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quarta-feira, julho 24, 2013

Djalma Santos: taça de vinho, seleção da Fifa e o adeus

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Nunca tínhamos sido tão felizes! Djalma Santos, Pelé e Garrincha na Copa da Suécia, quando, pela primeira vez, "o brasileiro, lá no estrangeiro, mostrou o futebol como é que é!"

Na Lusa: bicampeão do Rio-São Paulo
Morreu Djalma Santos, considerado o maior lateral-direito do mundo em todos os tempos, bicampeão pelo Brasil nas Copas da Suécia e do Chile. Revelação da Portuguesa, onde jogou de 1949 a 1958, brilhou na fase áurea do clube, com Pinga, Julinho Botelho e Brandãozinho. Esse time conquistou o Torneio Rio-São Paulo em 1952 e 1955 e a Fita Azul em 1951 e 1953 (premiação do jornal "A Gazeta Esportiva" aos clubes brasileiros que ficassem, pelo menos, dez jogos invictos em excursões internacionais). Djalma Santos ainda é o segundo maior recordista de jogos da Lusa: 434. Suas atuações pela Portuguesa renderam a primeira convocação para uma Copa do Mundo, a da Suiça, em 1954. Djalma foi titular nas três partidas disputadas e, na famosa "Batalha de Berna", jogo em que o Brasil foi goleado por 4 a 2 pela Hungria de Puskás e eliminado da competição, fez  um dos gols da nossa seleção - o outro foi marcado pelo seu companheiro de clube Julinho Botelho.

Brasil campeão, em 1958: Djalma Santos, Zito, Bellini, Nilton Santos, Orlando e Gilmar (em pé); Garrincha, Didi, Pelé, Vavá, Zagallo e o massagista Mário Américo (agachados)

Sete títulos ganhos no Palmeiras
Mas a glória de Djalma Santos viria quatro anos depois, na Suécia. Ainda jogador da Portuguesa, ficou no banco de reservas até a decisão, quando o titular De Sordi, lateral-direito do São Paulo, se contundiu. Djalma teve uma atuação tão brilhante no jogo que deu ao Brasil sua primeira Copa do Mundo que, mesmo tendo disputado apenas uma partida, foi eleito o melhor jogador da posição de todo o mundial. Tal prestígio garantiu sua contratação pelo Palmeiras, onde viveu a melhor fase de sua carreira. Em nove anos (498 jogos), conquistou o Campeonato Paulista em 1959, 1963 e 1966, o Torneio Rio-São Paulo em 1965, a Taça Brasil em 1960 e 1967 e o Torneio Roberto Gomes Pedrosa em 1967 - os três últimos reconhecidos posteriormente como Campeonatos Brasileiros pela CBF. A boa fase fez com que fosse à Copa de 1962 como titular, onde conquistou o bicampeonato mundial para o Brasil. Mas, lá no Chile, houve um episódio que quase o complicou.

Bicampeão pelo Brasil em 58 e 62
No livro "As melhores seleções brasileiras de todos os tempos" (Editora Contexto, 2010), do narrador Milton Leite, o veterano Djalma Santos relembrou: "Num dia de folga, eu e o Vavá [atacante] saímos e resolvemos tomar uma taça de vinho. Sabe como é, vinho chileno é bom e lá é baratinho. Nós estávamos lá e os jornalistas passando, olhando. Foram falar com o Carlos Nascimento, supervisor, que tinham visto a gente e tudo mais". Porém, a intriga da imprensa não colou. "Como eles tinham confiança nos jogadores, o Aymoré [técnico] me chamou e perguntou se eu tinha bebido, eu disse que sim, uma taça. Ele assumiu e disse para os repórteres que não tinha problema nenhum, que todo mundo ali era responsável. Provavelmente, se não houvesse essa confiança, nós teríamos sido punidos ou teria saído uma manchete 'Djalma bêbado' ou algo assim", contou o ex-lateral-direito. Nada disso, como se sabe, prejudicou sua imagem. Tanto que, no ano seguinte, viveria o auge de seu prestígio.

Seleção da Fifa, em 1963: Puskás é o primeiro em pé, ao lado de Djalma Santos; os outros são Yashin, Schnellinger, Pluskal, Popluhar, Masopust, Kopa, Law, Di Stéfano, Eusébio e Gento

Djalma na primeira Seleção da Fifa
Em outubro de 1963, a Fifa, entidade máxima do futebol, convocou pela primeira vez em sua história uma seleção dos melhores jogadores do mundo, para disputar um amistoso com a seleção da Inglaterra, no lendário estádio de Wembley, em comemoração aos 100 anos da publicação das “Regras do Jogo”, convencionada como data de criação do futebol. E da seleção brasileira, simplesmente bicampeã do mundo, apenas um jogador teve a honra de ser convocado para a equipe internacional: Djalma Santos. Começou jogando e foi titular durante todo o primeiro tempo, ao lado de mitos como o goleiro Yashin e os atacantes Kopa, Di Stéfano, Eusébio e Gento (Uwe Seeler e Puskás entraram depois). Enquanto jogou, Djalma anulou Bobby Charlton - que seria campeão na Copa da Inglaterra três anos depois - e o placar manteve-se zerado. No segundo tempo, a Inglaterra venceu por 2 a 1. A torcida só veria outros brasileiros na Seleção da Fifa 16 anos depois, num amistoso contra a Argentina em que jogaram o goleiro Leão, o lateral Toninho e Zico. Mais tarde, Sócrates, Falcão, Júnior, Taffarel, Aldair, Ronaldo, Cafu, Rivaldo e Kaká também seriam convocados pela Seleção da Fifa, a partir do caminho aberto por Djalma Santos.

Com Bellini, no Atlético: campeão em 70
Depois de participar da fracassada campanha na Copa de 1966, Djalma se despediu da seleção brasileira dois anos mais tarde, em um amistoso, quando foi substituído simbolicamente por Carlos Alberto Torres - que seria o lateral-direito e capitão do tricampeonato no México. Aos 39 anos, rumou para o Atlético-PR junto com o colega Bellini. Lá em Curitiba, venceu o Campeonato Paranaense de 1970 e encerrou a carreira em 1972, aos 43 anos. Em vida, recebeu o reconhecimento que merecia: foi eleito por especialistas no mundo todo como o maior lateral-direito da história do futebol, incluindo as eleições da Revista Placar (em 1981), Revista Venerdì Magnifici (1997), A Tarde Newspaper (2004) e novamente a Placar, em sua última pesquisa. Hospitalizado desde 1º de julho no município mineiro de Uberaba, onde morava há duas décadas, Djalma Santos faleceu ontem, dia 23, após uma parada cardiorrespiratória decorrente do agravamento de uma pneumonia. E o futebol ficou mais triste.

São Paulo, 1960: Djalma Santos, Poy, Fernando Sátiro, Riberto, Gildésio e Vítor (em pé); Julinho Botelho, Almir Pernambuquinho, Gino, Gonçalo e Canhoteiro (agachados)

Ps.: Termino o post recordando um fato pouco conhecido pelos não-sãopaulinos: o dia em que Djalma Santos vestiu a camisa do clube, em um amistoso contra o Nacional do Uruguai, a segunda partida da história do Morumbi. Para esse amistoso, vencido por 3 a 0, o São Paulo recebeu reforços dos clubes "co-irmãos" (bons tempos aqueles da convivência pacífica!): Djalma e Julinho Botelho, do Palmeiras, e Almir Pernambuquinho, do Corinthians. Para infelicidade da Nação Tricolor, uma distensão de última hora tirou da partida Pelé, cedido pelo Santos.

Adeus e muito obrigado! Foram 111 jogos, 79 vitórias e três gols pela seleção brasileira

domingo, junho 29, 2008

A Taça do Mundo é nossa!

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Brasil e Suécia tinham como primeiro uniforme a camisa amarela. No sorteio, os suecos ganham e têm a preferência de jogar com sua vestimenta tradicional. Em vista disso, o chefe da delegação brasileira, Paulo Machado de Carvalho, anuncia aos atletas a “escolha” pelo uniforme azul, alegando que dará sorte, porque é a cor do manto de Nossa Senhora de Aparecida, padroeira do país.

Essa é apenas uma das muitas histórias a respeito daquela final de 29 de junho de 1958, válida pelo sexto Mundial de futebol. A seleção tinha a chance de superar o trauma da copa de 1950 e mostrar ao planeta o valor que tinha no esporte mais popular da Terra.

Djalma Santos entrava no lugar de De Sordi, contundido. Seria a única partida na Copa do grande lateral-direito, mas o suficiente para ser escolhido o melhor em sua posição no torneio. "Antes da final o médico já tinha vetado o De Sordi. Eu ainda fui conversar com ele, que me desejou sorte. Nós tínhamos uma amizade e lealdade muito grande no grupo", contou ao Uol Esporte.

Mas a Suécia não estava disposta a deixar a seleção brasileira fazer a festa em sua própria casa. E fez o gol inaugural daquela final aos 4 minutos, em jogada de Liedholm. O pesadelo da derrota para o Uruguai voltava à cabeça dos brasileiros. Mas entre os nossos estava Didi, que pegou a bola no fundo da rede e andou com ela calmamente, como que a mostrando aos companheiros. Chegou ao centro do gramado e jogou a bola no círculo, vaticinando: “Não foi nada pessoal. Vamos encher estes gringos.”

Apenas quatro minutos após, o Brasil empata, com jogada de Garrincha pela direita e gol de Vavá. E o centroavante vascaíno, em jogada muito parecida com a do primeiro tento, fez 2 a 1, placar do final do primeiro tempo. Aos 10 minutos da segunda etapa, Garrincha cruza para Pelé fazer um dos gols antológicos da história da Copa do Mundo. Com um chapéu e um arremate forte, fez 3 a 1. Aos 23, o golpe de misericórdia vem com Zagallo, que marca após lance de Didi. Gol merecido, já que o ponta esquerda havia feito um gol legítimo não anotado na semifinal contra a França.

A Suécia ainda faria o segundo gol, mas no último minuto Pelé sacramentou a goleada verde-e-amarela, tornando-se artilheiro da equipe na competição: seis gols em quatro partidas. Just Fontaine foi o goleador máximo, 13 gols, recorde até hoje não igualado por ninguém em uma edição da Copa do Mundo. Sua seleção, a França, foi a terceira colocada, superando a Alemanha por 6 a 3. O Mundial terminou com 126 gols marcados em 35 partidas, uma ótima média de 3,6 gols por peleja. 

O capitão do escrete, Hideraldo Luís Bellini, criava o gesto que seria imortalizado e repetido durante as décadas seguintes. Recebe a taça e a ergue em direção ao céu. "Não pensei em erguer a taça, na verdade não sabia o que fazer com ela quando a recebi do Rei Gustavo, da Suécia. Na cerimônia de entrega da Jules Rimet, a confusão era grande, havia muitos fotógrafos procurando uma melhor posição. Foi então que alguns deles, os mais baixinhos, começaram a gritar: 'Bellini, levanta a taça, levanta Bellini!', já que não estavam conseguindo fotografar. Foi quando eu a ergui", contou o zagueiro à Gazeta Esportiva, Bellini, rindo.

Hoje, para quem nasceu depois da conquista que completa 50 anos, aquele título pode parecer apenas um fato histórico distante, que perdeu o significado pelos títulos obtidos posteriormente. Mas é inconcebível imaginar como seria hoje o futebol brasileiro se houvesse um novo fracasso no Mundial. Foi o ponto de ruptura em que os brasileiros se livraram do que Nelson Rodrigues chamava de “complexo de vira-latas”. Ali se firmou o respeito à camisa verde-amarela e também nascia o maior jogador de todos os tempos, que o mesmo Nelson chamou de “rei”, antes de ele ser celebrizado como tal na Suécia. Considerada por muitos a maior seleção de todos os tempos, todo brasileiro deve reverenciar e agradecer o legado deixado por cada um daqueles ídolos que estarão para sempre no panteão dos grandes do futebol mundial.


Just Fontaine, artilheiro da competição, afirmou, como muitos acreditam, que aquela seleção do Brasil foi a melhor equipe brasileira da história. “Foi o mais equilibrado, melhor do que o de 1962 e do que o de 1970”, declarou ao Globo Esporte. Na mesma conversa, ele afirmou; “Pelé foi o melhor de todos os tempos, depois dele vem Di Stéfano e, bem abaixo, os outros como Maradona e Cruiyff.” Palavra de quem conhece.