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quinta-feira, maio 20, 2010

Para a história

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O Santos fez história hoje. Fez por realizar, desde já, a melhor campanha do clube na Copa do Brasil (antes, foram duas semifinais, em 1998 e 2000). Fez por eliminar um bom time do Grêmio, que tem tudo para brigar pelo título do Campeonato Brasileiro. E fez pelo segundo tempo que realizou hoje, e pelos golaços que eliminaram o tricolor gaúcho.



Tal qual na primeira partida da decisão contra o Santo André, o Santos precisou de apenas metade do jogo para vencer. No primeiro tempo, o time esteve nervoso em campo. Praticamente ninguém conseguia acertar uma jogada de qualidade. O (justamente) incensado Paulo Henrique Ganso chegou a perder uma bola que, se o Grêmio tivesse um pouco mais de qualidade ofensiva, poderia ter mudado toda a história do confronto. Neymar estava inseguro e acuado pela boa marcação adversária. E o meio-campo sentia a ausência de Arouca - apesar da partida correta de Rodriguinho, não dá para negar que o ex-tricolor (paulista e carioca) acrescenta um outro toque de qualidade no setor central do gramado.

Mas veio o segundo tempo. A torcida estava mais ligada, e o time também. Começou a etapa sufocando o Grêmio e foi recompensado com um golaço de Ganso, que mandou um tiro indefensável em Victor. Aí chegou a confiança. O Santos foi outro. Conseguiu, verdadeiramente, mostrar seu futebol.

Robinho (o segundo melhor em campo) marcou o segundo gol, antológico como fora o primeiro. O Grêmio chegou a descontar; num gol duplamente estranho, por ter sido proporcionado por uma falha de Felipe (que arrebentara no jogo de ida lá no Sul) e pelo fato de seu anotador, Rafael Marques, estar em posição irregular.

Mas aí Wesley (o melhor em campo) tratou de fazer o terceiro gol e decretar a classificação santista. Que foi indiscutível, pelo que se viu hoje. O Grêmio é bom, mas o Santos é e foi melhor que o time gaúcho no mata-mata.

***

Convencionou-se definir Ronaldo como exemplo de "volta por cima" no futebol. Justo, pelo que o atacante fez na Copa de 2002, depois de frequentar pelos três anos anteriores mesas de cirurgia e clínicas de fisioterapia. Mas o que está acontecendo com Wesley no Santos merece também muita atenção por parte dos admiradores de futebol. A volta por cima do rapaz é assustadora, impressionante. Em 2008, foi um dos principais protagonistas do pior Santos de todos os tempos. A insistência do técnico Leão em escalá-lo fez com que Wesley se tornasse uma das figuras mais hostilizadas da história da Vila Belmiro. Passou um ano no Atlético-PR e, quando se começou a se falar em sobre seu retorno, ofensas impublicáveis se manifestaram. Amigos meus diziam que o Santos faria uma boa troca se mandasse Wesley em definitivo para o Furacão e recebesse em retorno um grampeador e uma máquina de escrever. Sorte que isso não ocorreu, e Wesley ficou no Peixe. É, hoje, um monstro. Se manter a regularidade durante o longo Campeonato Brasileiro, tem tudo pra ser um dos melhores jogadores do Nacional.

***

13.896 pagantes na Vila hoje. Num jogo em que, no visual, o estádio estava repleto de clarões impensáveis em uma partida com essa magnitude. Volta e meia a Vila registra públicos "estranhos", com uma numeração oficial sempre inferior ao que se vê na prática. Hoje, aconteceu o contrário. Havia muito, mas muito espaço, em setores como a arquibancada habitualmente ocupada pela Torcida Jovem. Nem de longe parecia a lata-de-sardinhas que o estádio estava no jogo contra o Atlético-MG, na etapa anterior da Copa do Brasil.

Simplesmente não consigo entender o que acontece.

17 comentários:

Unknown disse...

É sempre a mesma coisa! Se fosse o Corinthians tinha um monte de gente falando merda, que só ganha roubando, apito amigo e mais sei lá o quê! Simulação de pênalti não tem que levar cartão amarelo? Chutar o adversário sem bola não tem levar cartão amarelo? Pergunto: pq o Neymar não foi expulso com 20 minutos de jogo?????
Pq os meninos da vila jogam bonito, são craques, certo? Entraram pra história, certo?
É mais um Robinho, um Denílson, que não passam de um bons jogadores, porque craques mesmo, não chegam nem perto!

Olavo Soares disse...

Pois é, olha essas arbitragens. Onde o Brasil vai parar, não é mesmo?

Guilherme disse...

Arbitragem é ruim, sempre foi e acho que sempre será! O que acho chato é criticar a imprenssa por ser parcial e aqui fazer o mesmo!

Glauco disse...

Guilherme, critica-se a imprensa por não ser ISENTA, não por não ser parcial, são duas coisas diferentes. Vá até a seção Quem escreve e veja quem torce pra quem e tire suas conclusões. Posso dizer que você, por exemplo, está sendo absolutamente parcial, ué? E posso contra-argumentar dizendo que nem todo lance de queda na área é "simulação" e que muitos entenderam que o Santos teve dois pênaltis não marcados a seu favor no primeiro tempo. Além do gol do Grêmio ter sido impedido. E se o Larrionda, que apitou o jogo do São Paulo ontem, tivesse critério parecido e apitasse o do Santos, expulsaria ao menos mais dois atletas do Grêmio, inclusive o surtado William que chutou duas vezes o goleiro Felipe de forma incompreensível. Reflita melhor sobre a arbitragem...

E sim, foi histórico, Olavo. E as provocações pré-jogo dos gremistas e da imprensa gaúcha, inclusive do técnico Silas que disse que jogar na Vila era igual a atuar no Alfredo Jaconi, mnexeram com o time sim. Se mexeram com o torcedor (eu comemorei os gols com raiva), imagine com o elenco.

E outra coisa: três golaços, desses que o Santos vem acostumando a fazer em sequência contra times grandes, médios ou pequenos. Bonito de ver, pena que nem todo mundo tem o desprendimento necessário pra apreciar. Azar o deles.

Bia disse...

Craque é o Lulinha!rs

O Santos é uma fabrica de genios!

Eduardo Maretti disse...

Pra ver como é o futebol: a bola que Ganso perdeu (entre outras de todo mundo no primeiro tempo) poderia tê-lo transformado numa Mancha do jogo de ontem... hehe. Mas os deuses do futebol não deixaram.

E outra: Lulinha é seleção! ha ha ha

Vitro Bertini disse...

Caro Edu.
os Deuses não... os Santos!
Abs,

Nicolau disse...

Três golaços, classificação merecidíssima. Robinho vai acabar roubando a cena nessa Copa, está jogando muito. Interessante que ele meio que "reduziu" seu futebol, está jogando de um toque só. Ontem, definiu a jogada com dois toques geniais na bola.
Mas não acho correto comparar a atuação do juiz na Vila com o "critério" que norteou a tosca e injusta expulsão de Kléber do Cruzeiro. O juiz errou feio naquela e acabou com as chances do time mineiro.
Além disso, deixem o Lulinha lá em Portugal, o menino deve estar feliz...

Anônimo disse...

Não existe time no Brasil, na américa do Sul e no Mundo q possa parar o Santos.

Ah, se estivesse na libertadores esse ano, levava o título fácil fácil.

Acho que por desportividade e justiça, o campeão da libertadores nem deveria ir para Dubai!! Manda o time do Santos para o mundial no lugar de qq um desses timinhos ridículos q estão nessa pelada sul-americana para trucidar a arrogancia do Mourinho ou Van Gaal!!!!

Fabricio disse...

Nem preciso dizer aqui a minha admiração por esse time do Santos, inclusive converso com o Olavo diariamente a respeito.

Mas tenho que concordar ao menos um pouco com o parcial Guilherme. Por mais que metade do time do Grêmio deveria ter sido expulso e não foi, que o Neymar sofreu penalty na primeira final do Paulista e o juiz não deu, etc... O Neymar, na minha humilde opinião deveria ter sido expulso tanto no segundo jogo das finais contra o santo andré, como ontem. E digo mais, nas transmissões ninguém até agora fala uma vírgula sobre esses lances. Simplemente passam batido.

Leandro disse...

Caro Guilherme,
Seria natural um enfoque da imprensa bastante diferente diante de uma classificação do Corinthians. Sempre aparecerá muito mais gente para desmerecer qualquer classificação ou conquista corinthiana, diga-se, pois, conforme já escrevi aqui, existe sim uma pré-disposição, uma hostilidade implícita em relação ao time do Parque São Jorge, por mais que muitos não corinthianos e até alguns corinthianos queiram negar.
Uma análise histórico-sociológica seria capaz de explicar isso a contento, mas quer me parecer que está relacionada com preconceitos sociais, com atitudes classistas da pior espécie. Coisas impregnadas no raciocínio e no modo de agir e pensar de nossa imprensa, e que também se observa na cobertura da mídia esportiva. Não é um fenômeno exclusivo dos “sábios” das análises políticas do PIG, sempre procurando pelos em ovos para esculhambar com o governo Lula, por exemplo, apenas para ficarmos na analogia da cobertura esportiva com a cobertura política preposta das elites, que têm pelo Corinthians o mesmo desprezo que reservam a Lula e seus colaboradores.
Enquanto corinthiano, resta compreender o fenômeno e abstrair estas idiossincrasias deles. Tendo isso presente, você conseguirá se poupar de ataques de (justa) fúria sem perder o contato com tal insólita realidade.
De qualque modo, como corinthiano, não consegui “secar” o Santos com a mesma convicção que se imagina.
Também já escrevi aqui que rival do Timão, mas rival mesmo, só o Palmeiras, e talvez por isso não tenha tanto ânimo para “secar” os demais, ainda que este tenha sido o discurso corrente entre os torcedores dos três grandes da capital paulista nos últimos dias.
Contudo, a empáfia gremista não perdeu em nada para a empáfia santista dos últimos tempos, coisa que se refletiu, inclusive, nas palavras dos destemperados dirigentes gaúchos, e isso sem falar do sectarismo dos torcedores deles, que desrespeitaram o hino nacional e símbolos nacionais e do Estado de São Paulo na noite de ontem.
E nem o fato deste Grêmio ser um time com um futebol um pouco mais vistoso que os costumeiros times gremistas (obra do paulista Silas, a propósito) me sensibilizou depois disso tudo.
Não, eu não torci para o Santos por conta de uma eventual “identidade” paulista. Nada disso. Mas também não sequei o Santos com a mesma intensidade que um santista secaria o Corinthians nas mesmas circunstâncias.
Valeu pelo grande jogo e pelo ótimo futebol mostrado pelas duas equipes. E que o embate com a sempre exuberante escola baiana de jogar bola reserve mais partidas como estas duas das semi-finais, para o bem do ludopédio nacional, há muito espoliado pelos neo-colonizadores.

Anselmo disse...

qto ódio no coração!

achei legal o andré no lance do segundo gol. metade dos atacantes em atividade no Brasil teriam caído pra cavar falta no encontrão do zagueiro.

e continuo impressionado com o qto o ganso é capaz de ser decisivo. não q ele estivesse jogando mto, mas acertou o chute q precisava. lembrou momentos do rivaldo, mas toda comparação é indevida.

achei importante o resultado pq eu apostava (veladamente) q o grêmio e seu futebol de resultados (como um time gaúcho deve ser) venceria. seria a segunda vitória do futebol de resultados contra o futebol-arte (ou futebol-bonito, ou futebol-ofensivo), depois do inter ter passado pelo barcelona.

agora, dunga pode perder em paz que o futebol brasileiro ainda terá uma referência de modo de jogo alternativo.

Olavo Soares disse...

Leandro, sem drama.

Se tem uma coisa que eu já aprendi na vida é que todas - eu disse TODAS - as torcidas acham que o seu time é o "perseguido pela imprensa". Vai por mim, não tem UMA SÓ que haja de maneira diferente quanto a isso. Inclusive, recomendo texto lapidar do André Kfouri a respeito: http://blogs.lancenet.com.br/andrekfouri/2009/08/30/coluna-dominical-36/comment-page-1/

Quanto ao enfoque aqui do Futepoca, vocês que são leitores habituais já devem saber, mas não custa reforçar: os textos aqui são escritos por e para torcedores. Eu e o Glauco escrevemos sobre o Santos como santistas, assim como o Anselmo com o Palmeiras, o Nicolau com o Corinthians e assim por diante.

É uma abordagem não menos verdadeira, mas diferente da que faríamos se escrevêssemos para um veículo de outro perfil.

Fabricio disse...

Leandro, este ano estou cada vez mais concordando com o que você disse sobre a rivalidade.

O rival do Palmeiras é o corinthians e ponto. E percebo isso exatamente por motivos que você mencionou: estou me admirando pelo Santos (o que nunca aconteceria com vocês, mesmo se tivessem Ganso, Robinho e Cia) e estou gostando do fato do São Paulo levar a Libertadores exatamente por causa do corinthians. Por achar que isso poderá afetar (ou irritar, não achei a palavra correta) mais ainda vocês no ano do centenário.

Na verdade isso me faz lembrar de algo que me faz sorrir: em 92 torci pro São Paulo na Libertadores. Talvez pelo fato do campeonato na época não ser tão levado a sério como hoje, ou pelo fato do Zetti ser o goleiro, enfim. Nunca saberei porque diabos torci pra eles na época. Mas sei que se fosse o corinthians...

Sartorato disse...

Enquanto o Corinthians ainda estava enfrentando o Santos no Paulista e a gente queria ganhar a Libertadores pra menosprezar os títulos dos outros, eu tinha todo esse ódio no coração contra o Santos que o camarada lá em cima demonstrou.

Mas, quer saber? Eles têm mais é que ganhar tudo que der enquanto estiverem jogando assim. Ano que vem eu quero ver meu Corinthians tentando copiar o Santos.

Esse tipo de plágio faria bem.

Nicolau disse...

Anselmo, não vejo "futebol de resultados" no Grêmio. É um 4-4-2 bem armado, com boas trocas de passe e dois volantes que sabem jogar. Não é tão ofensivo quanto o time do Santos, mas chamar de "retranca" ou "escola gaúcha" é exagero dos grandes, preconceito até.

Leandro disse...

Dileto Olavo,
Compreendi o raciocínio posto pelo André Kfouri, mas creia que com o Corinthians as coisas ganham outra dimensão também neste aspecto. Tudo com o Corinthians é assim, para o bem e para o mal.
Não pretendo que você, como santista, compreenda isso, nem que concorde comigo, mas te asseguro que é assim com o "time dos suados", como era chamado no início do século XX.

Dileto Fabricio,
Também te compreendi porque eu, por exemplo, fiquei bem contente com aquela derrota do tão decantado Palmeiras de 96 para o Cruzeiro. A mesma alegria não teria tido ontem em caso de classificação do Grêmio.
Ao lado de muito corinthiano, em 96 também fiquei indignado com o fazedor de média Juca Kfouri, que gritava aos quatro ventos que queria ver aquele time em Tóquio. Isso saindo de quem se diz corinthiano é uma heresia.
E será que alguém ainda acredita nesse negócio de que tal clube "é o Brasil na Libertadores", como ele e alguns outros lunáticos ainda insistem em dizer?