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quinta-feira, dezembro 10, 2015

Que desperdício (de vinho)!

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Pensei que a notícia de que um dirigente do São Paulo F.C. deu um soco na cara do outro fosse imbatível para faturar o prêmio "Vale-Tudo do Poder" de 2015, mas eis que abro a inFernet e leio a sensacional, inacreditável e maravilhosa manchete:


Pois é - ou melhor, pois ZÉ (Serra). Segundo Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, durante jantar na casa do Eunício Oliveira, seu colega de Senado José Serra "simplesmente chegou numa roda em que não tinha sido chamado, sem mais nem menos" e falou para a ministra da agricultura: "Kátia, dizem por aí que você é muito namoradeira". Kátia - que, aliás, é apelido para cachaça ("kátiaça") - descascou na hora: "Você é um homem deselegante, descortês, arrogante, prepotente. É por isso que você nunca chegará à Presidência da República. Nunca lhe dei esse direito nem essa ousadia. Por favor, saia dessa roda, saia daqui imediatamente". E tascou-lhe o vinho no meio da fuça (leia detalhes aqui).

Taça da discórdia: Kátia Abreu bota o desengraçadinho José Serra em seu devido lugar

O mais divertido é que, apesar de ser do mesmo partido do nefasto senador (ambos fincam trincheiras no nefasto PSDB), Kátia Abreu ainda fez questão de salgar a terra, gritando pra quem quisesse ouvir: "De mais a mais, nunca traí ninguém na minha vida". Pô, aí já é vandalismo! Geraldo Alckmin deve estar rindo sozinho até agora. E isso me lembrou uma célebre máxima do - falecido e também tucano - Mário Covas: "Em banco que José Serra se senta, todo mundo se levanta". Se levanta ou joga na cara dele o que tiver à mão! Afinal, José Serra é conhecido há décadas por ter um senso de "humor" nada invejável. Diante de tanta baixaria, só me resta lamentar o vinho derramado. Será que não tinha uma Skol pra jogar na cara dele? No mais, Deus me livre de festa que junta tucanos...




"Kátia, afasta de mim esse cálice..."


 

quarta-feira, novembro 18, 2015

Da série: vale a pena ler de novo

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No momento em que o governo do Estado de São Paulo (do PSDB, é bom frisar) fecha 94 escolas e bota sua Polícia Militar pra cima dos alunos que protestam pacificamente contra essa medida arbitrária, inclusive prendendo professores, vale recordar essa notícia aqui, dos tempos da campanha presidencial de 2006 (os grifos são meus):


CLARICE SPITZ
da Folha Online, no Rio de Janeiro (07/09/2006)

A 24 dias das eleições, o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, lançou nesta quinta-feira sua proposta de governo para a educação, com a promessa de aumentar o número de horas-aula. Em visita à favela de Rio das Pedras, na zona oeste do Rio, Alckmin disse que seu plano também prevê o reequipamento de escolas e a melhoria do acesso as creches.

O candidato afirmou que sua meta é de [sic] estabelecer um padrão de 5 horas aula para o ensino fundamental em todo o país e disse que, em alguns lugares, as crianças ainda permanecem somente 3 horas na escola. O tucano ainda afirmou que vai trabalhar para melhorar a qualidade da educação básica e universalizar o ensino médio. "Hoje, o grande gargalo é o ensino médio: não deixar o aluno terminar a oitava série e parar de estudar", disse ele.

No programa de governo, o comitê de campanha afirma que a oferta de vagas no ensino médio ainda é insuficiente aos 10 milhões de jovens nessa idade escolar.


CLIQUE AQUI para ler a íntegra da notícia



SÓ UMA FRASE, PRA REFRESCAR AINDA MAIS A MEMÓRIA:

LEIA TAMBÉM, SOBRE O DISCURSO E A PRÁTICA DO PSDB:

 

quinta-feira, setembro 24, 2015

O cúmulo do escárnio

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Tempos atrás fiz uma postagem intitulada "Escárnio", a partir da notícia de que uma rádio FM paulista iria dar 1.000 litros de água para o ouvinte que enviasse o melhor vídeo fazendo "dança da chuva", para resolver a falta de água no Estado. "Como observou um colega, o racionamento de água poderia ter uma solução bem simples: cortar o fornecimento para os 57% que votaram em Geraldo Alckmin e garantir o abastecimento normal para os restantes. Seria apenas justo", eu relatava, naquele post. Ou então, como bem observou alguém numa dessas redes (anti)sociais (leia aqui), "São Paulo elege o PSDB cinco vezes seguidas para o governo e agora fica sem água. Sabe o nome disso? Meritocracia". Exatamente.

Pois bem, hoje chego para trabalhar e fico sabendo, de orelhada, que o (des)governador Geraldo Alckmin, DO PSDB (é sempre bom frisar isso), ganhou um prêmio. Até aí, por mais grotesco que seja, não é nenhuma novidade. Todo político, de qualquer partido, vive recebendo homenagens, prêmios e honrarias - que, na maioria das vezes, não significam absolutamente nada. São apenas confetes, bajulações, troca ou retribuição de favores, isca para holofotes, propaganda eleitoral disfarçada etc etc etc. Nada de novo no front. Quando soube que a indicação para o prêmio foi feita pelo deputado federal paulista João Paulo Papa, DO PSDB, aí me pareceu ainda mais irrelevante, apenas rapapé de um subordinado.

Mas não. A coisa é séria. O tal prêmio será entregue pela Câmara dos Deputados, em Brasília, pela "gestão da crise hídrica" no Estado de São Paulo. Pausa para o espanto. Pausa para a perplexidade. Outra pausa, para a incredulidade. Alckmin será premiado pelo que faz (ou melhor, não faz; ou melhor ainda: nunca fez!) em relação à falta de água em São Paulo?!? É isso?!??? Se for, é o cúmulo do escárnio, elevado à enésima potência... Como se o governo tucano não tivesse sido advertido por um estudo há 6 (SEIS!) anos sobre a crise de desabastecimento e CAGADO pra isso, sem fazer absolutamente nada! Como se não tivesse sido exatamente Alckmin o governador a cortar R$ 900 milhões do orçamento da Sabesp!

E o prêmio dá a entender que a falta de água foi resolvida (!). Hoje mesmo recebi minha conta de água e lá está multa de R$ 73 por ter ultrapassado a meta de consumo imposta pela Sabesp. Detalhe: o gasto maior ocorreu porque tivemos que pagar alguém para consertar a caixa d'água, que teve que ser esvaziada completamente. E sabem por que fomos obrigados a fazer isso? Por causa dos mosquitos da dengue, que me levaram ao hospital em março deste ano, e que já infectaram quase 600 mil pessoas no Estado de São Paulo. Será que o Alckmin vai ganhar algum prêmio da área de saúde por esse recorde? Ou então prêmio de segurança pública, pelas chacinas de sua PM ou pelos maus tratos e fugas na Fundação Casa?

Claro que não. Mas, em resumo, fui multado pelo governo tucano porque ele me obriga a gastar dinheiro para combater um problema de saúde que deveria ser evitado por ele. E a falta de água continua: todo dia, às 14 horas, a água da rua seca lá em casa, e só retorna às 6 da manhã do dia seguinte. E ainda sou multado pela Sabesp! E o Alckmin ainda ganha um prêmio por isso! Pior, pior: ao comentar a premiação, o (des)governador DO PSDB afirmou, na maior cara larga do universo: "Modéstia à parte, é merecido". Vou repetir o que ele disse: "Modéstia à parte, é merecido". E é capaz de ter sido aplaudido (e, se bobear, pelos próprios repórteres). Ninguém bateu panela, ninguém mandou ele tomar no c*. Mundo, acabe.



terça-feira, fevereiro 24, 2015

Política - definições básicas

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sexta-feira, novembro 07, 2014

PSDB torna ficção realidade muito antes do imaginado

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Em 1981, Ignácio de Loyola Brandão publicou seu livro "Não verás país nenhum", ficção na qual descreve uma megalópole brasileira (São Paulo?) no futuro. O autor conta a vida de Souza, que vive no meio do caos da cidade, destruída pelos avanços tecnológicos, onde não há água, verde, vida saudável e muito menos liberdade. O livro dá a entender que tudo piorou após a "Época da Grande Locupletação", alusão à ditadura militar brasileira - aquela mesma que muitos, agora, vão às ruas para pedir que volte (!). "Essa época de locupletação não existiu. Foi calúnia", garantia a direção da escola em que Souza dava aula, na ficção. "Fala-se muito, mas onde os documentos? Invenções, mitos", acrescentavam, de forma idêntica aos que negam que o regime militar tenha praticado torturas no Brasil. Mas vamos a alguns trechos literais do (incômodo) livro:
"Abro a porta, o bafo quente vem do corredor. Já estou melado, quando chegar ao centro estarei em sopa. Como todo mundo. A vizinha varre o chão, furiosamente. Como se fosse possível lutar contra a poeira negra, a imundície. Não fornecem água para lavar as partes comuns. (...)

[Souza vai ao trabalho mas, antes, encontra um amigo]
Através dos vidros encardidos, mal se percebe o salão. Cumprimento com um aceno, Prata me faz um sinal, gosta de uma prosinha. Inevitável, indolor.
— Tem água esta semana?
— E eu sei? Pergunte ao distribuidor.
— É que você tem aquele sobrinho.
— Não faço a mínima idéia.
— Desorganizaram as entregas, ou aumentaram os prazos.
— Ou os dois juntos.
— Vê se descobre. (...)

[Souza encontra o sobrinho, que é um soldado, ou "civiltar"]
— Tem comida?
— O normal.
— Vou tentar algo na Subsistência. Ah, quer fichas para água?
— Sempre é bom, jamais consegui me controlar, gasto mesmo.
— E não é para gastar?
— Mas tem o racionamento, para dividir melhor.
— Racionamento, tio? Pensa que é para todo mundo?
No fundo, não gosto dele. Uso suas facilidades. Penso que tenho direito a elas, contribuo para que o Novo Exército exista com todos os seus privilégios. Devo explorá-lo. (...)

A sua urina é comercializada. Com a falta de água, aparelhos recolhem os mijos saudáveis numa caixa central, onde se procede à reciclagem. Há mistura, tratamento químico intenso, filtragem, purificação, refinamento, transformação. A urina retorna branca, pura, sem cheiro, esterilizada. Dizem que dá para beber. Eu é que não vou experimentar. Nem o mijo meu, quanto mais o dos outros. Mas os Postos Apropriados têm uma capacidade limitada de recolhimento. Daí também a seleção apurada e o bom ambiente que se encontra nestes banheiros especiais, de luxo, para pessoas de fino trato. (...)"

Pois bem (ou melhor, pois MAL): procurei rever esses trechos do livro depois de ler mais uma notícia sobre o (des)governo de Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo:


E outra notícia me lembrou a ficcional "Época da Grande Locupletação":


É isso. E enquanto o índice de roubos aumenta vertiginosamente no Estado de São Paulo, as pessoas vão para a Avenida Paulista pedir intervenção militar no... governo federal (!). Enquanto o governo do PSDB leva a USP à falência e tem o pior nível do Ensino Médio público dos últimos seis anos, as pessoas culpam Dilma Rousseff pela "situação da educação" (!!). Enquanto a epidemia de dengue no Estado de São Paulo já alcança quase 20 mil casos, as pessoas estão mais preocupadas com o Ebola (!!!). E enquanto observo essas pessoas babando e espumando de raiva e ódio contra o PT, concluo que o PSDB, infelizmente, vai tornando a ficção de Ignácio de Loyola Brandão uma trágica realidade em terras paulistas. Muito antes do que sequer poderíamos imaginar...


quarta-feira, outubro 22, 2014

Quando acabar o maluco sou eu!

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'Eu não preciso ler jornais/ Mentir sozinho eu sou capaz/ Não quero ir de encontro ao azar'

Faço no título desse post, o mesmo da música do saudoso Raul Seixas (ouça clicando aqui), o meu comentário sobre a seguinte notícia publicada hoje pelo portal Gazeta Esportiva: "Hipnólogo se desliga da Portuguesa após quebra da 'regra de ouro'" (!). Para além da bizarrice de a diretoria da Lusa ter contratado esse tipo de profissional para tentar se salvar do rebaixamento na Série B do Brasileirão, fato que já era de conhecimento público, ficamos sabendo agora que o tal hipnólogo, o ex-goleiro (!!) Olimar Tesser, resolveu encerrar seu trabalho no clube declarando:

“Então, coloca aí: regra de ouro. Motivado pela sua regra de ouro, o Olimar Tesser declinou do seu trabalho na Portuguesa. A regra de ouro é simples: você vai ganhar, eu vou ganhar. Os dois lados têm que colaborar e vencer. Acho que ficou bem claro o que aconteceu, não é?”

Sim, ficou bem claro. Tanto Olimar não recebeu dinheiro pelo "serviço prestado" quanto a Portuguesa, que era a penúltima colocada quando ele chegou, caiu para a lanterna da tabela, 14 pontos atrás do primeiro time fora da zona de rebaixamento, faltando apenas sete jogos para o fim da competição. Talvez os métodos do hipnólogo tenham prejudicado um pouco o "condicionamento físico" do elenco da Lusa. Segundo a notícia, ele fez "os jogadores andarem sobre cacos de vidro, brasas e até entortarem barras de ferro com o pescoço" (!!!).

Jogadores da Portuguesa foram submetidos a alguns métodos, digamos, 'pouco ortodoxos'

Mas o melhor da notícia foi a "justificativa" que Olimar usou para dizer que não ganhou fama somente a partir deste seu (efêmero e polêmico) trabalho na Lusa:

“Ouvi de alguém que eu estava ficando famoso. Mas sempre tive mídia. Já hipnotizei o governador de São Paulo."

E é verdade! É verdade! Tem a foto (abaixo) para comprovar! Tá aí o Geraldo Alckmin sendo hipnotizado pelo "ex-goleiro"! Quando acabar o maluco sou eu!

Anestesista Alckmin e hipnólogo Tesser anestesiaram e hipnotizaram os eleitores paulistas

Provavelmente, o que o tucano queria era ter aula com o hipnólogo. E foi bom aluno: com o método, convenceu a população paulista de que o (des)governo do PSDB não tinha culpa nenhuma na falta de água e foi reeleito com o voto de 12.230.807 hipnotizados... 

 

sexta-feira, outubro 17, 2014

Escárnio

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Recentemente, fiz aqui um post registrando o episódio em que as telinhas da TV Minuto, nos vagões do metrô da Linha Azul, em São Paulo, ficaram congeladas por mais de 15 minutos exibindo a notícia "A cidade de Los Angeles criou a 'polícia da água' para fiscalizar os esbanjadores". Ou seja, centenas (ou milhares) de passageiros, que acabavam de sair do expediente de trabalho e ansiavam por chegar em casa e tomar um belo - e merecido - banho, ficaram espremidos dentro dos vagões olhando aquela "advertência" intimidadora. Quem usa água, em São Paulo, é quase um criminoso.

Dias atrás, o guia "Divirta-se", do jornal Estadão, publicou em sua coluna sobre fatos passados da capital paulista um textinho "inocente" e "despretensioso" sobre as casas de banho que existiam antigamente na cidade. Eram locais onde a pessoa pagava para tomar banho. O texto ressaltava que só os mais abastados alcançavam esse "direito". Me veio na lembrança, de imediato, o camarada DeMassad comentando: "Não dá ideia! Não dá ideia!" O recado está dado para a população: água é um privilégio, não é pra qualquer um. E repare no nome da publicação: "Divirta-se" (!!!).

Mas é assim, com essas pequenas pílulas de "informação", que as pessoas vão sendo convencidas de que a - inacreditável - falta de água no Estado mais rico do país é uma "fatalidade", e que é responsabilidade delas, "esbanjadoras", fazer economia. Ser um "guardião da água" (supremo escárnio, comparável aos "Fiscais da Sunab" nos nada saudosos tempos de José Sarney). Como sempre, o governo do Estado não tem nada a ver com isso, "coitado". As pessoas que se virem pra ganhar dinheiro e investir na compra e estoque de água. É cada um por si! Os pobres que se danem.  

O escárnio chega às raias do absurdo. As advertências têm tom de "sermão", de "passa-moleque". Veja a pérola que uma colega registrou e postou numa rede social:



Assim, além de "esbanjadores", estamos sendo chamados de "sujos"! Enquanto isso, NINGUÉM fica indignado com o fato de o governo do Estado (leia-se: Geraldo Alckmin, PSDB) ter sido advertido por várias vezes, anos atrás, sobre a ameaça de racionamento e a urgência de medidas preventivas. Em dezembro de 2009, um relatório do Plano da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, feito pela Fundação de Apoio à USP, alertou para a vulnerabilidade do sistema Cantareira e sugeriu medidas cabíveis a serem tomadas pela Sabesp a fim de garantir uma melhor gestão da água (leia aqui). E não venham falar em falta de dinheiro! Alckmin gastou R$ 238 milhões com publicidade!

Mas a população votou maciçamente nele e o reelegeu governador. E agora (escárnio dos escárnios) é convidada a fazer "dancinha da chuva" pra ganhar água na "promoção" de uma rádio FM (!!!). Cliquem na imagem para ver com mais detalhes:


Como observou um outro colega, o racionamento de água poderia ter uma solução bem simples: cortar o fornecimento para os 57% que votaram em Geraldo Alckmin e garantir o abastecimento normal para os restantes. Seria apenas justo.



segunda-feira, outubro 13, 2014

Surto coletivo

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Ontem ouvi a melhor e mais precisa explicação sobre o sucesso de José Serra, Aécio Neves, Geraldo Alckmin e outros tucanos nas urnas paulistas:

"Os eleitores de São Paulo sofrem de Síndrome de Estocolmo."


segunda-feira, outubro 06, 2014

Antipetismo crava dois terços do eleitorado em SP

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No início de junho, às vésperas da Copa do Mundo no Brasil, o Datafolha soltou uma pesquisa que, talvez, tenha sido a mais "lúcida" (ou próxima da realidade) entre todas as que foram feitas na campanha eleitoral deste ano: dos três principais pré-candidatos à Presidência da República naquela ocasião (incluindo Eduardo Campos, que faleceria tragicamente em agosto), Dilma Rousseff era a que apresentava, disparada, a maior rejeição no estado de São Paulo: 61% dos eleitores paulistas entrevistados naquele período não votariam na petista “de jeito nenhum”.

Passados quatros meses, mesmo com a reviravolta que representou a saída de Campos e a entrada de Marina Silva na disputa, o resultado do 1º turno das eleições em terras paulistas registrou apenas 25,75% dos votos válidos para Dilma, o que significa, em outras palavras, que 74,25% não votaram nela. Ou, mais precisamente, que 69,38% dos eleitores locais preferiram votar nos dois principais concorrentes, se somarmos os votos válidos de Aécio Neves, do PSDB (44,47%), e de Marina, do PSB (24,91%). Assim, a rejeição à Dilma na casa dos 60% confirmou-se.

E esse percentual também foi espelhado, sintomaticamente, nas votações vitoriosas de dois caciques tucanos em São Paulo: José Serra, eleito senador com 58,49% dos votos válidos, e Geraldo Alckmin, reeleito governador com 57,31%. De forma simplória, portanto, podemos afirmar que o antipetismo, em território paulista, está cravado em quase dois terços do eleitorado. É significativo, pois, em 2010, Dilma teve 37% dos votos válidos no 1º turno, em São Paulo. E Aloizio Mercadante somou 35,2% como candidato a governador, contra os 18,2 de Alexandre Padilha, agora.

O que vai acontecer no 2º turno, na disputa presidencial, é difícil prever. Mas São Paulo, com 22,4% dos eleitores brasileiros, já se posta como principal trincheira do antipetismo. Muito mais, curiosamente, do que quando os paulistas Serra e Alckmin disputaram a presidência da República, em 2002, 2006 e 2010. Se Aécio perde para Dilma em seu estado, Minas Gerais, em São Paulo conta com uma adesão maciça, muito mais "explicável" pelo crescente e ostensivo antipetismo local do que pelo voto convicto num candidato tão pouco identificado com o estado.

Uma dúvida: se Alckmin tem a pretensão de se candidatar à presidência da República novamente, em 2018, será que ele está mesmo empenhado na vitória de Aécio Neves?


sexta-feira, setembro 26, 2014

Governo Alckmin: 'gestão', 'eficiência', 'competência'

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Alckmin vê o Sistema Cantareira e canta: 'Tudo em volta está DESERTO, tudo certo/ Tudo certo como 2 e 2 são 5'


Depois de acompanhar o violento despejo de sem-teto no Centro de São Paulo no início deste mês, vejo hoje uma notícia que comprova que a Polícia Militar do governo estadual não tem mais nada de útil pra fazer, além de espancar pobres, grevistas, estudantes ou manifestantes:


Alta foi de 11,7% na comparação entre oitavo mês de 2013 e deste ano. Homicídios caíram 12,6% no mesmo período de comparação. Na capital, roubos cresceram 13,6% e homicídios subiram 6,3%.


Realmente, é mais uma notícia "edificante" sobre o (des)governo do PSDB em São Paulo, que já beira 20 anos seguidos. E o povo quer mais: Geraldo Alckmin lidera as pesquisas e pode ser reeleito já no 1º turno. Esses eleitores parecem contentes com o ensino público estadual:

São Paulo tem o pior nível no Ensino Médio dos últimos 6 anos

Os resultados do Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo, revelados mostram que os desempenhos dos estudantes dos alunos do Ensino Médio nas escolas estaduais pioraram em relação ao ano de 2013 e acabaram sendo os mais baixos desde o ano de 2008.

A satisfação também deve refletir as "boas" notícias da saúde pública paulista:

São Paulo registra 17.088 casos de dengue neste ano

O número de casos de dengue neste ano na cidade de São Paulo chegou a 17.088 nesta quarta-feira, dia 23. Na comparação com os 15.969 registrados até a última semana de julho, o aumento foi de 7%.

Ou então o "primoroso" transporte público gerido pelo governo de Geraldo Alckmin:

Metrô de São Paulo tem uma pane grave a cada 3 dias

Estatísticas do Metrô de São Paulo revelam que número de falhas graves no sistema dobrou nos últimos cinco anos. Em 2013, ocorreu uma pane grave a cada três dias, com grande transtorno aos passageiros. Foram 113 falhas de mais de 6 minutos de duração no ano. Os números indicam aumento de 105% das panes em relação a 2009.

Mas ninguém supera o PSDB na "excelência" do fornecimento de serviços básicos:


O nível dos reservatórios do sistema tem registrado quedas consecutivas e chegou nesta sexta-feira a 7,2% da capacidade. Em nota, a secretaria estadual de Saneamento e Recursos Hídricos informou que o esgotamento da primeira cota da reserva técnica só aconteceria "no pior dos cenários". São Paulo enfrenta a maior crise hídrica da história.
E pra quem acha que o "mérito" é de São Pedro ou dos usuários gastadores, preste atenção:


Faz pelo menos quatro anos que o Estado de São Paulo está a par dos riscos de desabastecimento de água na Região Metropolitana. Em dezembro de 2009, um estudo não só alertou para a vulnerabilidade do sistema Cantareira como sugeriu medidas cabíveis a serem tomadas pela Sabesp a fim de garantir uma melhor gestão da água. O aviso veio do relatório final do Plano da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, feito pela Fundação de Apoio à USP.

Show de bola. Essas notícias sintetizam a "gestão", "competência" e "eficiência" (principalmente "eficiência"!) que os tucanos enchem a boca para pronunciar quando lambem as próprias crias. E para a população não interessa se todos estes serviços públicos são de competência do governo estadual. O problema da segurança, educação, saúde, transporte e até da falta de água é culpa única e exclusiva da Dilma e do partido dela. No estado de São Paulo, tudo segue "às mil maravilhas".

SÓ QUE NÃO.


terça-feira, setembro 23, 2014

A 'nova' política de Marina Silva

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RECORDAR É VIVER:

Em nota divulgada no sábado, 7 de junho de 2014, Marina Silva criticou a decisão do PSB de apoiar a reeleição do governador Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo:
“Para nós, isso é um equívoco. Consideramos necessário manter independência e lançar uma candidatura própria, que dê suporte ao projeto de mudança para o Brasil liderado por Eduardo Campos, e que dê ao povo de São Paulo a chance de fazer essa mudança também no âmbito estadual”, disse Marina Silva.

Para o PSDB, a culpa da falta de água é... do usuário (!)

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Estação Sé do metrô: símbolo da 'gestão' e da 'eficiência' tucanas
Segunda-feira, 18h30, e me preparo para enfrentar a (hiper-mega-ultra) abarrotada estação Sé do metrô paulistano. A aglomeração começa na escada rolante e, até conseguir me aproximar dos vagões, vejo seis ou sete trens chegarem (lotados) e partirem (mais lotados ainda), enquanto tento manter o equilíbrio espremido no meio da (conformada) multidão. Será possível que ninguém, neste momento, fica com raiva do governo estadual (do PSDB)? Ninguém?!? Não, nada. Todo mundo permanece em silêncio, arrastando os pés, digitando o celular, ouvindo qualquer coisa no fone de ouvido e acotovelando o(s) próximo(s). Outro dia, um amigo me deu uma explicação plausível: Geraldo Alckmin é médico anestesista. Faz sentido.

Buenas, piadas a parte, vamos à mais uma delas. Quando finalmente consigo entrar num - ou ser literalmente empurrado para dentro de um - vagão, noto que aquelas telinhas que reproduzem a tal "TV Minuto", mídia exclusiva contratada pelo governo estadual para o metrô, estão travadas, com a  a imagem congelada na última notícia transmitida: "A cidade de Los Angeles criou a 'polícia da água' para fiscalizar os esbanjadores" (veja foto abaixo). Não sei desde quando a imagem estava travada nesta notícia, mas permaneceu assim até a estação Paraíso, 15 minutos depois. E todo mundo calado, espremido e olhando aquele alerta acusador, que pode muito bem ser traduzido como: "Olha aí, vagabundo, sem essa de tomar banho quando chegar em casa! Tamo de olho em você, fica esperto!"

Mídia contratada pelo PSDB mostra 'polícia da água'. Como diz o Massad, 'não dá ideia!'
Notem que, no título da tal notícia, está presente a "delicadeza" habitual com que o governo tucano costuma tratar quem o contraria: "esbanjadores". Exatamente como grevistas, manifestantes de rua, sem-terra ou sem-teto são tratados como "baderneiros", "agitadores", "vândalos". Fico imaginando se o governo Alckmin criasse uma "polícia da água". Ia sobrar porrada e bala de borracha pra cima de todo "esbanjador"! E essa tentativa de jogar a culpa da falta de água sobre os usuários (!) nos remete a outras desculpinhas que o PSDB já usou para tirar o dele da reta: a culpa pelo aumento da criminalidade é da crise econômica mundial; a culpa pelas enchentes é da natureza; a culpa do surto de dengue é do clima; a culpa do péssimo ensino público é da migração nordestina etc etc etc etc etc.

Sistema Cantareira: outro símbolo da 'gestão' e 'eficiência' tucanas
Normal, se tivermos em conta, como lembrou o camarada Glauco, que o maior axioma do PSDB é: "a culpa da pobreza é do pobre". Mas, no caso da (inédita e absurda) falta de água, a imprensa já escancarou (leia aqui) que, "em dezembro de 2009, um estudo não só alertou para a vulnerabilidade do sistema Cantareira como sugeriu medidas cabíveis a serem tomadas pela Sabesp a fim de garantir uma melhor gestão da água. (...) O aviso veio do relatório final do Plano da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, feito pela Fundação de Apoio à USP. (...) Entre as recomendações feitas pelo relatório, estavam a instauração de processos de monitoramento de chuvas e vazões do reservatório e implementação de postos pluviométricos". Isso mesmo: 2009, há CINCO ANOS, quando o (des)governador era José Serra (PSDB), que devolveu o comando para Alckmin (PSDB).

A imprensa frisou que "o relatório apontava a necessidade de regras de operação do sistema 'que evitem o colapso de abastecimento das regiões envolvidas e minimizem a influência política nas decisões'". Como sabemos, NADA foi feito. O próprio Ministério Público está acusando o governo de Geraldo Alckmin de negligência. E agora a culpa é jogada sobre a população, obrigada a economizar água e a suportar tanto o racionamento não-declarado pelo governo estadual quanto as (inaceitáveis) multas para quem ultrapassasse determinado nível de consumo (canceladas quando o governador entrou em campanha para reeleição). E enquanto o Sistema Cantareira baixa para 8% do volume, o candidato Alckmin prossegue negando que haja crise de abastecimento de água. Ué, então pra quê economizá-la?!??

Alheias a tudo isso, milhares de pessoas se espremem nas (hiper-mega-ultra) abarrotadas estações do metrô, que dá pane quase todo dia. Caladas, arrastando os pés, acotovelando o próximo, ligando música alta no fone de ouvido, mexendo no celular. Anestesiadas. Muitas delas, senão a maioria, vão votar no Alckmin. No Serra. E, ao chegarem em casa, vão se lembrar da "polícia da água" na telinha do metrô. E vão cancelar o banho. Se houver água.

segunda-feira, setembro 08, 2014

Fófis

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quinta-feira, setembro 04, 2014

Escolinha do Professor Geraldo

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quinta-feira, agosto 14, 2014

Mídia já incensa 'Madre Marina de Calcutá'

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Dando sequência à precisa análise do camarada Di Massad, em outro post feito hoje (clique e leia aqui), sobre os possíveis cenários políticos após a trágica e inimaginável morte do candidato à presidente Eduardo Campos, registro aqui algumas pistas do que pode acontecer - ou já está acontecendo - no pós-susto. Parece nítido que, apesar da hesitação e dos (justos) receios (e interesses) do PSB, a mídia passou a fazer campanha aberta pela oficialização de Marina Silva como candidata. A Folha de S.Paulo crava, como complemento de sua manchete sobre a fatalidade, que "rivais preveem Marina como candidata", e o Estadão, mais contido (mas não menos "militante"), insinua na linha fina que "Marina Silva é apontada como sucessora natural de Campos".

Pois é. Parece que o mau desempenho de Aécio Neves no Jornal Nacional, que sofreu uma saraivada de críticas nas redes sociais até do próprio povo pró-PSDB e/ou antipetista, em contraposição à boa participação de Eduardo Campos no mesmo programa, na noite imediatamente anterior à tragédia, já indicava que muitos setores midiáticos poderiam pular do barco tucano para o lado PSB da força na campanha contra Dilma Rousseff. Porém, não houve tempo para constatarmos essa tendência. Mas a "torcida" implícita por Marina, nos veículos de imprensa, demonstra que o moral de Aécio está mesmo caindo pelas tabelas. Porque Marina, de uma hora pra outra, transformou-se em "mártir sofredora" e herdeira quase que "religiosa" do legado do "santo" Eduardo.

Exagero? Como bem comentou Massad, "o corpo fechado da acreana, que chegou a ser convidada por Campos para ir a Santos mas não foi, pode grudar como um estigma metafísico" (o grifo é meu). Sem disfarçar, o Estadão estampa hoje, na página H-5 de seu caderno especial sobre a morte de Campos, uma notícia - sobre o fato de Marina ter desistido de viajar no fatídico avião - que tem como parte da linha fina a informação de que ela "diz que aprendeu a confiar nos ideais do aliado". Olha aí, já botou a mão no "andor" do legado político(-religioso?) do finado! E o mais impressionante, que, por experiência profissional em redações e fechamentos de edições jornalísticas, me recuso a crer que tenha sido "por acaso", é a foto gigantesca de Marina que ilustra a notícia:


É ou não é a mais perfeita e acabada representação da nova "Madre Marina de Calcutá"? Como disse, uma figura de mártir - e com uma estratégica imagem "bíblica" de dor e sofrimento ao fundo, com um homem consolando uma mulher. E o que mais importa: de alguém que agora tem que superar essa dor para o "sacrifício" de uma "missão": a de "redimir" o Brasil e a política (empunhando o sacro-estandarte de Eduardo Campos). Delírio? Paranoia? Mistificação? Pois ontem mesmo, dia da tragédia, a faxineira de uma colega minha compareceu a uma reunião de pais numa escola pública da periferia (pobre) da capital paulista. Entre dezenas de opiniões (unânimes), ela ouviu mais ou menos o seguinte: "Coitado, esse homem era sério. Era o único que prestava"; "Agora a Marina fica no lugar dele. A gente já tem em quem votar"; "Ela não tem partido, não faz essa sujeira da política que o PT e o PSDB fazem. Ninguém aguenta mais, tá na hora de mudar". Pois é...

PEÇAS QUE SE ENCAIXAM (?) - E já que esse meu post parte para a mais deslavada e rasteira teoria da conspiração mística-metafísica-midiática-eleitoral, não posso deixar de juntar mais peças no meu (delirante) quebra-cabeças. No início deste ano, um colega conversou com um figurão do agronegócio paulista, que revelou, em off, que a campanha deles neste ano é para tirar tanto o Geraldo Alckmin do governo de São Paulo quanto a Dilma da presidência da República. O motivo? Em terras paulistas o agronegócio teve 30% de prejuízo com o racionamento de água, "obra" do governo tucano. E em nível nacional a proposta é ter um governante que invista fortemente no velho pró-álcool, para alegria dos usineiros e produtores de cana-de-açúcar do interior de São Paulo. Pois bem. Sem entrar no mérito de quem eles estariam apoiando em São Paulo, contra o PSDB, a tragédia de ontem trouxe a tona uma informação bem interessante nos jornais de hoje:

Jato acidentado pertencia a um grupo de usineiros

A aeronave que transportava Eduardo Campos e sua equipe, da Cessna Aircraft, havia sido arrendada do fabricante pela AF Andrade Empreendimentos e Participações Ltda., empresa do grupo Andrade, de Ribeirão Preto.
(Trecho de notícia assinado por Renato Alves na página H-4 do Estadão de hoje)

Repito: delírio, paranoia, mistificação? Tudo junto? Nada disso? Então. Pois é.


terça-feira, abril 01, 2014

José Serra, sempre pé quente...

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quarta-feira, outubro 02, 2013

Coincidências, meras coincidências...

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DADO CONCRETO Nº 1: Estudo divulgado ontem pela Fundação Perseu Abramo, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou que o Brasil segue reduzindo a desigualdade na repartição do rendimento do trabalho. Em 2012, houve queda de 0,4% no índice Gini, em relação a 2011. Com isso, pela primeira vez, o país apresentou índice abaixo de 0,5, o menor de toda a série registrada pelo IBGE, desde 1960.

DADO CONCRETO Nº 2: O mesmo estudo apontou, por outro lado, que três dos estados mais ricos país - São Paulo, Minas Gerais e Paraná - estão na contramão e, em 2012, elevaram a desigualdade de renda. Em porcentagem, nesses estados, a variação no índice da desigualdade na distribuição da renda mensal de todos os trabalhos das pessoas com rendimento na ocupação com 15 anos e mais, entre 2011 e 2012, foi de: + 2,82% no Paraná, + 0,08 em São Paulo e + 0,08 em Minas Gerais.

COINCIDÊNCIA Nº 1: A variação da desigualdade no país refere-se ao período de 2011 a 2012. Desde janeiro de 2011, os governadores desses três estados da região Sudeste são: Beto Richa (Paraná), Geraldo Alckmin (São Paulo) e Antonio Anastasia (Minas Gerais). Todos os três governantes são do PSDB. Em São Paulo, Alckmin cumpre o quinto mandato seguido de seu partido à frente do governo estadual. Em Minas Gerais, Anastasia sucedeu dois mandatos seguidos de Aécio Neves.

COINCIDÊNCIA Nº 2: No final de 2012, quando o Ministério de Minas e Energia anunciou uma medida de grande impacto econômico para a população, a redução no preço da energia elétrica em até 18% para o consumo residencial e até 32% para indústrias, agricultura, comércio e serviços, os governadores de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina impediram que as empresas de produção de energia de seus estados - Cesp, Cemig, Copel e Celesc - aderissem ao plano do governo federal e baixassem as tarifas. O governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo (PSD), é ex-DEM - partido que historicamente sempre esteve ligado ao PSDB.


quarta-feira, setembro 11, 2013

Tem sempre o dia em que a casa cai...

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Benito quer 2,5 mas Metrô oferece só 1,1
Depois de desviar pelo menos R$ 425 milhões dos cofres público com um esquema de corrupção no metrô de São Paulo, o governo do PSDB quer usar a mesma companhia de transportes para tirar mais R$ 1,4 milhão do músico, cantor e compositor Benito di Paula. Isso mesmo: segundo notícia do site G1, o artista terá sua casa no Morumbi, na Zona Sul de São Paulo, desapropriada para as obras da Linha 17-Ouro. Ele e outros quatro vizinhos do mesmo quarteirão reclamam do valor pago pelos imóveis que, segundo os moradores, está abaixo do preço de mercado. Segundo Benito di Paula, o valor de sua casa estaria em torno de R$ 2,5 milhões.
“Recebi um comunicado dizendo que ia ser desapropriado no valor de 500 e poucos mil. O que eu compro com R$ 500 mil? Não compro nada. Aí eles melhoraram e o valor passou para R$ 1,1 milhão”, contou o artista.
A propriedade onde o artista vive há 28 anos, que está no trajeto previsto do monotrilho, tem 391 m² de área construída e um terreno com área total de 538 m², incluindo um estúdio musical. Irritado, Benito di Paula parece dar na música abaixo um recado ao governo de Geraldo Alckmin, gerente da Companhia do Metrô, de que o seu povo é pacífico, mas é melhor não ameaçar com despejo:

"A turma lá de casa é toda bamba
Não é de briga, mas é de amargar...
"




sexta-feira, agosto 02, 2013

Corrupção do PSDB, saia justa e ginástica dos jornais

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Capa que expôs o PSDB nas bancas do país
Como as acusações de corrupção e outras irregularidades contra os governos estaduais do PSDB em São Paulo estão repercutindo até lá na Alemanha, a "grande" imprensa brasileira bem que hesitou, mas não teve como esconder o megaescândalo de seus adorados tucanos. A revista IstoÉ foi a primeira a dar destaque como matéria de capa (leia aqui), resumindo que "em troca de imunidade civil e criminal para si e seus executivos, a empresa [Siemens] revelou como ela e outras companhias se articularam na formação de cartéis para avançar sobre licitações públicas na área de transporte sobre trilhos" e que isso "lançou luz sobre um milionário propinoduto mantido há quase 20 anos por sucessivos governos do PSDB em São Paulo para desviar dinheiro das obras do Metrô e dos trens metropolitanos".

Em resumo, segundo a publicação, "desde que foram feitas as primeiras investigações, tanto na Europa quanto no Brasil, as empresas envolvidas continuaram a vencer licitações e a assinar contratos com o governo do PSDB em São Paulo. O Ministério Público da Suíça identificou pagamentos a personagens relacionados ao PSDB realizados pela francesa Alstom – que compete com a Siemens na área de maquinários de transporte e energia – em contrapartida a contratos obtidos. Somente o Ministério Público de São Paulo abriu 15 inquéritos sobre o tema." Com base nos inquéritos, a revista observou ainda que "só em contratos com os governos comandados pelo PSDB em São Paulo, duas importantes integrantes do cartel apurado pelo Cade, Siemens e Alstom, faturaram juntas até 2008 R$ 12,6 bilhões."

Sem saída, os jornalões, tradicionalmente preocupados em poupar os peessedebistas (vide silêncio orquestrado e constrangedor no episódio Privataria Tucana), se viram na saia justa de também ter que noticiar o escândalo internacional. Mas, claro, fazendo ginásticas para amenizar ou evitar dar nome aos bois - ou ao partido envolvido. O Estadão deu uma primeira materinha (leia a versão online aqui) citando o PSDB somente na última frase do pé do texto. E, até hoje, a versão impressa do jornal dos Mesquita não deu manchete de capa sobre o assunto. Já a Folha, da família Frias, noticiou pela primeira vez de forma ainda mais generosa (leia aqui), sem citar uma única vez nem o PSDB nem Covas, Serra ou Alckmin. Hoje, dez dias após a publicação gritante da IstoÉ, cuja capa expôs o "tucanato paulista" nas bancas de todo o país, a Folha de S.Paulo se dignou a dar uma manchete sobre o caso.

'Mensalão mineiro': saída para 'do PSDB'
Porém, a notícia bombástica de que a "multinacional alemã Siemens apresentou às autoridades brasileiras documentos nos quais afirma que o governo de São Paulo soube e deu aval à formação de um cartel para licitações de obras do metrô no Estado" (acesse a versão online aqui) aparece na capa da Folha sob a manchete "Governo paulista deu aval a cartel do metrô, diz Siemens" (o grifo é nosso). Ou seja, o mesmo expediente de quando se veem obrigados a noticiar o Mensalão do PSDB, como já observou o Glauco aqui nesse post: escondem o nome do partido e usam "mensalão mineiro" nos títulos e manchetes - como exemplo, clique aqui para ver materinha sobre mais esse assunto espinhoso ao PSDB publicada pela mesma Folha de S.Paulo. Aliás, a artimanha "mensalão mineiro" já foi utilizada em uma capa da mesma revista IstoÉ que agora decidiu escancarar os termos explícitos "propinoduto do tucanato" e expor as caras de Covas, Serra e Alckmin nas bancas (certa música dos Titãs comentaria: "Alguma coisa aconteceu/ Inevitável, acidente...").

É óbvio que, se o partido fosse outro, a manchete diria que o aval para o cartel teria sido dado pelo "governo do PT", "governo petista", "governo Lula", "governo Dilma" etc. Como eu já disse aqui, é dessa forma que se constroem "bandidos" e "mocinhos" para o público consumidor de informações. Ou, como já dizia Malcom X, "se você não for cuidadoso, os jornais farão você odiar as pessoas que estão sendo oprimidas - e amar as pessoas que estão oprimindo." E é curioso como essa frase se aplica perfeitamente à notícia publicada ontem pelo Estadão: "Alckmin rebate críticas de Dilma e cobra investimentos federais em metrô"...

Só no 'Dia de São Nunca' essa manchete diria 'Governo DO PSDB deu aval a cartel...'

PÓS SCRITPTUM - Tava demorando: a mesma Folha de S.Paulo, agora, já cumpre o habitual papel de "assessoria de imprensa" tucana e, impossibilitada de rotular o caso de "trololó petista", denuncia que o megaescândalo envolvendo o PSDB (farto de provas no Brasil e no exterior) não passa, na verdade, de um "trololó Cadista"...

Os jornalões nunca dizem que tem alguém querendo 'prejudicar' quando o rolo é do PT

quinta-feira, junho 13, 2013

Manifestações criaram momento único para debater tarifas

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Esse texto foi publicado originalmente no blog Desafios Urbanos. Agradeço visitas por lá.


Não é tarefa das mais fáceis analisar os protestos que acontecem atualmente em São Paulo por conta do aumento da tarifas de ônibus. O que em um primeiro momento podia parecer uma luta utópica de um punhado de estudantes de extrema esquerda (ênfase no "parecer"), tornou-se sem qualquer dúvida o assunto do dia, debatido por todos. Uma discussão que poderia acabar circunscrita a poucas pessoas tomou corpo e tornou-se impossível de ser ignorada. Essa visibilidade é boa. Está sendo criado um ambiente propício ao debate, coisa que não havia antes das passeatas.

Um relato do protesto de ontem pode ser lido aqui.

Algumas questões aparecem de cara. A primeira é qual a pertinência de um movimento que defende o passe livre? Se a Prefeitura afirma que não consegue nem manter as passagens no preço antigo, como a gratuidade no transporte pode ser possível? Apesar de parecer impossível, o passe livre é, em teoria, factível. Como já escrevi aqui, há várias cidades ao redor do mundo que conseguiram abolir as tarifas dos sistemas de transporte.

Nelas, os custos dos sistemas (normalmente apenas de ônibus) são cobertos por mecanismos próprios de arrecadação de impostos. Cada cidade decide qual o mix de contribuições usadas para pagar pela circulação de ônibus. Por trás dessa ideia está a noção de que deslocamentos com carro particular custam muito mais ao poder público do que aqueles feitos por transporte coletivo.

Foto Movimento Passe Livre
Aliás, por que é aceitável que toda a infraestrutura viária seja paga com impostos, enquanto os usuários de ônibus têm de pagar por cada viagem? A resposta para essa pergunta parece simplória, mas não consigo enxergar de outra maneira: escolha política. Um exercício de retórica pode ser interessante. O que aconteceria se cada proprietário de veículo particular tivesse de pagar pelo direito de circular a cada vez que sai de casa? Lembrando que o transporte individual traz muito mais prejuízos coletivos do que ônibus e metrôs, como poluição, congestionamentos e perda de tempo produtivo, por que essa escolha faz mais sentido do que subsidiar o transporte coletivo?.

A segunda questão que surge é sobre a forma do processo. As críticas aos protestos dividem-se em duas vertentes não excludentes. Uma critica o fato de as manifestações fecharem avenidas importantes, enquanto a outra foca nas ações violentas cometidas por alguns manifestantes.

A primeira crítica faz sentido apenas no âmbito individual. Uma pessoa surpreendida no caminho de uma passeata pode acabar perdendo um compromisso importante. Entretanto, a afirmação de que o direito de ir e vir dos cidadãos é desrespeitado pela passeata é uma falácia. A liberdade de ir e vir não tem nada a ver com liberar avenidas para que os motoristas de carros possam passar livremente. A conquista desse direito têm a ver com a liberdade de se locomover sem ser patrulhado (pelo Estado ou por quem quer que seja), sem ter de explicar a ninguém o que está fazendo, para onde vai e por que está na rua. Esse direito não era respeitado na ditadura e – surpresa – continua não sendo respeitado nas periferias das grandes cidades. Usar essa garantia constitucional num contexto tão estrito serve apenas para banalizar o conceito.

Em segundo lugar, poucas pessoas defendem de fato de que atos violentos sejam uma estratégia válida para pressionar o Estado a ouvir suas demandas. Pode até ser que os poucos manifestantes que quebraram vitrines e queimaram ônibus tenham algum tipo de agenda diferente do movimento como um todo. Mas não se pode desqualificar todo o protesto por isso. É desonesto. Se qualquer ato de violência bastar para desqualificar uma luta, bastaria infiltrar opositores no movimento e acabar com qualquer reivindicação.

Entretanto, todo esse debate não estaria acontecendo se não fossem esses atos de violência. Esse não é o mundo ideal, mas, se nada houvesse sido quebrado, é possível que os protestos ocupassem apenas o pé de página dos jornais, o que certamente enfraqueceria as demandas. Isso é apenas uma suposição, mas a história da cobertura jornalística tradicional em relação a protestos totalmente pacíficos mostra que isso não é uma fantasia. Como a reivindicação do movimento é, muitas vezes, ridicularizada, fica fácil ignorá-los. Isso não é a defesa da violência. Ela deve ser punida dentro do que diz a lei. Mas atitudes violentas fazem parte do jogo das conquistas populares históricas.

Gianluca Ramalho Misiti/Flickr
A outra face violenta dos protestos é, evidentemente, a da violência policial. Não é possível deixar de considerar que a polícia agride manifestantes constantemente, em praticamente qualquer manifestação pública. Puxando pela memória, lembro, de 2010 para cá, de policiais agredindo professores em greve, vítimas das chuvas no Jardim Pantanal, desalojados do Pinheirinho e estudantes da USP.

Na prática, o direito à livre manifestação não existe no estado de São Paulo. A qualquer momento, sob qualquer pretexto, a polícia pode jogar bombas de efeito moral e spray pimenta em uma multidão. Basta uma ordem. A reação a essa truculência não pode ser misturada com eventual vandalismo, que pode ocorrer em qualquer aglomeração de pessoas.

Isso leva, claro, ao comando da Polícia Militar paulista. Quem dá as ordens para que os policiais avancem sobre participantes desarmados é, em última instância, o governador Geraldo Alckmin. É sobre ele que deve cair o peso político dessas escolhas. A polícia paulista é historicamente violenta e, em vez de tentar mudar o espírito da corporação, adaptando-a à democracia, os sucessivos governos estaduais têm utilizado o aparato repressor em benefício próprio.

Como a maior parte da população do estado parece concordar com essa política, fica fácil. Mas esse é um posicionamento perigoso. Uma polícia que violenta manifestantes pacíficos (e que, a bem da verdade, não tem treinamento para agir quando vê um ato de violência no meio da manifestação) vai contra os princípios democráticos. Essa é uma pauta urgente.

Por último, a recepção da Prefeitura em relação às reivindicações do movimento pode não ser a mais acolhedora possível, mas tampouco fechou as portas para o diálogo. O prefeito Fernando Haddad deu declarações de que está trabalhando politicamente com outros prefeitos para municipalizar a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), que incide sobre combustíveis, para subsidiar o transporte público e baratear a passagem.

É uma boa notícia e torço para que isso se torne realidade. No entanto, há outros meios de subsidiar o transporte público. É preciso aumentar o leque de opções. Nenhum governante ganha muita popularidade criando um novo imposto, mas o debate deve acontecer. Para isso, é importante que os defensores da ideia do passe livre munam-se de argumentos e aproveitem a possibilidade de diálogo (tão rara em São Paulo nos últimos anos) e façam acontecer. O ambiente está propício para essa discussão. Que o momento não seja desperdiçado.