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segunda-feira, maio 25, 2009

Pé redondo na cozinha - Caldo de mocotó do Chaleira

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MARCOS XINEF*

Meados de 1993, rua Major Sertório, Centro, SP, Bar do Chaleira. O tal citado é o cearense mais feio, engraçado e gente fina que já conheci. Todo sábado, no almoço, fazia o famoso Mocotó do Chaleira, cujo tempero especial era a batata cozinda no gim e na água - o que servia para engrossar o caldo. Mas o apelido do Chaleira surgiu porque o maluco, além de ter um nariz torto (tipo de bruxa) e a cabeça quadrada, quando ele tomava umas e outras - ou seja, muitas - ele conversava com uma voz fininha, ficava vermelho e cuspia em todos que estavam a sua volta, igualzinho uma chaleira fervendo.

Mas a batata cozida no gim e na água procede, uma vez que o álcool vai deixar a mesma bem sequinha e com um ótimo sabor, devido à sua evaporação, sendo também que ela fica muito mais saborosa e saudavél sendo engrossada dessa forma, evitando os amidos de milho e ou farinhas. E o Mocotó do Chaleira era famoso, a burguesia do bairro de Higianopolis descia todo sábado para a Major Sertório para degustar a iguaria. Segue a receita:

MOCOTÓ COM GIM DO CHALEIRA

Ingredientes
2 kg de mocotó
1 cebola picada
1 pimentão picado
2 dentes de alho picados
4 batatas
2 xícaras de chá de gim
2 xícaras de chá de água
2 colheres de sopa de coentro picado
sal a gosto

Preparo
Cozinhe o mocotó com água e os temperos na porção por mais ou menos 1 hora, até soltar do osso. Separe a carne do osso e reserve, junto com o caldo. Cozinhe as batatas com a água e o gim até ficar macia, depois esmague bem a batata e junte tudo na outra panela do caldo, deixando cozinhar por mais 1 hora, até engrossar. Sirva com coentro picado.


É isso aí, bom apetite! E cuidado pra não cuspir nos que estarão em volta!

*Marcos Xinef é chef internacional de cozinha, gaúcho, torcedor fanático do Inter de Porto Alegre e socialista convicto. Regularmente, publica no Futepoca receitas que tenham bebidas alcóolicas entre seus ingredientes.

4 comentários:

Anselmo disse...

é impressão minha ou foi só o inter ser o melhro time do campeonato que o xinef passou a escrever mais?

tudo bem, é só impressão.

Marcos disse...

Putz, até abril eu trabalhava na Rego Freitas, ao lado da Major Sertório, mas nunca tive coragem de comer nada (nos dois sentidos) nessa região. Quando ao hábito de cuspir, pode parecer absurdo para nós, mas vi que é totalmente normal no Ceará, quando morei por lá - mesmo dentro de shoppings ou agências bancárias. No extinto Cais Bar, na avenida Beira Mar, tinha uma imensa ilustração com personagens artísticos de Fortaleza pintada na parede e, entre eles, o Alano Freitas era retratado cuspindo.

Glauco disse...

Outro dia fui fazer um depósito na Nossa Caixa e um tiozinho sem cerimônia deu uma senhora cusparada no chão. Isso é epidêmico?

Mohammad Severino disse...

Marcão,
Esse negócio de cuspir é normal entre o cearense em geral, independente de nível de instrução, credo, classe social, preferência clubística, etc?
Explique melhor, por favor.