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quinta-feira, maio 19, 2011

Santos 1 X 1 Once Caldas - Neymar, o médico e o monstro

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Ontem, mais uma vez, Neymar foi o nome do jogo. Não o “nome do jogo” no sentido de que tenha arrebentado e jogado muito, ainda que tenha, sim, jogado bem. Mas tal qual o Dr. Jekyll e Mr Hyde, o médico e o monstro de Louis Stevenson, Neymar foi protagonista, para o bem e para o mal, de praticamente todos os momentos cruciais da partida.

Antes da mais nada, aqui não se usa o termo “monstro” tal qual o errático Renê Simões quis atribuir ao jogador. Aliás, curioso que ele veja tanta venalidade em Neymar e em Jobson veja a “pureza da alma de um Garrincha” (não sei também o que ele entende por “pureza”). No caso dos 90 minutos de ontem, o craque alvinegro começou fazendo aquilo que ele sabe como poucos: finalizou com precisão, sem tomar distância da bola, e, de fora da área, fez um bonito gol contra o Once Caldas. Ali, aos 11 minutos, a equipe já ampliava a vantagem conseguida no jogo anterior, quando venceu os colombianos por 1 a 0 em Manizales. E continuou pressionando.

O Once Caldas não ameaçava e a impressão era que só mesmo um lance fortuito como o do gol de Morais na final do Paulista poderia vazar Rafael. E aconteceu. Após uma troca de passes de Arouca e Neymar no meio de campo, o Once recupera a bola, Adriano quase rouba de Rentería, mas ele segue, sofrendo uma falta mais que desnecessária de Neymar na beirada do campo. Aquele tipo lance pra mostrar à torcida um “algo a mais”, já que o menino nem deveria estar ali.

Na cobrança de falta, a bola desvia, toca em Edu Dracena (ô, abençoado) e sobra limpa para Rentería. Que estaria impedido se não fosse Pará, substituto de Alan Patrick, o contundido da vez na equipe que tem uma baixa por peleja, ao menos, em sua sequência de decisões. Aos 30, empate.

O gol abalou um pouco a equipe e a torcida, claro, mas os colombianos são bons mesmo é no contra-ataque, não é à toa que todas suas vitórias na Libertadores foram fora de casa. E o Alvinegro não deu essa oportunidade limpa em nenhum momento. Tanto que, precisando da vitória, o time visitante finalizou meras seis vezes, levando pouco perigo ao gol peixeiro.

Claro que é fácil falar agora, mas o torcedor sabe que o tal “lance fortuito” pode acontecer mais de uma vez durante um jogo. E esperava pelo segundo gol alvinegro para se tranquilizar. Na segunda etapa, o Santos veio ainda mais determinado a marcar, mas a bola teimava em não entrar. Principalmente quando chegava aos pés de Zé Eduardo, que perdeu uma chance cara a cara de forma tosca, e depois disso ainda atrapalhou outras jogadas ofensivas do time. Saiu e deu lugar a Keirrison, que pelo menos prendeu um pouco mais a bola na frente. Não merecia uma chance não, Muricy?


Tensão e finalmente o santista viu a luz. Neymar dá um drible dentro da área que dá outro sentido à palavra “desconcertante”, e é derrubado por Nuñez. Ele, que ao contrário do que se disse nas transmissões, éo cobrador oficial de pênaltis do Santos chuta... e erra. Sem cavadinha, "sério" do jeito que um monte de jornalista esportivo gosta.

O fato é que a fatura poderia ter sido liquidade e não foi. E um pênalti desperdiçado nesse contexto joga o time e a torcida pra baixo, dando novo alento ao adversário. Mas, novamente, a defesa impediu qualquer lance agudo dos colombianos. Vitória justa de quem procurou mais e jogou melhor nos jogos de ida e de volta. Agora, a maioria dos titulares deve ter um descanso, já que os reservas (e reservas dos reservas) devem encarar a estreia do Santos no Brasileiro, contra o Internacional, sábado, na Vila Belmiro. E o clube aguarda o vencedor de Cerro Porteño e Jaguares para disputar a sua terceira semifinal de Libertadores no século 21. Mais uma pedreira.

8 comentários:

Anselmo disse...

nesta frase: "O fato é que a fatura poderia ter sido liquidade e não foi" está a síntese do que é o sintoma que mais incomoda o torcedor de um time comandado por Muricy. O time faz o mínimo e só o mínimo. E não é só por uma opção defensivista, parece que é um climão q se instala sobre quem está em campo. Na melhor das hipóteses, o torcedor sofre mais do que precisaria.

Sem dúvida o cara arrumou a retaguarda do santos, mas trouxe outros efeitos colaterais. Esses efeitos não o impediram de conquistar títulos por aí, mas é um traço do trabalho do Muricy q me parece pouco explorado.

No gol do neymar, a rapidez e a surpresa do chute são mesmo os maiores méritos do lance. até por perceber o goleiro mal posicionado (melhor dizendo, posicionado para tudo, menos um chute daqueles).

No pênalti, acho q o goleiro tem mérito não só por acertar o canto e pegar a bola. Mas também pela catimba q, se nem acredito que sirva pra desestabilizar nem deixar nervoso o batedor, serviu pra avisar o Neymar q o cara tinha assistido a um teipe de cobranças do atacante santista. Não dá pra saber o quanto o cara estudou as cobranças; e é óbvio q a tal pesquisa não garante a defesa. Mas diminui um pouquinho a aleatoriedade do momento.

sobre o Zé Eduardo, eu, como secador q nada tem a ver com a história, só palpito que chá de banco pode ser remédio pra atacante em jejum de gols.

Marcão disse...

O Muricy repetiu mais de uma vez que o problema do Santos, antes dele, era que os dois laterais avançavam juntos. Hoje, ele pede para que só vá um de cada vez.

No jogo, depois da contusão de Alan Patrik, Danilo foi pro meio e Pará entrou na lateral direita. Ele fez o papel do lateral que fica, enquanto Léo vai mais pro ataque.

Foi da esquerda que Neymar veio para pegar a bola e fazer o primeiro gol. E foi pela esquerda que ele entrou driblando, no lance do pênalti.

Fica a dúvida: será que o Santos não está muito "Neymar-dependente"?

No mais, dei uma olhada no jogo do Vélez contra o Libertad, antes da partida do Santos, e não vi nada que ofereça muito perigo. Cerro e Peñarol podem dar algum trabalho.

Mas insisto: tá pro Santos, sem dúvida.

Nicolau disse...

Pq o Neymar insiste em bater penalti? é um desgaste desnecessário, o cara nõa precisa ser bom nisso também...

Glauco disse...

Acho que tem que considerar dois fatores aí: primeiro, o caráter da competição. A famigerada Libertadores tem sempre essas disputas apertadas, onde nem sempre o mais técnico prevalece e, se prevalece, é à custa de suor. As diversas contendas decididas nos pênaltis por equipes campeãs são exemplo da dificuldade...

Outra coisa são as contusões: depois de perder Ganso, ontem Muricy perdeu Alan Patrick muito cedo. Adiantou Elano, mas o time obviamente fica mais pobre tecnicamente. Além deles, Diogo e Maikon Leite não tinham condições de jogo. Ou seja, não é bem por "vontade" do Muricy que o Santos passou aperto. Passou aperto mas poderia ter vencido se Zé Eduardo fosse um atleta minimamente técnico ou tivesse ou se Neymar convertesse o pênalti. Teve muitas oportunidades pra fazer o gol, quem perdeu não foi o comandante...

Marcão, acho que o Santos acabou evoluindo sim para uma relativa "Neymardependência" justamente por conta desses desfalques à frente e devido ao desempenho do Zé Eduardo. Ele passou a ser o cara pra decidir todo e qualquer lance. Tem decidido, mas é preciso mais para deixar o torcedor tranquilo.

Nicolau disse...

Vi alguém falando (creio que foi no parceiro Impedimento) que o Santos está jogando parte de suas partidas no Muricybol 2.0. O que antes era a busca incessante de um cruzamento ou falta lateral para um gol de cabeça se transformou em incessantes lançamentos para Neymar.

Maurício Ayer disse...

Numa competição dessas, é normal o time se armar para não perder e confiar no "que decide". É assim no vôlei, no basquete, acaba sendo no futebol, quando existe o cara que decide. Acho que Santos chega à final.

Glauco disse...

Ia ser estranho é se todas as bolas fossem lançadas pro Zé Eduardo...

Moriti disse...

O pessoal ou pega no pé do Neymar ou no do Muricy.

E o São Paulo com Dagoberto e Carpeggiani... rs