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O atacante Sávio (foto), que estava no Flamengo, acertou nesses dias sua saída do clube. Vai voltar a jogar na Espanha, onde atuou por muitos anos. Seu clube dessa vez será o Real Sociedad.
"Mas ele tinha voltado pro Flamengo?", dirá um leitor menos atento às coisas do futebol. De fato, o questionamento faz sentido. Sávio tinha chegado ao Flamengo em maio do ano passado com um certo barulho - havia no ar aquele clima do "bom filho à casa torna" e tudo que cerca essa idéia.
Sávio, pra quem não se lembra, foi revelado pelo Mengão em meados de 1995 e desde o começo da carreira fora tratado como "o novo Zico". Não chegou a decolar efetivamente como prometia no começo, mas não dá pra dizer que sua trajetória tenha sido uma porcaria. Foi titular do Real Madrid e depois atuou com regularidade no Zaragoza.
A questão é que a saída atual dele deixou os flamenguistas bem irritados. Não por ser uma simples transferência de um jogador. É que Sávio chegou ao clube dizendo que pretendia encerrar a carreira por lá; e, o mais importante, ele mal jogou agora nessa passagem. Ficou a maior parte do tempo contundido. Sai, de certo modo, pela porta dos fundos. Uma breve pesquisa em fóruns e comunidades de flamenguistas pela internet demostra a irritação da "maior torcida do Brasil" com o atacante.
Curioso é ver que o caso de Sávio não é isolado. Nesses últimos anos acompanhamos situações relativamente parecidas. Um jogador que fez história num clube volta com o objetivo de ampliar seu currículo; mas antes mesmo de se acostumar com a nova casa sai de cena. Quatro exemplos, rapidamente: Sorín, Giovanni, Ricardinho e Marcelinho Carioca.
Sorín voltou ao Cruzeiro em 2004 após ter marcado época com a camisa celeste entre 2000 e 2002. Veio para o clube como a mais celebrada contratação do Cruzeiro em anos. Quando a torcida estava se acostumando a vê-lo novamente em campo, resolveu ganhar mais dinheiro - e projeção - no Villareal da Espanha.
No caso de Giovanni, não dá pra deixar o time foi uma opção do jogador. Na verdade o atleta foi chutado do Santos de maneira brusca por Vanderlei Luxemburgo, no começo de 2006. Verdade seja dita - Giovanni não estava, nessa segunda passagem pelo Santos, jogando um futebol de encher os olhos. Os santistas - este escriba incluído - esperavam ver no atleta repetições das atuações históricas no Brasileirão de 2005; mas ele estava longe disso. Apesar disso, merecia mais dignidade na hora da dispensa. Foi chutado de uma hora pra outra.
Já Ricardinho e Marcelinho entram no cartel das confusões que o Corinthians viveu em 2006. O paranaense voltava ao Timão após uma boa passagem pelo Santos - mas com um boa desconfiança da torcida. Já o "Pé-de-anjo" (esse apelido é péssimo, mas não lembrei de outro sinônimo) voltou pro clube para servir de arma da diretoria na chata briga com a MSI. Ao invés de entrar na briga dos outros, resolveu protagonizar a própria, criando caso com todo elenco e saindo do clube sem chegar a pegar uma sequência de jogos.
Enfim, considero esses casos emblemáticos - e bons argumentos para mesa de bar - na questão de se dizer que não há mais ídolos no futebol brasileiro. Faz sentido. A fragilidade nos contratos e o "business" faz com que a permanência de atletas seja cada vez mais difícil.