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quinta-feira, agosto 20, 2015

Carlos Gardel: pé-frio involuntário ou infiltrado?

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O coronel uruguaio Carlos Escayola e Gardel: seriam pai e filho?
Assim como no Brasil ainda pairam dúvidas sobre o cantor e compositor Gonzaguinha ter sido ou não filho biológico do Rei do Baião, Luiz Gonzaga, nas duas margens do Rio da Prata a polêmica eterna é a verdadeira nacionalidade do Pai do Tango, Carlos Gardel. Uns dizem que nasceu em Toulouse, na França, e outros cravam Tacuarembó, no Uruguai. Algumas vezes, quando questionado sobre o assunto, o próprio Gardel se esquivava, preferindo reforçar suas raízes argentinas e elegendo como "nascimento" a data em que desembarcou naquele país: "Nasci em Buenos Aires aos dois anos e meio de idade". O mistério teria sido conservado de propósito, pois a real origem do cantor seria um escândalo de grande proporção. Como conta o recente documentário "El padre de Gardel", Carlos teria sido fruto, na citada Tacurarembó, da relação proibida entre o poderoso coronel Carlos Escayola com uma de suas cunhadas, María Lélia, de apenas 13 anos - e há suspeitas de que ela também era sua filha, pois o coronel era amante da sogra (!!!). Por tudo isso, o menino teria sido criado escondido até ser dado a uma francesa, Berta Gardes, que o registrou com seu sobrenome e partiu definitivamente com ele para a capital da Argentina.

Gardel em Amsterdã, com o violão, cantando para a seleção argentina
A dúvida sobre a veracidade desses fatos, nunca esclarecida, teria um desdobramento curioso: a ambiguidade de Gardel como torcedor de futebol. Para todos os efeitos, até meados da década de 1920, não havia dúvida alguma: o cantor era argentino, representante máximo dos porteños e dos símbolos culturais daquele país, os costumes criollos (do campo), o dialeto lunfardo (de Buenos Aires) e, acima de tudo, o tango. Essa identificação fez com que, em 1928, durante os Jogos Olímpicos de Amsterdã, Gardel, em turnê pela Europa, decidisse visitar a seleção de futebol da Argentina. E consta que participou de uma festa noturna com os jogadores em um quarto de hotel, quando cantou pela primeira vez o tango "Dandy". Resultado: pouco depois disso, os argentinos perderam a medalha de ouro na decisão contra o time do Uruguai, por 2 a 1 - título máximo do futebol de seleções naquela época, quando não havia Copa do Mundo. E o uruguaio Eduardo Galeano, em seu livro "Futebol, ao Sol e à Sombra", diz que, dois anos depois, no primeiro Mundial da Fifa, Gardel repetiu a visita à concentração da seleção argentina, e cantou a mesma música.

Traíra? Gardel e os jogadores do Uruguai campeões em 1930, com a taça
Resultado: foram derrotados novamente na final pelo Uruguai, o anfitrião e primeiro campeão de uma Copa. "Muita gente crê que é a prova de que Gardel era uruguaio", escreveu Galeano. Devido aos dois episódios, os jogadores da Argentina teriam apelidado o cantor de "mufa", que significa "pé-frio". Mas a verdade pode ser que, como crê Galeano, Gardel tenha sido mesmo um "pé-frio" infiltrado. Porque, no meio da disputa da própria Copa do Mundo, em 13 de julho de 1930, o cantor deu uma polêmica entrevista ao jornal uruguaio "El Imparcial", afirmando que havia nascido no Uruguai (!). Se isso caiu como uma bomba atômica em Buenos Aires e em toda a Argentina, imagine como ficou o moral dos jogadores argentinos. Pior: além de serem derrotados na decisão, em 30 de julho, justamente pelo time da "nova" pátria assumida por Gardel, ainda viram o cantor visitar os campeões no Estádio Centenário e sorrir para a Taça Jules Rimet...

Gardel, com cachecol, na partida Brasil x Iuguslávia
"Un artista, un hombre de ciencia, no tiene nacionalidad. Un cantor tampoco, es de todos, y su patria es donde oye aplausos. Pero ya que insiste: soy uruguayo, nacido en Tacuarembó" ("Um artista, um homem de ciência, não tem nacionalidade. Um cantor tampouco, é de todos, e sua pátria é onde ouve aplausos. Mas, já que insiste: sou uruguaio, nascido em Tacurembó"), teria reafirmado Gardel, em 1933, ao jornal "El Telégrafo", de Paysandú, no Uruguai. Apesar de tudo isso, nada garante que seja verdade, pois pesquisas realizadas na Argentina concluíram que o cantor poderia ter encoberto sua verdadeira nacionalidade, francesa, porque teria antecedentes criminais por fraudes. Seja como for, tanto para argentinos como para nós, brasileiros, a fama de "pé-frio" futebolístico é justificada. Em 14 de julho de 1930, um dia após o jornal ter publicado a polêmica entrevista em que revelava ser uruguaio, Gardel foi ao estádio Parque Central para assistir a estreia do Brasil em Copas do Mundo, contra a Iuguslávia. Resultado: 2 a 1 para nossos adversários. Assim, o Pai do Tango teria sido nosso primeiro Mick Jagger!


quinta-feira, janeiro 13, 2011

Yo y mis cervezas

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Buenas, já que aproveitei o tempo que estive na Irlanda para comentar umas e outras cervejas que provei por lá, faço o mesmo, agora, sobre as que conheci numa rápida passagem por Uruguai e Argentina. Quando chegamos a Montevidéu, fomos encontrar uns amigos na Cervejaria Burlesque, no bairro Pocitos. Provamos algumas cervejas artesanais, não engarrafadas industrialmente, e outras marcas latinas. Mas eu gostei mesmo foi da holandesa Grolsch (foto), uma Premium American Lager que fica entre a compatriota Heineken (mas menos amarga) e a nossa Serra Malte (mas um pouco mais suave). O teor alcoólico é de 5% e ela vem numa garrafa com um sistema diferente de lacre.

Muito parecida com a Grolsch é a uruguaia Zillertal (foto), que provei em um butequinho da Praça Cagancha. Vem numa daquelas garrafonas de 1 litro, como as também uruguaias Norteña e Patricia, mais comuns em terras brasileiras, e tem 5,5% de álcool. É outra Premium Lager e, pelo o que percebi, só não é mais pedida que a popular (e fraquinha) marca Pilsen. Também experimentei, em Montevidéu, uma long neck de garrafinha gordinha da mexicana Negro Modelo, que chega até lá via importadora venezuelana. Muito gostosa, 5,3% de álcool. Pelo o que li aqui, ela também é uma cerveja Lager, mas o fabricante a denomina Munich Dunkel, sendo que outros a consideram uma Vienna. Quem entende sobre isso, que se manifeste...

Ainda no Uruguai, na última noite por lá, provei uma long neck da marca Patricia, só que estilo Red Lager, no barzinho Fun Fun, bairro Ciudad Vieja. Muito boa, parecida com a Baden Baden desse tipo, só que mais fraca (5% de álcool). Já em Buenos Aires, resolvi mergulhar de cabeça nos excelentes vinhos, mas o forte calor - muito mais que em Montevidéu, cidade ventilada - me "obrigou" a voltar à fundamental rubia helada, digo, loira gelada. A primeira que arrisquei foi a manjada Quilmes (foto), num buteco tosco da Avenida Córdoba, em Palermo Viejo. Outra cerveja Lager, o que comprova que essa história de que as Pilsen, mais leves, são obrigatórias em lugares quentes, é conversa fiada aceita só no Brasil. A Quilmes tem 4,9% de álcool, mas vou me abster de nota para a qualidade, pois na Argentina, ao contrário do Uruguai, todo bar serve cerveja morna. Só o chope vem geladaço.

A única exceção foi o bar La Biela, no bairro Recoleta, onde conheci uma (gelada) Imperial, indicada, no rótulo, como "cerveza especial argentina". Nunca tinha ouvido falar, mas é boa mesmo. Pra (não) variar, é uma Premium Lager, com 5,5% de teor alcoólico. O bar servia também outras argentinas, como a já citada Quilmes e a Schneider, mas a Imperial estava em TODAS as quase 100 mesinhas do local, em versão long neck e 1 litro. Outra surpresa, já no caminho de volta, no Aeroporto Ezeiza, foi a Quilmes versão Stout, long neck (foto). Cremosa, suave (só 4,8% de álcool) e um pouco adocicada, diferente de outras do tipo, como a tradicional irlandesa Guinness ou a brasileira Colorado. Mas foi uma boa despedida. Até a próxima, ou melhor, as próximas! Saludos!