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quinta-feira, agosto 04, 2011

Vasco 2 X 0 Santos - uma sequência infeliz

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O Santos foi a São Januário e encontrou sua terceira derrota consecutiva no Campeonato Brasileiro. O 2 a 0 evidenciou falhas peixeiras que já ocorreram nas duas pelejas passadas: um meio de campo que não marca e uma defesa que, quando confrontada, não hesita em errar.

Tendo essas três partidas na conta, o Santos sofreu dez gols, quatro decorrentes de jogadas de bola parada (tudo bem, pode tirar dessa conta o do Ronaldinho Gaúcho) e cinco gols de cabeça. Os avanços dos adversários pelas laterais, principalmente pelo lado esquerdo da defesa, também foram uma constante. Outro ponto em comum foram jogadores rivais que costumam decidir ficarem praticamente livres de marcação, encarando defensores no mano a mano. Foi o caso de Ronaldinho Gaúcho, no jogo contra o Flamengo, e de Diego Souza, no primeiro tempo da partida contra o Vasco. Claro que a qualidade do atleta conta, mas tentar dificultar a vida dele não é pecado...

Não ter Danilo pela direita, com Pará no seu lugar, e não poder contar com o limpa-trilho Adriano, que se tornou um jogador de qualidade nas mãos de Muricy, faz diferença. Mas só isso não justifica o desempenho pífio da defesa. Ontem, Durval falhou ao tentar tirar a bola na área, o que propiciou a bela finalização de Diego Souza. E Rafael, que fez a diferença em algumas partidas da Libertadores, falhou mais uma vez ao não dividir a bola com o zagueiro Dedé, autor do segundo gol do Vasco.

Muricy, nessas três pelejas, fez somente duas substituições. A postura do comandante demonstra, no mínimo, uma relativa insatisfação com o elenco. Não sei se isso ocorre porque ele não tem à disposição algumas peças que estão temporariamente fora (Felipe Anderson, como Danilo, está na seleção sub-20) ou se ele pretendia reforços que não chegaram. Mas o que sei é que, nesse contexto, vai ser muito difícil alguém convencer o treinador a abrir mão de uma das 23 vagas para o Mundial para que Pelé seja inscrito, como se cogita. Mas não tenho dúvida que o Rei, 70 anos, teria um desempenho melhor ontem do que o do Dez Ganso, que fez sua atuação mais pífia desde o seu retorno pós-contusão.


Ressaca da Libertadores?

O Peixe tem três jogos a menos que a maioria das equipes do Brasileirão, o que não é motivo para relaxar, até porque as partidas que faltam não serão nada tranquilas. O aproveitamento até agora também não inspira confiança ao torcedor, são 33,3% de aproveitamento, similar ao Atlético-GO, 16º colocado, próximo a Grêmio, 35,9%, e Atlético-MG, 35,7%.

Mas outros campeões da Libertadores tiveram problemas ao encarar o campeonato nacional depois de uma conquista. O São Paulo, em 2005, só saiu da zona do rebaixamento na 20ª rodada, quando conseguiu finalmente uma vitória (sobre o Fortaleza) depois de cinco derrotas e três empates pós-título. Àquela altura, o Tricolor do Morumbi chegava a 20 pontos, um aproveitamento de 35%. O time terminou o Brasileirão daquele ano em 11º lugar.

Ou seja, não há motivo para desespero. Mas é triste ver o Santos quase abrir mão do Brasileirão tão cedo. Espero estar enganado.

quinta-feira, junho 23, 2011

Santos 2 X 1 Peñarol - o tri dos novos reis da América

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Poderia ter ido ao Pacaembu, ver junto de amigos queridos e de outros tantos desconhecidos que se tornam amigos num momento mágico como o de noite de ontem a final da Libertadores. Mas, por questões logísticas, teria que abrir mão de assistir à decisão com a pessoa que despertou meu interesse pela história do glorioso Alvinegro Praiano, assim como não poderia contar com outros familiares que sofreram e se alegraram comigo durante anos em estádios, diante da TV ou mesmo do lado de um rádio, em tempos idos.

Gostem ou não, ele é fora de série
Não é todo dia que se tem a oportunidade de saber, de antemão, que em determinado dia e horário a história será escrita. E, por conta disso, a minha opção não poderia ser outra. Estava ali, a menos de quatro quilômetros do Paulo Machado de Carvalho, sofrendo a ansiedade que já vinha de dias anteriores, que me fez acordar antes das quatro da manhã de ontem, que dominava o pensamento em cada minuto da quarta-feira.

 E a ansiedade se somava ao nervosismo após ao apito inicial. O dito renascido futebol uruguaio mostrava toda sua ênfase na defesa, com um time que não conseguia sequer finalizar ao gol rival. O lance solitário (que não levou perigo) do Peñarol na primeira etapa surgiu de sua estrela, Martinuccio. O meia, aliás, foi dominado pela marcação de um jogador limitado tecnicamente, mas que parecia ter sido preparado para um jogo de paciência de 180 minutos, onde não lhe era dado o direito de se desconcentrar por um segundo sequer. Mas, além da concentração absoluta, Adriano partilhava com seus companheiros aquele algo mais, a obstinação que passa confiança ao torcedor, o toque de raça que é típico de campeões.

Danilo, quatro gols na Libertadores: o menino cresceu
As chances alvinegras apareciam. Com Durval, de cabeça; nos pés de Elano, em duas bolas rebatidas por Sosa; e com Léo, que com o pé direito mandou pra fora a melhor oportunidade peixeira na etapa inicial. Mas o gol só viria no segundo tempo, em lance lapidar. Ganso deu o toque de letra para Arouca, quase que indicando para o volante, o melhor do Brasil, “vai por ali”. Ele escapou de uma falta, escapou de duas,e deu o passe para Neymar. O atacante não dominou para driblar, finalizou de primeira, e a bola fez talvez a única trajetória possível para morrer nas redes: passou rente ao pé do defensor uruguaio, entre a trave o goleiro. Chute forte, com efeito, rasteiro. De goleador, de um fora de série.

Curioso que muitos “desculpem” Mano Menezes pela seleção não poder contar com Ganso, mas não tem a mesma parcimônia com Muricy Ramalho. Com o Dez de volta, e mais Léo, o treinador pôde armar um esquema que tinha uma saída de bola com mais qualidade, com uma fluência melhor na transição da defesa para o ataque, permitindo que o talento de quem tem talento pudesse aparecer. E apareceu.

Coube a Neymar iniciar de novo a jogada do segundo tento. Ele recebeu pela esquerda, soube segurar a bola e inverter o jogo, fazendo a redonda chegar a Elano, que acionou a Danilo. O lateral limpou e finalizou com a perna que “não é a boa”, a canhota. E marcou seu quarto gol na Libertadores. Outros gols poderiam ter surgido, mas Zé Love, o inacreditável, perdeu oportunidades mais que douradas.
O craque e o líder
No fim, um gol uruguaio quase obra do acaso, um tento contra de Durval, um dos pontos de apoio do time no torneio. Mas o Peñarol, que abdicou de jogar futebol durante quase toda a partida (por vocação e opção), não tinha forças para ser o Once Caldas de 2004 redivivo. E, diga-se, o sofrimento para o torcedor veio por ser uma decisão, não por qualquer “opção defensivista do comandante. Aqui tem trabalho, mas ontem o que teve mesmo foi futebol, meu filho!

- Esperei 48 anos por isso, você esperou menos – disse meu pai, depois dos 90 minutos.

É verdade, não esperei tanto. Mas esperei 18 anos pra ver meu time campeão em 2002 e, desde então, poucos times daqui chegaram a tantos títulos: quatro Paulistas, dois Brasileiros, uma Copa do Brasil e uma Libertadores. O improvável grande que nasceu do município de 500 mil habitantes consolida o seu retorno ao topo, agora como rei da América. O que me fez lembrar o poema de Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa:

O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.

No futebol, no dia de ontem e sempre, o Tejo foi e será o rio que corre pela minha aldeia. 


segunda-feira, junho 20, 2011

Depois os corintianos não querem ser odiados...

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Vejam só como o colega Diego Sartorato apareceu hoje no trabalho, antecipando em três dias a "secação" contra o time do Santos na final da Copa Libertadores - decisão que o Corinthians, ao contrário do próprio clube santista, do Palmeiras, do São Paulo e até do São Caetano, nunca conseguiu disputar. "Ué, a gente tem que escolher alguém pra torcer na decisão. Eu apenas escolhi", justifica-se Sartorato. O bizarro é que, por baixo da camisa do Peñarol, ele está usando uma camiseta com o escudo corintiano e inscrições árabes (equivalentes a "eu nunca vou te abandonar"), que comprou na loja de um palestino maluco, lá no centrão de São Paulo. E, pra irritar ainda mais o santista Luiz e todos os outros não corintianos aqui do trabalho, Sartorato localizou e botou pra tocar o primeiro hino de seu clube, em ritmo de tango. Estamos quase acionando a DRT, por insalubridade e maus tratos no ambiente de trabalho...

quinta-feira, junho 16, 2011

Peñarol 0 X 0 Santos - vai ser uma semana longa

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Metade da decisão já foi. E Santos e Peñarol continuam a uma vitória do título da Libertadores. Mas é inegável que o fator campo (e que campo é esse do Centenário? Um show de escorregões dos dois times) e torcida foi desperdiçado pelo escrete uruguaio ontem. O Peixe, além de adiar a decisão para sua própria casa, pode ter uma vantagem que, essa sim, é fundamental: o possível retorno de (pelo menos parte) dos quatro titulares que não estiveram em campo ontem, e fizeram falta: Jonathan, Dracena, Léo e Ganso.

Já se sabia que os uruguaios não sairiam pro jogo nem com reza brava, ao contrário de outros adversários santistas na fase de mata-mata. Isso permitiu que o time da Vila tivesse a posse de bola a maior parte do tempo, enquanto os uruguaios, com Martinuccio praticamente anulado por Adriano, alçavam bolas na área, sempre rebatidas pela dupla de zaga alvinegra. A propósito, Bruno Rodrigo, que até pouco tempo não era sequer o zagueiro reserva preferido do treinador, cumpriu muito bem seu papel, ainda mais levando-se em conta que era a sua primeira partida na Libertadores (justamente a final).

Alex Sandro foi menos instável do que no jogo contra o Cerro Porteño, mas deixou lacunas na lateral esquerda e quase comprometeu a equipe no primeiro tempo ao falhar na linha de impedimento. O olhar que recebeu de Durval por deixar o Peñarol ter sua única oportunidade de fato na etapa inicial meteu medo até em mim.

Neymar teve uma atuação apagada. Em boa medida, jogou com medo de tomar um segundo cartão amarelo, já que recebeu um em lance no qual Carlos Amarilla achou que o atacante tinha simulado uma falta. Não reparou no sutil golpe levado pelo garoto (que não pediu falta, ressalte-se) naquilo que os antigos chamavam de “partes pudendas”. Não teve o rigor semelhante em lances do adversário.

No segundo tempo foram criadas as principais chances peixeiras, com o Peñarol se expondo um pouco mais para fazer o resultado. Zé Eduardo perdeu duas oportunidades, Neymar desperdiçou outra. Os uruguaios tiveram um tento justamente anulado por impedimento e não conseguiram exercer a pressão que queriam, ainda que a saída de bola santista tenha ficado prejudicada. Aliás, tudo bem que é fim de temporada para um jogador que atuou durante muito tempo na Europa, mas o Elano podia se esmerar um pouquinho em não errar tantos passes. Se Ganso puder voltar para a peleja do Pacaembu, arrisco dizer que Adriano, que o substituiu, não sai do time e a bucha pode sobrar para o meia.

O empate, fora de casa, em uma final de Libertadores, não foi ruim, mas a sensação foi a de que o Santos poderia ter saído com a vitória. Do lado de lá, quem viu alguns dos momentos do Peñarol na Libertadores sabe que os uruguaios jogam principalmente no erro do adversário. E o Alvinegro errou pouco ontem e, com a defesa titular, tende a errar ainda menos no Pacaembu. Mas não dá para o torcedor se enganar achando que o jogo da volta vai ser fácil, a retranca adversária deve ser severa e vai ser mais um jogo de paciência para os jogadores de Muricy. E não se pode subestimar um time que chegou até a final contrariando quase todas as previsões. Pelas declarações, o Santos parece estar ciente disso.

Essa semana vai demorar a passar...

quinta-feira, junho 02, 2011

Cerro Porteño 3 X 3 Santos - na final, depois de oito anos

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Era assim que Neymar encarava aquilo que muitos jogadores brasileiros que disputam o torneio continental reclamam. Torcida adversária perturbando no hotel, jogando pedras no campo, pressão o tempo todo... Para uns, a mais pura várzea institucionalizada, não punida e, às vezes, louvada. Para outros, como Neymar, motivo de diversão.

E o tal menino feliz correndo atrás da sua bola conseguiu uma falta com menos de dois minutos. A torcida do Cerro Porteño (clube que nunca chegou a uma final de Libertadores mas que tem um vizinho, o Olímpia, que já levou três vezes o título) acreditava que o um a zero santista na ida era insuficiente. Os jogadores também achavam, tanto que comemoraram a sobrevida no fim da partida no Pacaembu, temendo que pudessem ser eliminados já no primeiro duelo.

Mas Zé Eduardo, o artilheiro improvável, praticamente acabou com o jogo ao fazer o gol na falta batida por Elano. O imponderável, que desfila fagueiro tal qual Gisele Bündchen nas competições de mata-mata, ainda deu as caras no grotesco gol contra dos paraguaios. Mesmo assim, a atuação de Barreto não se compara ainda a de Garcés, do Universidad Católica, mãe e pai da classificação dos uruguaios às semifinais

Mesmo diminuindo a vantagem, nova ducha de água fria com o belo gol de Neymar, no fim da primeira etapa. Ali se configuravam três gols de vantagem santista e, provavelmente, o técnico Leonardo Astrada deve ter pensado no intervalo se ia pra cima e arriscava tomar uma goleada histórica ou se ia em busca do milagre. Já a Muricy cabia a missão de fazer seu time melhorar a saída de bola, mas não era fácil por conta do time que estava em campo. Jonathan, válvula de escape da equipe muitas vezes, se contundiu e deu lugar a Pará; do outro lado, o importante Léo não jogou e deu lugar a um assustado Alex Sandro, como lembra o Edu aqui. O menino viu que nem se compara disputar um Sul-americano sub-20 e uma Libertadores. No meio, Danilo errava bastante a Adriano, tecnicamente o de sempre, marcava, fazia faltas desnecessárias, mas não conseguia sair com a bola limpamente.

Astrada optou pelo risco menor e o segundo tempo seguia razoavelmente equilibrado, com os paraguaios se expondo menos e o Alvinegro tocando mais a bola. Se fosse uma luta de boxe, o Santos era o adversário que vencia por larga margem nos pontos e esperava o tempo passar, enquanto o Cerro tentava levar a luta para uma tentativa de nocaute no final. O gol de Lucero aos 15, porém, mudou a cara da partida. E foi didático. No lado direito, Adriano tinha Pará a dois metros, mas, por algum tipo de convulsão mental que faz alguns acreditarem na hora errada que Libertadores é raça, garra, e que se manifesta por meio de petardos enviados pra Lua, ao invés de passar a bola, ele isolou. A bola fica com o Cerro, que vai pro ataque pelo outro lado e consegue sair do coma.


Daí pra frente, os paraguaios jogaram no campo do Santos e alguns meninos sentiram claramente. E recuaram. Elano, que parece ter um problema crônico de condicionamento físico, saiu e deu lugar a Rodrigo Possebom. O time ia mais pra trás e o Cerro quase acreditou no tradicional “si, si puede”, quando aos 36 marcou o terceiro gol.

Era a primeira vez que o time de Muricy tomava três gols em uma partida. Neymar meteu uma bola na trave e teve uma chance cara a cara para definir e peleja, mas os paraguaios depois também carimbaram o travessão. Claro, eram necessários dois gols e o tempo era escasso, mas não se brinca com o imponderável e àquela altura o torcedor peixeiro orava com a cabeça mais quente que a dos zagueiros que tiveram que tirar um sem número de bolas alçadas na área, especialidade da equipe guarani.

No fim, com mais um duelo decidido com uma vitória e um empate no mata-mata, a classificação para a quarta final do time do Santos na competição. Nas finais, contra Vélez ou Peñarol, será preciso mais sangue frio, mas também mais técnica e treino para sair de marcação por pressão. Assim como Cerro de ontem, forjado nas batalhas anteriores, não era o mesmo da primeira fase, o Santos deve chegar à final mais maduro. E contando que o garoto lá na frente continue se divertindo.


quinta-feira, maio 26, 2011

Santos 1 X 0 Cerro Porteño - de novo a vantagem mínima

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Mais uma vez, na fase de mata-mata da Libertadores, o Santos venceu sua primeira partida por 1 a 0. E, mais uma vez, poderia ter feito uma vantagem maior. Após um primeiro tempo em que o Alvinegro, depois de muito tempo, oscilou um pouco na parte defensiva (em especial nas bolas aéreas) perdeu algumas oportunidades, outras foram desperdiçadas no segundo tempo, especialmente a de Alan Patrick, aos 48, que facilitaria e muito o trabalho para a partida de volta.

Muricy preferiu adiantar Elano para que se aproximasse de Zé Eduardo e Neymar, sacando Alan Patrick, que só entrou no fim do jogo. A ideia foi válida, mas teve duas consequências: o meia santista, atuando nessa função, já não havia rendido bem em algumas ocasiões quando Adílson Batista era técnico. Novamente, o excesso de passes errados dele mostraram que ele sentiu pouco à vontade na função. Mas o pior foi Pará na lateral direita. Era por ali que o Cerro tentou atacar o Peixe durante o primeiro tempo e o reserva de Jonathan (contundido) demonstrou uma intranquilidade ímpar, além da condição técnica de sempre. Por aquele lado, a bola foi maltratada e quem assistia a partida também foi.

E era Neymar quem chamava a responsabilidade. E era ele quem buscava o jogo. E era ele quem armava. E era ele quem criava as chances. Após a contusão de Ganso, o garoto se agigantou e se tornou protagonista da equipe não só por conta da técnica e habilidade, mas por conta de sua personalidade. E foi dele que saiu o lance do gol santista. Dois dribles na área do Cerro Porteño, a jogada de linha de fundo e o cruzamento perfeito para Edu Dracena marcar. Ele, que quase enterrou o time na partida contra os paraguaios ao fazer um pênalti desnecessário na primeira fase, se redimiu. Como a bola tocou dentro do gol e depois saiu, Léo ainda fez o favor de mandá-la definitivamente para as redes, provavelmente tentando evitar que o claudicante Jorge Larrionda repetisse seu feito histórico do confronto entre Inglaterra e Alemanha na Copa de 2010.


Logo na sequência do tento alvinegro, o Cerro quase empatou em cobrança de falta na área, uma bola perigosa que Rafael defendeu com os pés. E essa foi a oportunidade paraguaia. Embora tenha chegado próximo à área santista algumas vezes, essa foi a única defesa efetiva do goleiro peixeiro. No primeiro tempo, os donos da casa chegaram, mas Zé Eduardo fez o favor (ao adversário) de tirar uma bola do pé de Danilo, que chegava de frente para o gol de Barreto. O arqueiro evitou também um gol de Léo, que finalizou na grande área depois de bela assistência de Neymar.

Na segunda etapa, com a marcação arrumada no lado direito, o Santos voltou a criar. Quase sempre com Neymar, que quase fez um golaço por cobertura, de bate pronto, mas Barreto espalmou. Enquanto isso, seu companheiro de ataque, Zé Eduardo, que parece vítima de “coisa feita”, perdia bolas, arruinava contra-ataques, não alcançava a redonda e ainda tinha tempo de atrapalhar os companheiros. Com a volta de Maikon Leite, que entrou bem no segundo tempo, deve perder o lugar no ataque. É bom lembrar, inclusive, que foi a velocidade do reserva alvinegro que deu a vitória ao Santos no jogo contra os paraguaios na casa deles, na fase de grupos.

E partida terminou com a já citada oportunidade perdida por Alan Patrick, quando Larrionda já se preparava para encerrar sua via crucis. Como não deixam esquecer os comentaristas, não tomar gol dentro de casa é muito bom nesse tipo de competição, mas a vantagem mínima deixa o clube paraguaio, que sofreu sua primeira derrota fora, vivo no duelo. Mas vão deixar espaços para o contra-ataque santista. Diante desse cenário, Muricy vai deixar Maikon Leite no banco?

quarta-feira, maio 25, 2011

Singela homenagem

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Três anos depois da camisa roxa, com versões ainda mais fúnebres, o Corinthians lança outro terceiro uniforme: cor de vinho (!). E por que cor de vinho? Tão dizendo aí que é pra homenagear o italiano Torino. Quase isso. Trata-se de um outro time cujo uniforme é cor de vinho e o nome também começa pela sílaba "To". Mas é colombiano e enfrentou recentemente o Corinthians, na fase pré-classificatória da Copa Libertadores. Que bonita essa homenagem! Isso é que é fair play...

Camisa do Tolima (à esquerda) e a nova do Corinthians (à direita): a cor é coincidência?

quinta-feira, maio 19, 2011

Santos 1 X 1 Once Caldas - Neymar, o médico e o monstro

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Ontem, mais uma vez, Neymar foi o nome do jogo. Não o “nome do jogo” no sentido de que tenha arrebentado e jogado muito, ainda que tenha, sim, jogado bem. Mas tal qual o Dr. Jekyll e Mr Hyde, o médico e o monstro de Louis Stevenson, Neymar foi protagonista, para o bem e para o mal, de praticamente todos os momentos cruciais da partida.

Antes da mais nada, aqui não se usa o termo “monstro” tal qual o errático Renê Simões quis atribuir ao jogador. Aliás, curioso que ele veja tanta venalidade em Neymar e em Jobson veja a “pureza da alma de um Garrincha” (não sei também o que ele entende por “pureza”). No caso dos 90 minutos de ontem, o craque alvinegro começou fazendo aquilo que ele sabe como poucos: finalizou com precisão, sem tomar distância da bola, e, de fora da área, fez um bonito gol contra o Once Caldas. Ali, aos 11 minutos, a equipe já ampliava a vantagem conseguida no jogo anterior, quando venceu os colombianos por 1 a 0 em Manizales. E continuou pressionando.

O Once Caldas não ameaçava e a impressão era que só mesmo um lance fortuito como o do gol de Morais na final do Paulista poderia vazar Rafael. E aconteceu. Após uma troca de passes de Arouca e Neymar no meio de campo, o Once recupera a bola, Adriano quase rouba de Rentería, mas ele segue, sofrendo uma falta mais que desnecessária de Neymar na beirada do campo. Aquele tipo lance pra mostrar à torcida um “algo a mais”, já que o menino nem deveria estar ali.

Na cobrança de falta, a bola desvia, toca em Edu Dracena (ô, abençoado) e sobra limpa para Rentería. Que estaria impedido se não fosse Pará, substituto de Alan Patrick, o contundido da vez na equipe que tem uma baixa por peleja, ao menos, em sua sequência de decisões. Aos 30, empate.

O gol abalou um pouco a equipe e a torcida, claro, mas os colombianos são bons mesmo é no contra-ataque, não é à toa que todas suas vitórias na Libertadores foram fora de casa. E o Alvinegro não deu essa oportunidade limpa em nenhum momento. Tanto que, precisando da vitória, o time visitante finalizou meras seis vezes, levando pouco perigo ao gol peixeiro.

Claro que é fácil falar agora, mas o torcedor sabe que o tal “lance fortuito” pode acontecer mais de uma vez durante um jogo. E esperava pelo segundo gol alvinegro para se tranquilizar. Na segunda etapa, o Santos veio ainda mais determinado a marcar, mas a bola teimava em não entrar. Principalmente quando chegava aos pés de Zé Eduardo, que perdeu uma chance cara a cara de forma tosca, e depois disso ainda atrapalhou outras jogadas ofensivas do time. Saiu e deu lugar a Keirrison, que pelo menos prendeu um pouco mais a bola na frente. Não merecia uma chance não, Muricy?


Tensão e finalmente o santista viu a luz. Neymar dá um drible dentro da área que dá outro sentido à palavra “desconcertante”, e é derrubado por Nuñez. Ele, que ao contrário do que se disse nas transmissões, éo cobrador oficial de pênaltis do Santos chuta... e erra. Sem cavadinha, "sério" do jeito que um monte de jornalista esportivo gosta.

O fato é que a fatura poderia ter sido liquidade e não foi. E um pênalti desperdiçado nesse contexto joga o time e a torcida pra baixo, dando novo alento ao adversário. Mas, novamente, a defesa impediu qualquer lance agudo dos colombianos. Vitória justa de quem procurou mais e jogou melhor nos jogos de ida e de volta. Agora, a maioria dos titulares deve ter um descanso, já que os reservas (e reservas dos reservas) devem encarar a estreia do Santos no Brasileiro, contra o Internacional, sábado, na Vila Belmiro. E o clube aguarda o vencedor de Cerro Porteño e Jaguares para disputar a sua terceira semifinal de Libertadores no século 21. Mais uma pedreira.

Que venha o próximo teste para cardíacos!

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LUIZ GALLO
Enviado especial do Futepoca

Uma hora antes do jogo que colocou o Santos nas semifinais da Libertadores, o Pacaembu nem parecia ser o palco escolhido para receber o bicampeão paulista. A noite estava fria e a torcida, talvez ainda sob o efeito da ressaca de domingo, parecia ter escolhido ver o jogo pela televisão. Apenas parecia, porque assim que o juiz, um chileno ruim de apito, deu início à partida, o estádio, como em um passe de mágica, ficou praticamente lotado.

De ressaca mesmo estava o time. Parece que a festa pela conquista do Paulistão havia contaminado o esquadrão peixeiro, Mesmo assim, em menos de 15 minutos o Santos já comandava o placar e só não aumentou porque o “estilo Muricy”, o de tornar o time compacto, até por conta do cansaço da maratona de decisões, fez com que não explorasse o ataque como deveria.

Depois do susto pelo empate do Once Caldas - um time que não é brilhante, mas é “encardido” - e pela perda de mais um jogador por contusão (desta vez Alain Patrick), o Santos passou a jogar com 12, tamanha foi a força vinda da arquibancada. Nem mesmo o “caminhão” de gols perdidos no segundo tempo e a ameaça de ver o time colombiano tirar a vantagem santista a qualquer momento foram suficientes para aplacar os ânimos da galera santista. Irritação, mesmo, só com o Zé Eduardo, que conseguiu a façanha de perder, pelo menos, dois gols. Destes que até o perna-de-pau do time da rua de baixo faria, sem qualquer constrangimento. A torcida queria matá-lo, literalmente.

O contrário acontece com o decisivo Neymar. Por causa do histórico de pênaltis perdidos, eu nem queria olhar a cobrança. E não deu outra. Mas a torcida o apoia sempre. Ele tem muito crédito.

Que venha a próxima vítima, mas com menos sufoco! Afinal, chegar às finais da Libertadores é muito bom, mas não deixa de ser um excelente teste para cardíacos...



Luiz Gallo é paranaense, jornalista e santista de três gerações - ou quatro, considerando o jovem torcedor Giovanni, seu filho, de 9 anos. Tudo começou com o avô de Luiz, Pedro, que serviu o Exército na Baixada Santista - muito antes da "Era Pelé" - e iniciou a família na torcida. Um dia, quando Luiz tinha 6 ou 7 anos, o Santos enfiou seis gols na Ferroviária de Araraquara e seu pai, Ângelo, exclamou: "Isso que é time!". E o menino tornou-se um santista devoto.

quinta-feira, maio 05, 2011

Noite de tragédias

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Dos seis brasileiros que começaram a Libertadores deste ano (considerando que a palhaçada protagonizada pelo Corinthians contra o Tolima), somente o Santos segue na competição após a fatídica noite desta quarta-feira. O negócio foi feio de todo lado para as representações tupiniquins.

Segundo matéria do Uol, desde que a Libertadores mudou de regulamento e passou a ser disputada por 32 equipes em 2000, o Brasil sempre teve pelo menos dois clubes nas quartas de final da competição. A última vez que sobrou apenas um brasuca nas quartas de final foi na Libertadores de 1994, quando apenas três clubes brasileiros entraram na competição.

Os gremistas já estavam meio que contabilizando a desclassificação depois da derrota por 2 a 1 em Porto Alegre na semana passada para o Universidad Católica. Mas as esperanças acabaram com o gol de Mirosevic, que decretou nova vitória chilena por 1 a 0.

O impacto da queda do tricolor gaúcho foi amenizado pela derrota do Inter, em pleno Beira Rio, para o Peñarol. Foi por 2 a 1, de virada, a primeira derrota do técnico Falcão, após empate por 1 a 1 em Montevideo que dava certo conforto ao Colorado. Oscar abriu o placar no primeiro tempo, mas Martinuccio e Olivera viraram no início da segunda etapa. E a gauchada que sonhava com uma sequência de quatro decisões entre as duas equipes (no Gauchão e na Liberta), no melhor estilo Barça e Real, ficou só com a disputa doméstica.

Os guerreiros do Fluminense, talvez cansado qual Teresa Batista após a heroica jornada na fase de classificação, fizeram um joguinho bem chocho contra o Libertad do Paraguai. E depois de vencer por 3 a 1 no Engenhão, levaram de 3 a 0 no Defensores del Chaco, em Assunção, protagonizando a recepção do maior nabo entre os brasileiros.

E o Cruzeiro, vedete da competição com a melhor campanha e o melhor futebol da fase de grupos, único invicto até ontem, conseguiu o mais improvável ao levar de 2 a 0 do Once Caldas na Arena do Jacaré. E olha que o time de Cuca, Montillo e Roger venceu a partida de ida em Manizales por 2 a 1, podendo perder por 1 a 0 e levar a vaga. O meia ex-corintiano protagonizou fato decisivo para a partida ao ser expulso com 30 minutos do primeiro tempo. Mas a torcida da Raposa decidiu pegar no pé é da mulher do cara, Deborah Secco, que assistiu a partida in loco. As acusações de pé-frio seriam mais um caso de machismo no futebol brasileiro?

Sobrou o Santos, que não jogou lá essas coisas também contra o América do México, na terça. Marcou, enrolou, deixou o tempo passar e viu o goleiro Rafael salvar a equipe numas 3 ou 4 oportunidades. À guisa de provocação, cabe lembrar que os mexicanos pouparam titulares em pelo menos parte da peleja. Melhor Neymar e cia. ficarem espertos para não apagarem a luz da participação brasileira na Libertadores desse ano.

E os deuses do futebol 'compensaram' Muricy Ramalho

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Quando era técnico do São Paulo, o agora santista Muricy Ramalho teve quatro chances de conquistar uma Libertadores da América. Na primeira vez, em 2006, perdeu a decisão do campeonato para o Internacional de Abel Braga. No ano seguinte, a queda ocorreu logo nas oitavas de final, contra o Grêmio de Mano Menezes. Já em 2008, nova eliminação, dessa vez nas quartas de final, para um Fluminense treinado por Renato Gaúcho. E em 2009, ao ser eliminado pela quarta vez com o São Paulo na competição, perdendo para o Cruzeiro de Adilson Batista (outra vez nas quartas de final), Muricy acabou, finalmente, alijado do comando do Tricolor.

Pois bem: ontem, numa rodada aparentemente tranquila para a maioria dos times brasileiros nas partidas de volta das oitavas de final da Libertadores, os adversários uruguaios, chilenos, paraguaios e colombianos, como num strike de boliche, eliminaram de uma só vez Internacional, Grêmio, Fluminense e Cruzeiro - justamente os quatro algozes de Muricy em seus tempos de São Paulo. A eliminação do Grêmio, treinado por Renato Gaúcho, era até previsível, pois tinha perdido o jogo de ida em casa para a Universidad Católica. Mas as outras derrotas foram simplesmente inacreditáveis, inexplicáveis e surpreendentes.

O Fluminense, que ganhou o jogo de ida por 3 a 1, tomou exatos 3 a 0 do Libertad. O Inter, que tinha obtido um bom empate fora, por 1 a 1, tomou uma virada incrível de 2 a 1, dentro do próprio Beira Rio, e foi despachado pelo Peñarol. E o Cruzeiro, melhor time disparado da Libertadores, que tinha vencido (bem) fora de casa, por 2 a 1, no primeiro jogo das oitavas de final, conseguiu a proeza absurda de perder por 2 a 0 em Minas Gerais, classificando o Once Caldas, de retrospecto sofrível na competição deste ano. Sim, o forte Cruzeiro que seria exatamente o adversário do Santos (de Muricy) nas quartas de final. Toda essa hecatombe de ontem sugere, pra mim, que os deuses do futebol se redimiram e avisaram:

"-Vai, Muricy Ramalho, ser campeão da Libertadores da América!".

Não há outra explicação mais plausível...

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A esperada desclassificação do Grêmio:




A frustrante derrota do Fluminense:




A inexplicável virada sofrida pelo Inter:




A inacreditável eliminação do Cruzeiro:

quarta-feira, abril 20, 2011

Santos 3 X 1 Deportivo Táchira - Alvinegro espanta zebra e avança na Libertadores

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Não eram nem 30 segundos do primeiro tempo e o Santos já havia chegado na cara do gol do Deportivo Táchira, na partida de hoje no Pacaembu. A marcação arquitetada por Muricy Ramalho tinha como objetivo exercer pressão no campo adversário, com os alas avançados, o meio e o ataque cobrindo os espaços. Solução quase natural, dada a disposição defensiva do rival, que entrou com cinco zagueiros, e também por conta da qualidade técnica da equipe da Venezuela.

Assim, aos 4 minutos, o Santos saía na frente com Neymar, em assistência do sempre inteligente e efeiciente Léo. Aos 12, o segundo veio com o avanço de Jonathan pela direita, depois de passe de Danilo. O domínio peixeiro seguiu até o fim da primeira etapa e o Alvinegro só se viu ameaçado uma vez, mas Rafael fez uma difícil defesa. Em alguns momentos, o time chegou a lembrar a magia daquela equipe do primeiro semestre de 2010, com trocas velozes, passes de primeira e jogadas individuais insinuantes. Uma delas, de Neymar, que chapelou o já “amarelado” zagueiro Zafra, lhe valeu um tapa no rosto. O árbitro viu, marcou falta, e não deu o segundo cartão por um lance que poderia valer a expulsão direta. Coisas de Libertadores.

No segundo tempo, veio a queda do ritmo. Ganso começou a aparecer um pouco mais, mas ainda tinha uma atuação discreta. Zé Eduardo, que jogou muito fazendo o pivô e puxando a marcação, não via seus companheiros de frente chegarem. Fora isso, o homem de frente alvinegro ia mal. Elano também jogava abaixo do esperado e Neymar apanhava. O Táchira começou a chegar com mais perigo e Rafael salvou uma cabeçada perigosa, mas não evitou o tento dos venezuelanos em uma magistral cobrança de falta de Chacón.

Aos 24 minutos, com o empate entre Colo Colo e Cerro Porteño, uma igualdade no placar tiraria o Peixe da competição. Mas o moleque chamou a bola para ele. Neymar dominou pela esquerda, passou por três marcadores e deu uma assistência linda para Zé Eduardo, sem goleiro, perder. Mas a bola sobrou para o cada vez mais decisivo Danilo, que fez valer a jogada de Neymar e fez o terceiro gol alvinegro.

Aos 34, Neymar sofre mais uma agressão, sem bola. O juizão deixa passar mais uma vez. Coisas de Libertadores, né? Tem quem goste, eu, não. Fora isso, o saldo da partida mostra um Peixe bem mais equilibrado emocionalmente do que no jogo contra o Colo Colo e, com a volta de Arouca, a equipe ganha muito mais consistência, tanto defensiva e ofensivamente já que a qualidade de passe no meio também é outra.

É inevitável pensar que, se Adílson Batista tivesse tido uma postura um pouco mais ousada na primeira partida do Alvinegro contra o Deportivo Táchira,na Venezuela, sua história poderia ter sido menos triste no clube. Mas são águas passadas e hoje, definitivamente, o Santos é outro time.

quinta-feira, abril 07, 2011

Santos 3 X 2 Colo Colo - vitória mascarada

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O Santos entrou em campo contra o Colo Colo ontem, na Vila, com a faca no pescoço: ou vencia ou dava adeus à chance de passar da fase de grupos da Libertadores. No estádio, mas não ainda no banco, o novo treinador peixeiro Muricy Ramalho assistiu uma equipe que pressionou o rival o tempo todo em sua intermediária, conseguindo abrir um confortável 3 a 0 antes dos 10 minutos do segundo tempo. Mas a partir do terceiro gol...

Já havia dito aqui que Elano poderia ser decisivo para a equipe em um quesito no qual o time não era forte mesmo no auge de 2010, as bolas paradas. Na seleção, foi assim, e no Santos ele já vinha fazendo e dando gols em cobranças de falta e escanteio. Então, por que cargas d'água Martelotte colocou Ganso como cobrador de escanteios? Ontem, entre os 25 e os 30 do primeiro tempo, o dez santista cobrou três deles, todos na cabeça do adversário. Quando chegou perto da bola insinuando cobrar uma falta na meia direta, minha (im)paciência de torcedor fez com que falasse para a TV: "Deixa o Elano cobrar!". Ele deixou e o Santos fez 1 a 0, resultado que o Alvinegro já merecia pelo jogo que impunha.



Na sequência, Zé Eduardo fez uma boa jogada e o lateral-volante Danilo, que fez uma de suas melhores partidas no ano ontem, apareceu de surpresa à frente e fez o segundo. O fim da primeira etapa e início da segunda sugeriam uma vitória tranquila, mas Neymar, ao comemorar o terceiro gol - um gol de placa, aliás -, colocou uma máscara com seu próprio rosto, distribuída na Vila. Tomou o segundo amarelo e foi expulso de campo.

A máscara

Reprodução
Naquele momento e depois do jogo foram inúmeras as manifestações sobre a "infantilidade" do atleta, "molecagem", "meninice", "burrice" etc e tal. Mas posso assegurar que a maioria dos "críticos" desconhecia a norma da Fifa, instituída em 2007, que recomenda cartão amarelo a quem usa máscara em comemorações. Eu, por exemplo, não sabia, e quem deu o toque de que o comentarista Maurício Noriega tinha apontado a dita cuja DEPOIS do jogo foi a Lu Castro pelo Twitter.

Claro que o jogador tem que saber detalhes da regra (ou das orientações, nesse caso) que são desconhecidos pelo público. Para isso existem (existem?) palestras em que são informados por ex-árbitros sobre o que podem e não podem fazer em campo. Ao que parece, aliás, Neymar pegou a máscara no banco. A comissão técnica não sabia da norma? Os companheiros também não? Por que descarregar a bile no rapaz como se ele tivesse cometido um pecado mortal?

A recomendação da Fifa, aliás, já foi desrespeitada em outras ocasiões. No jogo entre Sport e Portuguesa em 2010, na Ilha do Retiro, Fabricio, do time pernambucano, marcou e comemorou usando uma máscara do Homem-Aranha. Os torcedores dos dois time que corrijam, mas não consta na ficha técnica que o atleta tenha tomado cartão amarelo de Héber Roberto Lopes por isso. Na Itália, um caso bem pior: Materazzi (aquele) comemorou a vitória do seu time da mesma forma e também fez uma manifestação política (coibida pelas normas da Fifa) e pra lá de provocativa ao usar uma máscara de Berlusconi no dérbi com o Milan em 2010. Só recebeu uma advertência equivalente ao amarelo nos tribunais desportivos, não no campo.

Mas o fato é que o time já estava pilhado e, quando poderia ter relaxado um pouco por conta do placar, perdeu a cabeça. Não vi motivo para a expulsão de Zé Eduardo ou do zagueiro Scotti, mas o perdido árbitro viu. Depois, expulsou Elano, que estava no banco de reservas, por ter atirado uma toalha sabe-se lá em quem. O cidadão do apito ainda coroaria sua atuação expulsando Jorquera nos acréscimos. O time chileno fez dois gols, mas não teve forças para empatar.

Desfalcado de Elano, Neymar e Zé Eduardo, o Santos de Muricy vai ter que superar o Cerro Porteño, em Assunção, para evitar o jogo de comadres dos rivais na última rodada. Difícil, mas longe de ser impossível. A equipe recuperou parte da confiança, mas mostrou que entra muito na catimba dos rivais. O novo comandante santista vai ter que fazer um intensivão psicológico no elenco e o ainda apagado Ganso terá que assumir a condição de chefe da companhia no Paraguai. Mais emoções virão...

quinta-feira, março 17, 2011

Colo Colo 3 X 2 Santos - vitória do lugar comum

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Tudo bem, tudo bem. Quando um time perde, a larga via dos lugares comuns está aberta. É culpar o técnico, falar do cara que você não gosta e que insiste em errar pra que você comprove, no íntimo das suas certezas, a sua tese particular, falando pra si mesmo, “viu, sabia que esse %#$@#@$ ia fazer $%#$@%$. Mas você escreve pra um blogue, tem meia dúzia de leitores e tenta se convencer de que não deve cair nessa cilada. “Vou ver a partida por outros ângulos”, pensa.

Aí você percebe que não dá. Não, não dá. Então esse texto é pra cair na vala comum, por um certo aspecto. Mas não de forma incoerente. Falei aqui que Martelotte não é treinador para o Santos. O que fica mais evidente quando se percebe uma mudança sutil, quase não percebida pelo torcedor, mas que fez a diferença na partida contra o Colo Colo. Adriano tornou-se titular com a contusão de Arouca, colocando Possebon na reserva. Como já disse outras vezes também, ele é esforçado, corre, mas não é atleta de nível. Corre, corre, corre.... pra que mesmo?

Todo mundo já viu numa pelada aquele cidadão que toma um drible e depois marca o rival a oito metros de distância, com medo de tomar outra finta. Foi assim que Adriano se portou no primeiro gol da equipe chilena. No segundo, marcou tão longe quanto. Culpar a defesa pode ser o mais fácil, mas quando o meio de campo deixa estourar o tempo todo a bola em cima da zaga e do goleiro, não tem ninguém que aguente. Não que Danilo tenha sido muito melhor, mas ao menos sabe dar um passe. Possebon falhou no terceiro gol do Colo Colo? Sim, mas era pra ele estar ali? Alguém reparou que na cobrança de falta havia dois atletas rivais livrinhos na área? Tem treino? Quem marca quem?

Sem coordenação, com uma instabilidade evidente, o Santos abriu o marcador e tomou três gols em menos de quinze minutos, terminando a primeira etapa perdendo por 3 a 1. Fez o segundo logo no início do segundo tempo. Esteve perto de tomar o quareto gol mas empurrou o Colo Colo para sua intermediária. Hora de ir pra cima, não é? Pra Martelotte, não. Trocou Zé Eduardo por Maikon Leite, e tirar o queridinho da torcida há pouco tempo merecia até manifestações do presidente do clube. E depois sacou Ganso para colocar Keirrison. Boa troca, hein?

Aliás, Ganso jogou parte do primeiro tempo praticamente como um segundo atacante, recebendo a bola de costas e rendendo muito pouco. Se foi uma opção do técnico pela condição física do meia, era melhor tê-lo colocado em campo depois do intervalo. O meia, quando jogou na armação, inclusive buscando a bola no campo peixeiro como é de seu feitio, criou e foi dele assistência para o tento de Neymar.


O Santos está com dois pontos, o Cerro Porteño, na segunda colocação, tem cinco. A situação é menos desesperadora do que a do Fluminense, mas não é nada boa. Sem um técnico de fato, fica difícil pensar em classificação, mesmo com o investimento feito e os valores que o Santos tem.

Se tudo mais falhar, que venha Muricy para tentarmos o título brasileiro. Mas, na Libertadores, deixar um time à deriva, sem comando, é jogar dinheiro fora. E desperdiçar a alegria que o santista quer sentir com boleiros acima da média dentro do gramado.

quinta-feira, março 03, 2011

Santos 1 X 1 Cerro Porteño - Arrepia, zagueiro...

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Zagueiro tem que ser malandro
Quando tiver perigo com a bola no chão
Pensar rápido e rasteiro
Ou sai jogando ou joga a bola pro mato
Pois o jogo é de campeonato

Aos 47 do segundo tempo, o capitão do Santos Edu Dracena não saiu jogando nem jogou a bola pro mato como ensina Jorge Benjor na música Zagueiro. Viu Barreira receber a bola de costas e achou por bem ir numa dividida. Mas o que Dracena queria dividir? Não parecia ser a bola. Pênalti pro Cerro Porteño, que, no segundo tempo, praticamente não ameaçou o gol peixeiro. O jogo estava empatado e menos de um minuto após, encerrado.

O erro final foi do superestimado Dracena, mas obviamente a culpa não é só dele. O Santos desperdiçou oportunidades de matar o jogo e deixou de ser agressivo na segunda etapa quando o adversário já estava entregue. Claro que o resultado também dá margem àqueles que têm sempre o dedo preparado para ficar em riste dizerem “Tá vendo? E a culpa era do Adílson?”. No meu ponto de vista,é também dele sim, pois se o Santos tivesse um esquema tático definido que fosse, talvez o resultado fosse outro. Mas tentar achar uma forma de jogar em dois dias de treino e 90 minutos de bola rolando não é tarefa das mais fáceis.



A primeira metade do primeiro tempo foi de desanimar qualquer santista. O quadro mudou quando Neymar começou a fazer mais jogadas pelo lado esquerdo, onde se sente mais à vontade. E onde Adílson não queria que ele jogasse porque, segundo o ex-treinador, um atleta como ele não podia “se limitar” naquele espaço. Claro que não. O que não significa que ele não possa jogar onde se sinta melhor, na maior parte do tempo, que é o lado canhoto e próximo à área. No segundo tempo, por ali também o garoto foi bem e levou perigo, mesmo sendo bem marcado.

Elano também voltou a frequentar por vezes o lado direito na meia e no ataque na etapa final, algo que não costumava fazer com Adílson. Foi assim que ele se destacou em 2002 na equipe de Leão e desta forma que atuou boa parte do tempo na seleção de Dunga. Mas o meio de campo continuou sentindo a falta de Arouca para fazer a transição para o ataque e a chegada surpresa, útil contra as retrancas. Nenhum outro volante do elenco faz esse papel.

O Santos só conseguiu ser mais compacto no segundo tempo, quando as tabelas e jogadas pelas laterais começaram a acontecer, algo raro nas últimas partidas. Por um lado, dá esperanças pensar que o time sim, pode jogar bem melhor do que vinha jogando. Mas em um torneio como a Libertadores, desperdiçar oportunidades como a de ontem abala a moral. O ponto positivo para Martelotte é que, deixando as duas principais peças da equipe à vontade, Neymar e Elano, o time pode produzir muito mais ofensivamente.

Já o ponto negativo é que a ansiedade do elenco pode resultar em novos episódios como o desnecessário pênalti de Dracena, similar, mas mais trágico, que o cometido por Adriano em Dentinho no clássico alvinegro. Nenhum dos rivais alvinegros é de fato imbatível, e as duas partidas disputadas deixam isso claro, mas o fato é que o Santos não venceu nenhum deles até agora. Vai ser um trabalho de paciência para o interino e para o próximo treinador recuperar a confiança do time. E a confiança do santista.

quinta-feira, fevereiro 17, 2011

Brasileiros na Libertadores: O que Cruzeiro e Grêmio têm

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Por Matheus, do Blá Blá Gol.

O time Azul chega pra sua 4º Libertadores seguida após queda nas oitavas-de-final em 2008, um vice-campeonato em 2009 e queda nas quartas-de-final em 2010. Em 2008, não houve surpresa de forma geral, em 2009 a boa campanha deu status de grande time à base formada por A.B. e em 2010, o time que era favorito caiu pros dois melhores jogos do São Paulo na temporada. Para 2011 o Cruzeiro mantém a base, finalmente tem um camisa 10 que pode decidir e algumas deficiências preocupantes.

Aonde o pão-de-queijo tem mais sabor:
Gol de costas nunca mais
  • O melhor meio-de-campo do Brasil: Nenhum outro time brasileiro tem tantas opções e um meio-de-campo tão bem entrosado quanto o Cruzeiro. Além da trinca de volantes, que foi deixada de lado enquanto Marquinhos Paraná e Fabrício se recuperam de lesão, existe Walter Montillo. Henrique também vem se destacando desde 2009. Se jogar com 2 armadores, o time conta com Gilberto ou Roger para dividir as atenções na criação. Se não, ainda tem Leandro Guerreiro e o polivalente Éverton que podem substituir bem os volantes titulares. Sem falar na promessa de Dudu, que fez boa temporada pelo Coritiba em 2010 e, quando entrou no Cruzeiro esse ano, correspondeu bem.
  • O goleiro da competição: Fábio tem sido São Fábio já há muito tempo. Melhor goleiro do Brasil na temporada passada, muito dos sucessos do Cruzeiro se devem à regularidade com que o guardião das metas azuis tem jogado desde o fatídico gol de costas. O Santo da camisa 1 azul-estrelada passa tranquilidade pro time, pra torcida e pro técnico. Pode ser o diferencial.
  • Sistema defensivo de respeito: Léo é um bom zagueiro e Victorino, até onde sei, é um grande xerife. Além disso, o Cruzeiro possui embaixo das traves, São Fábio. Com os volantes dando proteção, o Cruzeiro teve, ainda que contando com Gil e Edcarlos ano passado, a 2ª defesa menos vazada do Brasileiro. Com Léo e Victorino, a tendência é melhorar ainda mais.
  • Entrosamento, experiência e camisa: Sim, senhores, são três elementos fundamentais para se conquistar a América. Principalmente, os dois primeiros. A base do time vai pra 4ª temporada junta e passou por uma série de provações em todas Libertadores que disputou. Além disso, times de menor expressão tendem a enfrentar o Cruzeiro com maior respeito do que outros brasileiros nem tão conhecidos no exterior (alô, Corinthians, aquele abraço). O mesmo acontece com Grêmio e Santos, principalmente. É o tipo de situação que, ainda que subjetiva, dá mais ânimo e tranquilidade pros jogadores.
Aonde se pode temperar ainda mais:
  • Arena do Jacaré e Torcida: A torcida do Cruzeiro compra o boi do time, como era de se esperar, quando o assunto é Libertadores. O Mineirão, apesar de ser, tradicionalmente, a casa do Cruzeiro, não tinha o aspecto de Alçapão. Os 20 mil malucos (eu, incluso) que devem comparecer aos jogos do time na Libertadores são os mesmos que vão em todos os jogos. Se no Mineirão, que comporta públicos de 65 mil pessoas, essa cambada pode não fazer diferença, na Arena, se usada a favor do Cruzeiro, pode criar um clima muito hostil ao adversário, principalmente nas horas de pressão. O problema é que a torcida azul não tem o perfil de apoiar incansavelmente. Se alguma coisinha dá errado, o caldo pode desandar pro lado que devia ser apoiado. O Estádio, por sua vez, é longe de BH, mas o campo é do tamanho do Mineirão e o gramado está em perfeitas condições. Não existe motivo pra reclamação nesse ponto.
  • Ataque: A situação do ataque titular do Cruzeiro já foi melhor. T. Ribeiro é esforçado e tem uma importante função tática, mas falta habilidade pra ser um bom ponteiro. Dabliupê (o famoso W. Parede) não sabe jogar bola. Até faz seus gols, mas é peça nula quando o assunto é dominar, tranquilizar, tocar a bola. O “Parede” não é a toa e o 9 azul, pra piorar, anda sem sorte. O Cruzeiro está à caça de um camisa 9 de respeito, algo como Fred, por exemplo. Mas pra primeira fase, não vai poder contar com o mesmo. E ir à caça é muito diferente de caçar. Ortigoza, Farías e Wallyson ainda precisam mostrar futebol e não são jogadores que podem mudar, num primeiro momento, o perfil de uma partida.
"Mas eu tava indo tão bem..."
Aonde o caldo pode desandar:
  • Cuca: O técnico do Cruzeiro é uma figura complicada. Depois da rusga entre Gilberto e Roger, onde o chefe da casa-mata comprou a briga do meia-lateral e deixou o Chinelinho de lado, Cuca aprontou mais uma. Depois do clássico, praticamente deu uma de Renato Gaúcho e mandou a culpa “nas principais peças”. Ainda que tenha sido, de fato, culpa dos melhores jogadores que se omitiram, Cuca deveria contemporizar, até porque sua fama, nesse ponto não é das melhores. Na hora de passar tranquilidade, o comandante pode se dar mal e prejudicar o time todo.
  • Lateral-esquerdo: Diego Renan tem sido consistente em não ser um jogador que faz diferença em momentos de tensão. É um bom lateral-esquerdo ambidestro, mas, com um pouquinho de boa-vontade, caberia um jogador melhor naquele lado do campo. O Cruzeiro já foi vice com Gérson Magrão (!), mas foi vice exatamente com duas bolas nas costas desse lateral. E Diego Renan também não prima pela absoluta marcação. Seria interessante ter mais opções naquele setor.
Aonde o bolo de fubá acabou:
  • Lateral-direita: Essa não existe no Cruzeiro. E não existem boas opções de mercado. O Cruzeiro, ao que tudo indica, vai penar com Rômulo e Pablo durante toda a primeira fase, a não ser que Cuca tire um coelho da cartola e faça ajustes com as peças que já tem. Rômulo, o senhor piada, é triste. Pablo, que fez um grande jogo contra o Galo no último clássico, marca muito bem, mas é ineficiente no apoio. Pra quem contava com Jonathan, é digno de desespero. O jogo do Cruzeiro passa muito pelas laterais e não ter um bom jogador pela direita é extremamente preocupante.
  • Ataque fortíssimo: É outra coisa que o Cruzeiro não vai ter. Com sorte, será contratado um goleador pra vir e assumir a camisa 9 azul sem discussão, mas um ataque forte com bons reservas é praticamente impossível. Resta se contentar com o esforço de T. Ribeiro, a velocidade de Wallyson e com os brigadores Farías e Ortigoza. W. Parede? Bom, melhor deixar pra lá.



Promessa de novas avalanches
Por que ter esperanças?  

Estádio Olímpico: O Olímpico, em si, como a grande maioria dos grandees estádios brasileiros, é absolutamente neutro. A diferença não é o efeito que causa no adversário, mas no próprio time do Grêmio. Os jogadores passam a achar que podem ganhar de qualquer um. E naquele típico “dilema Tostines”, fica difícil saber se é o time que levanta a torcida, ou se é a torcida que carrega o time. Mas os dois juntos vão no embalo, e é dificil segurar. Ademais, o estádio estará lotado.

O que pode impulsionar o Grêmio

Mentalidade: O grupo está embebido em Renato. Isso significa que “‘tá todo mundo se achando”! Esqueceram de avisar os jogadores do Grêmio que eles são ruins, que o elenco é limitado, que eles estão abaixo do nível dos times realmente favoritos para a Copa. Eles têm a mais absoluta certeza que nasceram para serem campeões da América, que são imortais e que a camisa do Grêmio é “feiticeira”. E farão de tudo para mostrar ao Mundo que certos estão eles.
Fase de Grupos: O sorteio foi muito favorável ao Grêmio. Não que os adversários sejam aquele “mamão-com-açucar”, será difícil jogar fora seja em Huánuco (o mais fraco dos oponentes), em Santa Cruz de la Sierra (caldeirão, torcida apaixonada) e em Barranquilla (longe, quente e úmido), mas poderia ter sido muito pior. Uma boa campanha nessa fase pode aumentar ainda mais o moral do grupo para o resto da Copa.
Gabriel: joga muito esse nosso lateral-direito. É o jogador mais constante do time, temn forte chegada à frente e não compromete defensivamente.
Victor: goleiro de Seleção brasileira. É frio, seguro, falha pouco e faz milagres de vez em quanto. Na meta, o Grêmio está muito bem servido.

As apostas

Ataque: Sem Jonas, a certeza de um setor ofensivo eficiente fica abalada. Não se sabe se Borges e André Lima podem jogar juntos, e os reservas andam abaixo do que jogaram em 2010. As chegadas de C. Alberto e D. Escudero de forma alguma trazem confiança imediata. Há chances de o setor ofensivo funcionar, mas não há nenhum sinal concreto de que isso ocorra.
Vê se você faz isso, Ronaldo
Douglas: O Grêmio depende dele. Não há reserva à sua altura, e ele, apesar de ser muito bom jogador, é daqueles “craques” que desaparecem nos jogos ou durante a temporada. Numa competição em que uma partida pode decidir tudo, isso é muito pouco.


O que pode emperrar o Grêmio

Renato: Confesso que não vejo nele um treinador ainda pronto. Apesar de ex-jogador e rodado, ele ainda parece não ter todas as credenciais para ser um grande treinador. Fez um excelente e inacreditável trabalho quando chegou no Grêmio no ano passado, mas parece ter dificuldade em lidar com a diretoria e em arrumar a bola parada (tanto ofensiva quanto defensiva). Se mostrar crescimento profissional, aumentam as chances do Grêmio.

Setor Defensivo: Chegou Rodolfo, que parece ser melhor do que os jogadores que estão aí.  O problema é a dificuldade em encontrar-lhe um colega no miolo-de-zaga, já que nem Paulão, nem Vílson reproduzem o futebol do final do ano passado. Ademais, a marcação na meia-cancha ainda não se reencaixou, prejudicando a defesa. Se o Grêmio voltar a se defender como no segundo turno do Brasileiro, o time crescerá junto com a defesa.

Por que se desesperar?

Bagunça Administrativa: A atual direção para um pouco um tanto sem rumo. E quando não se encontra firmeza na diretoria, se algo sair dos trilhos é difícil evitar o descarrilamento. A direção de futebol pode levar o time ao abismo junto com ela, se as coisas não começarem a se acertar na parte de cima da hierarquia. A impressão é que o pior já passou, mas com as decisões da Taça Piratini a caminho, em que nenhum tropeço é admissível, o bolo pode desandar novamente. E agora pode ser de vez…

Lateral-Esquerda
: Na direita, está tudo certo. Já do outro lado… Não que se sinta saudades do Fábio Santos, porque não se sente, mas o fato é que dos quatro laterais-esquerdos da relação (Gílson, Collaço, Neuton e Lúcio) nenhum transparece ser a solução para o setor. Aliás, o fato de ter quatro jogadores listados na posição (se bem que Neuton e Lúcio são polivalentes) já demonstra o quanto há dúvida nessa questão.

Bola Aérea
: Sempre que cruzam alta a bola na área é um “deoznozakuda”; seja em bola parada ou lance construído de jogo. E não há sinais de que vá melhorar logo.
T.R.G.: A Torcida Raivosa Gremista (apelido carinhoso da Social) vem dando sinais de que o reinado da Geral está para acabar. Importaram um estoque considerável de vuvuzelas da África do Sul, e tocam a corneta sem menor pudor ou critério. Considerando que as forças do Grêmio são justamente a mentalidade e o “fator casa”, os corneteiros podem colocar o campeonato no lixo.

quarta-feira, fevereiro 16, 2011

Santos estreia com o empate que Adílson queria

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Depois de testar inúmeras formas de jogar no Paulista, umas mais e outras menos ofensivas, Adílson Batista, na estreia do Santos na Libertadores, resolveu... testar mais uma vez. E optou por uma formação defensiva que desde a época do “profexô gênio” não via no Santos. À frente, Neymar e Diogo, este quase um meia-atacante, enquanto Zé Love e Maikon Leite esquentaram o banco em Táchira. No meio, Arouca, Possebon e o sub-20 Danilo, que atuou na meia quase como um terceiro volante, revezando às vezes com Pará na lateral direita.

Elano também jogou mais atrás e o Peixe, sem criatividade, pouco fustigou o Deportivo Táchira. Na verdade, teve dois lances, um no primeiro tempo com Neymar e Danilo, e outro no segundo, em uma cobrança de falta. O time venezuelano, nem isso. A diferença técnica entre os dois times era notável (mesmo assim, a equipe parece melhor que a maioria dos times do Paulista, se é que isso é parâmetro) tanto que a torcida da casa gritou “olé” por volta da metade do segundo tempo quando seus atletas conseguiram trocar meia dúzia de passes no campo alvinegro. De fato, os venezuelanos também não tinham nada a comemorar...


Além do esquema “inovador”, nas substituições Adílson mostrou que o empate era o resultado que estava no “planejamento” da comissão técnica. Trocou Diogo por Zé Love, que se esmerou em tentar cavar faltas (o rapaz não conhece arbitragem de Libertadores, vai aprender) e depois retirou os dois laterais, Pará e Léo (atente para os pontos fracos do sistema defensivo do Santos nesse post) e colocou Adriano e Alex Sandro. Terminou com três volantes uma peleja pouco inspirada e que, também pelo horário, fez o torcedor penar para assistir até o fim.

Outro ponto incompreensível de Adílson: Neymar e os outros três meninos deixaram Arequipa, no Peru, na manhã de domingo. Isso depois de mais de um mês em um torneio longo e cansativo. Fizeram escala em Lima antes de chegaram em Caracas, contaram com atrasos, tiveram que dormir na capital venezuelana. Depois, tomaram voo para San Cristobal, que fica a 840 km de Caracas. Fácil né? E Neymar e Danilo jogaram todos os 90 minutos. Arouca, que faz seu segundo jogo depois de contusão, também. Sinceramente, não consegui entender qual o critério. Seria castigo para os moleques?

O 0 a 0 final não foi nada animador e bastante frustrante pras possibilidades e pelo elenco que o Santos tem. Faltou coragem, mas sobrou “criatividade” para o comandante santista.

terça-feira, fevereiro 15, 2011

Brasileiros na Libertadores: o que Santos e Fluminense têm

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Calma, leitor, que são dois posts em um. Primeiro, as visitas: 


O que tem o Fluminense para a Libertadores

Por Victor, do Blá Blá Gol

Ele tem a força. (Wallace Teixeira / Photocamera)
Fluminense chega na Libertadores com status de favorito. Status conferido pelo seu recente título de Campeão Brasileiro, elenco caro e qualificado e jogadores que efetivamente podem vir a desequilibrar em favor do time como Fred e Emerson.

O Fluminense tem a sua disposição:

    * Ataque decente: Rafael Moura, Araujo e Ruimdriguinho podem jogar e tornar o time do Fluminense competitivo apesar de normal. O recente histórico de contusões das estrelas de ataque tricolores torna bastante plausível variações de ataque com esses jogadores
    * Meio campo forte e versátil: O trunfo de Muricy na Libertadores será a gama de opções para montar o meio-campo com qualidade, sempre em função de Conca. Muricy pode variar do muito defensivo ao muito ofensivo com jogadores já testados na equipe.
    * Laterais fortíssimos: Mariano passa por fase esplendorosa. Carlinhos não é tão regular quanto seu colega mas resolveu a lateral do time e a falta de apetite de Julio Cesar, jogador que ao menos foi recuperado por Muricy para compor o elenco.

O que o Fluminense pode vir a ter:

    * Ataque poderoso: Fred e Emerson são muito acima da média. Quem não os viu em campo, basta ver a média de gols dos dois em suas carreiras. Nenhum dos dois é melhor que Neymar, mas são dois. Todavia, são dois que em muitas oportunidades viram zero pelas contusões frequentes.
    * Goleiro: Diego Cavalieri chegou barrando a solução caseira Ricardo Berna, goleiro que cumpriu seu papel com brilhantismo ao fim do Brasileiro de 2010. Mas sabe-se lá quais as reais condições do titular. Como Muricy não é maluco para barrar o goleiro que ele promovera de graça, bem deve estar.

O que o Fluminense pode vir a não ter:

Ingresso caro resolve?
    * Torcida: O Fluminense valorizou a competição ao elevar os preços dos ingressos. Não é intenção deste tópico discutir o acerto ou não da atitude e nem seus porquês, porém, cabe levantar que os preços mais elevados nas fases iniciais podem afastar a torcida do estádio. Se vier ocorrer, tal problema seria atenuado em fases mais avançadas com aumento da demanda ou mesmo possível reajuste de preço calibrando a relação oferta/demanda (os jogos da primeira fase já tem valores pré-definidos)

O que o Fluminense não terá:

    * Uma grande defesa: A dupla de zaga campeã brasileira parece ter jogado em seu limite no Brasileirão ainda que tenha ido bem. O Fluminense não tem um zagueiro que coloque a bola no bolso e chame-a de sua. O volante Edinho pode vir a auxiliar a zaga como Diogo fez com propriedade em 2010, mas será para correr atrás e não para sair na frente como o Monstro em 2008 ou como Dalton em 2009. O reserva André Luis deixa a zaga consideravelmente mais fraca quando entra.
    * Um reserva para Mariano: Se as laterais do Flu são fortíssimas, pode ficar fraquíssima. Basta que Mariano não possa jogar, já que o lateral é o único jogador do time sem reserva para a posição.


O que é que o Santos tem?
Depois de dois anos fora da Libertadores, o Santos volta ao torneio continental com boas perspectivas. Mas, sabe como é, torneios com fase de mata-mata nem sempre privilegiam o melhor time ou aquele com futebol mais vistoso. Às vezes o que ajuda a definir um campeão é a tal da raça, o algo a mais, o acaso, um lance genial, um acidente, um erro de arbitragem ou o sobrenatural de Almeida. Mas ter um bom time é um bom começo. E isso o Santos tem, além de outros motivos que podem fazer o torcedor acreditar no Tri da Libertadores.

O que deixa o torcedor animado

Neymar – contar com o craque do Sul-Americano Sub-20, com 19 anos recém-completados nesse mês e evoluindo não é pouca coisa. O moleque amadureceu depois do sinistro episódio que resultou na demissão de Dorival Júnior e, no Santos, vai ter um ambiente e companheiros de equipe que devem deixá-lo ainda mais à vontade do que na seleção que conquistou a vaga nas Olimpíadas.
Mesmo quando está apagado, o mocinho cobiçado pode decidir num lance ou mesmo cavar uma expulsão dos adversários. No torneio pré-olímpico, já teve uma amostra de como (não) será camarada a arbitragem sul-americana, assim como já sabe que os adversários não serão nem um pouco benevolentes. Já tem conhecimento também que projeções similares a saltos ornamentias não vão resolver. Como tem personalidade e aprende rápido, deve voltar mais preparado pro embate continental. Sem dúvida, via se destacar.

Além da técnica, Elano é o "pé de coelho". ( Ricardo Saibun/SantosFC)
Elano – antes de se contundir (na verdade, ser “contundido”) na Copa da África do Sul, o meia era a melhor figura da seleção brasileira. Muitos, aliás, atribuem parte do fracasso canarinho a sua ausência. Curioso, porque antes do Mundial muitos torciam o nariz para Elano. Mas é indubitável sua inteligência tática e o fato de conhecer todos os fundamentos, podendo fazer um passe, um lançamento, um drible e gols de fora da área ou de cabeça. Deve ser decisivo, entretanto, em uma de suas especialidades que resultaram em inúmeros gols da seleção de Dunga, como o que definiu o título da Copa das Confederações: a bola parada.
Além de tudo, o jogador é considerado um “talismã” pela torcida peixeira, por ter feito o segundo e decisivo gol da vitória que tirou o time da fila, contra o Corinthians, em 2002, e o segundo da vitória alvinegra contra o Vasco, que garantiu o título brasileiro de 2004. Na final da Libertadores contra o Boca, em 2003, Elano não jogou e o Peixe foi vice. Coincidência?

O que deixa o torcedor ressabiado  

Ganso – muitos santistas vão me xingar por colocar o camisa 10 como um motivo incerto para animar o torcedor, mas é só ponderar. O jogador andou reclamando do tratamento oferecido pela diretoria do clube e o grupo DIS, camarilha do mundo da bola que tinha negócios quase familiares com o ex-presidente santista Marcelo ex-Eterno e que detém 45% dos direitos econômicos do atleta, andou oferecendo o mesmo a clubes rivais (curioso, aliás, que Ganso precise ser “oferecido” a alguém...).
Mas, fora isso, existe outro ponto: o atleta passou por uma cirurgia delicada e a Libertadores não é conhecida por apresentar marcadores clássicos como Falcão e Clodoaldo, mas tem na sua galeria de herois eméritos açougueiros como Dinho, Pintado e Galeano. Ou seja, ninguém vai ter dó de acertar o atleta que estará voltando depois de um período razoável longe dos gramados. Em suma, são várias questões: ele vai conseguir voltar a jogar plenamente no primeiro semestre? A readaptação será rápida? A recuperação física será completa? Torço que sim, mas certeza não é possível ter...  

A grande chance do técnico. Vai aproveitar?
Adílson Batista – o treinador chegou no clube e não se viu ninguém fazendo festa com a sua contratação. Dentro das opções disponíveis no tal mercado, achei a escolha até interessante e saudei como uma possibilidade de se retomar o futebol ofensivo de Dorival, obscurecido quando o clube escolheu um interino para dirigir a equipe em quase metade do Brasileiro de 2010. Até agora, Adílson está invicto, em que pese ter enfrentado somente uma equipe digna de nota, o São Paulo. Nesse meio tempo, testou várias fórmulas e esquemas táticos, tem vários desfalques mas ainda não passa segurança à torcida. A Libertadores começa como o seu real teste. Pelo lado positivo, Adílson já tem uma final do torneio no currículo, coisa que pretensos gênios como o “profexô” não tem até hoje, mesmo tendo dirigido legítimos esquadrões.


O que faz o torcedor rezar

Sistema defensivo – o Santos estonteante do primeiro semestre de 2010 não tinha uma das defesas mais confiáveis do futebol tupiniquim. Mas o ataque compensava e fazia com que o rival muitas vezes abdicasse de atacar para não sofrer placares elásticos. Quase um esquema kamikaze que se baseava, principalmente, em talento.
No entanto, havia carregadores de piano no meio que eram fundamentais para que tudo funcionasse: Arouca e o multifuncional Wesley. O primeiro está voltando de contusão e o segundo foi substituído por Rodrigo Possebon, volante que não tem a velocidade e as características que faziam de Wesley peça importante no esquema de Dorival. Pará na lateral direita é uma temeridade, mas o veterano Léo tem sido útil na canhota. Contudo, se não tiver cobertura não consegue encarar um atacante veloz. Idem para a dupla de zaga com Dracena e Durval, que parece muito dispersiva em algumas partidas, quase irresponsável, mas brilha em outras, como no clássico contra o São Paulo.
Adílson espera o retorno do lateral-direito Jonathan e pode colocar alguns dos laterais da Sub-20 no time titular até como meias. Mas, por enquanto, é bastante claro que ele não conseguiu construir uma defesa consistente. Em competições eliminatórias, isso pesa. Que ache a fórmula logo...

sábado, janeiro 29, 2011

Fora Tite!!!

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Antes tarde do que nunca, antes breve do que nada. E aliás, o assunto não permite muita ladainha: o Corinthians contra o Tolima foi abaixo de cu de cobra. O time colombiano é fraquíssimo, e ainda assim não conseguimos sequer dar um sustinho em nossa hipertensa torcida (única com mérito no estádio, pois cantou e apoiou sem pausa). Só me resta gritar: Fora Tite!

A coisa mais curiosa de se ver eram os tombos do Ronaldo. Gordo cai devagar, não é? Vai girando aquele monte de carne, as pernas se perdendo pra cima, aleatoriamente, até se acomodar meio de lado. A imagem mais precisa seria o aflorar de uma bosta de elefante (sem ofensa ao Ronaldo, a comparação é só com o seu aspecto em queda), caindo, caindo e se espalhando, aquele estrago. Ou se mexe nessa joça de time, ou a metáfora vai virar carapuça.

terça-feira, novembro 09, 2010

Adílson Batista e a possível volta do futebol pra frente

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A contratação de Adílson Batista como novo treinador do Santos é daquelas que deixa o torcedor algo ressabiado. Não que não seja um bom técnico, montou um Cruzeiro bastante interessante nos últimos dois anos, mas, por outro lado, não conseguiu impor seu estilo ao Corinthians. Como dito no post abaixo, sua escolha é fruto de uma má avaliação e de uma frustração: a diretoria santista empurrou o Brasileiro com a barriga, pois o julgou perdido cedo demais, e não conseguiu fechar com Abel Braga, nome tido como o melhor para a Libertadores 2011 (a velha ansiedade besta pelo torneio continental que tanto maltrata alguns clubes brasileiros).

Mas, na prática, Adílson tem um currículo pior do que o do demitido Dorival Júnior. O que pode ser um fator a mais para estimular o técnico. Assim como o atual treinador do Atlético-MG, ele tem a chance de conquistar títulos relevantes, que possam ser mais significativos do que alguns dos estaduais menos cotados que traz no currículo.

O técnico nunca caiu totalmente nas graças do torcedor do Cruzeiro e sua última passagem pelo Corinthians também não deixou saudades. Como lembra o Edu aqui, foram 7 vitórias, 4 empates e 6 derrotas. Mas, como diria Ortega y Gasset, eu sou eu e minhas circunstâncias. No Timão, sucedeu Mano Menezes, treinador vitorioso no clube, com um estilo defensivo – ora retomado por Tite - bem distinto daquele que Adílson gosta. Com as contusões de jogadores importantes em seu período como treinador (e talvez o Corinthians tenha um elenco em que a distância entre titulares e reservas seja bem mais significativa do que em outros clubes), sofreu mais do que esperava, mas conseguiu mudar um pouco o estilo de atuar, como mostram as estatísticas: a equipe passou a driblar mais, 14,5 contra 10,35 da era Mano e a média de passes aumentou, 399,64 contra 311,2. Contudo, a média de gols feitos aumentou pouco, 1,88 X 1,80 e a de gols sofridos aumentou bem: 1,41 contra 1,09.

O que ficou evidente na passagem de Adílson no Parque São Jorge é que os jogadores não assimilarem seu estilo mais ofensivo, tanto que Tite retomou em parte o estilo Mano. No Santos, os atuais atletas se deram bem justamente com uma forma de jogar mais ofensiva, alternando o toque de bola e a velocidade, e aí a balança pesa a favor do novo comandante. Ao mesmo tempo, o ponto que talvez seja o principal de qualquer trabalho de técnico é o relacionamento com atletas e aí o atual comandante santista se deu mal no Corinthians. Mas novamente é bom ressaltar as diferenças: o perfil dos atletas era bem diferente do que ele vai encontrar no Santos, principalmente no que diz respeito à idade.

Adílson é uma aposta, como foi Dorival e como são quase todos (ou todos?) os técnicos brasileiros hoje em dia. Pode-se ter a garantia de bons trabalhos, nunca de títulos. Mas a possibilidade de se resgatar o futebol ofensivo que faz parte da história santista pode compensar a sensação de tempo perdido por parte do torcedor. Como disse o próprio treinador em entrevista na semana passada: "O Santos (de 2010, com Dorival Júnior) provou ser possível jogar com três jogadores na frente, o Barcelona não deixa de vencer por causa disso, o Manchester (United) joga com dois abertos e dois na frente. Não vejo problema". Também não vejo problema, mas as contratações que o Santos fizer, sob os auspícios de Adílson, é que terão um peso decisivo para saber se a possível ofensividade irá se traduzir em títulos.