Destaques

segunda-feira, novembro 22, 2010

Juntando os cacos

Compartilhe no Twitter
Compartilhe no Facebook

Depois de sete temporadas seguidas, o São Paulo não disputará a Libertadores da América em 2011. Talvez seja até bom - para a necessária reformulação do elenco, fique claro, pois economicamente é óbvio que será um desastre. De minha parte, acho natural essa queda. É impossível manter-se no topo durante tanto tempo. Se lembrarmos da última passagem de Telê Santana como técnico (à esquerda), o período mais vencedor do clube, veremos que foram quatro temporadas disputando em alto nível, de 1991 a 1994. Na temporada de 1995, ainda com Telê no comando, o São Paulo não disputou as finais de nenhum dos torneios que enfrentou, Paulistão, Copa do Brasil e Brasileirão. O time foi do excelente ao sofrível de uma temporada para outra. E demorou para se reerguer.

Lentamente, ao custo de várias reformulações de elenco e trocas de técnicos, o clube foi beliscando alguns vice-campeonatos (Paulistão de 1996 e 1997, Supercopa de 1997, Rio-São Paulo de 1998 e 1999) até que conquistou um Paulista, em 1998, ano em que quase foi rebaixado no Brasileirão, e outro em 2000, mais um Rio-São Paulo em 2001. Mas sempre sem montar nenhum esquadrão ou emplacar um técnico por mais de uma temporada. Quando finalmente conseguiu apresentar um bom time e fazer ótima campanha no nacional, em 2002, foi atropelado pelo Santos de Robinho & Cia, entrando em novo período de crise.

Surpreendentemente, a última grande fase do São Paulo começou com uma solução caseira, o preparador de goleiros e técnico interino Roberto Rojas (à direita), que classificou o time para a Libertadores da América depois de dez anos. Mas ficou chupando o dedo, pois a disputa da competição já trazia Cuca como técnico, esse mesmo que hoje está no Cruzeiro. Ele adotou o esquema 3-5-2 e deixou a base pronta para o sucessor, Emerson Leão, que levantou a taça do Paulistão de 2005 e entregou o time para Paulo Autuori conquistar a Libertadores e o Mundial. Depois disso, Muricy Ramalho assumiu e venceu três Brasileiros seguidos, sempre com o mesmo esquema e quase os mesmos atletas.

Mas o fantasma de quatro desclassificações na Libertadores o apeou do cargo e, ao fim dessas quatro temporadas vencedoras, de 2005 a 2008, exatamente como na Era Telê, o time começou a despencar em queda livre. É natural, faz parte de um novo ciclo. Agora é juntar os cacos dessa fase ruim e rezar para que o próximo bom período não demore mais uma longa década de intervalo. Porém, para os próximos dois anos, eu não espero títulos. Se conseguir priorizar a base, manter um treinador, um esquema tático e voltar à Libertadores, já será uma vitória e tanto. O clube é o da fé e, por isso, sabemos que um dia ressurgirá como uma das maiores forças do continente. Sem dúvida. Vai, São Paulo!

5 comentários:

CÉLIO AQUINO disse...

O SÃO PAULO ESTE ANO ATROPELOU O PLANEJAMENTO E CONTRATOU ERRADO TREINADORES E JOGADORES

Leandro disse...

Para um time que se diz “de elite” em todos os aspectos, inclusive no que se refere aos abastados integralistas que o fundaram e aos quais ele, inevitavelmente, nos remete, é realmente uma pena não termos sua ilustre presença nesta hoje tão elitizada competição, que exatamente por isso com ele tanto combina, e que a mídia venal e mercantilista conseguiu transformar na busca do cálice perdido nesta última década e meia.
Rejeito a expressão de “Copa Cucaracha” pelo que ela pode representar quanto ao preconceito para com nossos visinhos e explorados irmãos da América Andina, gente lutadora que vem para cá tentar vida melhor, como fizeram outros tantos dos quatro cantos do planeta num passado relativamente recente (http://www.futepoca.com.br/2009/02/kantuta-uniao-entre-o-povao-da-bolivia.html).
Mas mantenho sim a “perigosa” expressão por conta daquilo que ela pode expressar em relação a uma crítica que não pode deixar de ser feita, que é sobre o enfoque colonizado que pautou nossos palpitadores profissionais e amplificadores de opinião de uns tempos para cá.
É um saco todo ano ter que ouvir lugares-comuns do tipo “a Copa do Brasil é o caminho mais curto para a Libertadores”, sabendo que aquela copa foi criada em 1989 pela CBF com outro critério mercantilista bem diferente: Para que Estados do país que não costumam ter times nas divisões superiores pudessem receber o Flamengo, o Corinthians, o Atlético Mineiro...
Outro saco é ter que suportar toda rodada do entreposto que virou o Brasileirão o agora famoso G4, que virou G3, mas que pode ser G4 de novo, e um saco tão grande quanto é ter que ouvir todo ano que tal time “é o Brasil na Libertadores”.
Acho tudo isso um saco, como diria Raul. E meus amigos corinthianos mais novinhos, que nasceram depois de meados dos 80 e que cresceram ouvindo tal papinho-furado de Libertadores até mesmo de cronistas que se dizem sérios e descompromissados, também lamentam a ausência do SPFC na edição de 2010, considerando o histórico do aristocrático tricolor paulista em jogos de mata-mata contra o SCCP, cuja atual diretoria, diga-se (e para meu desespero), também caiu no tal engodo da mídia gorda e supervaloriza a tão decantada “Copa Cucaracha” (no mau sentido da palavra).

Olavo Soares disse...

Eu quero mais é que o São Paulo se dane, que deixe de jogar em definitivo a Libertadores e, em um futuro breve, a Série A do Brasileiro e do Paulista.

Mas todo esse papo sociológico não foi necessário, hein?

Anselmo disse...

sim, "Cucaracha" é um termo desnecessário e bastante evitável, até pq é estendido pelos gringos para todos os latinos, incluídos os brasileiros.

mas não vamos esquecer que a libertadores é vitrine para venda de atletas e garantia de receita pros clubes que nela avançam. nenhum dos itens é desprezível pros clubes brasileiros.

Marcão disse...

"Cucaracha" foi a expressão usada pelo sr. José Serra para menosprezar o Mercosul.