Destaques

Mostrando postagens com marcador Xico Sá. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Xico Sá. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, setembro 14, 2011

A angústia de ficar sem a bola

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Por Moriti Neto

Nesta terça-feira, 13, o resultado de Barcelona x Milan, no Camp Nou, pela Liga dos Campões, empate em 2 a 2, não mostra nem de longe o que foi a peleja. O time catalão teve amplo domínio da situação e não venceu por que o futebol é um negócio estranho, como bem observou o Nicolau outro dia.

O Barça teve mais de 70% de posse de bola. Chutou 14 vezes com perigo ao gol milanês. Só Messi finalizou oito vezes, mais do que o time italiano todo, que realizou seis arremates. Domínio mais que amplo e com bom futebol. Claro que não à altura do que os azul-grenás apresentaram na temporada passada, mas, salvo alguma anormalidade, ficou nítido que o Milan, para arrancar o empate, precisou jogar no limite. Não deve exibir muito mais no restante do ano. Já o Barcelona tem espaço para crescer consideravelmente. Talvez ao ponto em que chegou à finalíssima da Liga passada, quando protagonizou um dos maiores bailes da história numa decisão de torneio de expressão mundial. Os 3 x 1 contra o nada frágil Manchester United, na Inglaterra, foram uma aula de futebol.

Ainda ontem, o atacante do Corinthians, Emerson Sheik, em participação no Cartão Verde, da TV Cultura, dizia que assistiu a Barcelona e Milan e que, apesar do empate, a partida parecia um treino de ataque contra defesa.

A declaração me lembrou um Portuguesa e Flamengo, disputado lá em 1984, pelo Campeonato Brasileiro. A Lusa jogava no Canindé contra o Rubro-Negro de Júnior, Leandro, Andrade, Adílio, enfim, aquele timaço que, mesmo sem Zico (negociado com a Udinese, da Itália) jogava um bolão.

Tá aí o Tite no Guarani, vice-campeão brasileiro em 1986
Terminado o primeiro tempo, o 0 x 0 no placar, pela força do adversário, dava impressão de “lucro” à equipe paulista. Ao menos foi o que achou um jornalista da Rádio Record. Na saída do gramado, o sujeito disse a Tite, atual técnico do Corinthians e que atuava, naquela partida, como atacante da Portuguesa : “Agora é manter o bom resultado, não é?”. A resposta veio surpreendente: “Que bom resultado? Só eles é que ficam com a bola. Não tem coisa pior pra um jogador do que, em 45 minutos de jogo, não conseguir pegar na bola”. O placar foi 1 x 0 para os cariocas. Pouco, segundo o próprio Tite, ao final da contenda.

Como diz o Xico Sá, o Barcelona, em cada jogo, “não tem tempo de sentir saudade da bola”. Os adversários, ao contrário, devem ter sensação semelhante à de Tite: angústia por não conseguir tocar o grande objeto de desejo presente no campo.

sexta-feira, fevereiro 05, 2010

Eles que se entendam

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook
















Wayne era casado com Vanessa Peroncel, que teve caso com o capitão da seleção (ao lado, com a esposa, Toni)






A fofoca futebolística do ano foi o caso divulgado entre o capitão da seleção inglesa John Terry e a esposa de seu colega de seleção, o lateral Wayne Bridge.

O que cada um faz em sua vida particular não interessa a este Futepoca e o assunto, por mim, não estaria aqui não fosse a decisão do técnico da seleção inglesa de tirar de Terry a faixa de capitão do time por conta da vida extracampo.

O técnico fez isso, após verdadeiro clamor popular por moralidade e otras cositas, do tipo, "um capitão tem de dar o exemplo" etc. Sei lá, para mim, mais que o nacionalismo, o moralismo é o último refúgio dos canalhas. Repito, nada tenho a ver com a vida pessoal dos diretamente envolvidos e eles que se virem e resolvam suas vidas.

Mas esse lado do futebol, de transformar jogadores em estrelas de tablóides, em pop stars, e misturar isso com a performance em campo é insuportável. Terry deve ser capitão ou não por suas atitudes em campo, não pelo que faze fora dele.

Mas para isso não ficar sério demais, vai aqui um pedaço da carta aberta do jornalista Xico Sá, da Folha, ao Mr. Bridge.

"Quem nunca viveu tal infortúnio? Basta estar vivo, amigo. Na companhia de uma mulher como Vanessa Perroncel, a francesa, tua ex, ampliamos as chances do amor e de outros objetos pontiagudos, como no título do livro do Marçal Aquino.

Sim, dói mais por ser escândalo de tabloide, dói mais por ser público, dói mais por se tratar de um amigo urso, o capitão da seleção inglesa, John Terry, o cara do Chelsea.

Ei, Bridge, não fique mal, escute uma música triste dos Beatles e se sinta bem melhor.

Ei, Bridge, venha para a noite de São Paulo que te apresento garotas legais. Se não der no processo burguês da conquista, caímos no Love Story ou no Amistosas."

terça-feira, julho 14, 2009

Xico Sá e a Chave de Ouro

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Um amigo aqui do trampo me passou essa excelente entrevista concedida pelo jornalista, escritor e cachaceiro convicto Xico Sá (blog dele aqui), um dos cronistas esportivos mais admirados pela turma aqui do Futepoca, à revista literária virtual Germina. O entrevistador é o também poeta Jovino Machado (blog com poemas novos aqui, biografia e alguns trabalhos mais antigos aqui, que manda muito bem.

Machado pergunta e Sá responde sobre cachaça, amizade, poesia, música, mulheres, a proverbial posse das cavidades anais dos indivíduos altamente alcoolizados, sobre a vida, enfim. Veja os trechos que eu mais gostei abaixo (destaque os seus) e a entrevista completa aqui:

Jovino Machado – Só os bêbados suportam os bêbados? Só os sóbrios suportam os sóbrios?
Xico Sá – “Os bêbados são anjos que vagam lindamente, é tanto que as crianças adoram os seus passos trôpegos e outras vadiagens. Dos sóbrios, não entendo patavinas, faz muito tempo que não sei o que seja essa forma chata de encarar o inferno terreno.”

Deus inventou o lar e o diabo, o bar?
Concordo, mas o filho de Deus, o cabeludo que aprontou em Cafarnaum e região, não era nada besta: tudo que era pote de água virava vinho dos bons nas suas mãos. Tô com ele e não abro.

O vício é um luxo da natureza?
Aém de uma bela vingança contra a chatice do mundo. Eu pelo menos não agüento sóbrios e quem agüenta é só por vaidade: querendo se mostrar superior, o que se torna mais babaca ainda.

Cu de bêbado não tem dono?
Eu sigo o slogan de uma cachaça cearense chamada Chave de Ouro: “Com essa, você já cai de cu trancado”. Mas para quem ainda não descobriu essa pinga, realmente o ditado está certo. Culus bebedorum dominus non habet, como rezaria o padre das antigas no seu bom latim.