Já tem uns dias que isso deu repercussão, mas um blogue como o Futepoca não pode deixar de registrar a forma física (de barril) do ex-meiocampista Perdigão, 38 anos, em foto publicada numa rede social, em companhia do atacante Adriano Gabiru, 37 anos, que até o primeiro semestre ainda defendia uns trocos no Panambi, da segunda divisão gaúcha. Ambos empunham os indefectíveis copos de cerveja, em descontraída esbórnia etílica. Nada contra, muito pelo contrário! Mas espanta a pança de Perdigão, que se aposentou em 2011, depois de passar por clubes como Corinthians, Vasco e Internacional. Ele tá parecendo o personagem Hurley, do seriado estadunidense de televisão Lost. Já Gabiru aparece de "olho baixo", "meio barro, meio tijolo", quase que se escorando nos amigos pra não cair... Bem que eu digo que rede (anti)social só serve pra gente passar vergonha alheia...
Há menos de nove anos, Adriano Gabiru foi o herói da conquista do título mundial pelo Inter de Porto Alegre, ao substituir o (já falecido) Fernandão e marcar, aos 36 minutos do segundo tempo, o gol da vitória sobre o Barcelona. Apesar de não ter entrado na partida, Perdigão integrava aquele elenco. Pois é, como disse alguém que já não me lembro o nome (amnésia alcoólica?), "o tempo é um criador de monstros". No meu caso, não precisei nem jogar bola profissionalmente e me aposentar para inflar a sempre generosa barriga. Mas lanço aqui meu grito de guerra: menos rede social, mais cerveja! Ao bar.
Gabiru e Perdigão, na linha de frente da comemoração em Yokohama, no Japão, em 2006
Das quatro notícias que agitam o futebol paulista, a mais surpreendente, sem dúvida, é a ida do lateral-direito Douglas para o Barcelona. Confesso: meu queixo não caiu, despencou. Se o São Paulo perdeu R$ 20 milhões que o Metalist, da Ucrânia, ofereceu pelo (esforçado) lateral-esquerdo Cortez em dezembro de 2012, hoje emprestado ao Criciúma, receber R$ 7,2 milhões pelo (esforçado) Douglas, correspondentes aos 40% do valor total de R$ 12 milhões a que o Tricolor tem direito, é pra comemorar com fogos, passeata e banda de música. Não sei quem foi que intermediou esse mirabolante negócio, nem o que os dirigentes do Barcelona andam bebendo ou usando, mas dirijo-lhes meus mais sinceros e comovidos agradecimentos. E obrigado também ao Douglas. Por ir embora.
Leandro Damião vale R$ 48 milhões?
Quanto ao Leandro Damião, desejado por Milan e Benfica, é a oportunidade para o Santos reaver o dinheiro de uma aposta que, até o momento, não vingou. Se a proposta de compra dos italianos de R$ 48 milhões for mesmo verdadeira e o alvinegro praiano aceitar, não só recuperará os incríveis R$ 42 milhões que gastou para ter o atacante como ainda sairá com um belo - e providencial - lucro. Ou seja, tudo o que a diretoria do Corinthians gostaria que acontecesse com Alexandre Pato. De minha parte, não sou dos que chegaram a considerar Damião um excelente centroavante nem dos que agora o destratam como perna de pau. Apenas fico perplexo, como no caso do Douglas, com a disposição dos europeus de investirem grana alta em atletas que não são destaque (nem longe disso, aliás) aqui no Brasil. Enfim...
Ronaldinho no Palmeiras (só que não)
E o fiasco do Ronaldinho Gaúcho no Palmeiras, hein? Se a versão de que o acordo selado melou no último momento porque a diretoria alviverde não acertou "prêmio por título" neste ano, então o tal presidente Paulo Nobre é mesmo completamente maluco. Título? Neste ano? Olha, se isso realmente tivesse chance de acontecer, com o time se matando para escapar do rebaixamento no Brasileirão (e, por isso mesmo, poupando jogadores na Copa do Brasil), então a diretoria tinha mais é que pagar o prêmio que fosse! Afinal, título nessas competições levaria o clube à Libertadores, o que renderia um dinheiro em 2015 muito maior para o clube que qualquer prêmio para jogador. Depois dos R$ 5 mil negados ao salário de Alan Kardec, que também melou negócio e provocou sua ida para o São Paulo, essa do Ronaldinho foi ainda mais inacreditável.
Nilmar na seleção: faz (muito) tempo
Por fim, o Corinthians tenta repatriar o atacante Nilmar. Bom jogador, com passagem excelente pelo próprio clube do Parque São Jorge. Mas quer R$ 800 mil de salário, sendo que o alvinegro paulistano oferece apenas metade. Complicado. Com o desfalque de Guerrero, que vai servir a seleção peruana, o técnico Mano Menezes aperta a diretoria por alternativas. O mercado de centroavantes no futebol brasileiro, aliás, não tem ajudado os clubes. Luís Fabiano vive machucado (ou suspenso), Damião não corresponde no Santos, Fred foi o "vilão" da Copa e está sendo contestado no Fluminense. E ninguém garante que Nilmar, aos 30 anos e isolado no futebol árabe há dois, justificaria investimento tão alto pelo Corinthians. Se bem que, hoje, é o único dos "grandes" paulistas que tem patrocínio master. Enfim...
Para comemorar os 20 anos da conquista do bicampeonato mundial de clubes pelo São Paulo, contra Barcelona e Milan, dez jogadores que integraram o elenco comandado por Telê Santana entre 1992 e 1993 se reencontraram no início desta semana, em um shopping da capital paulista. Alguns ainda estão em forma, e outros, muitas vezes mais novos, estão bem longe disso. Entre eles, titulares daquela época como Zetti, Raí, Ronaldão, Vítor e Ronaldo Luís e reservas como Guilherme, Jura, Jamelli, Juninho Paulista e um tal de Vaguinho, que, por mais que me esforce, não me lembro sequer de ter existido. Abaixo, fotos do reencontro e, por último, do tempo em que eles jogaram pelo São Paulo - menos Vaguinho, impossível de ser localizado em rápida pesquisa sobre o elenco sãopaulino naqueles dois anos...
Em pé: Guilherme, Jura, Vaguinho (?!), Zetti e Raí. Sentado: Renê, filho de Telê
Em pé: Ronaldão, Jamelli, Vítor e Ronaldo Luís. Sentado: Juninho Paulista
Primeira fila, no alto: Guilherme, Jura e Zetti
Segunda fila, no meio: Raí, Ronaldão e Jamelli
Terceira e última fila: Vítor, Juninho e Ronaldo Luís
Campeões de 1992, contra o Barcelona - Em pé: Adílson, Zetti, Ronaldão, Vítor,
Pintado, Ronaldo Luís e Toninho Cerezzo. Agachados: Muller, Palhinha, Cafu e Raí
Bicampeões de 1993, contra o Milan - Em pé: Zetti, Dinho, Ronaldão, Cafu,
Leonardo e Cerezzo. Agachados: Muller, Doriva, Válber, Palhinha e André Luiz
Assim como Pelé e Coutinho nem precisavam se olhar para devastar defesas adversárias, uma foto daquelas que justificam que "uma imagem vale mais do que mil palavras" flagra o entendimento que surge entre Neymar e Messi, dois dos maiores gênios do futebol atual. (Foto: AFP)
'Sacou, parceiro?' - parece dizer a piscadela de um gênio para outro em jogo do Barça
Em 2009, dois garotos lançados no time profissional do Santos começaram a fazer história: Paulo Henrique Ganso e Neymar. Nos três anos seguintes, seriam tricampeões paulistas, campeões da Copa do Brasil, da Libertadores da América e da Recopa Sul-Americana. O meia e o atacante brilharam juntos principalmente no primeiro semestre de 2010, levando milhões de brasileiros a pedirem suas convocações para a Copa da África do Sul (mas não foram atendidos pelo técnico Dunga). Parceiros dentro e fora de campo, Ganso foi o padrinho do filho de Neymar e este retribuiu sendo padrinho de casamento do amigo. Porém, a vida profissional dos dois bifurcou: depois de uma série de lesões, Ganso não apresenta mais o futebol brilhante de três anos atrás e amarga o banco de reservas no São Paulo; enquanto isso, Neymar acertou transferência para o Barcelona e já dá os primeiros passos no time de Messi. Curiosamente, nesta quarta-feira, 7 de agosto, os dois estavam excursionando pela Ásia com seus clubes - e fizeram gols. Ganso marcou o primeiro do São Paulo na derrota por 3 a 2 para o Kashima Antlers, no Japão, e Neymar abriu o placar para o Barça na goleada por 7 a 1 sobre a Tailândia, em Bangcoc.
Agora, atentem para a coincidência: o primeiro gol de Ganso com a camisa do Santos, em 15 de fevereiro de 2009, saiu de um chute de fora da área, no estádio da Vila Belmiro; ontem, no Kashima Soccer Stadium, apesar de ser no lado oposto do campo, o golaço do meia também foi de longa distância.
1º GOL DE GANSO COM A CAMISA DO SANTOS (15/02/2009):
GOL DE GANSO CONTRA O KASHIMA ANTLERS (07/08/2013):
E lances coincidentes também aconteceram com Neymar: seu primeiro gol pelo Santos, no Pacaembu, em 15 de março de 2009, ocorreu após um toque de primeira na risca da pequena área; ontem, no Estádio Rajamangala, no lado oposto do campo, ele também tocou de primeira - no mesmo local.
1º GOL DE NEYMAR COM A CAMISA DO SANTOS (15/03/2009):
1º GOL DE NEYMAR COM A CAMISA DO BARCELONA (07/08/2013):
Como se vê, assim como Muller e Silas (vejam esse post aqui), os caminhos de Ganso e Neymar parecem destinados a se cruzarem. Que o meia recupere seu futebol e ainda tente uma vaguinha na Copa de 2014. Porque Neymar, tudo indica, estará lá.
Naquele dia, no
Pacaembu, um burburinho começou a tomar conta da torcida no início
do segundo tempo. Logo, o zumbido eclodiu em gritos que pediam a
entrada de um jogador que nunca tinha sequer vestido a camisa do
Santos no time de cima até então. Mesmo assim, era falado, cotado
como futuro craque, tanto que já valia
US$ 25 milhões. Era a esperança de um futebol melhor para uma
torcida que já havia sofrido em 2008, e se previa àquela altura um
ano também difícil.
7 de março de 2009. Eu
estava no Pacaembu naquele dia, vendo o garoto que acabara de entrar
colocar uma bola na trave, aos seus dois minutos como profissional. O
Santos
venceu o Oeste por 2 a 1 e aquele menino cheio de técnica e
personalidade já me fazia sorrir. E sonhar com o que poderia vir a
ser.
Foi em seu
terceiro jogo, contra o Mogi Mirim, que marcou seu primeiro gol.
Ironicamente, do outro lado estava um outro ídolo eterno peixeiro,
Giovanni. No final, o moleque foi abraçar o meia e falou: “Você
jogou pra caralho!”. Não era exatamente verdade, mas era mais
que uma gentileza, quase uma reverência de alguém que reconhecia no
outro uma inspiração, uma referência. Sinal de respeito de um
craque que surgia por outro que já quase acabava de escrever sua
história.
No ano seguinte, ambos
jogariam juntos. Quando Giovanni surgiu, logo foi apelidado de
Messias. Sim, nós santistas temos, como tantas outras torcidas, algo
de religiosos, mas não é exatamente o fanatismo que nos determina.
É algo como a espera de alguém que traga um futebol bem jogado,
ofensivo, criativo, fora do comum, que honre toda uma história
de goleadores, de craques habilidosos. Que vimos e que não
vimos. Os profetas que nos salvariam dos jejuns, das filas, do
futebol comezinho e medíocre. Que fariam torcedores como eu e outros
irem homenagear os jogadores que foram vice-campeões em 1995 em uma
praça no Gonzaga. Celebrar mais o futebol apresentado do que
protestar contra uma arbitragem. Porque havíamos renascido, éramos
gratos.
Neymar comemora seu primeiro gol pelo Santos
E volta e meia eles, os
profetas da bola, vêm ao campo sagrado da Vila Belmiro. Às vezes,
quase solitários, como Giovanni; em outras ocasiões, em dupla, como
Diego e Robinho. Ou, ainda, estrelando com belas companhias, como o
menino que fez mais que bela figura junto a um inspirado Ganso, a um
renovado Robinho, a um então polivalente Wesley ou um múltiplo e
incansável Arouca.
Quando se cresce com
seu time vivendo uma seca de títulos, imagina-se várias vezes como
será sua reação na hora em que ele ganhar um título. Em 2002, não
chorei, simplesmente não parava de rir. Mais tarde, quantas vezes ri
com esse menino. Não o riso de deboche com o adversário, mas de
alegria ou de estupefação com um lance bem tramado, um drible
impossível, uma jogada improvável. Após um lindo gol do moleque,
um santista que assistia a uma partida comigo teve um ataque de riso
e repetia: “isso é futebol! Isso é futebol”.
Títulos. Sim, vieram
títulos, como são bons. Mas são melhores com aquele quê, com
aquele tempero dele, que faz aquele lance que você viu e vai ficar
comentando daqui a alguns anos para quem não teve o prazer de ver.
Vão duvidar de você, que terá que recorrer ao YouTube e perder
horas porque não lembra em que jogo foi.
E como é bom ver in
loco. No Pacaembu, assisti o menino marcar quatro gols (seriam
cinco, se o árbitro não tivesse anulado um de forma errada). Sabia
que teria que aproveitar aquele e outros momentos, porque um dia ele
iria embora.
Hoje, foi. Ainda não,
mas a saída foi sacramentada. O clube lucrou com uma estratégia de
bancar seus salários que não seria possível de outra forma. Ganhou
no campo, também no marketing. Como não havia possibilidade de
renovação além de 2014, vendeu seus direitos que nada valeriam
daqui a alguns meses. Para um jogador prestes a encerrar um contrato,
uma ótima soma. Mas aqui não se trata de dinheiro, e sim do vazio
que fica.
Mais de quatro anos de convivência, com o fantástico posto de 13º maior artilheiro da história do Santos (por enquanto) e, até hoje, 229 jogos, 138 gols e 70 assistências. Dos ídolos que vi irem
embora – porque, ainda hoje, é assim que a banda toca no Brasil
exportador –, esse é o que deixa a pior sensação. Mas foi uma
despedida que vinha acontecendo aos poucos, com um futebol opaco de
sua equipe que nem ele conseguia erguer. Ao contrário, foi sendo
trazido também para baixo. Uma alegria em seu rosto que minguava com
a enorme pressão pela sua saída, cantada por veículos midiáticos,
jogadores, técnicos e empresários/ex-jogadores. Por fim, pela
própria diretoria do seu clube. O futebol, o meio que o circunda e
seus interesses não são para qualquer um.
O ludopédio brasileiro, é fato, não está preparado para segurar talentos como o dele. Triste. Para ele, para os santistas, para o futebol das bandas de cá. Podem surgir outros casos similares, nos quais jogadores queiram ficar aqui ou em algum outro país vizinho, mas, por enquanto, serão exceções, não regra. vão sempre calcular e especular sobre o dia em que partirão. Vai demorar muito para erguermos a cabeça e olharmos o Velho Mundo de igual para igual. A ida do moleque faz o santista lamentar, mas deveria fazer os "gênios" do futebol brasileiro refletirem. Olhamos pra você e vemos nossa pequeneza, e o quanto poderíamos ser grandes e não somos.
Vai, garoto, o mundo é seu. Vou sentir
saudades de gritar “vai pra cima deles, Neymar”. Mas é hora de
não ser egoísta e de desejar que a mesma alegria que você
proporcionou a mim e a tantos, santistas ou não, possa ser
compartilhada em outras plagas. Torço por você. E por aqueles que o
sucederão por aqui.
Adeus, ou até breve. Você não foi e nem será Pelé (tudo bem, Messi também não será),
mas foi o meu Pelé e de muitos outros. E de tantas crianças que terão
sempre você como meta. E como sonho. Por isso, muito obrigado.
O comunicado do jogador:
Galera !! Tô aqui reunido com amigos e familiares e eles me ajudaram a
escrever algumas coisas aqui... É que não vou aguentar até
segunda-feira... Minha família e meus amigos já sabem a minha decisão.
Segunda-feira assino contrato com o Barcelona. Quero agradecer aos
torcedores do Santos por esses 9 anos incríveis. Meu sentimento pelo
clube e pela torcida nunca mudará. É eterno !! Só um clube como o Santos
FC poderia me proporcionar tudo o que vivi dentro e fora de campo. Sou
grato a maravilhosa torcida do peixe que me apoiou mesmo nos momentos
mais difíceis. Títulos, gols, dribles, comemorações e as canções que a
torcida criou pra mim estarão pra sempre em meu coração... Fiz questão
de jogar a partida amanhã em Brasília. Quero ter a oportunidade de mais
uma vez entrar em campo com o "manto" e ouvir a torcida gritar meu
nome... como diz o hino, "é um orgulho que nem todos podem ter..." É um
momento diferente pra mim, triste (despedida) e alegre (novo desafio).
Que Deus me abençoe nas minhas escolhas... E estarei sempre em Santos !!
#Toiss
Na maior emissora do
país, uma torcida descarada no confronto entre duas equipes
estrangeiras. Louvava-se o Barcelona, o locutor lamentava a derrota
parcial, 1 a 0 àquela altura, por conta das “crianças que torcem”
pelo time catalão, junto a um ex-jogador assumidamente
"comentarista-torcedor", o ex-jogador Beletti. No segundo
gol dos visitantes alemães, Galvão Bueno se entristece com o gol
contra de Piqué, "que não merecia" fazer aquela jogada
(sim, criamos o conceito de gol contra por mérito...).
Barcelona quase não saiu na foto
A Globo e parte da
mídia esportiva brasileira chorou pelo Barcelona. No placar
agregado, um 7 a 0 inapelável para o Bayern de Munique. Não foi
aquele acaso que pode acontecer em uma partida única, onde o pior
pode vencer ou o melhor goleia de forma inapelável, mas foram duas
partidas nas quais os alemães foram superiores em quase todos os
aspectos, dentro e fora de casa, com torcida a favor e contra. Na
primeira peleja, o 4 a 0 foi quase uma bênção para os catalães
que poderiam ter tomado seis ou sete.
Logo após aquela
goleada, justificativas de todos os lados. Messi estava “baleado”.
Sim, estava, mas vi comentarista dizendo que ele resolvia jogo “com
uma perna só” por ter dado um passe para um jogador dar uma
assistência para um gol na segunda partida contra o Paris Saint
German (veja bem, um passe para um jogador dar uma assistência...).
Em uma partida, aliás, que o Barcelona, em casa, jogou pior que o
adversário, conseguindo se classificar com dois empates. Os
catalães, antes, já tinham perdido a primeira partida do confronto
contra o duvidoso Milan, que hoje pena no campeonato italiano para
conseguir um terceiro lugar que o garantiria na Liga dos Campeões de
2013. Mesmo assim, teciam-se loas. Do outro lado, um adversário que
chegou na final da Liga dos Campeões na temporada 2009/2010 e também
no último campeonato.
E o pessoal corre para
justificar a derrota catalã, em especial o vareio gigantesco da
partida de Munique. Neste vídeo
aqui, além de mencionar erros de arbitragem e desfalques como o
do capitão Puyol e Mascherano (curiosamente, desfalques de rivais do
Barcelona não são levados em conta quando perdem), o comentarista
José Trajano faz uma analogia incrível ao dizer que, “mal
comparando”, o Barcelona com Messi em condições precárias ou sem
o argentino é igual ao Santos sem Neymar. Em parte, verdade, Messi provavelmente não teria sido suficiente para que o Barcelona se classificasse, mas tornaria o decantado time menos previsível e chato. Mas a comparação leva a outra reflexão. O Santos é um
time coalhado de jogadores medianos, e por isso depende do Onze, além
do fato de ter um padrão tático que muitas vezes varia entre o
quase nada e o “joga no Neymar que ele resolve”. A diferença é
que o atual Alvinegro não é considerado um dos maiores times de
todos os tempos, sequer é um dos maiores da vasta
história do Peixe.
Daí fica a questão:
como os boleiros que idolatravam o Barcelona como um dos maiores da
história agora insinuam uma “Messi-dependência”? Pode um
esquadrão histórico depender de um jogador só? Lembrando de um
grande da história, o Santos dos anos 60. Na melhor de três contra
o Milan, em 1963, o Santos perdeu a partida de ida por 4 a 2. Na de
volta, não pôde contar com Pelé (só) e sem o capitão Zito, além
de Rildo. Mas Pepe resolveu a parada na volta contra um dos grandes
esquadrões milaneses da História. Na partida-desempate, ainda sem
Pelé e Zito, deu Santos de novo. Pelé também desfalcou a seleção
em 1962, mas Garrincha e Amarildo deram conta do recado. E olha que
aquele seleção está abaixo da de 1970 e, para muitos, aquém da
1958 também...
Em síntese, a nova
desclassificação do Barça na Liga dos Campeões, desta feita com
requintes inolvidáveis de crueldade, não apaga o que essa equipe já
fez. Mas justamente aquilo que ele fez recentemente não deveria
apagar o que outros grandes fizeram anteriormente, por mais
deslumbrados que os comentaristas tenham ficado, perdendo um pouco do
senso crítico e histórico. Um dos grandes de todos os tempos? Sim. Maior de todos os tempos? Não.
A História é uma senhora que caminha a passos lentos, como diria
Galeano, mas resolveu andar um pouco mais rápido.
E como é feriado e não
é o caso de escrever mais, coloco aqui um trecho de um post
do ano passado, quando o limitado Chelsea tirou os catalões da Liga
com a clássica retranca dos mais fracos: “E se eu, mesmo
reconhecendo que o Barcelona é um dos times mais competitivos da
história, não for tão fã do futebol deles? Pode ser? E se eu
achar que a troca quase infindável de passes às vezes é
necessária, em outras pode ser interessante, mas muitas vezes faz o
jogo ficar chato pra burro?” O pensamento único do futebol tomou
mais um golpe.
Ah, sim. Gol do Bayern (não tem vídeo dos gols porque a Uefa caça todos no YouTube, veja aqui...).
De Muricy Ramalho, ontem, em entrevista coletiva, ao dissertar sobre para qual time ele preferia que Neymar fosse, caso o atleta saísse do Santos:
Ivan Storti / Santosfc.com.br
"A gente torce por isso. Nós aqui no Santos, pelo menos. Pelo incrível
que pareça, nós ficamos fãs deles depois da derrota no Mundial. De como o
time joga e é administrado. Temos livros e tudo mais. Onde ele vai
jogar eu não sei, mas espero que seja lá porque é um futebol parecido com ele, um futebol técnico, um futebol que não privilegia tanto a parte
tática. Mas, volto a dizer, quem vai decidir isso é quem toma conta da
carreira dele.”
É isso, amigos. Para um dos treinadores mais reconhecidos e bem remunerados do Brasil, no Barcelona, não se privilegia muito "a parte tática". Ou ele se expressou muito, mas muito mal, ou por aí é possível perceber (mais) uma das razões do baile que o Santos tomou no Japão e também porque nas bandas de cá tem se praticado um futebol tão previsível.
Das peladas que
disputei na praia do Itararé, lá pelos meus 20 anos, guardo uma em
especial na memória. Éramos seis regulares (em frequência e
técnica) boleiros naquele dia, quando outros seis vieram nos
desafiar para o famoso “contra”, uma partida de gols caixotes,
com “traves” feitas de madeira fincada na areia.
Não foi preciso mais
de cinco minutos pra saber que tomaríamos um baile. Conversando ali
com um ou outro adversário – oportunidade que surgia quando
conseguíamos bicar a bola pra longe e respirar um pouco –, fiquei
sabendo que eles jogavam em um dos times do quartel de São Vicente.
Tinham mais fôlego, mais técnica e muito mais entrosamento que a
gente. A areia batida da beira do mar ainda facilitava o toque de
bola dos caras. Não víamos a cor da bola. Mesmo.
Juntamos ali, nós, os
que não relavam na redonda, e mesmo não acostumados a jogar juntos
tentamos armar a retranca, única forma possível de não passar um
vexame grandioso. Seguramos um zero a zero que aos poucos começou a
desgastar nossos rivais, que continuavam trocando passes e vindo pra
cima, mas já começavam a se irritar uns com os outros. E nós ali,
convictos na nossa fortaleza mambembe.
Nem sempre se pode ser Deus. Ou Pelé. Ou Messi
Em dado momento, vendo
que o tempo avançava e nada de o gol sair, algum deles propôs: quem
fizer, acaba. Acho que ele pensou que a gente se arriscaria e iria
pra frente. Não, não saímos. Era questão de honra aguentar até
cansar, ou cansá-los. Mas, depois de algum tempo, o homem mais
recuado deles resolveu ir mais à frente, descuidando da frente do
gol caixote. A bola sobrou na minha frente e acertei um chute da
intermediária, que entrou caprichosamente entre as duas traves...
Comemoramos muito enquanto os caras não acreditavam naquilo. Depois
do jogo, ainda dava para vê-los discutindo ao longe.
Foi a “vitória do
futebol arte”? Claro que não, mas ai de quem dissesse ali que não
foi “merecido”. A gente ralou, viu nossa condição de
inferioridade, armou um esquema e tentou ganhar o jogo mesmo assim.
A retranca foi uma "legítima defesa". Não vi com detalhes a partida entre Barcelona e Chelsea, mas um time
que joga contra o melhor do mundo, sai perdendo por 2 a 0, fica quase dois terços dos 90 minutos
com um a menos, e que não contou com a ajuda da arbitragem, tem
méritos de sobra pra bater no peito e se sentir orgulhoso.
Quem diz que foi uma
“derrota do futebol”, na boa, não sabe o que é futebol. Uma das
graças desse esporte é justamente o fato de, em um dia ruim, o
melhor time poder perder para o pior. Claro, não vai ser engraçado
se for o seu time o derrotado, mas se o seu time for o Barcelona...
Bom, pelas redes sociais, parece que os catalães têm uma das
maiores torcidas do Brasil já que, se você não torce para que eles
superem qualquer adversário que ousar tentar batê-los,
automaticamente você:
não gosta de
futebol;
é invejoso;
está com dor de
cotovelo;
as três
anteriores e mais outras tantas
Pura arte o golaço do Ramires, hein?
Pensamento único é um
saco mesmo... E se eu, mesmo reconhecendo que o Barcelona é um dos
times mais competitivos da história, não for tão fã do futebol
deles? Pode ser? E se eu achar que a troca quase infindável de
passes às vezes é necessária, em outras pode ser interessante, mas
muitas vezes faz o jogo ficar chato pra burro? E se eu gostar mais da
imprevisibilidade, do toque de gênio que às vezes decide uma
partida truncada, do que de um time todo certinho, bonitinho, que é
competitivo até dizer chega (friso o termo “competitivo”, porque
ter posse de bola e não deixar o rival jogar é sim uma arte, mas
não significa que isso seja um deleite para os olhos)? Aliás, essa
imprevisibilidade dá as caras quando um Messi pega na bola, sabe-se
que dali pode sair algo espantoso, mas no resto do tempo... Não vou
esperar algo surpreendente do Puyol ou do Mascherano.
Torcer para o time mais
competitivo perder é mais que humano e é uma modalidade exercida
por cada um de quando em quando, desde pequeno. Menos patrulha e mais
liberdade para os secadores, por favor!
PS: Sou a favor
– e admirador
– do futebol arte, ainda que a retranca às vezes seja necessária, como qualquer um bem sabe. Mas sou fã de outros artistas...
Muito falei aqui sobre o “sonho” de vencer o Mundial em cima do time catalão, tido por muitos como um dos melhores da História. Mas hoje de manhã, meu perturbado inconsciente que me fazia acordar de tempos em tempos durante a madrugada, desenhou um 3 a 0 para os azuis-grenás. Tentei dormir de novo naquele momento, trapaceando a mente para alterar o resultado. Não consegui.
Falar o que?
Se foi assim pra mim, imaginem para os jogadores peixeiros... No último clássico contra o Real Madrid, os alvos da capital espanhola saíram com 1 a 0 a menos de um minuto, dentro de casa. Mas, ao tomar o empate, veio todo o peso da superioridade rival e o Barça venceu por 3 a 1. No caso do Alvinegro, o peso já vinha antes da partida. Jogadores sentiram o fardo de tentar parar o melhor time do mundo e se impor.
Muricy falou durante a semana que era preciso “encurtar” o campo do rival. Ou seja, compactar o time e não cair na armadilha de correr atrás da roda de bobinho catalã, o que é um teste para a paciência e para os nervos de qualquer um. O natural seria ele fazer isso com o time atuando atrás, saindo para o contra-ataque, ou adiantando a marcação e fazendo a linha do impedimento. A segunda opção, o time fez na segunda etapa, mas, na primeira, enquanto os atacantes marcavam na intermediária espanhola, o meio de campo ficava muito atrás, dando espaço para que se articulassem as jogadas na meia cancha. Deu no que deu, o que era uma prevista superioridade, virou massacre.
Ontem, na rádio Bandeirantes, Claudio Zaidan, quando perguntado sobre o que mudaria no Santos em relação à equipe que venceu o Kashiwa Reysol, opinou: tiraria Durval e colocaria Léo. Algo que não vi (e vi muito palpite) ninguém mais cogitar. Dada a surpresa do interlocutor, ele falou da fase técnica do zagueiro, que foi muito mal enfrentando os japoneses e já vinha numa toada ruim há algum tempo.
E ele tinha razão. Muito se falou que seria preciso que o Santos não errasse e aproveitasse as chances que surgissem. Borges não aproveitou, Neymar também não; Ganso, idem. E Durval, ah, Durval, errou, duas vezes, nos dois primeiros gols, e errou em inúmeras outras oportunidades durante a partida. Era, de longe, o mais perdido. Foi herói na Libertadores, merece a gratidão da torcida, mas não é possível esconder que hoje deu uma ajudazinha ao adversário. Que nem precisava de auxílio.
Mas a verdade, doída para o santista como uma queda da cama, é que venceu o melhor e, como diria o poeta, “foi um sonho medonho/Desses que, às vezes, a gente sonha/E baba na fronha e se urina toda e quer sufocar”. O Santos está de parabéns pelo que fez na Libertadores, e o Barcelona tem que ser mais que parabenizado pelo que fez no Mundial. E pelo que ainda fará.
E o Brasil com isso?
Sempre que alguém falava da chance do Santos derrotar o Barcelona, invariavelmente vinha a argumentação de que “é uma partida só”, não ida e volta. Pois era isso: contar com uma jornada infeliz do adversário, com um Neymar que resolvesse e um Rafael que segurasse tudo lá atrás.
Claro que essa análise não se dava apenas pelo fato do Barcelona ser superior ao Santos e a todos os outros esquadrões do mundo. Mas se baseava o próprio histórico recente dos Mundiais. Desde 2005, foram cinco títulos europeus contra dois sul-americanos. E, mesmo nas duas conquistas do continente, brasileiras, não houve domínio de jogo do lado de cá. São sempre os europeus em cima, e nós nos defendendo e apostando nos contragolpes.
O Barcelona de DNA holandês é ponto fora da curva em relação aos campeões europeus anteriores (e até a ele mesmo, de 2009), mas ele escancara uma realidade para nós e para os sul-americanos: nós já tivemos toque de bola, dribles, tabelas, encantamos a todos com ginga e gols, muitos gols. Mas hoje, predominam por aqui os sistemas defensivos, baseados no contra-ataque. O Santos de Muricy é em boa parte do tempo assim, a arte fica por conta do talento individual dos jogadores. O esquema às vezes os auxilia, às vezes os atrapalha. O Corinthians, em maior medida, e o Vasco, melhores equipes do país no segundo semestre, também se estruturam a partir da defesa. Marcação, roubada de bola e estocadas eventuais. Nossos vizinhos não fazem nada muito diferente, a exceção honrosa é a Universidad Católica. Pegamos o gosto pela defesa que antes atribuíamos aos europeus?
Neymar X Messi
Claro que, dado o resultado da final, vão chover opiniões do tipo “tá vendo como o Messi é muito melhor que o Neymar?”. É melhor sim, mas devagar com o andor. Dizer coisas como escutei na transmissão, depois do atacante alvinegro ter desperdiçado diante de Valdés, que ele deveria “ter feito que nem o Messi e tocado por cima” é ignorar o contexto da partida. Diante das dificuldades, Neymar tinha que ser 100%, o jogador do Barça, não. Tanto que ainda chegou a desperdiçar chances de gol diante de Rafael e contou com falhas de zagueiros que Neymar não teve a felicidade de ter. Aliás, se Neymar jogasse no Barcelona e Messi no Santos, o resultado teria sido diferente?
Provavelmente não, mas o nome da partida certamente seria outro...
"Vimos pela televisão a despedida do Santos no aeroporto e vimos como é importante este título para eles, mas é importante para nós também. Queremos levar o escudo de campeão mundial na camisa por uma temporada. Na Inglaterra, não dão muita importância ao Mundial, os jornais pouco falam, mas na Espanha é como na América do Sul, os jornais falam muito. Ser campeão do mundo não é uma coisa que não se pode repetir muitas vezes." Cesc Fábregas, meia do Barcelona.
“Eu quero estar em condição. Se não entrar, quero estar no banco e saber que ele (Muricy) pode contar comigo. Agora não é hora de vaidade. Agora é hora de estar com o grupo e preparado.” Léo, lateral-esquerdo do Santos
Neymar X Messi
"Messi é de outro planeta porque reúne características que poucos jogadores têm. Ele é altamente técnico com a bola nos pés. Tem um poder de fogo, de matar um jogo em uma jogada, que pouquíssimos atletas tiveram. Só os melhores do mundo. Ele faz mais gols que qualquer centroavante no Barcelona. O Eto'o, o Ibrahimovic e o Villa são exemplos. Ele tem um potencial enorme, uma técnica fina. O que faz dele de outro planeta é que ele é completo. Em 2004, sabíamos que era diferenciado, só não sabíamos até onde iria chegar. Ele deve ser o melhor do mundo pela terceira vez. Messi está no clube certo, no momento certo. E está aproveitando o máximo disso". Sylvinho, ex-lateral-esquerdo, companheiro de Messi no Barcelona de 2004 a 2009
"O Santos tem um time tão bom quanto o Barcelona. Só que possui um gênio, um talento absurdo, fora de série que é o Neymar. O Neymar é como um ótimo restaurante, o cardápio é vasto. Você nunca sabe a jogada que ele vai fazer e melhor, o garoto nunca repete o lance. Além dele, o Ganso sabe muito com a bola nos pés, o Borges é um artilheiro nato e o Muricy é um dos melhores treinadores do mundo. Será um grande jogo, repleto de chances, e acredito na vitória do Peixe por 2 a 1." Lalá, ex-goleiro do Santos
Neymar X Puyol
"Midiático ou não, Neymar é um grande jogdor. Ele e Messi são jogadores que fazem a diferença, são muito bons. Jogadores diretos, que no um contra um podem sair pela esquerda ou pela direita. Sabem esconder muito bem a bola, então teremos que estar muito atentos e concentrados." Puyol, zagueiro do Barcelona
"É um cara [Puyol] que sempre acompanhei pelo videogame e na TV. Enfrentá-lo é uma honra muito grande. Parece ser uma pessoa fantástica, excelente capitão. Tenho que dar um pouquinho de trabalho para ele, só um pouquinho (risos). Se ele quiser trocar camisa comigo, será uma honra." Neymar, atacante do Santos
"Não vamos mudar"
"Jogamos de um jeito há quatro anos e não vamos mudar. Vamos atacar, natural que o adversário tenha contra-ataques, tomara que o Santos tenha só dois como o Al Sadd, mas sei que não será assim." Pep Guardiola, técnico do Barcelona
“É obrigação nossa de saber de todos os times, é normal, a gente estuda os adversários. As duas equipes são bem definidas no jeito de jogar, o Barcelona no toque de bola e nós na velocidade. É a nossa característica e não vamos mudar.” Muricy Ramalho, técnico do Santos
O título acima não é só uma ideia fraca de edição. O espectro do time africano pairava – como acho que vai pairar por algum tempo para os times brasileiros – e os jogadores do Santos pareceram sentir isso durante os 90 minutos da peleja contra o Kashiwa Reysol. Não era só a ansiedade da estreia que atrapalhou o desempenho da equipe, que até pintou que iria golear após marcar 2 a 0, mas essa tensão que o Inter deixou como legado para seus conterrâneos vindouros.
Depois de um primeiro tempo bom da equipe santista, o segundo foi bem abaixo, e os japoneses chegaram a se animar. Mesmo assim, tomaram duas bolas na trave e Danilo perdeu um gol na cara de Sugeno, após assistência de Neymar. Não, não foi uma partida de encher os olhos, mas a vantagem de dois gols em uma semifinal é a maior de um time brasileiro desde que o campeonato passou a ser disputado com esse formato, em 2005. Naquele ano, o São Paulo passou pelo Al Itthad por 3 a 2 e, em 2006, o Inter superou por 2 a 1 o Al-Ahly. Mas há alguns fatos para se preocupar.
Joga nada esse moleque... (Leandro Amaral/Divulgação)
Primeiro, essa foi uma das piores partidas da zaga peixeira no ano. Dracena, Bruno Rodrigo e Durval abusaram do direito de ser lentos e o miolo, em especial, rifou a bola como pôde boa parte do tempo. Por conta disso, Muricy já cogita a volta de Léo, o que seria o mais acertado, mesmo que ele não tenha plenas condições físicas. O time ganharia uma opção de saída de bola e mais velocidade e toque na lateral esquerda.
Outro ponto é o meio de campo. Elano, pós-contusão, consegue ser um pouco pior do que o Elano pré-contusão, que já não vinha atuando bem. Só é titular porque Adriano está contundido. Aliás, o setor do meio de campo foi o mais castigado pelas lesões na temporada: vários atletas ficaram pelo menos um mês fora de jogo, entre titulares e reservas. Sem uma formação sólida no setor, a zaga sofre ainda mais. Na partida contra o Barcelona, certamente o meio jogará mais próximo da defesa, mas há de se temer a fragilidade na área onde os catalães dominam.
Pontos positivos? Bom, esse time tem Neymar. Como disse Mauro Beting no Twitter: “O gol que o destro Neymar fez de pé esquerdo poucos craques canhotos fariam”. Não, o garoto pode ainda não ser melhor que Messi, mas sua esquerda já é melhor que a direita do argentino. E o Alvinegro tem Borges, que aparece pouco, mas fez um tento que lhe dá confiança para aproveitar as minguadas oportunidades que vão aparecer contra os espanhóis (sim, estou dando de barato que o Braça está na final).
Tem mais no domingo (Ivan Sartori/Santos FC)
E há PH Ganso. O rapaz que acha que fez um grande negócio ao vender parte dos seus direitos econômicos ao grupo que só fez com que ele perdesse dinheiro em todo o ano de 2011. Segundo Caio Ribeiro, foi o melhor do time porque soube “controlar o jogo”. Não, não foi. De fato, ele marcou. Decerto, prendeu a bola. Mas... quantos chutes deu? E quantas assistências? De um camisa dez como Ganso espero lances de genialidade, que ele faça a bola correr com um toque só, como tantas vezes poderia ter feito quando Danilo se ofereceu na direita. Neymar, quando voltou para o meio, armou mais que ele.
Contra o Barcelona, a obrigação não estará mais sobre os ombros e a equipe pode jogar mais solta. Contudo, para ser campeão mundial, o time precisa de Ganso. Oxalá ele faça companhia a Neymar no domingo e seja também protagonista de uma partida histórica.
Definido o rival do Santos na semifinal do Mundial de Clubes. O adversário será o Kashiwa Reysol. Após 1 a 1 nos 90 minutos e uma prorrogação arrastada, a equipe nipônica, de Nelsinho Baptista, venceu nos pênaltis o mexicano Monterrey.
Após um primeiro tempo fraco, em que se sobressaiu a marcação, o gol do Kashiwa Reysol veio do seu lado direito, por onde atacou quase o tempo todo com o bom Sakai. Mas foi de Tanaka, eleito o jogador revelação da última J-League, o lance que resultou no bonito arremate de Leandro Domingues, agraciado com o prêmio de melhor atleta o campeonato japonês. Eram 7 minutos.
Por alguns poucos minutos, o Monterrey pareceu perdido, mas achou um contra-ataque no flanco direito da equipe japonesa, cuja marcação, que adernava para o meio, deixava uma folgada e larga avenida para o rival. Espaço, aliás, mal aproveitado pelo time mexicano. Mas, aos 12, com um lançamento longo, o atacante chileno Suazo, contundido desde a primeira etapa, conferiu.
Leandro Domingues, autor do gol do Kashiwa Reysol
Após os tentos, o time japonês deu espaço na defesa, com um meio de campo adiantado que deixava buracos significativos, mas o Monterrey, ainda que tenha chegado com algum perigo, não demonstrou força para vencer a partida. Na prorrogação, inverteram-se os papéis. Os japoneses foram superiores fisicamente, tiveram mais posse de bola, mas também não tiveram técnica para derrotar os mexicanos.
Nas penalidades, o Monterrey começou perdendo, com Sugeno, goleiro inseguro com a bola rolando, defendendo cobrança de Lucho Pérez. O mexicano Orozco, outro arqueiro pouco confiável, perdeu sua penalidade acertando a trave, mas defendeu cobrança de Tanaka em seguida. Durou pouco o sonho mexicano, que acabou com a cobrança de Hayashi.
Quem vai enfrentar o Barcelona na semifinal é o time do Qatar, Al Sadd. Comandado pelo uruguaio Jorge Fossati, ex-treinador do Internacional-RS, a equipe derrotou o Espérance, tunisiano, com dois gols anulados de forma equivocada do seu adversário. Não parece ser problema para os catalães.
Mais uma vez o Santos protagonizou uma partida emocionante contra um time carioca (a outra, todo mundo lembra). E mais uma vez perdeu. O jogo praticamente decreta o fim das possibilidades do time peixeiro disputar o título, única coisa que lhe interessa, pois tem a vaga para a Libertadores do ano que vem garantida. Aliás, a proximidade do Mundial e o cuidado em se fazer um revezamento no meio de campo a partir de agora – setor crítico da equipe – já denunciavam que a preocupação da comissão técnica e da diretoria é outra.
Neymar, Kardec e Borges. Nem sempre é o Santos quem ri por último
Não vi o primeiro tempo, mas pelo que se percebeu na segunda etapa, Elano e Arouca, que voltaram agora de contusão, vão precisar de mais tempo para readquirir ritmo de jogo. Já Ibson, que entrou no lugar de Elano, continua devendo. As contusões e cartões têm forçado Muricy a adotar um esquema Two and a Half Man na frente (já que ou Neymar ou Alan Kardec voltam para o meio), com três homens no meio de campo. Funcionou em alguns jogos, hoje não foi o caso. Havia um vácuo entre os atacantes e os meias, e Alan Kardec fez uma partida pífia. A responsabilidade de Neymar, que jogou bem, foi muito grande. Também contribuiu para o mau desempenho os laterais reservas, Adriano no lugar de Danilo e Éder Lima ocupando a ala de Léo. Difícil fluir algo ofensivamente com os dois.
O Fluminense teve mais domínio, mas não criou grandes chances no segundo tempo. No entanto, fez dois gols, principalmente porque encarou a partida como uma decisão, coisa que o rival não fez, embora tenha se doado por boa parte da partida. Mas a questão é que, quando os seus superiores priorizam (com alguma razão) outra competição, é difícil para o atleta manter toda a atenção, ainda mais quando enfrenta um adversário tão comprometido como foi a equipe carioca, que assegurou os três pontos em jogada de escanteio aos 51 do segundo tempo.
De positivo para o Santos, a estreia de Renteria, que marcou logo de cara, como fez Borges. Pode ser útil, mas a preocupação de Muricy no momento deve ser com o meio de campo. E, para o torcedor alvinegro (assim como para o técnico), resta a torcida pela volta plena de Ganso, que dá outro ritmo ao meio de campo peixeiro.
O Mundial
Podem dizer que é coisa de torcedor, análise enviesada, ou o que for. Mas, para mim, Mundial é bônus de quem ganha a Libertadores. Disputar uma partida só ou duas, como é hoje em dia, em território neutro (leia-se, no país que pagar mais), em termos técnicos e de “justiça da bola”, nunca me convenceu. O sistema de partidas de ida e volta como as que aconteciam nos anos 60, com cada campeão continental jogando em sua casa, não só davam possibilidades para que um equívoco ou lance de sorte de um jogo não fosse tão determinante, como também permitia que as torcidas locais pudesse ver a decisão. Hoje, ir para a Ásia ver seu clube do coração é impeditivo para a maioria dos torcedores, inclusive para os europeus, que não costumam dar muita bola para o torneio.
Mesmo assim, hoje, no business futebol, o tal do Mundial pode representar muitas pontes e chances de ganho financeiro para os clubes que souberem aproveitar a oportunidade. Isso, considerando que o rival de uma possível final é um time considerado um dos melhores de todos os tempos, no mínimo o melhor do planeta nos últimos 30 anos. O Santos, obviamente, está de olho, e tem mesmo que priorizar a competição, menos pelo valor técnico, mais pelo valor de marketing. Mas que dá dó ver um elenco desses que poderia estar disputando o título patinando... Isso dá.
Pelé contra o Barcelona
A propósito de marketing, o presidente do Santos, Luiz Álvaro de Oliveira, falou que já convenceu Muricy a inscrever Pelé com um dos atletas que podem disputar o Mundial e só falta acertar com o Rei. Uma jogada de marketing em caixa alta, mas é necessário lembrar que se pensava homenagear o Messias Giovanni na final do Campeonato Paulista de 2010 e a disputa se mostrou muito mais acirrada do que seimaginava e o veterano não entrou. Imagine se chegar a uma final contra o Barcelona...
Mesmo assim, sou a favor de toda e qualquer homenagem a Pelé, principalmente por parte do Santos, já que a diretoria anterior não conseguiu se aproximar do eterno dez.
Nesta terça-feira, 13, o resultado de Barcelona x Milan, no Camp Nou, pela Liga dos Campões, empate em 2 a 2, não mostra nem de longe o que foi a peleja. O time catalão teve amplo domínio da situação e não venceu por que o futebol é um negócio estranho, como bem observou o Nicolau outro dia.
O Barça teve mais de 70% de posse de bola. Chutou 14 vezes com perigo ao gol milanês. Só Messi finalizou oito vezes, mais do que o time italiano todo, que realizou seis arremates. Domínio mais que amplo e com bom futebol. Claro que não à altura do que os azul-grenás apresentaram na temporada passada, mas, salvo alguma anormalidade, ficou nítido que o Milan, para arrancar o empate, precisou jogar no limite. Não deve exibir muito mais no restante do ano. Já o Barcelona tem espaço para crescer consideravelmente. Talvez ao ponto em que chegou à finalíssima da Liga passada, quando protagonizou um dos maiores bailes da história numa decisão de torneio de expressão mundial. Os 3 x 1 contra o nada frágil Manchester United, na Inglaterra, foram uma aula de futebol.
Ainda ontem, o atacante do Corinthians, Emerson Sheik, em participação no Cartão Verde, da TV Cultura, dizia que assistiu a Barcelona e Milan e que, apesar do empate, a partida parecia um treino de ataque contra defesa.
A declaração me lembrou um Portuguesa e Flamengo, disputado lá em 1984, pelo Campeonato Brasileiro. A Lusa jogava no Canindé contra o Rubro-Negro de Júnior, Leandro, Andrade, Adílio, enfim, aquele timaço que, mesmo sem Zico (negociado com a Udinese, da Itália) jogava um bolão.
Tá aí o Tite no Guarani, vice-campeão brasileiro em 1986
Terminado o primeiro tempo, o 0 x 0 no placar, pela força do adversário, dava impressão de “lucro” à equipe paulista. Ao menos foi o que achou um jornalista da Rádio Record. Na saída do gramado, o sujeito disse a Tite, atual técnico do Corinthians e que atuava, naquela partida, como atacante da Portuguesa : “Agora é manter o bom resultado, não é?”. A resposta veio surpreendente: “Que bom resultado? Só eles é que ficam com a bola. Não tem coisa pior pra um jogador do que, em 45 minutos de jogo, não conseguir pegar na bola”. O placar foi 1 x 0 para os cariocas. Pouco, segundo o próprio Tite, ao final da contenda.
Como diz o Xico Sá, o Barcelona, em cada jogo, “não tem tempo de sentir saudade da bola”. Os adversários, ao contrário, devem ter sensação semelhante à de Tite: angústia por não conseguir tocar o grande objeto de desejo presente no campo.
O Barcelona elegeu, em seu site oficial, os maiores clubes do Brasil. Para o clube espanhol, que encanta o mundo na atualidade, Internacional, São Paulo, Santos, Palmeiras, Grêmio e Flamengo são a tropa de elite do país pentacampeão mundial. De acordo com a página, os seis clubes "tendem a sempre dominar os campeonatos disputados no Brasil e também mostraram bom desempenho no Mundial de Clubes". Notem aí a inclusão do Palmeiras, derrotado pelo Manchester United na decisão do Mundial de 1999.
Um santista aqui do trabalho comentou que, em represália, Andrés Sanchez já determinou que o Corinthians não manda mais jogos no Camp Nou.
O Barcelona foi eliminado da Copa dos Campeões da Europa. O time venceu por apenas 1 a 0 sobre a Internazionale de Milão na partida de volta. Na ida, os italianos aproveitaram o apoio da torcida e venceram por 3 a 1.
O time da casa teve um gol anulado aos 40 do segundo tempo, com uma falta marcada em que a bola bateu na barriga do jogador da representação espanhola. Mas Thiago Mota, volante revelado no Juventus da Mooca, havia sido expulso ainda no primeiro tempo.
No primeiro jogo do feriado futebolístico desta quarta, deu Júlio César sobre Messi.
O melhor time da Europa não tem mais chances de vencer o principal título do Velho Continente.
Por um lado, é triste, porque ressuscita toda a ala retrógrada e reacionária dos fãs do esporte bretão que prefere a retranca a todo custo. Preferir ganhar, tudo bem. Mas optar pela retranca é dureza
Por outro lado, considerando-se que o time que apresenta o melhor futebol da América do Sul, o Santos, não está na Libertadores, pode ser melhor assim. Quem sabe marcam um amistoso entre as equipes?
Cheguei no pub para ver Barcelona x Arsenal. O jogo tinha acabado de começar, eu estava encostada no balcão comprando cerveja e uma amiga catalã me acha. Trabalhamos juntas e ela não sabia que eu era Arsenal. Ela ensaia uma reclamação, mas eu logo digo: eu sou Arsenal, mas hoje não tenho esperança, dá Barça. É claro que eu sabia. Antes disso, logo depois do empate em 2 a 2 em Londres eu disse pro companheiro: Tô com medo de levarmos uma goleada histórica na volta. Mas não vou negar. O gol do Bendtner aos 18 do primeiro tempo deu aquela esperança. Há tempos não gritava tão loucamente por um gol (mais que os ingleses do pub. Torcida safada...). Eu não sou maluca pelo Arsenal, mas sair ganhando do Barcelona, fora de casa, numa situação dessas... eu não esperava mesmo, nem nos meus melhores prognósticos. Foi por pouco tempo, porém.
Em torcendo contra - o que não é normal, pois tenho simpatia pelo Barcelona - não é mole admitir que o Messi destruiu. É mais fácil pensar que os desfalques do Arsenal pesaram muito. Esse time sem Arshavin, Gallas, Song, van Persie e principalmente Fabregas não é de verdade. É um arremedo. Mas, putaquepariu, esse argentino filho da mãe fez QUATRO. O primeiro gol foi um presente, em todos os outros ele estava sozinho. Queria poder culpar a defesa, mas ele estava sozinho pra pensar na intermediária porque ele sabe o que faz, não (apenas) porque o meu time deu mole. Tática? Dá pro Messi que ele resolve. O Barcelona também estava desfalcado. Teve várias chances de gol, todas desperdiçadas pelos coadjuvantes do argentino. O jogo foi Messi contra a rapa. Tá, mentira. Me impressionou a fome de bola do time catalão em todos os momentos. Todo mundo subia para abafar o Arsenal no campo de defesa, os ingleses não tinham tempo de pensar. Não tem mais o que falar. Desde o final do primeiro tempo nossa única torcida era que alguém desse um chega pra lá no Messi pra tirar ele da Copa. Não me olhem com essa cara, daqui dois meses vocês também estarão torcendo contra ele! Quanto à Champions League... bom, se não der Barcelona alguma coisa estranha vai ter acontecido no meio do caminho. Talvez alguém consiga dar um chega pra lá no Messi... E agora eu vou tomar mais uma, que é o que resta. Ah, o próximo jogo é Inter de Milão x Barcelona. A outra semi... oras, quem se importa?