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quarta-feira, outubro 27, 2010

Lula 65 - Início na política com futebol e cachaça

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Hoje o nosso presidente Luiz Inácio Lula da Silva comemora 65 anos com mais de 80% de popularidade e terminando sua gestão com a certeza absoluta de que o Brasil está hoje, inegavelmente, milhões de vezes melhor do que há sete anos, quando iniciou seu primeiro mandato. Os 28 milhões que saíram da linha da miséria, os mais de 30 milhões que ascenderam à classe média, os quase 15 milhões que conseguiram emprego com carteira assinada, as milhões de crianças e famílias amparadas pelo Bolsa Família, os mais de 700 mil que realizaram o sonho de chegar à faculdade pelo ProUni, além dos milhares que tiveram acesso à energia elétrica e que puderam comprar ou reformar sua casa própria com as facilidades inéditas da Caixa Econômica Federal são as principais testemunhas da transformação fantástica da sociedade brasileira no período. E de que, com certeza, "nunca antes na História deste país", o estado fez tanto para tantos - e o mais importante, para os tantos que mais precisam.

No esporte, entre múltiplas iniciativas, o governo Lula marcou verdadeiros gols de placa ao disputar de conquistar o direito de sediar a próxima Copa do Mundo, em 2014, e as Olimpíadas de 2016. Há dez anos, se alguém dissesse que o Brasil tinha 0,0001% de chance de trazer um evento de projeção mundial desse porte, seria taxado de louco e rechaçado às gargalhadas. Lula resgatou o orgulho de ser brasileiro, de saber que podemos e fazemos, que confiamos no nosso taco. Algo parecido com o que sentíamos no final da década de 1950 e que logo em seguida foi destroçado pela subserviência da ditadura militar aos ditames de Washington. E esse projeto político que deu e dá certo no Brasil teve e tem suas raízes nos movimentos populares, entre eles, o sindical, dos trabalhadores organizados. Que tomou impulso e direção a partir do momento em que Lula assumiu a presidência do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema, no ABC Paulista, em 1975.

E o mais interessante, que registro aqui nesse post a partir do título, é que o gênio político e intuitivo de Lula buscou no futebol e na cachaça sua primeira estratégia de atuação. Logo, nosso presidente tem tudo a ver com o Futepoca, ou seja, Futebol, Política e Cachaça. No livro "O sonho era possível - A história do Partido dos Trabalhadores narrada por seus protagonistas", compilação de entrevistas feita pela jornalista e pesquisadora chilena Marta Harnecker (Editora Mepla/Casa América Livre, Cuba, 1994), Lula afirma que sua primeira decisão no sindicato foi a de ir às fábricas, em vez de ficar esperando que os trabalhadores comparecessem às assembleias, o que nunca acontecia. Aliado a isso, ele imaginou uma forma infalível de fazer com que os operários fossem conscientizados politicamente ao mesmo tempo que se divertiam. Diz Lula, no livro:

Um dia, discutimos na diretoria como é que íamos fazer para o trabalhador pegar confiança na gente. Sabe o que eu fiz? Eu marcava campeonato de futebol: a diretoria do sindicato contra a seção de uma fábrica. A gente ia e antes de começar o jogo eu falava cinco minutos com os trabalhadores. Depois a gente tomava umas cervejas, tomava chope, fazia churrasco. Em pouco tempo conseguimos criar uma nova consciência: a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) era uma lei, a Constituição era uma lei, mas tem um espaço político importante para a gente atuar. Em pouco tempo, um sindicato que era esvaziado e que ninguém participava, lotava em todas as assembleias.

Convenhamos: é ou não é um craque? Show de bola na política - e na cachaça também! Vamos brindar ao Lula e à sociedade civil organizada, que já mudou e que vai continuar mudando este país para muito melhor. Saúde, Lula!

terça-feira, abril 14, 2009

Em busca do marafo perdido - Capítulo 7

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Festa de metalúrgicos, show do Zé Geraldo. Quatro e quinze da madrugada e eu com o boné azul marinho de uma das duas meninas que havia beijado naquela bebedeira. Ela entrou num Fusca bem velho e abarrotado, com umas oito pessoas. Queria que eu fosse com ela para Nova Odessa, Estiva Gérbi - ou algo semelhante. Declinei. Uma turba de bêbados jorrava pelas escadarias do ginásio de esportes. Ainda não havia ônibus circulando. "Hora de tomar a saideira", pensei. Mas aonde? Como? Sem um puto sequer, completamente embriagado e perdido, o que fazer? Meu cérebro latejava.

Os três companheiros que chegaram comigo ao recinto, no início da noite, haviam desaparecido há horas, cada um com uma mulher. Olhei ao redor: tudo deserto. Nisso, outra moça apareceu, como que por encanto, e me deu um beijo de cinco minutos. Pegou o boné azul marinho e simplesmente sumiu. Fiquei ali, meio aéreo, na mais completa solidão. Para onde ir num horário desses, sozinho? Foi aí que me lembrei do convite para almoçar na casa de uma amiga de faculdade, quase namorada. Não sabia como ir, mas ia.

Andei, andei, andei e, aturdido, percebi que havia contornado o ginásio de esportes e retornado ao mesmo lugar. Decidi que precisava ir para o Norte, como se soubesse onde ele ficava. Andei mais, muito mais. Completamente entorpecido, a boca grudada, as narinas ardendo. O sol nasceu. Me lembro que um ônibus parou e o motorista perguntou para onde eu ia. Respondi que não fazia a mínima ideia e continuei andando, na contramão. Andei mais e cheguei ao bairro onde morava minha amiga.

Oito e meia da manhã - ou coisa do gênero. "A casa tá fechada, todo mundo dormindo", refleti. Reparei que não havia ninguém na rua e me sentei na calçada, escorado no muro. A única opção era aguardar que alguém, na casa da minha amiga, acordasse. "Umas três ou quatro horas de espera", calculei. Bati a mão no bolso: a carteira ainda estava ali. Para não ser assaltado, joguei a dita cuja na varanda da casa, por sobre o muro. Desabei. E dormi o sono mais profundo de todos os 19 anos que tinha vivido até aquele dia.

Acordei com alguém me cutucando. Deitado na calçada, olhei pra cima, contra o sol forte, e vi três ou quatro velhinhos, curiosos e assustados. Dei um pulo e todos se afastaram. Tentei explicar alguma coisa, mas raciocinei (com muita dificuldade) que a minha longa saga etílica só espantaria ainda mais a vizinhança. Inventei qualquer besteira, que havia perdido o ônibus, que tinha passado três dias sem dormir, acompanhando minha tia no hospital, uma lorota dessas. Fingiram que acreditaram. Eu também - e sorri.

Naquele exato momento, a mãe da minha amiga abriu o portão e começou a varrer folhas secas para a rua, junto com a minha carteira. Me abaixei, peguei a dita cuja, botei no bolso e me apresentei: eu era o amigo da filha dela e estava convidado para o almoço. Ela me avaliou de cima abaixo, bem séria, fechou o portão com um cadeado e correu para dentro da casa. Os velhinhos olharam todos para mim, muito tensos e raivosos. Vi um ônibus saindo do ponto final. Consegui correr e alcançá-lo. Sorte de principiante...

(Continua quando o autor estiver sóbrio o suficiente para escrever...)