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terça-feira, março 24, 2009

Apostas de outros tempos

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Fuçando no blog da corintianíssima Yule encontrei, em um post sobre o Casagrande, um vídeo falando de um 5 a 1 em cima do Palmeiras em 1982, com três gols do centroavante. Assisti o vídeo, fiquei impressionado com os passes do Sócrates e do Zenon e com o oportunismo do Casão nos gols.

Mas o que me deixou abismado de verdade foi a atitude do zagueiro palmeirense Luiz Pereira. Após o final da partida, ele voltou ao gramado para pagar uma aposta que havia feito com o lateral-esquerdo alvinegro Wladimir: se o Palmeiras perdesse o clássico, ele botava uma camisa do Corinthians.

Pois botou mesmo, e deu uma volta olímpica com ela, batendo palmas para a Fiel torcida. Fiquei abismado: alguém aí consegue imaginar um gesto desse tipo no futebol de hoje, ainda mais depois de um chocolate de 5 a 1?

Aliás, pergunto: o que o leitor acharia se um ídolo de seu time desfilasse em campo com a camisa do rival após uma goleada?

8 comentários:

Anônimo disse...

acho que na verdade esse seria o intuito da tradicional troca de camisas no fim dos jogos.

Marcão disse...

Essas apostas eram muito comuns na época, e apimentavam os clássicos de forma muito mais sadia do que as atuais guerras de bastidores. O Luís Pereira sempre estava nessas brincadeiras. Na final do Paulistão de 1985, jogando pela Lusa, raspou o bigode ao ser derrotado. Serginho Chulapa e Vladimir também gostavam de apostas, bem como alguns jornalistas. Em 1973, após uma derrota do Palmeiras para o São Paulo, o jornalista esportivo Geraldo Bretas raspou a cabeça ao vivo, na TV.

Mas essa histórica goleada do Corinthians sobre o Palmeiras foi a primeira vez que ouvi falar no Casagrande. Foi logo após a (traumática) derrota da nossa seleção na Copa de 1982. Todo mundo comentava que Serginho Chulapa havia se "acovardado" na Copa, que, quando o Brasil empatou o jogo em 2 a 2 com a Itália, ele deveria ter arrumado confusão e melado o fim da partida. Todos lamentavam, também, que Careca tivesse se machucado às vésperas do Mundial. Mas aí apareceu o Casagrande e todos passaram a reclamar do azar de ele ter aparecido com seis meses ou um ano de atraso.

Felipe Carrilho disse...

Nicolau,
Muito curiosa essa história mesmo. Não poderia imaginar isso.
Sugestão despretensiosa: você poderia escrever uma segunda parte, sondando as razões que explicariam essa mudança de sensibilidade no futebol. Acho que daria pano pra manga.
Abraço.

Anônimo disse...

Saudosismo à parte, puta aposta ridícula, na boa. Se um ídolo do meu time faz isso, perde incríveis pontos comigo.

Dá pra fazer brincadeiras de outros tipos - a do bigode aqui citada, por exemplo. Não precisa sair vestindo a camisa do rival.

Anselmo disse...

o anônimo levantou uma questão... trocar camisa tbem é cortesia e tal. no caso, foi uma aposta e envolvia dar a volta olímpica.

curiosa a mudança pq ela pega um momento de transição justamente pra fase mais "profissional" do futebol, com uma suposta identidade menor com o clube... parece que a identidade, mesmo menor, se tornou tabu. Será que não?

Maurício Ayer disse...

olavo, bem se vê que os tempos passaram, pra você ficar tão revoltado com isso. naquele tempo, provavelmente você mesmo teria outra impressão.

eu, pelo contrário, acho quase idílico ver um jogador dando a volta olímpica e homenageando a torcida adversária. de uma civilidade inimaginável hoje em dia.

mas a minha pergunta é: alguém tem alguma notícia do casagrande? o cara se recuperou das drogas? a quantas anda o querido casão?

Nicolau disse...

Felipe, não sei se tenho bala na agulha pra fazer essa reflexão, hehe. Mas tem uma coisa que o Anselmo colocou que pode dar uma psita: entre aquele momento e o de hoje teve no meio a tal da profissionalização, a falta de grana dos clubes e a abertura do mercado europeu. Os times vendem os jogadore stão rápido que é difícil algum deles se tornar ídolo. Os que ficam mais tempo é porque não são tão bons assim. E mesmo garotos recem-saídos das bases já estreiam falando que sonham em ir para a Europa. Ou seja, na prática, o contexto não permite mais a identificação que existia num Wladimir, por exemplo, que jogou trocentos anos no Corinthians (exceção de Marcos e Rogério Ceni, dois goleiros). Assim, o torcedor se vê na obrigação de "forçar" essa identificação. Ora, todo mundo sabia que o Wladimir era corintiano, assim como o Luis Pereira era palmeirense. Eram símbolos, era lá que eles queriam estar jogando. Agora, alvez os torcedores cobrem mais por desconfiar sempre dos nômades que passam pelos times sonhando em cruzar o Atlêntico. Mas enfim, mera masturbação mental, sem nenhum tipo de base.

Marcão disse...

Maurício, li no Lance! de domingo que o Casão compareceu a um evento do "movimento" corintiano Loucos Por Ti na sexta-feira (27), na Zona Leste. O contemporâneo ex-jogador Ataliba também estava presente e Casão foi homenageado. Ele chorou muito e disse que, assim como o Corinthians, ele também foi rebaixado para a Série B "da vida", e agora está retornando à primeira divisão. O texto não dava mais detalhes sobre sua etapa de recuperação, mas ele parecia bem (e até mais gordo) na foto.