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quarta-feira, março 07, 2007

Imprensa e complexo de vira-lata

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Marcello Casal/Ag Br
A visita de “El Diablo” ao Brasil está deixando alguns jornalistas embasbacados e incontidos diante de tamanha honra. Entre aqueles que se viram em uma entrevista concedida pelo presidente dos Estados Unidos, publicada no Estadão de hoje, a correspondente do jornal em Washington, Patrícia Campos Mello, demonstrou ser quase uma tiete de Bush filho.
Terá ela pedido autógrafo ao entrevistado? Isso não posso saber, mas o textinho que ela assina em negrito na página A4 do jornal é de uma mediocridade atroz. É ridículo. E meigo. “Uma conversa com Jorge Doblevê”, diz o título da matéria, procurando passar uma intimidade suspeita, num jornal sério.
“Seu nome é George W. Bush e ele é o presidente mais poderoso do mundo”, começa ela, entusiasmada tiete, como se começasse uma daquelas redações que escrevíamos no ginásio depois das férias. “Querida professora, nas minhas férias...”
Informando que o presidente se dirigiu a um jornalista mexicano como Joe, e acrescentando que “Bush adora inventar apelidos”, ela vai dizendo: “Com essa e outras piadinhas, o presidente norte-americano deixou o clima mais leve na imponente sala Roosevelt, na Casa Branca”. Isso é que é complexo de vira-lata, o resto é bobagem. Imagino (desculpem a livre-associação óbvia) como deve estar leve neste momento o clima na capital do Iraque.
E a matéria da Patrícia continua: “Foram 45 minutos (de entrevista), muitos sorrisos, gestos e incontáveis palavras em espanhol”, informa a repórter. “Bush sorriu até mesmo quando veio a ‘universal pergunta’ sobre (Fidel) Castro’, como ele (Bush) chamou a indagação infalível sobre o líder cubano”, escreve Patrícia, e posso ver até o sorrisinho de satisfação, quase entre suspiros, com que a moça olhava a tela do computador enquanto digitava essa pérola do jornalismo brasileiro.
Depois, ela encerra com uma fala de seu herói sobre Fidel Castro: “Vamos ver, disse Bush em espanhol (esclarece Patrícia, orgulhosa do líder poliglota, ou pelo menos “biglota”), quanto tempo ele vai permanecer sobre a Terra. Isso é Deus Todo-Poderoso quem vai decidir”, termina a correspondente. Quiçá com lágrimas nos olhos.

8 comentários:

Nicolau disse...

Credo, que lixo...

Marcão disse...

Vomitável.

Anselmo disse...

o que o Doblevê quis dizer com "pergunta universal"? Seria uma versão de "pergunta eterna" ou "pergunta inevitávei", ou ainda "recorrente"? Não entendi...

Mas... será que o digníssimo mandatário do universo ensaiou alguma palavra em português?

Edu Maretti disse...

Anselmo, acho que as três alternativas são verdadeiras: pergunta eterna,inevitável e recorrente.
O mandatário do universo mal sabe falar inglês (aquele inglês texano até eu entendo bem), mas claro que deve ter ensaiado alguma in portuguese. Quem sabe na linha daquela piada, de quando o nosso presidente Dutra encontrou o Truman. Segundo a lenda, deu-se o seguinte diálogo:
– How do you do, Dutra!
– How do you Tru, Truman!

Talvez uma rima: "como estar you, Lula". Vamos esperar.

Anselmo disse...

juro que não entendi qual é a rima...

Marcão disse...

Quando nada faz sentido, bebe e esquece. E quando faz sentido, também.

Anônimo disse...

you rima com Lula, uma rima interna. Rima de "u"

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.