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quarta-feira, julho 24, 2013

Djalma Santos: taça de vinho, seleção da Fifa e o adeus

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Nunca tínhamos sido tão felizes! Djalma Santos, Pelé e Garrincha na Copa da Suécia, quando, pela primeira vez, "o brasileiro, lá no estrangeiro, mostrou o futebol como é que é!"

Na Lusa: bicampeão do Rio-São Paulo
Morreu Djalma Santos, considerado o maior lateral-direito do mundo em todos os tempos, bicampeão pelo Brasil nas Copas da Suécia e do Chile. Revelação da Portuguesa, onde jogou de 1949 a 1958, brilhou na fase áurea do clube, com Pinga, Julinho Botelho e Brandãozinho. Esse time conquistou o Torneio Rio-São Paulo em 1952 e 1955 e a Fita Azul em 1951 e 1953 (premiação do jornal "A Gazeta Esportiva" aos clubes brasileiros que ficassem, pelo menos, dez jogos invictos em excursões internacionais). Djalma Santos ainda é o segundo maior recordista de jogos da Lusa: 434. Suas atuações pela Portuguesa renderam a primeira convocação para uma Copa do Mundo, a da Suiça, em 1954. Djalma foi titular nas três partidas disputadas e, na famosa "Batalha de Berna", jogo em que o Brasil foi goleado por 4 a 2 pela Hungria de Puskás e eliminado da competição, fez  um dos gols da nossa seleção - o outro foi marcado pelo seu companheiro de clube Julinho Botelho.

Brasil campeão, em 1958: Djalma Santos, Zito, Bellini, Nilton Santos, Orlando e Gilmar (em pé); Garrincha, Didi, Pelé, Vavá, Zagallo e o massagista Mário Américo (agachados)

Sete títulos ganhos no Palmeiras
Mas a glória de Djalma Santos viria quatro anos depois, na Suécia. Ainda jogador da Portuguesa, ficou no banco de reservas até a decisão, quando o titular De Sordi, lateral-direito do São Paulo, se contundiu. Djalma teve uma atuação tão brilhante no jogo que deu ao Brasil sua primeira Copa do Mundo que, mesmo tendo disputado apenas uma partida, foi eleito o melhor jogador da posição de todo o mundial. Tal prestígio garantiu sua contratação pelo Palmeiras, onde viveu a melhor fase de sua carreira. Em nove anos (498 jogos), conquistou o Campeonato Paulista em 1959, 1963 e 1966, o Torneio Rio-São Paulo em 1965, a Taça Brasil em 1960 e 1967 e o Torneio Roberto Gomes Pedrosa em 1967 - os três últimos reconhecidos posteriormente como Campeonatos Brasileiros pela CBF. A boa fase fez com que fosse à Copa de 1962 como titular, onde conquistou o bicampeonato mundial para o Brasil. Mas, lá no Chile, houve um episódio que quase o complicou.

Bicampeão pelo Brasil em 58 e 62
No livro "As melhores seleções brasileiras de todos os tempos" (Editora Contexto, 2010), do narrador Milton Leite, o veterano Djalma Santos relembrou: "Num dia de folga, eu e o Vavá [atacante] saímos e resolvemos tomar uma taça de vinho. Sabe como é, vinho chileno é bom e lá é baratinho. Nós estávamos lá e os jornalistas passando, olhando. Foram falar com o Carlos Nascimento, supervisor, que tinham visto a gente e tudo mais". Porém, a intriga da imprensa não colou. "Como eles tinham confiança nos jogadores, o Aymoré [técnico] me chamou e perguntou se eu tinha bebido, eu disse que sim, uma taça. Ele assumiu e disse para os repórteres que não tinha problema nenhum, que todo mundo ali era responsável. Provavelmente, se não houvesse essa confiança, nós teríamos sido punidos ou teria saído uma manchete 'Djalma bêbado' ou algo assim", contou o ex-lateral-direito. Nada disso, como se sabe, prejudicou sua imagem. Tanto que, no ano seguinte, viveria o auge de seu prestígio.

Seleção da Fifa, em 1963: Puskás é o primeiro em pé, ao lado de Djalma Santos; os outros são Yashin, Schnellinger, Pluskal, Popluhar, Masopust, Kopa, Law, Di Stéfano, Eusébio e Gento

Djalma na primeira Seleção da Fifa
Em outubro de 1963, a Fifa, entidade máxima do futebol, convocou pela primeira vez em sua história uma seleção dos melhores jogadores do mundo, para disputar um amistoso com a seleção da Inglaterra, no lendário estádio de Wembley, em comemoração aos 100 anos da publicação das “Regras do Jogo”, convencionada como data de criação do futebol. E da seleção brasileira, simplesmente bicampeã do mundo, apenas um jogador teve a honra de ser convocado para a equipe internacional: Djalma Santos. Começou jogando e foi titular durante todo o primeiro tempo, ao lado de mitos como o goleiro Yashin e os atacantes Kopa, Di Stéfano, Eusébio e Gento (Uwe Seeler e Puskás entraram depois). Enquanto jogou, Djalma anulou Bobby Charlton - que seria campeão na Copa da Inglaterra três anos depois - e o placar manteve-se zerado. No segundo tempo, a Inglaterra venceu por 2 a 1. A torcida só veria outros brasileiros na Seleção da Fifa 16 anos depois, num amistoso contra a Argentina em que jogaram o goleiro Leão, o lateral Toninho e Zico. Mais tarde, Sócrates, Falcão, Júnior, Taffarel, Aldair, Ronaldo, Cafu, Rivaldo e Kaká também seriam convocados pela Seleção da Fifa, a partir do caminho aberto por Djalma Santos.

Com Bellini, no Atlético: campeão em 70
Depois de participar da fracassada campanha na Copa de 1966, Djalma se despediu da seleção brasileira dois anos mais tarde, em um amistoso, quando foi substituído simbolicamente por Carlos Alberto Torres - que seria o lateral-direito e capitão do tricampeonato no México. Aos 39 anos, rumou para o Atlético-PR junto com o colega Bellini. Lá em Curitiba, venceu o Campeonato Paranaense de 1970 e encerrou a carreira em 1972, aos 43 anos. Em vida, recebeu o reconhecimento que merecia: foi eleito por especialistas no mundo todo como o maior lateral-direito da história do futebol, incluindo as eleições da Revista Placar (em 1981), Revista Venerdì Magnifici (1997), A Tarde Newspaper (2004) e novamente a Placar, em sua última pesquisa. Hospitalizado desde 1º de julho no município mineiro de Uberaba, onde morava há duas décadas, Djalma Santos faleceu ontem, dia 23, após uma parada cardiorrespiratória decorrente do agravamento de uma pneumonia. E o futebol ficou mais triste.

São Paulo, 1960: Djalma Santos, Poy, Fernando Sátiro, Riberto, Gildésio e Vítor (em pé); Julinho Botelho, Almir Pernambuquinho, Gino, Gonçalo e Canhoteiro (agachados)

Ps.: Termino o post recordando um fato pouco conhecido pelos não-sãopaulinos: o dia em que Djalma Santos vestiu a camisa do clube, em um amistoso contra o Nacional do Uruguai, a segunda partida da história do Morumbi. Para esse amistoso, vencido por 3 a 0, o São Paulo recebeu reforços dos clubes "co-irmãos" (bons tempos aqueles da convivência pacífica!): Djalma e Julinho Botelho, do Palmeiras, e Almir Pernambuquinho, do Corinthians. Para infelicidade da Nação Tricolor, uma distensão de última hora tirou da partida Pelé, cedido pelo Santos.

Adeus e muito obrigado! Foram 111 jogos, 79 vitórias e três gols pela seleção brasileira

sábado, junho 13, 2009

Tragédia pode ter mudado o rumo da Copa de 58

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Estou lendo Manchester's Finest - How the Munich Air Disaster Broke the Heart of a Great City, de David Hall, sobre o acidente de avião – foto – que matou oito jogadores do time inglês Manchester United em 6 de fevereiro de 1958, na Alemanha. Era a famosa equipe batizada como "Busby Babes", uma geração de jovens craques capitaneados pelo mítico técnico escocês Matt Busby, que venceu o Campeonato Inglês das temporadas 1956-1957 e 1957-1958. Seria como se o time do Santos perdesse numa tragédia, logo após vencer o Brasileirão de 2002, Robinho, Diego, Renato, Elano, Leo, Alex e Alberto, por exemplo.


No dia anterior ao acidente aéreo, o Manchester United empatou por 3 a 3 com o Red Star, em Belgrado, na antiga Iuguslávia, e garantiu presença na semifinal da Liga dos Campeões da Europa, na qual enfrentaria o Real Madrid. Mas, na viagem de volta, o avião parou para reabastecer em Munique e, sob forte nevasca, tentou decolar duas vezes e não conseguiu. Na terceira, saiu da pista, bateu uma das asas em uma casa e pegou fogo, matando 22 das 43 pessoas a bordo. Veja imagens da epoca aqui.

Entre as vítimas fatais estavam os jogadores Geoff Bent, Roger Byrne, Eddie Colman, Duncan Edwards, Mark Jones, David Pegg, Tommy Taylor e Billy Whelan. Morreram ainda três funcionários do clube, oito jornalistas de Manchester, dois membros da tripulação e dois outros passageiros. Entre os jogadores que sobreviveram estava Bobby Charlton, futuro campeão mundial pela Inglaterra em 1966. Outros dois do time, Jackie Blanchflower e John Berry, nunca mais puderam jogar futebol. O técnico Matt Busby passou por diversas cirurgias e esteve entre a vida e a morte, mas sobreviveu para reassumir o time três meses depois.

Mas a perda mais sentida foi a de Duncan Edwards (foto), de 21 anos, uma espécie de Pelé inglês e grande promessa de destaque na Copa da Suécia, que seria disputada dali alguns meses. Como se sabe, a Inglaterra foi a única seleção a quem o Brasil não conseguiu derrotar naquele mundial – e seria uma das favoritas ao título se tivesse contado com os jogadores Edwards, Taylor, Byrne, Pegg e Bent, que morreram no acidente e tinham suas convocações praticamente certas.

Os "Busby Babes" em 1957: a partir da esquerda, Ray Woods, Duncan Edwards, Tommy Taylor, Billy Whelan, Geoff Bent, Bill Foulkes, Jackie Blanchflower, Colin Webster, Dennis Viollet, Eddie Colman e Johnny Berry

Ps.: O legendário técnico Matt Busby (foto à esquerda) foi citado por John Lennon na letra de Dig It, dos Beatles, em 1969, um ano depois de o Manchester City ter vencido o Benfica, de Portugal, na decisão da Liga dos Campeões da Europa. A letra diz: "Like a rolling stone/ Like the FBI and the CIA/ And the BBC...BB King/ And Doris Day/ Matt Busby/ Dig it, dig it, dig it...". A música está no disco Let It Be e pode ser conferida aqui. Busby morreu em 1994, aos 85 anos.

terça-feira, junho 24, 2008

"Pelé, o saci-pererê do nosso futebol!"

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A esdrúxula definição no título do post é parte da locução de Estevam Sangirardi, da Rádio Panamericana, sobre a partida entre Brasil e França pelas semifinais da Copa do da Suécia, em 24 de junho de 1958. Mas o entusiasmo - quero crer que "saci-pererê" tenha sido um tremendo elogio - tinha razão de ser: depois de fazer o gol que eliminou o País de Gales nas quartas-de-final, Pelé pegou a confiança que faltava e, contra os franceses, marcou simplesmente três dos cinco gols brasileiros.

"Depois do jogo contra o País de Gales, senti que eu era macho (risos), que merecia ser titular naquele time de cobras", afirmou o Rei em 1993 à TV Cultura, em entrevista reprisada pelo programa "Grandes Momentos do Esporte". "Mas o jogo contra a França foi o que eu entrei mais tenso, pois era o time com o melhor ataque da Copa. Ainda bem que não foi a minha estréia, eu já estava mais seguro", acrescentou Pelé (na foto acima, aguardando o rebote do goleiro Abbes para marcar um dos gols contra a França).

De fato, como lembrou nosso camisa 10, os franceses tinham a melhor linha ofensiva da Copa, com Raimundo Kopa, Piantoni e Fontaine - que terminaria o mundial com 13 gols marcados, ainda hoje recorde absoluto em uma única edição. Os dois últimos, aliás, seriam os responsáveis por vazar, pela primeira vez, o time brasileiro. Até então, o Brasil não havia levado um gol sequer em quatro jogos. Na partida, saímos na frente logo aos 2 minutos, com Vavá. Fontaine empatou e Didi, com uma "folha seca", fez 2 a 1.

Ainda no primeiro tempo, o árbitro deixou de validar dois gols do Brasil: um de Zagalo, em que a bola bateu na parte de baixo do travessão e caiu meio metro dentro do gol, voltando para o campo de jogo, por causa do efeito, e outro de Garrincha, num impedimento absurdo. Mas os erros do árbitro galês Mervyn Griffiths (seria vingança pela eliminação de seu país nas quartas?) não impediram o "baile" na etapa final, com três gols do Rei.

Confira, abaixo, trechos da narração da Rádio Panamericana:


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Ficha técnica

Brasil 5 x 2 França

Data: 24/junho/1958
Brasil 5 x 2 França
Local: Raasunda, em Estocolmo
Árbitro: Mervyn Griffiths (País de Gales)

Brasil: Gilmar; De Sordi, Bellini, Orlando e Nílton Santos; Zito e Didi; Garrincha, Vavá, Pelé e Zagallo; Técnico: Vicente Feola;

França: Abbes; Kaelbel e Jonquet; Lerond, Penverne e Marcel; Wisnieski, Kopa, Fontaine, Piantoni e Vincent; Técnico: Albert Batteux;

Gols: Vavá (2), Fontaine (8), Didi (39), Pelé (53), Pelé (64), Pelé (76) e Piantoni (85).

quinta-feira, junho 19, 2008

"Os minutos corriam rapidamente, plagiando os companheiros de Bellini"

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Hoje faz 50 anos que o Brasil enfrentou o País de Gales pelas quartas-de-final da Copa do Mundo da Suécia, em jogo disputado no estádio Nya Ullevi, em Gotemburgo. Depois de passar facilmente pela União Soviética, considerada uma das favoritas ao título, a seleção canarinho não esperava enfrentar tanta dificuldade na primeira partida eliminatória: os galeses atuaram com dez na defesa, num ferrolho que os brasileiros precisaram martelar por 71 minutos até fazer o gol e garantir a vitória - e a classificação para a semifinal, contra a França - pelo magro placar de 1 a 0. O título do post, retirado da transmissão da Rádio Panamericana (que você pode ouvir abaixo), dá idéia do desespero: o time do Brasil correndo, o adversário retrancado e o tempo passando assustadoramente depressa.

"O jogo mais difícil foi contra o País de Gales", sentenciou o ex-volante Dino Sani ao Estadão na última sexta-feira. "Naquele tempo a gente não conhecia os jogadores como hoje", observou. A partida contra o País de Gales marcou a revelação de Pelé para o mundo. "Ninguém sabia direito quem era esse Pelé", frisou Dino Sani ao Estadão (na foto acima, o menino Pelé, de 17 anos, sendo seguro por um galês). "Quer dizer, se ele estava lá, é que era bom. Mas só quando começou a jogar é que vimos que iria longe. Mas ninguém imaginava que iria tão longe assim. Foi o maior de todos", frisou Dino Sani.

Na partida seguinte, contra a França, Pelé voltaria a brilhar, com três gols, e ainda marcaria mais dois na decisão. Confira, abaixo, trechos da narração da Rádio Panamericana, do confronto entre o Brasil e o País de Gales:



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Ficha técnica

Brasil 1 x 0 País de Gales

Data: 19/junho/1958
Local: Estádio Nya Ullevi, Gotemburgo
Árbitro: Hriedrich Speilt (Áustria)

Brasil: Gilmar; De Sordi, Bellini, Orlando e Nílton Santos; Zito e Didi; Garrincha, Mazola, Pelé e Zagallo; Técnico: Vicente Feola;

País de Gales: Kelsey; Williams, M. Charles; Hopkins, Sullivan, Bowen; Medwin, Hewitt, Webster, Allchurch, Jones. Técnico: Jimmy Murphy;

Gol: Pelé (71).

quarta-feira, junho 11, 2008

"Termina o prélio com o placar acusando 0 a 0"

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Dando seqüência às postagens das locuções de jogos da Copa de 1958, com material da Rádio Panamericana de São Paulo, lançado na época em disco de vinil, trazemos hoje trechos da partida entre Brasil e Inglaterra, disputada em 11 de junho daquele ano. O empate, único da campanha brasileira na Suécia, deixou em nossa torcida uma impressão de dever não totalmente cumprido. Afinal, os ingleses são os inventores do futebol e não vencer o arrogante English Team foi uma espécie de caroço na garganta do "complexo de vira-latas" tupiniquim.

Tanto que, em maio de 1959, a Inglaterra veio ao Maracanã para uma espécie de "amistoso-desagravo", como se o título mundial do ano anterior precisasse da chancela de uma vitória sobre eles - o que de fato ocorreu, 2 a 0, com uma atuação estupenda de Julinho Botelho, que entrou em campo sob vaia monumental, por estar substituindo Garrincha, e, depois de dar o passe para o primeiro gol e marcar o segundo, foi aplaudido de pé pelas milhares de pessoas que lotavam o estádio.

No zero a zero de junho de 1958 o Brasil também dominou o jogo, mas perdeu várias chances claras de gol, principalmente com o centroavante Mazola (titular até então). Num programa de 1974 que a TV Cultura reprisou outro dia, o próprio técnico Vicente Feola revelava que Mazola perdeu lugar no time nessa partida. Consta que sua contratação pelo Milan foi selada durante a Copa, deixando o então palmeirense, de 19 anos, meio "desligado".

Autor de dois gols contra a Áustria, na estréia, Mazola ainda teria outra chance contra o País de Gales, nas quartas-de-final, pois Vavá havia se contundido contra a União Soviética. O incrível é que, nesse jogo, ele marcou um golaço de meia-bicicleta (ou "puxeta"), da altura da meia-lua, mas o juiz anulou inexplicavelmente. Acabava a Copa para Mazola, que, além do Milan, jogou pelo Napoli, Juventus e os suiços Chiasso e Mendrisio Star. Já naturazilado e rebatizado como Altafini, disputaria a Copa de 1962 pela Itália.

Sobre o confronto com a Inglaterra na Copa da Suécia, vale destacar também que o goleiro McDonald (na foto acima, tirando bola da cabeça de Vavá) teve brilhante atuação contra os brasileiros, bem como Gilmar dos Santos Neves em nossa retaguarda. Ouça abaixo trechos do empate sem gols no jogo disputado há exatos 50 anos na Suécia. Curioso é que, das cinco Copas que ganhamos, cruzamos com a Inglaterra em quatro delas: 1958 (0x0), 1962 (3x1), 1970 (1x0) e 2002 (2x1). Freguesia é isso aí...


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Abaixo, a ficha técnica.

BRASIL 0 X 0 INGLATERRA

Data: 11/junho/1958
Local: Nya Ullevi, em Gotemburgo;
Árbitro: Albert Dusch (ALE);

BRASIL: Gilmar; De Sordi, Bellini, Orlando e Nílton Santos; Dino Sani e Didi; Joel, Mazola, Vavá e Zagallo. Técnico: Vicente Feola;

INGLATERRA: McDonald; Howe e Banks; Clamp, Wright e Slater; Douglas, Robson, Kevan, Haynes e A'Court. Técnico: Walter Winterbottom.



Trabalhando para o jornal TodoDia, de Americana (SP), entrevistei Mazola em1997, em Piracicaba (sua terra natal), num jogo festivo na Goodyear

segunda-feira, junho 09, 2008

"Mercadoria verde-amarela no barbante austríaco"

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Complementando o texto abaixo, do Glauco, inicio aqui a série de postagens das transmissões de rádio dos jogos do Brasil na Copa da Suécia, em 1958. As raridades vêm do LP "Brasil!!! Na Copa do Mundo", da antiga Odeon, presenteado ao Futepoca por Alessandro Mendes dos Reis, dono da livraria/ sebo Leitura & Arte, que fica na rua Fradique Coutinho, 398, em Pinheiros, São Paulo (ao lado do Bar do Vavá), telefone (11) 3081-4365.

Nas transmissões da Rádio Panamericana, da capital paulista, a narração é de Estevam Sangirardi, que costura as locuções de Geraldo José de Almeida e Waldir Amaral. Na estréia, como descreveu o Glauco, o Brasil bateu a Áustria por 3 a 0. O time tinha Dino Sani, Dida, Mazola (foto) e Joel, que perderiam suas vagas para Zito, Pelé, Vavá e Garrincha. Consta que Pelé só não começou a Copa como titular por estar machucado e Garrincha, fora de forma. E más atuações de Dino e Mazola contra a Inglaterra, no jogo seguinte, fariam Feola dar chance a Zito e Vavá, que seguiriam até a final. Na estréia, porém, Mazola fez dois gols.

Ouça aqui trechos da locução de Brasil x Áustria, com pérolas como "mercadoria verde-amarela no barbante austríaco", para descrever um dos gols. Nossos agradecimentos a Luciano Tasso, que emprestou sua vitrola, e Michel Lopes, que fez os cortes e tratou o som nos arquivos de MP3.

Ficha técnica

BRASIL 3 x 0 ÁUSTRIA

Data: 08/junho/1958;
Local: Rimnersvallen, em Uddevalla, Suécia;
Árbitro: Maurice Guigue (FRA);
Assistentes: Jan Bronkhorst (HOL) e Albert Dusch (ALE);
Público: 25.000;

Brasil: Gilmar; De Sordi, Bellini, Orlando e Nilton Santos; Dino Sani e Didi; Joel, Mazola, Dida e Zagallo. Técnico: Vicente Feola;

Áustria: Szanwald; Halla, Swoboda e Hanappi; Happel e Koller; Horak, Senekowitsch, Buzek, Alfred Körner e Schleger. Técnico: Karl Argauer;

Gols: Mazola (38), Nilton Santos (49) e Mazola (89).

terça-feira, junho 03, 2008

Porque Pepe não jogou em 58

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O companheiro Marcão, nesse post, contou a versão de Feola sobre a escalação de Zagallo na ponta-esquerda na Copa de 58, preterindo José Macia, o Pepe (foto), que ficou na reserva. O ponta santista, em entrevista da qual participei para a revista Fórum, não contradiz totalmente os argumentos de Feola, mas relata de forma mais completa como ocorreu a decisão do técnico entre escolher Zagallo, Pepe ou Canhoteiro. Ele também não descarta uma certa pressão para que Pelé e Garrincha fossem escalados. Eis a versão do "Canhão da Vila":

Convocação

Em época de Copa sou muito entrevistado e realmente me aborreço muito porque não joguei nem em 1958, nem em 1962. Antes da Copa de 1958 fizeram exames médicos mais rigorosos na Seleção e me pegaram com um problema na gengiva e nos dentes. Tive de fazer algumas extrações e perdi tempo, fiquei sem treinar por uns dez dias e o Zagallo começou a ganhar a posição.

A dúvida do Feola [Vicente, técnico da Seleção] era se ia cortar eu ou o Canhoteiro. E, no jogo contra a Bulgária, Feola optou por ele. Quando estava 1 a 1 e faltavam 20 minutos para acabar o jogo, eu entrei e mandei uma bomba no peito do goleiro. No rebote, o Pelé fez 2 a 1 e eu fiz o terceiro. Os jornais diziam que eu tinha assinado o passaporte para a Suécia.

Amistosos e contusão

Depois, teve um jogo de “desagravo” contra o Corinthians, porque Luizinho não havia sido convocado e a torcida não aceitava. Ganhamos de 5 a 0 e já joguei de titular e marquei 2 gols.
Viajamos para a Europa e fomos enfrentar a Fiorentina, ganhamos de 4 a 0 e fiz um gol. O fatídico jogo foi contra a Inter de Milão, o último amistoso antes de embarcarmos para a Suécia.

Estávamos ganhando de 2 a 0, quando parti com a bola dominada e um italiano me deu uma no tornozelo direito que cheguei a virar o pé. Desembarquei na Suécia de chinelo com o pé muito inchado. Com o tratamento, fiquei bom só na quarta rodada e o Zagallo já estava jogando com o time embalado.

A Copa do Chile

Em 1962, pensava “agora é comigo mesmo”. Depois de 1958, fui titular em 1959, 1960 e 1961 e aí veio a Copa. No Chile, tive novamente problema de contusão, estava treinando e de repente cresceu uma bola na minha perna. Fiquei fazendo tratamento e não consegui me recuperar.

Naquela época, o tratamento era toalha quente, água quente, raios-X e infravermelho. Falei para o Mário Américo: “doutor, preciso ficar bom, preciso jogar. Lá no Santos, quando tem um problema muito sério, a gente toma uma infiltração e em três, quatro dias fica bom”. Aí ele me deu a injeção. No dia seguinte, teve uma missa e eu apareci agarrado em dois jogadores, nem podia andar por causa da reação que deu na perna. Não sei se houve imperícia da parte dele porque não estava acostumado a dar injeção, sei que perdi de vez o foco da Copa, não tive mais chance alguma de jogar. Vim para o Brasil e o médico do Santos me examinou e perguntou: “o que fizeram com você?” Estava com queimadura de terceiro grau no joelho.

O papel dos líderes em 1958

Eu fazia o meu papel e jogava, não participava de nenhum tipo de reunião com a comissão técnica. Pode ter acontecido com o Nílton Santos, com o Didi, o Bellini, jogadores mais experientes, que tenham pedido a presença do Garrincha e do Pelé. Não participei de nenhuma reunião, mas acho que houve. Estava saltando aos olhos que estávamos precisando do Pelé e do Garrincha, embora a gente não pudesse prever que um menino de 17 anos fizesse aquele estrago todo.

segunda-feira, junho 02, 2008

Bellini, Feola e Gilmar falam sobre a Copa de 1958

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O "Grandes Momentos do Esporte" de ontem, na TV Cultura, recuperou um programa antológico gravado pela emissora em 1974, chamado "Todas as Copas do Mundo", com apresentação do jornalista Orlando Duarte e participação de três campeões mundiais de 1958: o técnico Vicente Feola e os ex-jogadores Bellini e Gilmar (na foto, os três no dia do título). Eles foram entrevistados pelos jornalistas Luiz Noriega, José Carlos Cicarelli, Paulo de Aquino, José Silveira e José Carlos Carbone. Vários mitos da Copa da Suécia foram desmentidos e/ou confirmados - e o mais legal é que Feola estava lá, vivo, para dar a sua versão. Vamos a algumas delas:

Jogadores que escalavam - Reza a lenda que Nilton Santos, Didi e Bellini teriam pressionado Feola para substituir Dino Sani, Joel, Dida e Mazola por Zito, Garrincha, Pelé e Vavá. No livro "Estrela solitária", sobre Garrincha, o escritor Ruy Castro já havia dito que tal insubordinação seria impensável naquele grupo. Gilmar e Bellini confirmaram. "Isso é mentira, é uma fofoca criada por amigos do Nilton e do Didi no Rio, depois me envolveram na história", disparou Bellini. Feola acrescentou que Garrincha e Pelé só não começaram a Copa como titulares porque o primeiro estava fora de forma e o segundo contundido. Dino Sani e Mazola perderam os postos por não terem rendido o que ele esperava.

Mauro no banco - Muitos jornalistas consideram que o zagueiro Mauro Ramos de Oliveira já poderia ter sido titular (e capitão) na Copa de 1958, quatro anos antes disso acontecer no Chile. A titularidade de Bellini (que jogava no Vasco) teria sido uma "cariocada" da CBF. Mas Feola, que treinou Mauro no São Paulo por muitos anos, considerava que ele era muito técnico, não marcava forte e não dava bico na hora do sufoco. Por isso, preferiu Bellini - com a ressalva de que, depois disso, Mauro mudou seu estilo e virou titular no Santos e na seleção. Gilmar e Bellini concordaram com isso. "O Bellini não tinha medo de dar uma 'injeção" (um bico) na bola", disse Gilmar. "Agulhada", corrigiu Bellini, rindo.

Pepe no banco - O ponta-esquerda Pepe foi reserva de Zagallo em 1958 e 1962. Teria sido outra "cariocada"? Feola disse que deu várias oportunidades para Canhoteiro e Pepe mas que Zagallo conquistou a posição antes da Copa, por ser o jogador que mais corria e que conseguia voltar do ataque para compor a defesa mais rápido que todos os outros. "Ele foi fundamental para a conquista", afirmou o técnico. "Na semifinal contra a França o Zagallo estava meio gripado e consultei o Pepe para saber se estava disposto a jogar. Ele ficou muito tímido, retraído. Mantive o Zagallo".

Final antecipada - Questionados sobre o jogo mais difícil, tanto Gilmar quanto Bellini disseram que a França, na semifinal, foi o adversário mais forte que enfrentaram (contrariando palpites dos jornalistas sobre a Inglaterra e o País de Gales). "Nós tínhamos uma defesa mais compacta, mas o ataque francês era excelente. Nesse duelo, vencemos a Copa", resumiu Bellini.

'Volta, Nilton!' - Na estréia do Brasil na Copa, contra a Áustria, o lateral-esquerdo Nilton Santos foi ao ataque e fez o segundo gol da seleção no início da segunda etapa. Reza a lenda que, enquanto ele avançava, Feola gritava com raiva do banco: "-Volta, Nilton, volta!". E que depois teria dito, cinicamente: "-Boa, Nilton!". O técnico deu sua versão: "Nilton tentou arrancar e perdeu a bola no meio do campo. O conta-ataque da Áustria seria fulminante, por isso gritei para ele voltar. O estádio era pequeno e todo mundo ouviu. Mas, em cima do lance, o Didi desarmou os austríacos e lançou o Nilton, que fez o gol. Nunca proibi ninguém de ir ao ataque e nem deixei de incentivar quando algum defensor tinha chance de gol".

quarta-feira, abril 02, 2008

Carona

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Armando Nogueira, em coluna no Lance! de hoje, comete uma inconfidência de 50 anos. Segundo ele, na noite de 29 de junho de 1958, quando o Brasil foi campeão mundial pela primeira vez, na Suécia, houve uma grande festa no hotel em que a seleção estava hospedada. Nogueira diz que cada jogador estava devidamente acompanhado por uma "loura do porte de seu merecimento". Quando ele se aproximou de Moacir (foto), meia do Flamengo e reserva no mundial, o jogador agarrou sua loura e sussurrou no ouvido do jornalista: "-Armando, me chama de Pelé! Me chama de Pelé!".