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Kleber, mais uma vez decisivo.
Sempre ouvi dizer que a história se repete enquanto farsa, mas ontem parecia estar vendo entre Grêmio e Cruzeiro o mesmo jogo que fizeram Inter e Corinthians.
Kleber, mais uma vez decisivo.
A vitória da LDU sobre o Fluminense colocou definitivamente o Equador no mapa do futebol, algo que já havia sido comentado aqui. E nos forçou também a conhecer (e reconhecer) alguns atletas que se tornaram heróis na noite de quarta-feira.
Um deles é emblemático. O goleiro Jose Francisco Cevallos, de 37 anos, titular da seleção do seu país. Por aqui, comentaristas e jornalistas faziam pouco do atleta. De fato, vendo de longe, o arqueiro nunca passou segurança. Foi andando para a bola do primeiro gol do Fluminense e fez uma defesa algo bizonha em um chute de Conca no segundo tempo. Mas salvou a pátria do Equador no último ataque da equipe carioca na prorrogação e se consagrou ao defender três penalidades e dar o título ao seu time. Algo que, aliás, já tinha feito na disputa contra o San Lorenzo (ARG) nas quartas-de-final, quando defendeu uma penalidade e assegurou a classificação dos equatorianos.
Para aumentar ainda mais os méritos do arqueiro, o goleiro contrariou a recomendação dos médicos do time que diziam para ele não entrar em campo por conta de uma contusão. Peitou os doutores e a comissão técnica e entrou na partida.
Uma estátua para Thiago Neves. Era o título que estava pronto na minha cabeça para a partida final da Libertadores. Mas a LDU é o primeiro clube equatoriano a vencer a Libertadores, e o foco muda.
Um camisa 10 que apareceu como meia, como centroavante e como craque. No começo do ano, recusou proposta do Palmeiras para ficar e disputar o continental. Mesmo que tenha sido por mais visibilidade, mesmo que não tenha sido por amor à camisa – se os mais pragmáticos não quiserem –, ele ficou. E foi o primeiro jogador a marcar três gols em uma final de Libertadores.
Foto: Fim de Jogo
Maracanã lotado e em festa. Mais fotos na cobertura online do Fim de Jogo.
Mas o "nunca antes" que vai ser lembrado é outro. Nunca antes, um tombo de salto alto ficou tão restrito a uma pessoa só, que estava lá no banco.
Ainda que tenha sido nos pênaltis. Toda responsabilidade a Renato Gaúcho. Ainda que decisão dessa forma tenha uma dose de imponderável. E que três dos quatro batedores da representação das Laranjeiras tenham desperdiçado.
O Victor já avisava, "se me perguntarem qual o adversário mais difícil, a resposta tem de ser uma: LDU". E explicava: "não é papo de tricolor para diminuir a responsabilidade, mas a LDU é um time que não é zebrona. Já jogou diversas vezes contra brasileiros e foi duro. A LDU não é um daqueles times da altitude. É um time que joga bola também. E joga na casa do adversário."
Re-confirmando a ascenção do futebol equatoriano, deu LDU, por 4 a 2. Como não tem mais a história de que gol fora de casa vale mais, o Fluminense precisa faturar por três de diferença pra resolver. Ou dois pros pênaltis. Não adianta culpar o Lula.
Golear um time que sabe bem jogar retrancado nunca foi fácil. Nem no Maracanã. E aí, Renato Gaúcho, como vai ser?
Pouco antes do início da partida semifinal entre Fluminense e Boca Juniors, o locutor da Sportv, Luis Carlos Junior, perguntou ao ex-atleta e comentarista Junior se aquela era a maior partida da história do Fluminense. Fugindo totalmente do que seria o lugar comum, o rubro-negro respondeu que não sabia, pois o Tricolor era um clube centenário e para afirmar isso era preciso conhecer a fundo a história do Flu.
Nada mais correto. Alguns torcedores acham que não existia futebol antes da Libertadores, que começou a ser disputada em 1960, ou antes do Campeonato Brasileiro, iniciado em 1971. Mas havia. E muitos times faziam história já naquela época, com grandes exibições e dando craques fabulosos para o esporte mais popular do mundo. O Fluminense era uma dessas equipes.
Confesso que, depois das atuações apenas regulares nas oitavas-de-final e do primeiro jogo contra o São Paulo, achei que o Tricolor carioca não tinha a tal “cara de Libertadores” que tanto se fala das equipes que vencem o torneio sul-americano. Mas depois mostrou que possuía não só a feição vencedora, como também tinha aquilo que mais fascina no futebol: talento. Talento para continuar escrevendo sua bela história.
A vitória contra o São Paulo, com um gol no final, já havia sido um feito dramático. O empate com o Boca na Argentina, um belo resultado. Mas pairava a dúvida. Será que o Flu conseguiria repetir a façanha de superar o time argentino na Libertadores, algo só realizado pelo Santos de Pelé em 1963?
O primeiro tempo correu com o Tricolor segurando o jogo, tocando a bola e esperando o Boca. Os argentinos atacavam, mas não com tanto ímpeto, embora tivessem a iniciativa das ações. Riquelme aparecia pouco, e as jogadas portenhas aconteciam pelo lado direito, aproveitando a deficiência de marcação de Ygor e os avanços do ala Gabriel, que ataca bem mas marca mal. Uma chance do Flu, duas do Boca. E 0 a 0 no final da primeira etapa.
As emoções estavam reservadas para o segundo tempo. O Boca marca aos 12, em uma jogada típica. Datolo ginga no lado esquerdo do ataque. Enquanto ele baila, Palermo vai e volta duas vezes e se livra do marcador. E quem marcava o artilheiro era Thiago Neves, mostrando o quão ruim é quando o time recua pra só se defender. A volta de atacantes ou meias para a intermediária desarruma toda a marcação, a não ser que a retranca seja a tônica da equipe, o que não é o caso do Fluminense. A bola vem açucarada e o atacante faz aquilo que sabe fazer.
A partir daí, pensei “mas que time encardido.” Um ensaio de catimba, espaços se abrem para o contra-ataque, o toque consciente dos argentinos... Parecia tudo perdido. Mas Renato Gaúcho colocou Dodô no lugar de Ygor. E ele sofreu uma falta próxima à área. Washington cobrou magistralmente aos 17 minutos. Não deu tempo para o Boca dominar de forma completa a partida.
O visitante encurrala, ataca, mas aos 25 o argentino e torcedor do River Dario Conca domina pela esquerda. Olha pra área e cruza. A bola desvia em Ybarra e pega o goleiro Migliore no contrapé. Um tento salvador. Entre os 27 e os 35, só dá Boca. Uma pressão incrível, um ritmo eletrizante, com grandes intervenções do pouco confiável e rebatedor Fernando Henrique, tão vaiado em outras ocasiões pela torcida tricolor. Com justiça, diga-se. Mas era também a noite dele.
Então, pela primeira vez, vi um lance nada usual nas partidas da equipe de coração do ex-craque Maradona. Ao invés de sair jogando, o goleiro deu um chutão pra frente. O Boca, sempre inabalável, parecia tenso. Nervoso. Com medo. O Fluminense estocava, criava chances no contra-ataque, era dono da situação, mesmo acuado. E foi em uma saída errada de Palácio que Dodô, aos 47, acabou com a pose portenha. Festa no Maracanã. Eu, que não torcia nem para um, nem para outro, comemorei o gol carioca. Desta vez, o Maracanazo foi deles.
Nas arquibancadas, um Chico Buarque rindo como criança festejava com a filha Sílvia. Junto deles, os torcedores, quase 85 mil, cantavam e se emocionavam. Lá de cima, Castilho, Telê Santana, Preguinho, Didi e tantos outros que fizeram do Tricolor o que ele é, sorriram junto com Nelson Rodrigues, que caçoava dos "idiotas da objetividade". E quem sempre fez história, continuou fazendo.
Mais Fluminense:
E o Tricolor tá na final.
Cala-te, Boca!!!
A única vez que vi o Santos perder nas mais de 50 vezes que fui à Vila Belmiro foi em uma partida contra o Corinthians, em 1986. Um dois a zero que só não me deixou tão chateado por conta de um lance. Uma bola longa chega até Lima, autor dos tentos paulistanos, que vai em direção a ela, mas o goleiro Rodolfo Rodriguez chega antes. Dribla o adversário com classe, e incentiva o time a ir pra frente. Ainda menino, a cena nunca mais me saiu da cabeça.
O fato de lembrar do uruguaio nesse lance até hoje é porque ele sintetizava tudo o que eu acreditava que devia existir em um jogador do meu Santos. Era um excelente atleta, mas tinha um algo a mais que faz o torcedor se identificar com ele. Tinha alma. Alma que junta a garra, a raça, o amor e o respeito a quem torce e vibra por um símbolo sem nem saber direito o porquê. Mas ainda assim, irracionalmente, sofre, se alegra e se emociona.
E alma, esse time do Santos tem. A partida de ontem mostrou uma equipe aguerrida, que foi pra cima do adversário o tempo todo, jogando limpo, pra frente, sufocando um rival "covarde inteligente", como definiu Leão. Imagino o que os jogadores do Peixe devem ter sentido após uma partida em que o América não levou perigo ao seu gol sequer uma mísera vez.
O Santos, na Libertadores de 2007, tinha uma equipe muito superior à atual, além de Zé Roberto, o melhor jogador do Brasil naquela ocasião. Mas foi covarde contra o Grêmio na primeira partida e só teve a alma, a gana de vencer, no jogo da volta, quando já era tarde. Muitas vezes, assistindo àquele time jogar de forma fria, pensava: "não é possível, eles não sabem quanta gente sofre por causa deles?".
Ontem, tive certeza que aqueles homens com a camisa branca em campo sabiam o quanto era importante jogar por eles mesmos e também pelos torcedores que, como eu, sentiam a mesma ansiedade que viviam em campo. Mas quando Kléber Pereira sofreu o pênalti não assinalado pelo árbitro, veio a mesma sensação de quando estava no Pacaembu, em 2005, e Marcio Resende de Freitas anulou o gol de Camanducaia na final do Brasileiro. Àquela altura, começava a me conformar com o destino daquela partida.
Mesmo assim, desci pra Santos e fui à Praça Independência saudar os legítimos campeões de 95, já que alguns jogadores foram até lá agradecer os torcedores. E, ontem, após a vitória/derrota, tive vontade de cumprimentar cada um daqueles que entrou em campo. Alguns que vieram desacreditados; outros que superaram lesões sérias; sem contar os estrangeiros que penam pra se adaptar e o técnico sabotado por membros de uma diretoria inepta e por parte da torcida.
Parabéns a eles, que honraram o verso do hino do Santos que é o título desse post. Mas vencer um duelo de mata-mata com pelo menos dois erros capitais contra si é algo que nem a superação consegue.
O São Paulo foi eliminado, o Fluminense continua na Libertadores.
Não tenho condições de escrever uma linha sobre o jogo. Desde a final da Libertadores de 1994 não chorava tanto por uma derrota (ou vitória) do meu time. Não sei explicar o motivo, mas é assim que está sendo. Estou mesmo de luto.
Vou ficar pelo menos uma semana sem falar de futebol (obrigada, feriado prolongado) pra ver se passa.
Daqui a pouco alguém escreve algo decente sobre o jogo por aqui.
Hoje só tem decisão.
Começa às 15h45, com o jogo mais bacana, a final da Copa dos Campeões da UEFA, entre Manchester United (que antes de qualquer pesquisa eu aponto como o favorito do blogue) e Chelsea. Um jogo só, na Rússia. Tem tudo para ser um épico.
Depois, às 21h50, tem Sport e Vasco, na Ilha do Retiro, para começar a decidir quem vai para a final da Copa do Brasil.
E, também às 21h50, o jogo mais aguardado pela minha pessoa, Fluminense x São Paulo. O tricolor paulista joga com a vantagem do empate. O carioca com a vantagem da torcida. Na minha opinião, um jogo sem favoritos.
Tá bom ou quer mais?
Vendo a partida de ontem entre América (MEX) e Santos, lembrei de um outro jogo que assisti na Vila Belmiro em 2003. Já (mal) acostumado com Diego, Robinho e companhia, minhas atenções naquela peleja contra o Fluminense se voltavam para um atacante baixinho do Tricolor. Romário já não estava no auge da sua forma, mas ainda assim era muito interessante vê-lo jogar.
Marcado pelo ótimo zagueiro Alex, quando o Fluminense atacava e o santista olhava pra bola, Romário se deslocava pro lado, sempre tentando se colocar próximo à segunda trave. Volta e meia estava sozinho para receber a pelota.
O que me trouxe essa lembrança ontem foi o atacante Cabañas, do América. Não que ele seja um Romário, longe disso, mas o estilo desse anti-atleta, gordinho e atarracado, lembra um pouco o Baixinho. Precisou de pouco para decidir o jogo. Duas maravilhosas matadas no peito e dois chutes certeiros. Não é à toa que diário El Grafico publicou, na matéria intitulada Santificado seja o seu nome: "Cabañas segue sua sina de ‘Salvador’. Resgatou o orgulho dos torcedores do América e seu nome já é santificado pelos fanáticos".
O América é um time organizado, mas o diferencial é o paraguaio. E o Santos, na Vila Belmiro, pode vencer por dois gols de diferença, como fez com a LDU em 2004. O difícil vai ser não tomar nenhum, enfrentando um furtivo jogador que se desmarca num piscar de olhos. A tarefa poderia ser mais fácil se o bandeira não tivesse anulado um gol legítimo de Kléber Pereira no final do jogo. Curiosamente (ou não), o mesmo auxiliar já havia validado um lance ilegal dos mexicanos em que Fábio Costa foi obrigado a fazer um milagre na primeira etapa.
Por coincidência, nos jogos de volta das quartas-de-final da Libertadores 2008, Santos e São Paulo estão na mesma situação de seus confrontos contra o Grêmio em 2007. Ali, o Tricolor venceu por 1 a 0 a primeira partida e perdeu por 2 a 0 na volta. Já o Alvinegro foi derrotado por 2 a 0 no Olímpico e venceu por 3 a 1 na Vila Belmiro. Maus presságios?
Deu São Paulo. Inquestionavelmente, é verdade. Mas por um mísero golzinho. O time fez uma das suas melhores partidas do ano (mesmo contando o segundo tempo ruim). O único momento em que o time jogou bem assim na temporada foi no primeiro jogo da semi-final do Paulista, contra o Palmeiras. Merecia mais. Agora, o sofrimento continua. Taí. Se o São Paulo tem uma marca nesse ano é o sofrimento. Nenhuma partida foi vencida de forma confortável.
O time começou o jogo contra o Fluminense botando fogo. Mesmo. Do meio da torcida pipocavam comentários do tipo: "que time é esse?", "o que fizeram com o São Paulo?", "de onde eles tiraram esse futebol?". Porque não dava para acreditar. O ataque envolvia com tabelas, toques rápidos e uma ótima atuação de Dagoberto (aleluia!). Adriano fazia a diferença. Sem Jorge Wagner, o chuveirinho na área foi pouco usado. E eu me perguntava onde estava o Fluminense, aquele time que, dizem os cronistas, jogou muito mais que o São Paulo na temporada. No Morumbi, esse futebol não apareceu. (Aliás, como erra fundamento esse time do Fluminense. Dois tiros de meta pra lateral e uma infinidade de cruzamentos errados e passes que morriam fora de campo)
Logo no comecinho do jogo, um gol anulado, de Miranda. Dizem que corretamente, mas não faço idéia, porque estava atrás do gol. Serviu para animar. Cerca de dez minutos depois, o gol de Adriano, numa ótima jogada dele e de Dagoberto. Pelo chão. Não foi de cabeça, não foi por falha da zaga. Naquele momento, eu fui feliz.
Por mais alguns minutos, o São Paulo foi soberano no jogo. O Fluminense até teve algumas chances em contra-ataques, mas nada que assustasse. O goleiro Fernando Henrique ainda fez duas ótimas defesas para impedir que o placar fosse ampliado. No final do primeiro tempo o time caiu um pouco de produção, o jogo ficou chato.
O segundo tempo foi ruim. Virou jogo típico do São Paulo, uma briga sem fim pela bola no meio de campo e poucas chances de gol de parte a parte. Uma delas, no entanto, foi clara, de frente para o gol e Dagoberto desperdiçou. Logo em seguida foi substituído por Aloísio, de volta depois de 9 jogos de afastamento por contusão. Não produziu nada de destaque.
No fim do jogo, o Fluminense nem atacava mais. Parecia conformado com o resultado. Que, no final das contas, não é de todo ruim, mesmo. Um a zero não é um placar assim tão difícil de reverter. E se o time é tão bom assim, não deverá jogar mal duas vezes seguidas.
Só que se o São Paulo jogar como ontem, me desculpem, não tem pra ninguém.
O Santos, que para muitos cronistas boleiros não era favorito para superar o Cúcuta, repetiu o resultado que havia conseguido na Vila Belmiro. Com gols de Kléber Pereira e Lima, a equipe não encontrou dificuldades para superar o clube colombiano em sua casa.
Já havia sido escrito aqui que o Cúcuta teria que sair de suas características defensivas, de quem joga com duas linhas de quatro atrás, para tentar vencer o jogo por dois gols de diferença. Tentou e deu espaços para o Santos, que foi novamente aplicado na marcação, com Adriano anulando o camisa dez Macnelly Torres e Betão pegando o atacante Urbano.
Além de marcar firme no meio, o Peixe chegava com rapidez ao ataque, com Molina armando o jogo, mais solto. Aos 12 minutos, já tinha criado três oportunidades de gol e dominou todo o primeiro tempo até abrir o placar com Kléber Pereira aos 40.
Com a vantagem de poder tomar três gols, o Peixe deu o tiro de misericórdia
aos 7 do segundo tempo, com o recém-contratado Lima (ex-Paraná em 2007 e destaque do Juventus no primeiro semestre), que já havia marcado em sua estréia na partida de ida. A partir dali, o jogo ficou nos pés peixeiros que, mesmo assim, manteve a concentração e a pegada. Após os 30 minutos da segunda etapa, a partida praticamente acabou, com um Cúcuta entregue e o Alvinegro perdendo inúmeras chances de gols seguidas.
Uma classificação inesperadamente tranqüila. A opinião de Kléber Pereira ao fim do jogo explica: "Foi fácil porque fizemos ficar fácil. O Cúcuta tentou jogar, mas nossa equipe correu muito mais e mereceu o resultado". É assim esse Santos nada brilhante mas que, junto do São Paulo, parece ser o time brasileiro com mais cara de Libertadores em 2008.
As quartas
E assim ficaram as quartas-de-final do torneio continental, após a outra partida de ontem em que o San Lorenzo, com dois jogadores a menos, empatou em 2 a 2 com o River Plate em pleno Monumental de Nuñez e assegurou um lugar nas quartas. Como em 2007, cinco segundos colocados avançaram contra três primeiros na fase de grupos. A tabela dos confrontos:
Boca Juniors (ARG) X Atlas (MEX)
São Paulo X Fluminense
San Lorenzo (ARG) X LDU (EQU)
América (MEX) X Santos
O cruzamento normal das semis seria entre o vitorioso do clássico triolocor contra o vencedor de Boca e Atlas. Mas, caso o Santos se classifique, os brasileiros terão que jogar contra si já na semifinal, como no ano passado, para evitar uma final com equipes do mesmo país.
Depois de Flamengo e River Plate, alguém tem coragem de arriscar palpites para as quartas?
Os rivais do Flamengo foram rápidos na troça...
A expressão do título acima não exprime todo o espanto com o desastre construído ontem no Maracanã. Acompanhava o jogo do São Paulo e, de forma involuntária e muito a contra-gosto, as inserções globais do desfile alegórico dos pais da menina indo pra prisão (aliás, um gol do América e outro do Tricolor saíram durante os primeiros cinco minutos do casal entrando no abre-alas).
Era algo inacreditável. Enquanto no Morumbi desenrolava-se um roteiro já visto pelos torcedores há uns três anos, com o São Paulo não jogando bonito mas vencendo seu adversário de forma eficiente e até mesmo categórica, no Rio de Janeiro ocorria um filme-catástrofe. Nem mesmo o mais otimista rival carioca do Mengão imaginaria o Rubro-negro tomando três gols e, pior, não fazendo nenhum no lanterna do campeonato mexicano.
Na partida de ida, no México, os dois times protagonizaram os melhores 30 minutos que vi na Libertadores, no segundo tempo. A vitória do Flamengo poderia até mesmo ser mais elástica, se não fosse a "tosquidão" do xodó Obina, desperdiçando chances de contra-ataque e gols. Ontem, aquelas oportunidades perdidas fizeram falta.
Ainda assim, a vantagem era ótima, a melhor de um brasileiro no torneio continental. O que aconteceu? Vendo os melhores momentos, vê-se que o Flamengo pressionou, chegou a criar, mas não da forma que poderia/deveria. No desespero por ver a iminência do desastre, foi pra cima e deixou espaços para o América, mesmo com a vantagem. Poderia ter cozinhado o galo, mas precisava justificar o apoio de 51 mil torcedores no estádio. Não conseguiu.
Mas dá pra explicar o que aconteceu ontem? Questionado a respeito na coletiva, o treinador sãopaulino Muricy Ramalho foi sintético e preciso. "O Flamengo estava comemorando o título estadual até hoje. Por isso que eu sou estressado. A bola pune." E a redonda foi impiedosa com o Flamengo, que não treinou na segunda e na terça.
Os palmeirenses mais críticos dirão que a culpa é do Caio Júnior, e que ele nem precisou sentar no banco pra fazer valer seu pé-frio... De fato, deve ser algo sobrenatural pra justificar a derrota mais surpreendente do ano.
globo.com
E o Flamengo me fez queimar a língua. Depois da vitória fora de casa sobre o América do México por 4 a 2, no jogo de ida das oitavas de final da Libertadores, eu escrevi (perdão pelo personalismo) que a possibilidade do rubro-negro perder a vaga era a mesma do Atlético-MG ganhar do Cruzeiro na final do estadual. Afinal, o clima era perfeito: Maracanã lotado, jogo de despedida do idolatrado Papai Joel, possibilidade de perder por 2 a 0 e ainda assim classificar.
crédito: Cruzeiro/divulgação
Os jogos de ida das oitavas-de-final da Libertadores foram, em grande medida, positivos para os brasileiros. Dos quatro times que decidem em casa, apenas o Cruzeiro perdeu - foi à Bambonera e tomou um baile do Boca. Mas o placar de 2 a 1 não refletiu o que foi o jogo, para sorte dos cruzeirenses, que se ganharem por um mísero 1x0 aqui estarão classificados para a próxima fase. Difícil, mas não é tão improvável assim - anos passado, o São Paulo eliminou o Boca - sem Riquelme, ok - da Copa Sulamericana exatamente desse jeito.
Maurício de Souza/Santos FC
"Tenho tentado melhorar os cruzamentos nos treinos, porque o gol pode sair dessa maneira", disse o zagueiro improvisado como lateral Betão, em matéria publicada no portal Terra no dia 28 de abril. Já o treinador do Cúcuta, Pedro Sarniento, disse à imprensa colombiana que iria explorar justamente o lado direito da defesa santista, pelo fato do atleta não ser lateral de ofício.
Nos primeiros minutos de jogo, Leão pediu para que o outrora execrado Betão "não tivesse medo de atacar". E ele fez o cruzamento para o primeiro gol do Santos, anotado pelo estreante Lima, aos 18 minutos do primeiro tempo. Parece que os treinos deram resultado.
O tento foi fundamental para dar mais tranqüilidade à equipe peixeira. O Cúcuta mantinha suas duas linhas de quatro jogadores defendendo à la Once Caldas. Mas não conseguiu evitar o segundo gol, feito por Molina em cobrança de falta. Aí sim foi mais ousado, pressionando o Santos principalmente depois da expulsão de Wesley.
Mas o Alvinegro teve a mesma aplicação da partida anterior e evitou que o Cúcuta fizesse um gol fora de casa. Marcinho Guerreiro e depois Adriano praticamente anularam o bom meia Macnelly Torres e agora o time colombiano vai ter que fazer algo pouco usual em sua trajetória no torneio: atacar. Se o Peixe fizer um gol no jogo da volta, a equipe colombiana vai ter que marcar quatro. O Cúcuta foi às redes, até agora, sete vezes em sete jogos. O Santos possui o melhor ataque da competição, com 15 gols.
Para um dos blogues do jornal colombiano El Tiempo, a tarefa é dífícil, mas eles lembram que "o atacante Wesley foi expulso e este atacante que faz diferença não estará no jogo de volta". Outro jogador jovem que a torcida adora pegar no pé, ao que parece, já foi reconhecido pelos adversários...
Com o final da última partida da primeira fase da Libertadores, entre São Paulo e Atlético Nacional da Colômbia, foram definidos os confrontos que marcarão o início do mata-mata no torneio continental. Com a vitória do Tricolor, assegurada por Alex Silva (foto), não haverá agora nenhum jogo entre times brasileiros. Caso o árbitro da partida não tivesse anulado o gol legítimo do rival do clube do Morumbi e a partida terminasse empatada, teríamos um Flamengo e São Paulo logo de saída. Confira a tabela abaixo:
Jogo A - Fluminense X Nacional (COL)
Jogo B - Flamengo X América (MEX)
Jogo C - River Plate (ARG) X San Lorenzo (ARG)
Jogo D - Atlas (MEX) X Lánus (ARG)
Jogo E - Cruzeiro X Boca Juniors (ARG)
Jogo F - Estudiantes (ARG) X LDU (EQU)
Jogo G - Cúcuta (COL) X Santos
Jogo H - São Paulo X Nacional (URU)
A tabela foi elaborada de forma que evite o cruzamento dos melhores da primeira fase (ou de quem os eliminar) até as semifinais. Ou seja, o vencedor de A pega o de H, o B o de G e assim por diante. Mas, se dois times do mesmo país chegarem às semifinais, eles terão necessariamente que se enfrentar. E a chance disso ocorrer com Brasil (que tem cinco times entre os 16) e com a Argentina (cinco times também) é grande. Inclusive pode haver uma semifinal entre brasileiros e outra entre argentinos.
A partida mais interessante das oitavas, pelo menos para os brasileiros, é Cruzeiro e Boca Juniors, atual campeão e sempre candidato à taça. A equipe mineira decide o confonto em casa, embora isso não tenha sido uma grande vantagem na última edição. Dos oito classificados para as quartas, apenas três times que jogavam a segunda partida em casa avançaram em 2007.
O diário argentino Olé define a partida entre River (líder do Clausura) e San Lorenzo (três pontos atrás do time de La Plata) como "duelo de titãs". Já o blogue Muy Boca destaca o atacante Marcelo Moreno e alerta que, das quatro ocasiões que o time celeste foi ao Mineirão, perdeu três e empatou uma. Entre os comentários do site, muito respeito em relação ao clube das Alterosas.
Caso os times brasileiros sejam bem sucedidos em seus confrontos, duas quartas-de-final serão tupiniquins: o clássico tricolor Fluminense e São Paulo e um revival da final do Brasileiro de 1983, Flamengo e Santos. Claro que precisa combinar com os adversários das oitavas antes, mas que seria excelente pros de cá, seria...
O final da quinta rodada na primeira fase da Libertadores deixou três clubes brasileiros já classificados. Cruzeiro, Flamengo e Fluminense agora se preocupam em assegurar uma melhor posição entre os primeiros colocados dos grupos, o que garante a vantagem de jogar a segunda partida em casa.
O time mineiro é por enquanto o de melhor campanha no torneio, com 11 pontos, mas vai enfrentar a altitude na última partida contra o Real Potosí. Ainda assim, tem tudo pra vencer, conquistando o direito de pegar nas oitavas o segundo colocado com menor pontuação. O que, a bem da verdade, é algo lotérico, já que esse posto pode ser ocupado, por exemplo, pelo Boca Juniors, que não vai conseguir avançar para a fase seguinte sem uma vitória por no mínimo dois gols de diferença sobre o União Maracaibo, em casa. A depender do resultado da partida entre Atlas e Colo Colo, será obrigado até a fazer mais que isso.
Já os cariocas decidem seus destinos em casa. Vantagem para o Flamengo, que vai pegar o fraquíssimo Coronel Bolognesi no Maracanã, o que deve lhe garantir o primeiro lugar do grupo. Já o Fluminense enfrenta a LDU que, assim como o Fluminense, tem dez pontos, embora com saldo de gols pior. Um empate deixa o time de Renato Gaúcho na liderança, mas a vitória pode até fazer com que ele seja o melhor clube da primeira fase.
São Paulo e Santos
As derrotas fora de casa, se não tiraram São Paulo e Santos da zona de classificação de seus respectivos grupos, jogaram pressão sobre os times que jogam em seus estádios sua sorte na Libertadores.
O São Paulo ainda tem chances de ser o primeiro colocado do grupo, bastando vencer o Atlético de Medellin no Morumbi. Mesmo o empate pode classificar o Tricolor, só que na segunda posição, desde que o Audax Italiano não vença o já desclassificado Sportivo Luqueño no Paraguai. A questão é se o time de Muricy vai conseguir embalar no torneio. Ontem, voltou a demonstrar o futebol sem sal que o caracteriza na temporada, emplacou alguns contra-ataques no segundo tempo, Adriano perdeu um gol incrível, mas a defesa entregou. Em especial, André Dias, o lento zagueiro que não me acostumo a ver como titular em um time como o São Paulo.
Já o Santos fez um dos piores primeiros tempos de sua história recente contra o Chivas, em Guadalajara. O esquema de três zagueiros de Leão, aliado a atuações tenebrosas de jogadores como Dênis, por pouco não fizeram a equipe tomar uma goleada antes do intervalo. 2 a 1 ficou barato e na segunda etapa o Chivas fez de tudo pra entregar a partida, mas o Alvinegro não aceitou. Agora, o time tem que vencer o Cúcuta na Vila Belmiro, embora também possa se classificar até com derrota, desde que o Chivas não vença o San José, nos 3.700 metros de Oruro.
As campanhas contrastantes dos paulistas com os demais brasileiros pode forçar um confronto verde-amarelo já nas oitavas de final. O Santos, sem possibilidade de ser primeiro do seu grupo, é um forte candidato a topar Cruzeiro, Flamengo ou Fluminense, podendo até mesmo cruzar o São Paulo, se este ficar em primeiro. Se o Tricolor paulista ficar em segundo, até dois cruzamentos entre brasileiros pode acontecer.
E fica a questão pros palpiteiros de plantão: qual brasileiro vai mais longe na Libertadores?