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terça-feira, outubro 15, 2013

O ódio que Rogério Ceni atraiu para si

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Ceni paga com juros e correção sua empáfia
Decidido a encerrar a carreira em dezembro (segundo reafirmou em abril), o goleiro Rogério Ceni jamais imaginou que esta seria a pior temporada enfrentada em 20 anos como profissional. Se pelo menos conseguiu chegar à semifinal do Paulistão e às oitavas-de-final da Libertadores no primeiro semestre, o São Paulo "desandou a maionese" completamente a partir de junho e, atualmente, vive talvez a pior fase de toda a sua história, ameaçado seriamente de rebaixamento no Brasileirão. No olho do furacão está exatamente Rogério Ceni, o capitão, o maior ídolo. Pagando todos os pecados de sua carreira, com uma sequência inédita de quatro pênaltis perdidos (inclusive o que daria uma crucial vitória sobre o rival Corinthians), criando caso com o ex-técnico Ney Franco, brigando inutilmente com juízes. Ceni pena, principalmente, por sua empáfia.

'Não tive como retribuir' em lugar de 'Errei'
Mesmo entre sãopaulinos, há quem o considere arrogante e prepotente. Entre torcedores de outros clubes, então, nem se fale! O ódio que o goleiro atrai é unânime. Porque, além de falar besteira sobre os adversários - "Eles não têm estádio, têm que gritar aqui, né? Se eles tivessem estádio gritariam em outro lugar." (sobre a torcida do Corinthians)/ "Garanto que nem 50% das entradas são faltosas, nem 50%. Agora, que ele é o melhor jogador do Brasil não se discute. Mas em 50%, é simulação." (sobre o então santista Neymar) -, Rogério Ceni tem um defeito renitente: dificuldade em admitir que erra. Reparem que, ao perder o pênalti contra o Corinthians, ele diz: "Não tive como retribuir aos meus companheiros tudo o que eles se entregaram em campo." Belo exercício de retórica. Mas cadê as palavras "ERREI", "FALHEI"?

Gol esquisito do Palmeiras: 'Fiz o que pude'
Em 2008, no famoso "jogo do gás", semifinal do Paulistão entre Palmeiras e São Paulo, no Parque Antarctica, Léo Lima arriscou um chute do meio da rua e Rogério Ceni tomou um gol esquisito, perfeitamente defensável. E, pra (não) variar, disse que não falhou: "Fiz o que pude, mas não deu. A bola balançou demais, eu caí para um lado e ela foi para o outro." Bom, existem muitas outras ocasiões em que o capitão sãopaulino não assumiu seus erros. E talvez a mais emblemática delas, em 1999, tenha sido o estopim da fama de arrogante e prepotente - não só entre corintianos, palmeirenses e santistas, mas entre a maioria dos torcedores de todo o país. Porque, naquela ocasião, o goleiro defendia a seleção brasileira. E, num amistoso disputado contra o Barcelona, na Espanha, falhou "clamorosamente" (como diriam os antigos locutores) nos dois gols que tiraram nossa vitória, praticamente garantida:

Careca, em 97, com Roberto Carlos e Rivaldo

Questionado sobre as falhas, Rogério Ceni reclamou, sem qualquer modéstia: "Nao aceito ser chamado de culpado pelo resultado. Se os dois erros não tivessem originado os gols, teria sido umas das melhores atuações de um goleiro na seleção brasileira." No primeiro gol, quando soltou a bola no pé do espanhol Luís Enrique, Ceni afirmou impassível que a culpa foi da chuva e do vento. No segundo, quando "bateu roupa", "justificou": "Se a bola tivesse caído nos pés de um brasileiro estaria tudo bem." A falta de humildade pegou mal. O treinador do Brasil, Vanderlei Luxemburgo, já estava dando uma chance ao sãopaulino depois de ele ficar afastado da seleção por quase dois anos, sem clima com o técnico anterior, Zagallo, que não gostou de sua postura no episódio das cabeças raspadas na Copa das Confederações de 1997.

Foi ali, naquelas "justificativas" dispensáveis após as falhas contra o Barcelona, que Rogério Ceni começou a atrair o ódio generalizado que sofre atualmente. Tanta gente secando e torcendo contra deve contribuir, de alguma forma, com a energia negativa que vem pressionando o goleiro e favorecendo seus erros nessa crise do São Paulo - o que prejudica, por extensão, o time e seus companheiros. Nem assim, no entanto, o jogador desce de seu pedestal (imaginário). Parece que o universo conspira para novas falhas, como se elas fossem oportunidades de Rogério Ceni se redimir e demostrar um pouco de humildade publicamente, antes de fechar a cortina de sua carreira. Mas não. Cada falha acaba puxando nova postura infeliz do goleiro e, talvez por isso mesmo, novas falhas. Como diria Muricy Ramalho, "a bola pune"...