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sábado, janeiro 26, 2013

Quando perder do Uruguai fez sentido

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Não, eu não estou afirmando que a derrota do Brasil para os uruguaios na final da Copa de Ouro dos Campeões Mundiais, em janeiro de 1981, foi uma armação. Assim como em 1950, nossos adversários ganharam na bola, e pelo mesmo placar de 2 a 1 (na foto ao lado, o goleiro e capitão Rodolfo Rodríguez levanta a taça). O título do post refere-se ao fato de que, há 32 anos, a vitória uruguaia representou um grande e justificado desabafo para sua população. É o que conta o ótimo documentário "Mundialito", exibido hoje pelo Canal Brasil. Trata-se de um exemplo crucial de como o futebol e política podem se misturar.

Em 30 de novembro de 1980, os uruguaios foram às urnas para votar, em plebiscito, se a ditadura militar poderia modificar a Constituição do país. Surpreendentemente, 57% votaram "não"! Pela primeira vez na História mundial, um governo ditador foi derrotado em um plebiscito que ele próprio organizou. Acontece que, temerosos pela truculência dos militares, os uruguaios não soltaram fogos nem foram para as ruas comemorar esse episódio fantástico. Calaram-se, apesar da enorme vontade de gritar contra a ditadura que os oprimia.

Só que a oportunidade não tardaria a acontecer: justamente 1 mês depois, teve início no Uruguai a Copa de Ouro organizada pela Fifa, que ficaria conhecida como "Mundialito de 1981" e que reuniu, além do time da casa e do Brasil, Alemanha, Argentina, Itália e Holanda. Fazia 30 anos que a seleção uruguaia não ganhava nada e, simbolicamente, a decisão a confrontou com a vítima de seu título anterior, o Brasil. O novo troféu levou os uruguaios à loucura. E a vitória nas urnas, 40 dias antes, foi gritada nas ruar por milhares de pessoas, a plenos pulmões: "Se va acabar, se va acabar, la dictadura militar!"

No documentário, vários atletas dão depoimento, como o ex-gremista Hugo de León e o ex-santista Rodolfo Rodríguez. E também o nosso saudoso Sócrates, morto em 2011 por consequência do abuso de bebida alcoólica (o que justifica, nos marcadores, a inclusão da cachaça, completando o coquetel de futebol e política). Sócrates criticou no documentário a falta de consciência política de seus companheiros de seleção. Ele diz que comprava jornal para levar à concentração e separava o caderno de esportes, porque era a única coisa que os outros jogadores liam (enquanto ele lia o resto). Confira trecho com o Doutor:


sexta-feira, maio 23, 2008

Motivo de todo o meu riso, de minhas lágrimas e emoção

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A única vez que vi o Santos perder nas mais de 50 vezes que fui à Vila Belmiro foi em uma partida contra o Corinthians, em 1986. Um dois a zero que só não me deixou tão chateado por conta de um lance. Uma bola longa chega até Lima, autor dos tentos paulistanos, que vai em direção a ela, mas o goleiro Rodolfo Rodriguez chega antes. Dribla o adversário com classe, e incentiva o time a ir pra frente. Ainda menino, a cena nunca mais me saiu da cabeça.

O fato de lembrar do uruguaio nesse lance até hoje é porque ele sintetizava tudo o que eu acreditava que devia existir em um jogador do meu Santos. Era um excelente atleta, mas tinha um algo a mais que faz o torcedor se identificar com ele. Tinha alma. Alma que junta a garra, a raça, o amor e o respeito a quem torce e vibra por um símbolo sem nem saber direito o porquê. Mas ainda assim, irracionalmente, sofre, se alegra e se emociona.

E alma, esse time do Santos tem. A partida de ontem mostrou uma equipe aguerrida, que foi pra cima do adversário o tempo todo, jogando limpo, pra frente, sufocando um rival "covarde inteligente", como definiu Leão. Imagino o que os jogadores do Peixe devem ter sentido após uma partida em que o América não levou perigo ao seu gol sequer uma mísera vez.

O Santos, na Libertadores de 2007, tinha uma equipe muito superior à atual, além de Zé Roberto, o melhor jogador do Brasil naquela ocasião. Mas foi covarde contra o Grêmio na primeira partida e só teve a alma, a gana de vencer, no jogo da volta, quando já era tarde. Muitas vezes, assistindo àquele time jogar de forma fria, pensava: "não é possível, eles não sabem quanta gente sofre por causa deles?".

Ontem, tive certeza que aqueles homens com a camisa branca em campo sabiam o quanto era importante jogar por eles mesmos e também pelos torcedores que, como eu, sentiam a mesma ansiedade que viviam em campo. Mas quando Kléber Pereira sofreu o pênalti não assinalado pelo árbitro, veio a mesma sensação de quando estava no Pacaembu, em 2005, e Marcio Resende de Freitas anulou o gol de Camanducaia na final do Brasileiro. Àquela altura, começava a me conformar com o destino daquela partida.

Mesmo assim, desci pra Santos e fui à Praça Independência saudar os legítimos campeões de 95, já que alguns jogadores foram até lá agradecer os torcedores. E, ontem, após a vitória/derrota, tive vontade de cumprimentar cada um daqueles que entrou em campo. Alguns que vieram desacreditados; outros que superaram lesões sérias; sem contar os estrangeiros que penam pra se adaptar e o técnico sabotado por membros de uma diretoria inepta e por parte da torcida.

Parabéns a eles, que honraram o verso do hino do Santos que é o título desse post. Mas vencer um duelo de mata-mata com pelo menos dois erros capitais contra si é algo que nem a superação consegue.