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sexta-feira, maio 23, 2008

Motivo de todo o meu riso, de minhas lágrimas e emoção

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A única vez que vi o Santos perder nas mais de 50 vezes que fui à Vila Belmiro foi em uma partida contra o Corinthians, em 1986. Um dois a zero que só não me deixou tão chateado por conta de um lance. Uma bola longa chega até Lima, autor dos tentos paulistanos, que vai em direção a ela, mas o goleiro Rodolfo Rodriguez chega antes. Dribla o adversário com classe, e incentiva o time a ir pra frente. Ainda menino, a cena nunca mais me saiu da cabeça.

O fato de lembrar do uruguaio nesse lance até hoje é porque ele sintetizava tudo o que eu acreditava que devia existir em um jogador do meu Santos. Era um excelente atleta, mas tinha um algo a mais que faz o torcedor se identificar com ele. Tinha alma. Alma que junta a garra, a raça, o amor e o respeito a quem torce e vibra por um símbolo sem nem saber direito o porquê. Mas ainda assim, irracionalmente, sofre, se alegra e se emociona.

E alma, esse time do Santos tem. A partida de ontem mostrou uma equipe aguerrida, que foi pra cima do adversário o tempo todo, jogando limpo, pra frente, sufocando um rival "covarde inteligente", como definiu Leão. Imagino o que os jogadores do Peixe devem ter sentido após uma partida em que o América não levou perigo ao seu gol sequer uma mísera vez.

O Santos, na Libertadores de 2007, tinha uma equipe muito superior à atual, além de Zé Roberto, o melhor jogador do Brasil naquela ocasião. Mas foi covarde contra o Grêmio na primeira partida e só teve a alma, a gana de vencer, no jogo da volta, quando já era tarde. Muitas vezes, assistindo àquele time jogar de forma fria, pensava: "não é possível, eles não sabem quanta gente sofre por causa deles?".

Ontem, tive certeza que aqueles homens com a camisa branca em campo sabiam o quanto era importante jogar por eles mesmos e também pelos torcedores que, como eu, sentiam a mesma ansiedade que viviam em campo. Mas quando Kléber Pereira sofreu o pênalti não assinalado pelo árbitro, veio a mesma sensação de quando estava no Pacaembu, em 2005, e Marcio Resende de Freitas anulou o gol de Camanducaia na final do Brasileiro. Àquela altura, começava a me conformar com o destino daquela partida.

Mesmo assim, desci pra Santos e fui à Praça Independência saudar os legítimos campeões de 95, já que alguns jogadores foram até lá agradecer os torcedores. E, ontem, após a vitória/derrota, tive vontade de cumprimentar cada um daqueles que entrou em campo. Alguns que vieram desacreditados; outros que superaram lesões sérias; sem contar os estrangeiros que penam pra se adaptar e o técnico sabotado por membros de uma diretoria inepta e por parte da torcida.

Parabéns a eles, que honraram o verso do hino do Santos que é o título desse post. Mas vencer um duelo de mata-mata com pelo menos dois erros capitais contra si é algo que nem a superação consegue.

9 comentários:

Filipe Araújo disse...

muito bom o texto. a tristeza de uma eliminação na copa custa a passar. mas passa, né? fazer o que?

abrazo!

http://gambetas.blogspot.com

Anônimo disse...

Belo texto, Glauco. Parabéns também por saber perder e ter a coragem de expor seus nobres sentimentos de torcedor. O Santos foi prejudicado pela arbitragem nos dois jogos. Mas poderia ter superado esse problema se tivesse tido capacidade de converter em gols as várias oportunidades que criou. O time é lutador, joga direitinho, mas é limitado. Tão limitado, aliás, quanto o América que, para mim, é a grande surpresa dessa Libertadores. Eliminou Flamengo e Santos. É o futebol mexicano, mais uma vez, dando algumas lições a nós, brasileiros, que fazemos questão de não aprendê-las. Uma delas é respeitá-los. Fluminense e Boca vão decidir o título. A final, este ano, será meramente para cumprir tabela. A não ser que o Flu enfrente os mexicanos do America na final...

Nicolau disse...

Assisti o primeiro jogo com o Glauco, num boteco da vida, e fiquei triste mesmo com o gol anulado o final. Coisa feia, não pode ser assim. Ontem, torci pro Santos (acreditem ou não os céticos), por isso e pela entrega do time. Pena que não deu. Força, companheiro, e belo texto!

Anônimo disse...

Vendo o jogo ontem não tinha como não torcer pelo Santos, mas no fim, ficou de bom tamanho para o Fluminense.
Acho que o Santos viria muito forte mesmo, com orgulho tanto ferido como revigorado por chegar em totais condições de ser campeão depois de passar por um time desacreditado.
Ia ser uma pedreira para o Fluminense, porque seu favoritismo ia por água abaixo por se tratar de clássico, além do que ainda ia ficar a porcaria do estigma da semi-final do Brasileiro de 95.

Acho que não vai encontrar nenhum tricolor que diga isso, mas eu preferia encarar o Boca ao Santos.
Por dois motivos:
1) porque o Boca daria mais respeito à uma conquista tricolor se ela vier por esse temor todo ao Boca.
2) Porque eu acho que o Fluminense rodaria para o Santos pelas condições expostas acima

****

Acho o time da LDU melhor que o América, e Flu ou Boca pegam o equatoriano na final. Para irem ao Japão não vai ter mamata de ganhar só semi-final não. Tem de ganhar a Libertadores.

Anônimo disse...

O q torna a eliminação ainda mais triste é justamente saber q eles deram o sangue... Mas é complicado sempre esbarrar nos erros de arbitragem... Na dúvida (se é q existia alguma), é sempre contra o Santos! desanima... :(

Ricardo disse...

Não me pareceu penalty. O avançado do Santos, em vez de rematar, ficou ali, à espera de um empurrão. Chegou um toque, mas não sei se suficiente para tão dramática performance; basta ver a queda do homem, é pouco natural. De qualquer modo, gostei de alguns pormenores desse Kleber Pereira.

Marcão disse...

Fiquei sabendo desse resultado aqui pelo post. Desencanei de tal forma da Libertadores que tinha esquecido o jogo do Santos (sério!). Uma pena, acho que outro confronto entre brasileiros ia ser legal, lotar os estádios etc. Fora que sou admirador confesso do Leão e havia a hipótese de uma revanche contra o Boca. No final das contas, tanto o São Paulo quanto o Santos mostraram que foram até longe demais na Libertadores - e isso se confirmou em seus jogos dentro de casa nestas quartas-de-final, quando não conseguiram marcar mais de um gol. Se a competição, para o Santos, serviu pelo menos para injetar "raça" no time, tanto melhor para o clube no Brasileirão. O São Paulo, para mim, sai com prejuízo maior: montou time para a Libertadores e agora, sem Adriano e Fábio Santos, vai ter que reorganizar tudo - o que, num campeonato por pontos corridos, é quase fatal.

Glauco disse...

Desculpe, Ricardo, mas toque dentro da área, pra desequilibrar alguém, é pênalti. Além disso, repare no vídeo que o Kléber Pereira arma o chute com a esquerda e a perna canhota do zagueiro trava o movimento dele.

Zêro Blue disse...

Pra mim também foi pênalte e o Santos lutou muito e não conseguiu a classificação, mas como o Cruzeiro sai de caberça erguida.

Valeu Peixe.

Saudações Celestes
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