Destaques

domingo, janeiro 07, 2007

A saída dos que não voltaram

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

O atacante Sávio (foto), que estava no Flamengo, acertou nesses dias sua saída do clube. Vai voltar a jogar na Espanha, onde atuou por muitos anos. Seu clube dessa vez será o Real Sociedad.

"Mas ele tinha voltado pro Flamengo?", dirá um leitor menos atento às coisas do futebol. De fato, o questionamento faz sentido. Sávio tinha chegado ao Flamengo em maio do ano passado com um certo barulho - havia no ar aquele clima do "bom filho à casa torna" e tudo que cerca essa idéia.

Sávio, pra quem não se lembra, foi revelado pelo Mengão em meados de 1995 e desde o começo da carreira fora tratado como "o novo Zico". Não chegou a decolar efetivamente como prometia no começo, mas não dá pra dizer que sua trajetória tenha sido uma porcaria. Foi titular do Real Madrid e depois atuou com regularidade no Zaragoza.

A questão é que a saída atual dele deixou os flamenguistas bem irritados. Não por ser uma simples transferência de um jogador. É que Sávio chegou ao clube dizendo que pretendia encerrar a carreira por lá; e, o mais importante, ele mal jogou agora nessa passagem. Ficou a maior parte do tempo contundido. Sai, de certo modo, pela porta dos fundos. Uma breve pesquisa em fóruns e comunidades de flamenguistas pela internet demostra a irritação da "maior torcida do Brasil" com o atacante.

Curioso é ver que o caso de Sávio não é isolado. Nesses últimos anos acompanhamos situações relativamente parecidas. Um jogador que fez história num clube volta com o objetivo de ampliar seu currículo; mas antes mesmo de se acostumar com a nova casa sai de cena. Quatro exemplos, rapidamente: Sorín, Giovanni, Ricardinho e Marcelinho Carioca.

Sorín voltou ao Cruzeiro em 2004 após ter marcado época com a camisa celeste entre 2000 e 2002. Veio para o clube como a mais celebrada contratação do Cruzeiro em anos. Quando a torcida estava se acostumando a vê-lo novamente em campo, resolveu ganhar mais dinheiro - e projeção - no Villareal da Espanha.

No caso de Giovanni, não dá pra deixar o time foi uma opção do jogador. Na verdade o atleta foi chutado do Santos de maneira brusca por Vanderlei Luxemburgo, no começo de 2006. Verdade seja dita - Giovanni não estava, nessa segunda passagem pelo Santos, jogando um futebol de encher os olhos. Os santistas - este escriba incluído - esperavam ver no atleta repetições das atuações históricas no Brasileirão de 2005; mas ele estava longe disso. Apesar disso, merecia mais dignidade na hora da dispensa. Foi chutado de uma hora pra outra.

Já Ricardinho e Marcelinho entram no cartel das confusões que o Corinthians viveu em 2006. O paranaense voltava ao Timão após uma boa passagem pelo Santos - mas com um boa desconfiança da torcida. Já o "Pé-de-anjo" (esse apelido é péssimo, mas não lembrei de outro sinônimo) voltou pro clube para servir de arma da diretoria na chata briga com a MSI. Ao invés de entrar na briga dos outros, resolveu protagonizar a própria, criando caso com todo elenco e saindo do clube sem chegar a pegar uma sequência de jogos.

Enfim, considero esses casos emblemáticos - e bons argumentos para mesa de bar - na questão de se dizer que não há mais ídolos no futebol brasileiro. Faz sentido. A fragilidade nos contratos e o "business" faz com que a permanência de atletas seja cada vez mais difícil.

4 comentários:

Marcão disse...

De acordo, mas só uma observação: para mim, o Giovani não foi tão mal no Santos. Pelo contrário, vi partidas maravilhosas, como a vitória sobre o Curíntia (que foi anulada). O problema foi que ele liderou uma panela pra derrubar o Nelsinho Batista (coisa que não se faz, apesar de o "técnico" bem merecer), o que resultou naquele vexaminoso 7 a 1 no Pacaembu. Daí, não teve jeito: bilhete azul.

Anônimo disse...

Marcão, com exceção dessa partida, o Giovanni jogou bem pouquinho mesmo. E com ou sem boicote - isso é uma coisa "oculta", da qual a gente não sabe a verdade - o cara não vinha rendendo.

Glauco disse...

Na verdade, na tal partida o Giovanni jogou mal o primeiro tempo, perdeu bolas no meio de campo e quase armou contra-ataques pro Corinthians. No segundo, Gallo deslocou ele para jogar próximo aos zagueiros, da forma como vinha atuando na Grécia, e aí ele cresceu. Ele não tinha mais fôlego pra jogar como meia ou ponta de lança e o Nelsinho não viu isso.

Anônimo disse...

Uma correção no caso Sorín. Não foi o próprio que resolveu sair do Cruzeiro quando a torcida já se reacostumava com ele, e sim, era de maior interesse da DIRETORIA que ele saísse, pois ele era remanescente dos contratos feitos com a HMTF, ou seja, tinha um salário europeu, que o Cruzeiro na época do retorno dele, teve que arcar sozinha. Por isso, os planos dele e do Cruzeiro era de que ele não voltasse de jeito nenhum, o que não foi possível. Mas esse episódio em nada manchou sua identificação com a torcida, clube e cidade. Tanto é que, em qualquer eleição que se faça, o Sorín é tido como o melhor lateral esquerdo que já passou pelo Cruzeiro, e ele ainda volta a Belo Horizonte constantemente, e quem o conhece garante que ainda hoje, é cruzeirense. E isso não é papo de torcedor iludido.