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sexta-feira, agosto 02, 2013

Corrupção do PSDB, saia justa e ginástica dos jornais

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Capa que expôs o PSDB nas bancas do país
Como as acusações de corrupção e outras irregularidades contra os governos estaduais do PSDB em São Paulo estão repercutindo até lá na Alemanha, a "grande" imprensa brasileira bem que hesitou, mas não teve como esconder o megaescândalo de seus adorados tucanos. A revista IstoÉ foi a primeira a dar destaque como matéria de capa (leia aqui), resumindo que "em troca de imunidade civil e criminal para si e seus executivos, a empresa [Siemens] revelou como ela e outras companhias se articularam na formação de cartéis para avançar sobre licitações públicas na área de transporte sobre trilhos" e que isso "lançou luz sobre um milionário propinoduto mantido há quase 20 anos por sucessivos governos do PSDB em São Paulo para desviar dinheiro das obras do Metrô e dos trens metropolitanos".

Em resumo, segundo a publicação, "desde que foram feitas as primeiras investigações, tanto na Europa quanto no Brasil, as empresas envolvidas continuaram a vencer licitações e a assinar contratos com o governo do PSDB em São Paulo. O Ministério Público da Suíça identificou pagamentos a personagens relacionados ao PSDB realizados pela francesa Alstom – que compete com a Siemens na área de maquinários de transporte e energia – em contrapartida a contratos obtidos. Somente o Ministério Público de São Paulo abriu 15 inquéritos sobre o tema." Com base nos inquéritos, a revista observou ainda que "só em contratos com os governos comandados pelo PSDB em São Paulo, duas importantes integrantes do cartel apurado pelo Cade, Siemens e Alstom, faturaram juntas até 2008 R$ 12,6 bilhões."

Sem saída, os jornalões, tradicionalmente preocupados em poupar os peessedebistas (vide silêncio orquestrado e constrangedor no episódio Privataria Tucana), se viram na saia justa de também ter que noticiar o escândalo internacional. Mas, claro, fazendo ginásticas para amenizar ou evitar dar nome aos bois - ou ao partido envolvido. O Estadão deu uma primeira materinha (leia a versão online aqui) citando o PSDB somente na última frase do pé do texto. E, até hoje, a versão impressa do jornal dos Mesquita não deu manchete de capa sobre o assunto. Já a Folha, da família Frias, noticiou pela primeira vez de forma ainda mais generosa (leia aqui), sem citar uma única vez nem o PSDB nem Covas, Serra ou Alckmin. Hoje, dez dias após a publicação gritante da IstoÉ, cuja capa expôs o "tucanato paulista" nas bancas de todo o país, a Folha de S.Paulo se dignou a dar uma manchete sobre o caso.

'Mensalão mineiro': saída para 'do PSDB'
Porém, a notícia bombástica de que a "multinacional alemã Siemens apresentou às autoridades brasileiras documentos nos quais afirma que o governo de São Paulo soube e deu aval à formação de um cartel para licitações de obras do metrô no Estado" (acesse a versão online aqui) aparece na capa da Folha sob a manchete "Governo paulista deu aval a cartel do metrô, diz Siemens" (o grifo é nosso). Ou seja, o mesmo expediente de quando se veem obrigados a noticiar o Mensalão do PSDB, como já observou o Glauco aqui nesse post: escondem o nome do partido e usam "mensalão mineiro" nos títulos e manchetes - como exemplo, clique aqui para ver materinha sobre mais esse assunto espinhoso ao PSDB publicada pela mesma Folha de S.Paulo. Aliás, a artimanha "mensalão mineiro" já foi utilizada em uma capa da mesma revista IstoÉ que agora decidiu escancarar os termos explícitos "propinoduto do tucanato" e expor as caras de Covas, Serra e Alckmin nas bancas (certa música dos Titãs comentaria: "Alguma coisa aconteceu/ Inevitável, acidente...").

É óbvio que, se o partido fosse outro, a manchete diria que o aval para o cartel teria sido dado pelo "governo do PT", "governo petista", "governo Lula", "governo Dilma" etc. Como eu já disse aqui, é dessa forma que se constroem "bandidos" e "mocinhos" para o público consumidor de informações. Ou, como já dizia Malcom X, "se você não for cuidadoso, os jornais farão você odiar as pessoas que estão sendo oprimidas - e amar as pessoas que estão oprimindo." E é curioso como essa frase se aplica perfeitamente à notícia publicada ontem pelo Estadão: "Alckmin rebate críticas de Dilma e cobra investimentos federais em metrô"...

Só no 'Dia de São Nunca' essa manchete diria 'Governo DO PSDB deu aval a cartel...'

PÓS SCRITPTUM - Tava demorando: a mesma Folha de S.Paulo, agora, já cumpre o habitual papel de "assessoria de imprensa" tucana e, impossibilitada de rotular o caso de "trololó petista", denuncia que o megaescândalo envolvendo o PSDB (farto de provas no Brasil e no exterior) não passa, na verdade, de um "trololó Cadista"...

Os jornalões nunca dizem que tem alguém querendo 'prejudicar' quando o rolo é do PT

terça-feira, dezembro 11, 2007

A arte de esconder fatos e desviar o alvo

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Mais uma da "grande imprensa", que, como apropriadamente observou o Glauco, está ficando cada vez mais "imprensinha". Na página A-6 de O Estado de S.Paulo desta terça-feira, 11 de dezembro, a matéria "Superfaturamento de obra vai a 525%, indica relatório" traz denúncias do deputado federal Giovanni Queiroz (foto), do PDT do Pará, que apontou à Comissão Mista de Orçamento do Congresso indícios de superfaturamento nos projetos de adequação e construção de rodovias com contrapartidas do governo federal. O preço de referência da Caixa Econômica Federal seria de R$ 1,6 milhão por quilômetro, mas, em algumas obras, esse valor salta para até R$ 30 milhões.

O objetivo da reportagem, para variar, é malhar o governo Lula como "irresponsável" e "esbanjador de dinheiro público". Mas há indícios de que a história não é bem essa. Para começar, o texto não mereceu uma chamadinha de capa sequer no Estadão. Em vez disso, Odebrecht vencendo leilão do Madeira e CPMF são manchete e submanchete, respectivamente. Só "pau" no governo federal. Então, por que o caso das rodovias não é destaque? O título vago "Superfaturamento de obra" (grifo nosso) é a pista.

A obra é paulista - Logo no segundo parágrafo, a matéria diz que "entre as obras sob suspeita apontadas pelo pedetista está a construção do trecho sul do Rodoanel de São Paulo", com um custo de R$ 25 milhões por quilômetro. Fosse o governo paulista do PT, alguém aí duvida que esse seria o lead (primeira informação) do texto e que a matéria seria a manchete do Estadão? Pois o jornal sequer cita o governo do Estado como tendo alguma participação no caso. E, segundo levantamos aqui pelo jornal ABCD Maior, de São Bernardo (SP), quem desenvolve o projeto e estima o valor por quilômetro é o ... governo do Estado! No caso, o PSDB de José Serra.

Conversando por telefone com o deputado Giovanni Queiroz, o repórter Diego Sartorato apurou que, ao contrário do linchamento proposto pelo Estadão ao governo federal, o relatório do parlamentar pede apenas a padronização do valor por quilômetro nas obras de rodovias das quais a União tem contrapartida e que se investigue aqueles que fizeram projetos com valor tão alto - no caso, os Estados. Queiroz citou o exemplo da duplicação da Fernão Dias, entre 1996 e 1999. No trecho mineiro da obra, segundo ele, o governo do Estado de Minas Gerais estimou um custo de R$ 1 milhão por quilômetro no projeto. Já em São Paulo, o governo do Estado (na época, o PSDB de Mário Covas) estipulou preço de R$ 3 milhões.

"A rodovia é contínua, não há nada de diferente de um Estado para outro. Percorri o trecho de divisa e a pista é a mesma. A única diferença, no lado paulista, é a faixa de acostamento. Para isso, triplicaram o valor", ironizou o deputado do PDT.

Rodoanel é telhado de vidro - Mas essa não é a primeira vez que a "imprensinha" poupa o governo de São Paulo pelo tão decantado Rodoanel. Em 27 de maio deste ano, o governador José Serra (PSDB) teve a cara de pau de "iniciar oficialmente" as obras do trecho sul, que corta a região do ABC, em pomposa cerimônia na cidade de Mauá. "Nunca havíamos começado o trecho sul. Agora sim é o ponto de partida", bravateou o tucano. Sim, bravateou: oito meses antes, em 19 de setembro de 2006, outra pomposa solenidade, dessa vez em São Bernardo, foi realizada com o então governador Cláudio Lembo (DEM) para, justamente, marcar o início "imediato" das obras.

Apesar das duas pantomimas, o governo estadual manteve as obras paradas. E o trecho sul só começou a sair do papel em junho, depois que o governo federal (sim, do PT de Lula) socorreu o Estado às pressas com R$ 300 milhões do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Porém, de que forma vocês acham que a "grande imprensa", digo, "imprensinha", contou a história? Simples: o "eficiente" Serra desempacou a obra, mesmo com o governo federal "superfaturando" o valor por quilômetro. Depois o Caetano Veloso vem dizer que não considera a mídia brasileira golpista...