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O São Paulo continua jogando de forma apática e sonâmbula, mas, mesmo assim, conseguiu virar o placar ontem à noite, em pleno Morumbi, e derrotou o América de Cali por 2 a 1, classificando-se em primeiro lugar no seu grupo da Copa Libertadores. A surpresa foi Dagoberto (foto), que engatou a quinta marcha no início do segundo tempo e perdeu vários gols antes de fazer os dois da vitória. Muito aquém daquilo que a imprensa dizia quando o Tricolor o contratou, o atacante até que teve boa participação nos títulos brasileiros de 2007 e principalmente de 2008, mas nunca justificou sua fama. Nos dois anos de São Paulo, Dagoberto fez apenas 17 gols (o mesmo tanto que o manguaça Adriano fez em seis meses de clube, em 2008). Jogou a maior parte do tempo na reserva e longe de empolgar a torcida. Até ontem.
Com os dois gols, sendo o primeiro a conclusão de uma jogada individual do volante Jean e o segundo de bunda (isso mesmo, de bunda) após uma rebatida bizarra do goleiro colombiano Mesa, o atacante foi ovacionado pelos 23 mil sãopaulinos no estádio, que haviam gasto a maior parte do jogo vaiando merecidamente a equipe. A atuação de Dagoberto tem a ver com uma nova aposta de Muricy Ramalho. Sem Zé Luís e Arouca, o técnico escalou o atacante ali, como uma espécie de meia direita - mais ou menos o que Jorge Wagner faz pela esquerda, só que este tem Júnior César, um lateral de ofício, para cobrir a retaguarda - e Dagoberto não tem ninguém. Não por outro motivo, Parra abriu o placar para o América justamente pelo setor direito, o mesmo pelo qual o Tricolor vem sofrendo os gols mais previsíveis das últimas temporadas. No segundo jogo da seminfinal do Paulistão, contra o Corinthians, Ronaldo arrancou livre justamente por ali, contra um Rodrigo com freio de mão puxado. Aliás, a zaga bateu cabeça novamente ontem, comprovando que, por mais esforçado que seja, André Dias faz muita falta.
A aposta em Dagoberto pela direita ainda é um enigma, mas pode ser interessante caso Zé Luís volte ao time como lateral recuado e Muricy retome o esquema com dois zagueiros. Assim, teríamos uma espécie de 2-4-2-2, com Miranda (ou Rodrigo) e André Dias na zaga, Zé Luís, Jean, Hernanes e Júnior César na linha central, Dagoberto e Jorge Wagner no meio, caindo pelos flancos, e Borges e Washington na frente - apesar da temporária má fase dos dois. É um padrão tático estranho e arriscado, mas pode funcionar caso os laterais protejam bem a zaga e Jorge Wagner tome a mesma iniciativa que Dagoberto tomou ontem. Porém, penso que dois titulares correm sério risco de perder a posição: Bosco, que parece estar meio sem ritmo de jogo, e Hernanes, para quem a seleção brasileira e as propostas européias fizeram muito mal. O grandalhão Fabiano, que já fez uma (ótima) partida no gol do São Paulo, contra o Fluminense, no Maracanã, e o volante de origem Arouca são opções interessantes para essas posições. Só que o mais importante é que Muricy terá uma boa folga para treinar jogadas e recuperar os contundidos.