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terça-feira, dezembro 02, 2008

PQFMTMNETA 3 - A probição dos jogos após as 21 horas

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Breve introdução aos que não conhecem a série: PQFMTMNETA é abreviação para "Parece que faz muito tempo, mas nem é tanto assim". Nesse espaço, mostraremos eventos do futebol acontecidos há, no máximo, cinco anos, que causaram polêmica na sua época, e que depois caíram no esquecimento.

Parece que faz muito tempo, mas nem é tanto assim 3 - A proibição dos jogos após às 21 horas (2006)

Há pouco menos de dois anos, no final de dezembro de 2006, a Câmara dos Vereadores de São Paulo aprovou um projeto polêmico. A medida, de autoria de Tião Farias (PSDB, na foto), determinaria que não seria permtida a realização de jogos de futebol profissional após às 21 horas na cidade.

A alegação do parlamentar era a dificuldade de acesso e retorno que envolve as partidas realizadas nas horas mais avançadas do dia. Jogos iniciados às 22 horas terminam, em média, por volta da meia-noite, quando o transporte público é mais escasso (ou até mesmo inexistente). Farias, assim, atendia a uma reclamação que volta e meia se houve nos bares por aí, e que é bem procedente - quem já foi a um jogo que começou às 22 horas e tentou voltar de ônibus sabe bem o aperto que isso representa.

A lei tinha um destinatário direto: a Rede Globo. As partidas de futebol da quarta-feira são marcadas para às 22 horas justamente para atender à programação da emissora família Marinho, que contempla a transmissão da peleja após o encerramento da novela das oito (que cada vez mais começa próxima das nove). Ou seja: Tião Farias teria um adversário de peso na disputa.

O curioso da época foi ver o apoio maciço que a Record deu ao projeto. Solidariedade ao torcedor? Que nada. A "TV dos bispos" havia acabado de perder os direitos de transmissão que compartilhara com a Globo por alguns anos, que desde então passaram para a Bandeirantes. A Record estava mordida com a perda e precisava cutucar a Globo sempre que possível. Então seus programas transmitiam reportagens sobre o projeto de Farias, entrevistas com outros vereadores favoráveis à medida, análises positivas de comentaristas e depoimentos do "povão", sempre concordantes com a lei e que contavam o sofrimento de usar o transporte público após um jogo tardiamente iniciado.

O burburinho gerado pelo assunto - inclusive aqui no Futepoca - durou menos de um mês. Em 15 de janeiro de 2007, menos de um mês após a aprovação da lei pela Câmara, o projeto foi vetado pelo recém-empossado Gilberto Kassab, que havia acabado de assumir a prefeitura na vaga de José Serra. Kassab vetou a lei alegando "inconstitucionalidade e ilegalidade", como conta a Folha. Segundo o despacho do prefeito, questões desportivas devem ser julgadas pela União e estados, e não pelos municípios, e por isso que a cidade de São Paulo não poderia tomar uma decisão desse nível.

A vida de Tião Farias a partir daí não foi fácil. Ele foi o único vereador do PSDB que participou, pra valer, da fracassada candidatura de Geraldo Alckmin à prefeitura paulistana em 2008. Fracassada também foi sua corrida para manter o cargo de vereador. Com 19.440 votos, ele foi apenas o 15º candidato mais votado do PSDB e ficou com a segunda suplência do partido.

3 comentários:

Nicolau disse...

Rapaz, essa eu nem lembrava que tinha rolado, rs. Louvável a iniciativa do nobre vereador, mas se tivessemos concorrencia de fato pelos direitos de transmissão talvez esse tipo de questão pesasse mais.

Anselmo disse...

essa eu nem lembrava (ii). será que o nobre vereador também proibiu seus cabos eleitorais de fazer campanha depois das 21h? E não seria mais adequado garantir ônibus até mais tarde às quartas e quintas-feiras?

aliás, qualquer medida seria mais fácil do que garantir concorrência nos direitos de transmissão.

Nicolau disse...

Mais fácil talvez, mas não necessariamente melhor para a coletividade. Mas sou favorável a ter transporte público 24h.