com típicos instrumentos nordestinos, cuja versão emenda o hino oficial da competição Europeia. Até me lembrei da paródia de "Quero voltar pra Bahia", de Paulo Diniz, que um cunhado meu cantava nos anos 1970: "Eu já falei pra minha tia/ Eu vou jogar de beque no Bahia". Bahia que pode conquistar a sensacional Lampion's League.


OUÇA O 'HINO' DA LAMPIONS LEAGUE:




sexta-feira, março 01, 2013

'Tá bom que só o Diabo!'

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Assim como Pôncio Pilatos, o ex-Bento XVI lavou as mãos e deixou para o seu sucessor o abacaxi de lidar com os escândalos sexuais e financeiros da igreja católica, entre outros assuntos embaroçosos (que ele definiu, simploriamente, como "tempos difíceis"). Hoje, ao passar por uma banca e ver a foto do ex-Bento na capa de um tabloide popularesco, sob a irônica manchete "Vá com Deus", me lembrei, sem querer, de uma historinha que ouvi lá em Fortaleza, no Ceará.

Num bairro central, uma solteirona de seus 50 anos vivia sozinha num apartamento térreo. Sempre de portas e janelas abertas, ela gostava de som alto e de receber os vizinhos para um bolo com café. Mas havia uma exceção: uma vez por semana, a alegre senhora recebia a visita de um padre do interior e, invariavelmente, trancava todas as portas e janelas, desligava a luz, o rádio e a TV e permanecia três ou quatro horas em "solilóquios íntimos" com o religioso.

À vizinhança, ela dizia que passava o tempo todo se confessando (o que causava estranheza, pois o único pecado que ela cometia era beber vinho licoroso). Bom, o que interessa é que, numa dessas visitas, a "confissão" foi muito forte e o padre passou mal. Desesperada, a beata pediu ajuda a um vizinho para levá-lo ao hospital. No caminho, para distrair e acalmar o pároco, o vizinho brincou: "Calma, seu padre! Pense no lado bom: se o senhor morrer, vai, finalmente, encontrar com Deus."

Assustado, o padre respondeu: "Meu filho, não diga uma desgraça dessas!"

(Ps.: O título do post é uma expressão cearense de satisfação extrema por algo.)

quinta-feira, janeiro 19, 2012

Com finanças magras, beldade vira reforço

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A crise acontece na Europa, com consequências no mercado da bola, mas muito time brasileiro não usufrui do momento comparativamente mais favorável da economia brasileira. Um sintoma de que as finanças andam mais anoréxicas do que muita top model magrela na passarela, foi a opção de clubes que anunciaram a presença de modelos e celebridades de projeção nacional ou internacional para lançar seus uniformes. Em anos anteriores, a prática vinha sendo verificada. A novidade é que parece que as moças bonitas viraram o principal reforço da temporada, em um momento em que as contas andam feias de doer.


Foto: Reprodução
O América-PE trouxe Larissa Riquelme, a musa da Copa de 2010. Aquela que posicionava o celular dentro do avantajado decote para torcer pela seleção do Paraguai. Foi ela a responsável por angariar apoio de marmanjos dos cinco continentes para o esquadrão guarani naquele mundial sul-africano, ao prometer desfilar nua se o time de camisas listradas vermelho e branco alcançasse a semifinal.

O alviverde da estrada do Arraial, na Casa Amarela, em Recife, disputa a primeira divisão estadual pelo segundo ano seguido – depois de 15 na segundona. A perspectiva fez Larissa Riquelme adaptar sua promessa-padrão à dura realidade, sem abrir mão da fórmula: "Se o América não for rebaixado, ficarei nua". Por ora, mostrou só o umbigo e disse que "gosta do português" (só não explicou se era o dono da padaria ou o Cristiano Ronaldo) e ainda achou belas as paisagens da capital pernambucana.

A paraguaia também está na mira do Bangu-RJ, que tem o mesmo patrocinador do América-PE. Até deu saudades do tempo em que os cartolas negociavam o passe de jogadores por meio da intervenção benemérita de endinheirados. A intenção é levantar apio para ampliar o estádio Proletário Guilherme da Silveira, mais conhecido como de Moça Bonita (o que pode dar a deixa pra levar uma modelo para o evento). Os diretores querem receber jogos na arena localizada na zona oeste da capital fluminense.

Quem também emprestou sorrisos de torcedor apaixonado foi Nana Gouveia, uniformizada qual jogador do Resende-RJ. O evento também comemorou a conquista da Copa de Verão Vale do Paraíba, que também inclui clubes paulistas. O Gigante do Vale tem a beldade como madrinha, o que justifica o esforço de debandar de Nova York, onde ela reside, para a cidade industrial do Rio de Janeiro.

Foto: Prefeitura de Cratéus

Viviane Araújo teve agenda mais disputada. Primeiro, ela vestiu a camisa do Cratéus, do Ceará, ainda em dezembro (foto). O time, fundado em 2001, vai disputar a divisão principal do estado pela primeira vez. A cidade de Cratéus, a 350 quilômetros a sudoeste de Fortaleza, homenageia um cacique Karati em seu distintivo, e adota como mascote a figura do Guerreiro do Poty. O que a rainha da bateria da Salgueiro, escola de samba do Rio de Janeiro, tem a ver com isso, não vem ao caso.

A mesma Viviane Araújo apresentou o uniforme do Paulista, de Jundiaí, a 60 quilômetros e um pedágio de São Paulo. E ainda vai fazer o mesmo pelo Boa Esporte, em Varginha, a 315 quilômetros e três pedágios ao sul de Minas Gerais, pelo qual joga o volante Radamés, namorado da beldade. Neste último caso, o "reforço" beira o nepotismo.

Foto: Divulgação
O Grêmio Catanduvense, recém-promovido à A-1 do Paulista, chamou a modelo Luana Pereira, "a gata escolhida para representar o clube", para desfilar. Não ficou claro se a ideia é fazer os atletas profissionais usarem esse tipo de calção, que faria aquele modelito da década de 1970 parecer um verdadeiro bermudão. Tomara que não.

O time da Bruxa sofre com a perda dos direitos de venda de placas publicitárias no estádio no município a 390 quilômetros e oito pedágios a noroeste da capital. Culpa da da TV Globo, que detém exclusividade de direitos no quesito. Reforço mesmo, além da moça, é patrocinador para espaços nunca dantes explorados na camisa azul e branca.

Outro time que viu o biquini distrair a atenção da torcida (sempre insatisfeita, no caso) foi a Lusa. Depois de ter ascendido à primeira divisão do nacional em 2011 com o título da série B, o clube paulista da colônia portuguesa pretendia apresentar o novo uniforme na partida dos campeões, contra o Corinthians, no dia 18. Mas um vídeo atribuído pela diretoria lusa à Federação Paulista de Futebol trazia uma modelo de nome Amanda, que neste outro vídeo diz querer representar o time do coração na disputa do troféu Gata do Paulistão 2012. Esbanjou amor à camisa (até porque ela quase só vestia a camisa).

Foto: Reprodução

Houve até quem achasse que as camisas pareceram abadás de carnaval. E uma nota dos cartolas do clube diz que se trata de um protótipo feito pela marca de material esportivo.

Que comecem logo os campeonatos!

quinta-feira, novembro 17, 2011

Ganhamos do Ceará!

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O Corinthians sofreu, levou pressão, passou raiva, deu raiva em seus torcedores, mas venceu o Ceará em Fortaleza de goleada: 0 a 1. Meio gol a mais do que o necessário para dar um passo importante na briga com o Vasco pelo Campeonato Brasileiro. O autor do gol foi Cachito Ramires, que veio para o banco de reservas após longa estada no departamento médico e entrou no segundo tempo pra resolver a parada. Mas boa parte dos créditos da vitória precisam ir para a conta do goleiro Júlio Cesar, o contestado.
Tite tem umas coisas, como diria o pessoal do jornalismo Vando, que são, assim, muito dele, sabe? Por exemplo, ele acredita muito naquela história de ganhar dentro de casa e empatar fora. Mas muito mesmo, tanto que procura não quebrar a mística e arriscar, quem sabe, uma vitória fora de São Paulo. Bota todo mundo pra trás e 0 a 0 é um baita de um lucro. Assim, levamos um baita, mas um baita sufoco do Ceará no primeiro tempo, período em que não chutamos uma bola decente sequer para o gol do Vovô.
Para deixar claro que parte do parágrafo acima é perseguição minha com o treinador, é preciso dizer que boa parte do elenco corintiano está num bagaço danado, principalmente Liedson e Danilo (artilheiro e assistente principais no torneio). Junte a isso a suspensão de Paulinho e as jornadas horrorosas de Leandro Castán e Fábio Santos e temos a receita para o desastre. Se ele não veio, além da bela participação do goleirão, deve ter algum mérito para Tite. Tanto que na segunda etapa, o time melhorou, com a entrada de Morais (Morais!) e o supra-citado Ramires.

O empate do Vasco em 1 a 1 com o Palmeiras deixou o Timão abrir 2 preciosos pontos de vantagem na briga. Agora, dos 3 jogos que faltam, se ganhar 2 e empatar 1 levanta o caneco. Sábado tem Atlético Mineiro no Pacaembu, a parada em tese mais fácil. Depois, o inspirado Figueirense em Santa Catarina e o clássico com o Palmeiras. Vai, Corinthians!

segunda-feira, novembro 14, 2011

Ceará 2 X 3 Santos - Os reservas resolvem

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Primeiro, disseram que o Santos ia "entregar" para o Botafogo, para prejudicar um rival. Não aconteceu. Depois, iria facilitar pra o Vasco, para prejudicar o mesmo rival. Não que perder para o clube carioca fosse algo anormal, mas gostam de falar... E o Santos ganhou. Com a decisão de Muricy Ramalho de enviar a Fortaleza seus reservas e dar uma justa folga aos jogadores titulares do time que mais viajou na temporada (em especial o Joia Neymar, que jogou mais que quase todas as equipes da Série A no ano), mais chiadeira. Mesmo com suplentes, o Santos ganhou. Como bem disse o Garambone:

O destaque do jogo foi o zagueiro-goleador Bruno Aguiar, que fez um gol após cobrança de escanteio e outro em uma bela falta, talvez uma das mais bem cobradas do Brasileirão. E também "fez" um pênalti que, pra mim, não existiu. Aliás, esse deve ser o campeonato com mais penalidades mandrake da história recente. Mal colocados, geralmente, os árbitros marcam qualquer encostão, alguns inclusive desafiam as leis da Física, como aqueles emq ue o jogador é "puxado" pela camisa e cai pra frente, ou os que ele é empuraddo e cai pra trás. Coisa fina.

O goleiro Aranha também foi decisivo ao defender um pênalti cobrado por Marcelo Nicácio. Àquela altura, a partida estava empatada em dois a dois e, na sequência da jogada perdida, Diogo fez um bonito gol. Aliás, ele participou de lances importantes, deu assistências e, quem sabe, esse tento lhe dê mais confiança para recuperar um pouco do futebol que mostrou há muito tempo, quando jogava na Portuguesa. Por enquanto, periga nem ir disputar o Mundial do Japão, mas aproveitou finalmente uma oportunidade dada.



E o Brasileirão segue. O Cruzeiro agradece e o Ceará, com a moral baixa e agora no Z-4, pega o Corinthians no meio de semana. Até o fim do Brasileirão, provavelmente mais chororô sobre "entregas" de outros times, "falta de comprometimento" e numseiquelá, numseiquelá, numseiquelá (aliás, como foi no ano passado, lembra?). O pessoal, definitivamente, precisa arranjar assunto, pelo menos quando falar do Santos...

segunda-feira, setembro 19, 2011

De passado e de futuro: a sequência Tricolor

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Por Moriti Neto


A última rodada do Campeonato Brasileiro, se não foi perfeita para o São Paulo, passou perto disso. Primeiro, pois o time conquistou seu melhor placar na competição, goleando o Ceará por 4 x 0, no Morumbi, o que apesar de algumas dificuldades encontradas na etapa inicial, não é pouco, principalmente considerando que o Tricolor, depois que Adilson Batista assumiu o comando técnico, tem, na média, vacilado em casa.

Sobre a partida, três destaques. Há tempos reclama-se – com razão – do fraco desempenho dos laterais são-paulinos. A verdade é que a equipe pouco joga pelos lados do campo. Juan, na esquerda, e qualquer um que tenha atuado na lateral-direita neste ano, são alvos de duras críticas da torcida. Só que, no sábado, foi pelos flancos que o Tricolor resolveu a parada. No primeiro gol, Carlinhos Paraíba caiu pela esquerda e cruzou para Juan, com 1,68m, escorar de cabeça: 1 x 0. Depois, o paraguaio Iván Piris fez a passagem pela direita e recebeu lançamento de Casemiro para, já dentro da área, anotar o segundo. Ressalte-se o fato, pois o São Paulo sofre demais como mandante quando os adversários vêm fechados. Em pontos preciosos perdidos no Cicero Pompeu de Toledo, estava entre os maiores anteparos a insistência em tentar romper as defesas pelo meio. Com os erros de passes, vinham os gols dos rivais em contragolpes.

Outro ponto que merece ênfase é o desempenho de Casemiro. Contra o Vovô, ele atuou ora como volante ora como meia, mostrando qualidade para construir jogadas. No segundo gol, o passe que realizou foi precioso. No terceiro tento, único não construído pelos lados, aprontou um belo lance individual, com direito à caneta seguida de lindo arremate longo.


Por fim, vale falar de Rivaldo. Quando ele acha espaço para jogar, ainda faz a diferença. Além do golaço de voleio, o quarto são-paulino, depois de jogada iniciada por Lucas e cruzamento na medida de Juan, deu um toque de gênio com o calcanhar e largou Cícero de frente para a meta cearense. O camisa 16 isolou, mas a jogada valeu. Contudo, reforço: Rivaldo precisa de espaço. Não pode ficar no meio, onde a marcação aperta e dificilmente é no um contra um. Quando atuou mais à frente, mostrou categoria e frieza para produzir e marcou dois golaços. Assim foi no sábado e também na partida com o Figueirense, na segunda rodada do returno.

Tabela

A vitória do Santos sobre o Corinthians, o empate entre Botafogo e Flamengo e mesmo os resultados de Internacional (empate em casa) e Fluminense (derrota fora) foram ótimos para o Tricolor. Não dá nem para reclamar dos 4 x 0 do Vasco em cima do Grêmio, pois era esperado o triunfo carioca.
Na somatória, o São Paulo continua colado na liderança e abre diferença em relação a Botafogo, Inter, Fluminense e Flamengo. De bônus, ultrapassou o Timão, adversário da próxima rodada. 

Tabela 2

Não sou dos que acha que o clássico de quarta define o futuro do Tricolor na competição. O que decide, creio, é a sequência que começa por ele. Depois do Corinthians, tem Botafogo (fora) Flamengo (casa) Cruzeiro (fora) e Inter I(casa). Com a dificuldade das próximas cinco rodadas, se o time se sair bem, e com a volta de Luis Fabiano – que quando este texto era fechado acabava de marcar três gols no treinamento desta tarde – as perspectivas ficam bem interessantes.

quinta-feira, agosto 25, 2011

Um pouco de Jekyll e Hyde Tricolor

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Por Moriti Neto

Os extremos do São Paulo se apresentaram na noite de ontem, no Morumbi. Na partida contra o Ceará, válida pela Copa Sul-Americana, o time precisava inverter o resultado da primeira peleja – disputada em Fortaleza e que terminou 2 x 1 para a equipe nordestina. Porém, dada a dispersão mostrada na etapa inicial, a impressão era de que o Tricolor jogava a última rodada de um campeonato de pontos corridos estando lá pelo meio da tabela.   

Vagner Mancini propôs um ferrolho. Com o Vovô retrancado, tentando aproveitar a velocidade de Osvaldo no contragolpe, o São Paulo tinha que ir pra cima. Só que Adilson Batista escalou mal, pra variar. Colocou três volantes no meio – Wellington, Carlinhos Paraíba e Casemiro – e três homens rápidos e condutores de bola no ataque, Lucas, Dagoberto e Fernandinho. O resultado era um time de compartimentos estanques, com a bola passando sem a menor qualidade pela meia-cancha.

Até houve uma ou duas chances nos 45 iniciais, mas foram apenas fruto de jogadas isoladas. Lucas, que poderia ser o diferencial, continuava, como em partidas anteriores, mal posicionado, isolado no lado direito do campo.                              

Outra personalidade

O São Paulo volta para o segundo tempo e marca forte a saída de bola cearense. Aproxima os jogadores de frente. Assim, o passe melhora. Cícero, no lugar de Fernandinho, é o homem que, ao menos com condição razoável de transitar entre o meio e o ataque, liga o “nada a lugar nenhum” que a parte ofensiva do time se mostrava.      

São 19 minutos para fazer três gols e forçar o goleiro Diego a praticar defesas importantes. No primeiro tento, aos 10 minutos, lance principal da classificação são-paulina, a dupla de zaga do Ceará perde o tempo de bola quando Carlinhos Paraíba cruza e Cícero, dentro da área, mata bonito no peito e conclui de pé esquerdo, antes da bola tocar o gramado. 

O placar é suficiente pra classificar o São Paulo e coloca abaixo a proposta defensiva do Ceará. Vagner Mancini troca o lateral Boiadeiro por Felipe Azevedo. A vida Tricolor fica mais fácil.

Aos 16, Lucas aparece pro jogo. Recebe passe de Casemiro e, de três dedos, fora da área, amplia bonito. Aos 19, de novo ele. Lucas arranca, larga dois adversários pra trás, e toca para Dagoberto fazer 3×0.

Rivaldo entra aos 24, exatamente no lugar de Lucas, que ainda se recupera de uma  gripe. Aos 25, Cícero deixa Dagoberto livre, cara a cara com Diego, e vê o atacante, de atuação destacada no segundo tempo, chutar e ver a bola interceptada pelo braço do defensor rival. A redonda sobe, vai pra fora e nem escanteio o árbitro marca.   

27 minutos e Carlinhos Paraíba, de longe, obriga Diego a realizar outra boa defesa. Aos 28, o goleiro, outra vez de frente para Dagoberto, evita o quarto gol. O  domínio do São Paulo é total, um vareio no segundo tempo.

Classificação merecida no conjunto da obra. Contudo, é difícil entender o time. Sofre mais do que o necessário contra adversários frágeis e vacila em momentos essenciais. Fosse o Ceará um time pouco mais forte, os são-paulinos poderíamos ter saído já da Sul-Americana.



Não é que seja tudo, mas muito dessa situação parte do técnico. Que Adilson tenha convicções nem tão usuais para a prática do futebol é aceitável. Só que se quer jogar com três volantes, precisa de boa saída pelas laterais, coisa que não ocorre com Piris e Juan pelos lados. Sobre a criação no meio, é incompreensível que Lucas, o maior talento são-paulino, seja desperdiçado, tendo que correr atrás de tijolos rente à lateral. E se Rivaldo e o argentino Marcelo Cañete não têm condições de ser titulares, o primeiro deve estar mesmo muito mal fisicamente e o segundo, provavelmente, é ruim de doer. Não deveriam nem ficar no banco. Resta Cícero, que se não começa os jogos, também deve trazer algum esconso problema.

Esses são somente alguns dos enigmas. Depois,  a gente que não entende a instabilidade.

segunda-feira, agosto 15, 2011

Empate em casa com o Ceará. Motim à vista?

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“Para ser campeão temos de fazer um pouco mais o jogo todo, não só em um tempo”. A frase foi dita pelo meia Alex, autor de um golaço do meio da rua no empate em 2 a 2 deste domingo, no Pacaembu, entre Corinthians e Ceará. Ela resume bem o jogo e colocou uma pulga atrás da orelha deste corintiano sobre a situação do vestiário alvinegro.

O jogo, que acompanhei pelo rádio e pelos melhores momentos, foi isso aí: o Timão dominou e fez dois gols, um de Paulinho, cada vez melhor, na oitava assistência de Danilo, líder do campeonato no fundamento, e o outro numa bomba de Alex no ângulo, no meio da rua. E poderia ter feito mais dois, em chances claríssimas de William, que perdeu pavorosamente o gol, cara a cara com o goleiro Diego, e Jorge Henrique, que tentou colocar uma cabeçada – em mais um passe de Danilo. Tomou um, é verdade, numa cagada de Leandro Castán, que mandou um “deixa que eu deixo” com Chicão e acabou sobrando para o bom e rápido Osvaldo.

Na segunda etapa, no entanto, o Timão recuou e levou pressão do Ceará quase o tempo todo. Fenômeno recorrente, aliás. Já era assim na época já longínqua de Mano Menezes, mas acentuou-se intensamente sob a batuta de Tite. E o Ceará pressionou até empatar, numa falha meio coletiva num escanteio. Cabe reparar: na jogada, apenas Jorge Henrique não está dentro da área.



Nesse contexto, lembremos a frase de Alex: “Para ser campeão temos de fazer um pouco mais o jogo todo, não só em um tempo”. A pulga atrás da minha orelha vê três hipóteses para a frase: ou ele está falando do preparo físico, ou da falta de emprenho dele mesmo e de seus colegas, ou está reclamando publicamente das orientações táticas de seu treinador. Há um motim à vista?

domingo, junho 26, 2011

Primeira derrota, diante do Ceará

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Marcos Assunção não acertou. Luan não jogou, suspenso. Kléber não ganhou o jogo. Wellington Paulista não mostrou ainda a que veio. E a defesa mandou avisar que não é tão sólida como parecia. Resultado: Ceará venceu o Palmeiras por 2 a 0 em Fortaleza.

O alviverde teve mais posse de bola, mais chances de vencer, mais volume de jogo. Mas poucas boas oportunidades. Os donos da casa resolveram. Com um gol a oito minutos, com Washington, e outro de Thiago Humberto aos 46 ainda da etapa inicial, sobrou ao Verdão correr atrás. Sem sucesso.

Cicinho teve de sair ainda no primeiro tempo para Patrik entrar e melhorar o poder ofensivo. Depois, Lincoln deixou o gramado para Adriano Michael Jackson deixar o Palmeiras com três atacantes de ofício, mas sem capacidade para decidir. Vinícius mostrou-se mais disposto do que Wellington Paulista, mas não foi suficiente.

Ficou fácil para o Corinthians, (infelizmente) o protagonista da rodada, comemorar.

Diante do banho de realidade da rodada, que se esfrie a cabeça para o jogo de quinta-feira, contra Coritiba.

domingo, junho 19, 2011

Recorde do São Paulo e show de Rogério Ceni

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Nunca antes na História desse modelo de Brasileirão disputado por pontos corridos, a partir de 2003, um clube havia ganho os cinco primeiros jogos. Pois esse recorde foi alcançado neste domingo pelo São Paulo, com a vitória por 2 a 0 sobre o Ceará, em Fortaleza, gols de Marlos e Lucas. Com isso, o time chegou a 15 pontos, nove gols feitos e só um sofrido. Mas a primeira derrota esteve perto de acontecer, não fosse o show do goleiro Rogério Ceni, que pegou um pênalti quando o jogo estava zero a zero e fez, pelo menos, mais meia dúzia de defesas muito difíceis nas duas etapas. Uma atuação para comprovar que, além de maior artilheiro entre os goleiros do mundo, é também um dos maiores na função, em todos os tempos.

Mesmo com o ótimo desempenho do São Paulo, é preciso reforçar que faltam longínquas 33 rodadas e que o time, de elenco sofrível e vários titulares no departamento médico, passará agora por um longo período sem Lucas, que disputará a Copa América pela seleção principal, e Casemiro, William, Bruno Uvini e Henrique, que vão ao Mundial Sub-20. Carpegiani segue sem laterais, pois desconhece a existência de Edson Ramos, trazido por Rivaldo, e mantém o improvisado Jean na direita (que sempre rende mais na função de origem, como volante que sobe ao ataque) e o fraco Jean na esquerda. Xandão dá sustos na zaga e Luís Fabiano, que ainda não estreou, só tem os esforçados e pouco eficientes Henrique e Wiliam como opções. Porque, para mim, Dagoberto e Fernandinho são pontas. E Lucas também cai pelas laterais, assim como o reserva Ilsinho.

O único meia "clássico" do elenco é o velho Rivaldo, que dificilmente será titular. Casemiro pode ser o que o Hernanes foi, um volante clássico que chega à frente e faz gols. Atrás, Wellington faz o mesmo que Josué, marca forte, desarma e faz a ligação com o(s) meia(s). Luiz Eduardo está perfeito como zagueiro e merece ser titular, ao lado de Rhodolfo (Alex Silva saiu, Miranda sai no fim do mês e Xandão é opção de banco ou quando o técnico põe três zagueiros). Carlinhos Paraíba parece ter perdido espaço e, se isso se confirmar, o São Paulo renovará com Rodrigo Souto, que ameaçou pegar o boné. Também tem Zé Vítor pra posição.

Ou seja, não é um elenco forte ou ideal, mas, num campeonato com tantos times sofríveis, dá pra brigar na faixa dos dez primeiros. Acho que está no mesmo nível, em termos de elenco, de Fluminense, Grêmio, Vasco, Flamengo - mas conta com a vantagem de estar revelando vários bons moleques. Palmeiras, Botafogo e Atlético-MG também estão quase nessa faixa. Entre os mais fortes, mesmo enfrentando má fase, Cruzeiro e Internacional têm conjuntos melhores de valores individuais, assim como o Corinthians, que já segue bem. E o Santos, que ninguém se iluda, vai dar trabalho, mesmo se vencer a Libertadores. Afinal, a qualidade de seu time é bem superior a mais de dois terços dos participantes do Brasileirão. Aguardemos, pois.

sábado, fevereiro 19, 2011

Polícia? Para quê precisa de polícia?

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Flagrante na Avenida Beira Mar, em Fortaleza (CE).

quinta-feira, julho 15, 2010

De volta ao Brasileirão, Corinthians empata no Ceará

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Depois de um mês pensando e vendo só Copa do Mundo, voltemos à vida cotidiana do Brasileirão 2010. E nada melhor que começar com o Corinthians, que foi a Fortaleza enfrentar o Ceará na noite desta quarta-feira. O Castelão lotado viu uma partida fraca dos dois lados, um por pouca inspiração, o outro quase por opção.

Não é à toa que o Vozão não tem a melhor defesa do campeonato até aqui, com apenas um mísero gol tomado em oito partidas. O time é formatado para se defender da maneira mais eficaz possível. Mesmo em seus domínios, entrega a posse de bola ao adversário e tenta matar o jogo em rápidos contra-ataques. É uma opção válida e muito bem executada pelo time que Estevam Soares recebeu recentemente de PC Gusmão, mas que colaborou muito com a feiúra do embate de ontem.

De sua parte, o Corinthians não mostrou porque é o melhor ataque do início da competição, ao lado do Santos. Manteve a posse de bola por cerca de 60% da peleja, tocou, tocou, mas criou muito poucas chances de gol (neste ponto, convém evitar comparações descabidas com a Espanha). Pela postura de buscar o jogo, talvez merecesse sorte melhor.

A sonolência de alguns jogadores prejudicou – o que pode ser fruto da longa parada. Elias marcou bem, mas errou passes a granel. Bruno César não se achou em campo e apareceu pouco – apesar de ter feito a finalização mais perigosa, defendida pelo bom goleiro Diego. Danilo, bem, Danilo foi o que tem sido: lentidão e muitos toques para trás. Outro que também foi abaixo de sua média foi Roberto Carlos, com muitas falhas de marcação.

Olhando o lado positivo, o goleiro Júlio César foi muito bem, com defesas difíceis e segurança. Com seqüência de jogo, pode se firmar. Outro que jogou bem quando entrou foi William Morais, garoto de 19 anos que subiu recentemente dos juniores para o profissional. Meia direita de bom passe e boa finalização, fez dois gols e sofreu um pênalti em amistoso recente contra o Comercial-MS.

Ataque

Para falar do ataque, precisamos falar de tática. Mano Menezes falou nos jornais que entraria com uma dupla de atacantes rápidos, Iarley e Defederico. Pois faltou com a verdade, em minha humilde visão. O argentino aparecia o tempo todo no meio, iniciando jogadas e marcando, enquanto Iarley ficava isolado na frente. Ou seja, Defederico jogou de meia pela direita, com Danilo do lado oposto e Bruno César centralizado. Posso estar viajando, mas foi o que eu entendi. Isso pode explicar o sumiço do até aqui sempre participativo Bruno.

Posso ser o único a pedir isso, mas defendo a entrada de Tcheco no time titular, no lugar de Danilo. Não que o ex-gremista seja uma sumidade. A questão é que se trata de um meia-direita, destro como convém. Não há porque deixar dois canhotos tendendo a cair pelo lado esquerdo.

Tudo somado, o empate foi meio frustrante, mas ponto fora de casa não é negócio tão ruim assim. É provável que percamos a liderança para o Fluminense, que precisa só vencer o Grêmio Prudente nesta quinta, no Marcanã, fazendo os mesmo 18 pontos, mas com uma vitória a mais. Domingo, pegamos o Atlético Mineiro no Pacaembu, com o retorno de Dentinho e Jorge Henrique, o que deve ajudar.

segunda-feira, maio 17, 2010

Instabilidade

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Durante a semana, o técnico Dorival Júnior declarou que não pouparia os jogadores do Santos no duelo contra o Ceará, realizado ontem, em Santos, pela segunda rodada do Brasileirão (as exceções seriam Léo e Robinho). A medida, segundo o técnico, se justificaria pelo fato do Brasileiro ser um campeonato no qual pontos não podem ser desperdiçados, e eventuais tropeços nessas primeiras rodadas seriam cobrados no futuro.

Pois bem: os titulares foram a campo, o time não venceu o Ceará e deixou uma bela pontada de preocupação na alma do torcedor, que agora vislumbra o duelo contra o Grêmio, na quarta, pela Copa do Brasil.

Não apenas pela futebol em si propriamente dito. Que foi bem fraquinho, é bom registrar: o Ceará poderia ter vencido a partida, se a arbitragem tivesse validado gol erroneamente anulado ainda no primeiro tempo, que deixaria os nordestinos com uma vantagem de 2x0. Mesmo na segunda etapa, o Santos não rendeu e o empate, pelo que se viu, caiu de bom tamanho.

Mas a outra preocupação que fica para os torcedores é em relação ao preparo físico do time. Contra o Ceará, se notou com facilidade uma dificuldade dos atletas para correr, marcar os adversários, se fazer presente em todos os lados do campo. Dorival falou sobre isso ao término da partida: disse que é complicado para um time que joga "quarta e domingo, sem folga". Ora, treinador! Estamos em um campeonato no qual quase a metade dos times está jogando "quarta e domingo, sem folga". Ou seja, essa não cola.

A expectativa entre os peixeiros é que o que aconteceu ontem tenha como explicação justamente uma concentração maior para o jogo contra o Grêmio.

terça-feira, maio 04, 2010

'Fiz-me revolucionário!'

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No conto "Lama e folhas", do escritor cearense Moreira Campos (foto), a fina ironia sobre os jovens "revolucionários" que disfarçam com política a manguaça e a vadiagem - e sobre as jovens que caem nesse engodo:

Trancei pernas nas ruas, espreguicei-me nos bancos de avenida, dormi em porões de pensões, enganando os proprietários e fiz-me revolucionário: batia-me pela queda das instituições vigentes e pregava, vagamente, a necessidade de uma nova ordem.
Foi por esse tempo que Marta me conheceu. Sem dúvida, impressionou-se com a minha cabeleira inflamada e pupila conspiradora. Era então uma menina lânguida, com leitura de romances baratos, onde, naturalmente, se apresentam, aureolados, tipos aventureiros e vagabundos. Isso cala na alma ingênua das mulheres. A ficção é uma arte perniciosa. A velha, mulherão enérgico, conhecedora do preço da carne e do aluguel da casa, claro que desejava para a filha algo mais valioso: um ser barrigudo, careca que fosse, mas próspero, capaz de assegurar-lhe estabilidade e acudir a família nos momentos mais aflitivos.


Depois de casado com a pobre moça, vejam o que acontece com o "revolucionário" (e com a sogra que antes o odiava):

À sombra do meu sogro, que conta algumas amizades proveitosas, consegui o lugar de escriturário num Banco. Como empregado, segui este lema: flexionava a espinha diante dos chefes e era autoritário com os humildes. É um meio seguro de vencer-se. Venci: fui de escriturário ao cargo mais vantajoso: o Caixa. Aí, com seis meses, dei um desfalque de quarenta mil cruzeiros. Houve inquérito, demitiram-me, ameaças de prisão. Meu sogro andava acabrunhado, falava em reputação, cabelos brancos, seu círculo de relações e outras surradas hipocrisias. Não fazia muito caso do velho. Seus desejos em casa nem sempre são atendidos, autoridade frágil. Minha sogra apoiava-me em silêncio.
Depois tudo entrou em sossego. E, pagos honorários de advogados, gratificações na polícia, salvei ainda uns trinta mil cruzeiros com que me estabeleci. Ninguém poderá censurar-me: quase todas as fortunas têm, mais ou menos, essa origem.

quarta-feira, abril 07, 2010

A mesa de bar ideal

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Sexta-feira da Paixão, 11 e meia da noite, lua cheia e céu estrelado na praia de Canoa Quebrada, em Aracati, litoral cearense. Além da porção caprichada de camarões (dos grandes) no alho e óleo e da cerveja gelada por R$ 3 a unidade, ainda tinha de graça o ir e vir do mar morno banhando meus pés sob a mesa. E tem como pedir a saideira?

(Foto: Maria do Socorro Nogueira de Paula)

segunda-feira, abril 05, 2010

Orelhadas de bar (2)

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Pontal do Maceió, litoral cearense, sábado de aleluia. Na mesa ao lado, cinco mulheres de meia idade bebem (muita) cerveja e conversam animadamente.

- Ela disse que ia fazer um macarrão e que podia levar meus amigos, se quisesse. Eu levei doze pessoas.

- A gente acabou com toda a comida da casa.

- O que eu não gosto de Carnaval é isso, essa gente toda. Tem que ter o espírito da brincadeira, senão vira bagunça.


Desce um menino do morro, correndo, e atrás dele segue uma vaca, chacoalhando o sino no pescoço. A Dona Biteca começa a picar o coentro pra temperar a peixada. O sol bate forte nas pedras do mar.

- Red Bull acaba com a vida de uma mulher. Eu acordei três da manhã, provocando. Quase morri.

- Eu gosto de Campari. Com pedaços de pêssego.

- Ontem eu fiquei bêba que só a peste. E quando fui pegar o mototáxi o homem tava mais bêbo que eu.

- O Ari? Aquilo é um pudim de cana!

- Eu conheço a tia dele. Ela é benzedeira. Você sarou daquela coruba nas costas?

- Sarei na cachaça! Secou tudo!


Chega o prato de camarões e dois caranguejos cozidos. A cerveja esquenta muito rápido. Meus óculos estão cheios de sal. As mulheres dão gargalhadas. São felizes. Ao menos neste momento.

segunda-feira, março 01, 2010

Água que manguaça bebe

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Rodger Rogério é um cantor, compositor, ator e professor de Física de 66 anos. Integrou o mítico grupo Pessoal do Ceará no início dos anos 1970, com a cantora Téti e Ednardo (na foto ao lado, ele está à esquerda). Eles foram da mesma safra dos também cearenses Fagner, Belchior, Amelinha, Fausto Nilo, Petrúcio Maia e Clodo, entre muitos outros. O LP "Meu corpo, minha embalagem, todo gasto na viagem", lançado pela gravadora Continental em 1973, é um clássico disputado hoje nos sebos. Com Ednardo e Téti, Rodger canta coisas como "Cavalo ferro", de Fagner e Ricardo Bezerra. Ele também participou do festival "Massafeira", em 1979, movimento coletivo que fez apresentações no Teatro José de Alencar e foi outro marco da música cearense - os 30 anos do evento foram comemorados com um show em maio do ano passado.

No blogue Do Carvalho, li uma passagem manguacística contada por Rodger Rogério (à esquerda, em foto recente). O bar Estoril sempre foi uma referência em Fortaleza. Nalgum fim de noite perdido nos anos 1970, Rodger e outros manguaças chegaram ao local quando o garçom Sitônio já guardava as mesas e cadeiras. Tratou logo de avisar os ébrios que o bar estava fechando e não venderia mais nada. "- Mas Sitônio, só três vodkas enquanto tu guarda as cadeiras, rapaz!", implorou Rodger. "- Tudo bem, vou trazer as vodkas e a conta logo". "- Peraí, Sitônio, arruma as coisas com calma. Traz três vodkas pra cada um e um Crush por rodada". O garçom aceitou e os manguaças beberam suas três doses com refrigerante. Porém, quando a conta chegou, só constava o valor a ser pago pelos três Crush. "- Que é isso, Sitônio? Num vai cobrar as vodkas não, rapaz?". "- E vocês acham que botei vodka? Tomaram muito foi água misturada com laranjada. E do jeito que estão, nem perceberam. Agora paguem e vão simbora!".

sexta-feira, novembro 20, 2009

Médico manguaça passa mal e é internado após beber amostra de cachaça envenenada

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Essa foi noticiada pelo jornal O Povo, de Fortaleza, onde já trabalhei: o médico da cidade de Acopiara Francisco Vilmar Félix Martins (foto), 56 anos, foi internado ontem na capital cearense após beber uma amostra de cachaça de fabricação caseira suspeita de ter envenenado duas vítimas há 15 dias. Candidato a prefeito nas últimas eleições e ex-vice-prefeito do município interiorano, o cachaceiro passa bem.

Há duas semanas, Vilmar Félix soube do caso das pessoas que teriam se sentido mal após tomar a cachaça. "Um amigo comum me procurou, dizendo que me entregaria uma porção da cachaça pra eu mandar fazer uma análise", recorda. Na segunda-feira, o amigo lhe entregou a "encomenda". "Veio numa garrafinha tipo celular e eu pus dentro da pasta, mas não lembrei mais da história dele (de que a cachaça fazia mal)", conta o manguaça.

Ao chegar em casa, na hora do jantar, Félix mandou pra goela cerca de 20 mililitros da bebida. "Quando bebi, até disse: -Que cachaça ruim, passou rasgando tudo aqui-. Aquilo devia ter metanol diluído em cachaça ou em água", faz o (tardio) diagnóstico. Não muito tempo depois, o pingão passou a sentir os efeitos de sua trapalhada. "Comecei a suar a camisa, foi uma loucura. Teve um momento que eu não mexia mais os braços nem as pernas", lembra. Na madrugada de ontem, o médico veio de helicóptero para Fortaleza. De acordo com a médica da unidade, Sandra Belém, Félix apresentou sintomas como visão borrada, diarreia, suor frio e fraqueza geral no corpo.

A família do bebum levou a amostra a um laboratório para que seja feita análise (e eu não duvido que outro manguaça, no local, resolva experimentar mais um pouco da dita cuja). "Deve ser daquelas cachaças adulteradas, artesanais, que se fazem em fundo de quintal. É preciso tomar cuidado", alerta Vilmar Félix. "Não devemos ingerir qualquer tipo de bebida em qualquer lugar", arremata o sábio conselheiro. Você faria uma consulta com ele?